sexta-feira, dezembro 30, 2011

Willer descobre novos poetas, fico feliz de estar entre eles

Publicado na revista "E", do SESC* Poesia brasileira: a boa safra de 2010-2011* por Claudio Willer* Nossos críticos continuam preferindo os poetas inteligentes: aqueles racionais, precisos, rarefeitos e bem comportados. E continuam a lamentar a ausência de novos poetas, sem atentar para o que se passa ao seu redor”* Terão os poetas contemporâneos brasileiros enlouquecido? Entrado em pânico? Em irrefreáveis surtos visionários? É a impressão que se tem ao ler versos como estes, do recente Uma Cerveja no Dilúvio (7 Letras, 2011), de um poeta do Rio de Janeiro, Afonso Henriques Neto: há um incêndio a lavrar pela noite lambendo as páginas da agonia verbo carbonizado nos cornos do apocalipse nas cenas de uma bíblia enlouquecida lábios por onde a poesia vomitara lascas de labaredas árduas centelhas do mito evangelhos soterrados sob negros estampidos relâmpagos solvidos em rochedos de neblina Veemente anúncio de um fim do mundo em tom, ritmo e imagens que lembram Jorge de Lima. Encontra eco em outro lançamento recente, Poemas Perversos (Pantemporâneo, 2011), de Celso de Alencar, paraense radicado em São Paulo: Devolvamos o rio Devolvamos tudo aquilo que lhe pertence [...] Devolvamos a morte estremecente e, além da morte, o cemitério viajante e afundado. Devolvamos tudo, inclusive o leito experimentado que acolhe a vastidão de nomes inteiros e a vida com suas mamas profundamente desfiguradas. Devolvamos o rio. Afonso Henriques Neto e Celso de Alencar são poetas maduros, que estrearam, respectivamente, na década de 1960 e 1970. Seus lançamentos estão entre os mais importantes do biênio. Outros mais jovens exacerbam essa dicção através de imagens, de modo não discursivo. Proclamam seus apocalipses pessoais (no duplo sentido da expressão apocalipse, como fim de mundo e revelação). Um deles, Chiu Yi Chih, de São Paulo, com Naufrágios (Multifoco, 2011): inclino-me áspero pinheiro / nos ecos do Amargo a rachadura é dourada / flor que desafeiçoa nada nos assegura neste assombro de pássaros. sinistra morada, esta que nos lança à desaparição. irreparável símbolo, meu rosto: planeta fora do seu berço Faz par com o vigor de Augusto de Guimaraens Cavalcanti, do Rio de Janeiro, em Os Tigres Cravaram as Garras no Horizonte (Editora Circuito, 2010): tropicália exacerbada, contracultura atualizada por um poeta jovem, releitura do melhor da beat, surrealismo hoje. Querem mais imagens poéticas? Mais expressões não discursivas? Novos exemplos de poesia onírica? Que tal José Geraldo Neres, do ABC paulista, com sua prosa poética em Olhos de Barro (Multifoco, 2010): “Água e silêncio. Dedos vazios mergulham à procura dos peixes outrora semeados. Nem girassóis, nem milagres e a carne das palavras. Dou ao tempo outro cardume”. Texto onírico, regido pelo deslocamento. A seu lado – lançaram juntos – Edson Bueno de Camargo em Cabalísticos, enunciando uma poética e citando Ginsberg: o poeta é sacerdote da própria religião [...] Rimbaud foi bruxo a seu tempo usou a extinção de sua quintessência e fez poesia além da palavra A destacar, também, uma obra coletiva fio, fenda, falésia (edição das autoras, Proac-São Paulo) de Érica Zíngano, Renata Huber e Roberta Ferraz, que acabara de lançar lacrimatórios, enócoas (Oficina Raquel, 2009). Comparecem com uma apoteose da fusão de gêneros, da escrita em todas as direções e possibilidades, mas sempre bem resolvidas, com um padrão consistente nessa diversidade: livro que não deveria ser apenas lido, porém estudado e carinhosamente decifrado. As novas possibilidades da edição – do hipertexto em papel de Érica, Renata e Roberta, passando pelos objetos mais estranhos da produção contemporânea, propositadamente confundindo tudo, à leveza digital de Elizabeth Lorenzotti: a experiente jornalista e poeta estreante mostra como o macrocosmo está evidentemente presente no microcosmo (desde que se saiba ver) com As Dez Mil Coisas (Amazon, 2011), disponível só em e-book. Analogia coexiste harmonicamente com ironia em Livro Ruído (Eucleia, 2011), de Davi Araujo, paulista prolífico que encontrou editor em Portugal e escreve sobre “Adeus a deus” e “O teatro e meu duplo”. Poesia se faz no Brasil todo. Josoaldo Lima Rego já foi chamado por mim de “maranhense cosmopolita” por ver “Uma Nadja, sorrateira pelos becos” e proclamar que “é preciso sonhar a anistia dos manicômios” em Paisagens Possíveis (7 Letras, 2010). A propósito de maranhenses cosmopolitas, além de literariamente elegantes, Samarone Marinho, com Atrás da Vidraça (7 Letras, 2011), incluindo a inquietante série intitulada “(imemoriáveis aleijões beckettianos sussurrados da janela do quarto)”. São exemplos. Haveria mais. Mineiros alquimistas, místicos de elevada dicção, como Andityas Soares de Moura, com Aurora Consurgens (7 Letras, 2010), e Abílio Terra, com Numa Floresta de Símbolos (Alcance, 2010). Mostras de que o romantismo é contemporâneo, em O Pó das Palavras (Ponteio, 2011), do carioca Claufe Rodrigues, experiente difusor e divulgador de poesia. A safra de poesia de 2010-2011 foi vigorosa. Cabe perguntar se a crítica se deu conta. Infelizmente, à exceção de uma bela resenha de Moacir Amancio (outro poeta extraordinário) tratando de Poemas Perversos, de Celso de Alencar (publicada no suplemento Sabático de O Estado de S. Paulo), nada disso foi comentado, ou quase nada – nossos críticos continuam preferindo os poetas inteligentes: aqueles racionais, precisos, rarefeitos e bem-comportados. E continuam a lamentar a ausência de novos poetas, sem atentar para o que se passa ao seu redor. Uma Cerveja no Dilúvio, de um poeta da qualidade e importância de Afonso Henriques Neto, ainda não ter recebido nenhuma resenha importante em órgãos da grande imprensa – assim pagando o preço por ser avesso ao mundanismo literário – é admissão de alheamento geral. Talvez tão importante quanto as boas edições em livro seja a ampliação dos espaços públicos, das chances de poetas se mostrarem ao vivo e se comunicarem com leitores efetivos ou potenciais. Em Belo Horizonte, uma programação semanal e já tradicional. No Rio de Janeiro, aquelas récitas, proliferando há décadas. Em São Paulo, além da importante função da Casa das Rosas como polo irradiador, graças ao esforço de Frederico Barbosa e colaboradores, estimulando novos saraus (uns 40 por mês na cidade toda, ao que consta), há programação em unidades do Sesc, em bares e casas noturnas, no refinado Lugar Pantemporâneo. E um novo e importante espaço institucional para a poesia, com a abertura da programação de leituras e palestras no Centro Cultural São Paulo, coordenado por Claudio Daniel, também poeta de qualidade. Caberia mencionar alguns bons mecanismos de subvenção, como o Programa de Ação Cultural (Proac) em São Paulo, compensando o preconceito de alguns editores e muitos livreiros. Existem, também, premiações inteligentes. Precisaria, ainda, falar das revistas que publicam poesia; da continuidade de Coyote, do reaparecimento de Babel, entre outras. E do que circula no meio digital. Mas isso demandaria outra matéria. Importa registrar que só não repara na boa poesia contemporânea brasileira quem não quer; quem sofrer de total inaptidão para o gênero. “ Claudio Willer é poeta, ensaísta, tradutor e autor, entre outros livros, de Um Obscuro Encanto – Gnose, Gnosticismo e Poesia (Civilização Brasileira, 2010) e Geração Beat (L&PM Editores, 2009)

domingo, dezembro 25, 2011

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Starry starry night

Cartas a Théo 7 de janeiro de 1882 "E ainda há uma coisa que me impressionou, e me impressionou muito: eu havia dito que a modelo não deveria vir hoje - não havia dito por que -, mas a pobre mulher apareceu assim mesmo, e eu protestei. "Sim, mas eu não vim para posar, eu vim simplesmente ver se o senhor tinha o que comer": ela me trazia uma porção de vagem e batatas. Apesar de tudo na vida há coisas que valem a pena." Amigos e solidariedade sempre valem a pena. Beijos e boas festas a todos.

quarta-feira, dezembro 21, 2011

No coração do Brasil



Música solar no primeiro dia de verão, com um mestre da elegância

terça-feira, dezembro 20, 2011

Biromes y servilletas Leo Masliah


 En Montevideo hay poetas, poetas, poetas
Que si bombos ni trompetas, trompetas, trompetas
Van saliendo de recónditos altillos, altillos, Altillos
De paredes de silencios, de redonda con puntillo
Salen de agujeros mal tapados, tapados, tapados
Y proyectos no alcanzados, cansados, cansados
Que regresan fantasmas de colores, colores, colores
A pintarte las ojeras y pedirte que no llores
Tienen ilusiones compartidas, partidas, partidas
Pesadillas adheridas, heridas, heridas
Cañerias de palabras confundidas, fundidas, fundidas
A su triste paso lento por las calles y avenidas
No pretenden glorias ni laureles, laureles, laureles
Sólo pasan a papeles, papeles
Experiencias totalmente personales, zonales, zonales
Elementos muy parciales que juntados no son tales
Hablan de la aurora hasta, cansarse, cansarse
Si tener miedo a plagiarse, plagiarse, plagiarse
Nada de eso importa ya mientras escriban, escriban, Escriban
Su mania su locura su neurosis obsesiva
Andan por las calles los poetas, poetas, poetas
Como si fueran cometas, cometas, cometas
En un denso cielo de metal fundido, fundido, fundido
Impenetrable, desastroso, lamentable y aburrido
En Montevideo hay biromes, biromes, biromes
Desangradas en renglones, renglones, renglones
De palabras retorciéndose confusas, confusas, confusas
En delgadas servilletas, como alchólicas reclusas
Andan por las calles escribiendo, y viendo y viendo
Lo que vem lo van diciendo y siendo y siendo
Ellos poetas a la vez que se pasean, pasean, pasean
Van contando lo que vem y lo que no, lo fantesean
Miran para el cielo los poetas, poetas, poetas
Como si fueran saetas, saetas, saetas
Arrojadas al espacio que un rodeo, rodeo, rodeo
Hiciera regresar para clavarlas en Montevideo

Lay, Lady, Lay

mas este é imbatível

Un eté



Gostei dessa Estate en français

Booktrailer de "A poesia é para comer"



Um trabalho tão lindo e delicado como este livro organizado por Ana Vidal, do qual tive o prazer de participar, com um video igualmente lindo e delicado.

sexta-feira, dezembro 16, 2011

quinta-feira, dezembro 15, 2011

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Mafalda

"Justo a mim coube ser eu"

Take the "A" train

"Lixo"?


As graves de denúncias do livro "A privataria tucana" são um escândalo, a ausência de repercussão na mídia comercial é um escândalo maior. Colocam o livro na lista dos mais vendidos e o ignoram. Se o livro é "lixo", digam por que é lixo, rebatam, argumentem, defendam seu mentor. É inacreditavel o ponto a que chegamos, sem midia mesmo.

terça-feira, dezembro 13, 2011

Um minuto para jornalismo decente: o silêncio estrondoso da midia

Cida Moreira

Summertime, LP de 1981 da grande artista paulista,pérola


Jockey full of bourbon

Cidades


 Tenho assistido a esse programa ótimo da Rede Minas.Mas perdi este com Marcelo Mirisola, recuperei na página dele no Facebook. Sempre boas as suas entrevistas.E entre as coisas interessantes que disse, pincei pra mim esta: nascido e criado em SP, onde tem a maioria dos amigos, diz que a cidade o manda embora. Já o Rio o acompanha, especialmente a cidade antiga..
Eu também sinto o mesmo sobre SP, onde tenho a maioria dos meus amigos, mas a cidade me expulsava. Precisava de um lugar que me acolhesse, e achei nas Minas onde me criei.É Freud? Deve ser.Engraçado, desde que me mudei, em agosto, só faço ir pro Rio e pra Sampa.
Cidades, lugares deste mundo.Tantas.Cada uma um pedaço de nós.Só precisamos encontrar a nossa.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Invasões bárbaras



Konstantinos Kaváfis

À ESPERA DOS BÁRBAROS

Tradução: José Paulo Paes

O que esperamos na ágora reunidos?

É que os bárbaros chegam hoje.

Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?

É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.

Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?

É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.

Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?

É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.

Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?

É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.

Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?

Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.

Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.

[Antes de 1911]


• Konstantinos Kaváfis
In Poesia Moderna da Grécia
Seleção, tradução direta do grego, prefácio,
textos críticos e notas de José Paulo Paes
Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1986


Poema e texto extraídos de:
http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet064.htm

sábado, dezembro 10, 2011

Si tu vois ma mère

José James



Ele estreou há dois anos, com "The dreamer", e foi saudado como o cantor e compositor que melhor traduziu o jazz para a geração hip hop.Hoje com 30 anos, morando em Nova York, mas criado em Minneapolis, ele cresceu nos anos 1990, como muitos garotos de sua geração nos Estados Unidos, ouvindo hip-hop. Até que, por volta dos 14 anos, foi sequestrado por uma gravação de "Take the A-train"o standard jazzístico do compositor e arranjador Billy Strayhorn, que, a partir do início dos anos 40, virou o prefixo da orquestra de Duke Ellington. "Até então, eu nunca tinha ouvido o som das big bands. Todo o jazz que conhecia era muito confuso, e eu não o entendia", contou ele numa entrevista recente.


James entendeu e correu atrás do tempo perdido, passando pela obra de mestres como Duke Ellington, Charlie Parker, Miles Davis, Billie Holiday... Até chegar a outra revelação, o saxofonista John Coltrane . "Quando ouvi aquele tema, 'Equinox', eu me apaixonei por ele. A música de Coltrane virou uma obsessão".

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Mo Toledo

Ganhei este belo trabalho do Mo, que tem a quem puxar.

Diego Rivera, 125 anos


quarta-feira, dezembro 07, 2011

Mario de Andrade

(Mário de Andrade, 1933 - Resposta ao Inquérito sobre Mim para Macaulay).


‎"Escrevo meus livros só nas horas vagas de minhas outras ocupações. No Brasil ainda é raro o escritor que pode viver dos seus próprios livros. Me dedico por isso ao jornalismo e ao professorado, que são ocupações sempre de ordem intelectual, e me conservam dentro da minha realidade primeira que é a arte. (...). Não tenho nenhum cacoete nem característica quando escrevo, a não ser, encostar de vez em quando a testa no metal da máquina de escrever, e sentir-lhe o friozinho. Também, às vezes, quando o escrito sai com lentidão, acaricio a máquina com a mão direita, como quem passa a mão num cavalo para amansá-lo. Tenho procurado me consertar desse animismo exagerado, mas não consigo" 





segunda-feira, dezembro 05, 2011

Transfer

http://ocaoseosanjos.blogspot.com/2011/07/transfer.html

By Nina



Colei em mim flores de tinta
unhas de plástico
cílios postiços
Descolei você.

O que mais dura prá sempre?

domingo, dezembro 04, 2011

Sobre As Dez Mil Coisas

Um pouco de poesia
http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/2011/12/01/um-pouco-de-poesia/

12:09, 1/12/2011 PAULO MOREIRA LEITE CULTURA TAGS: POESIA
Livro de amigo é como jantar em casa de parente. Você vai e elogia mesmo quando não gosta.
Mas acabo de ler “As Dez Mil Coisas", de apenas 68 páginas de Elizabeth Lorenzotti. É uma amiga de mais de 30 anos. Jornalista e escritora, trabalhamos juntos, pensamos por idéias próximas.
Arriscada como é de seu feitio, Beth Lorenzotti fez um livro de poesias — coisa que, por si só, já é complicada.

O lançamento foi na Academia Paulista de Letras e o prefácio é de Claudio Willer, professor e poeta de São Paulo.
Não sou crítico mas queria dizer que gostei do livro. Li e cheguei ao final com a certeza de que não perdi meu tempo. Leia estes dois versos:
SERTÃO
Tudo será esquecido
Tudo será aprendido
Tudo terá se fingido
Tudo Sertão
ou então este
CORAÇÃO TORTO
O meu nome não é brasileiro

e o desespero tão profundo

sequer transparece na face

A minha raça é estrangeira

e o que me comove pode ser

mais forte do que o que me move
Eu reverencio a estranheza.

Sócrates Brasileiro (1954-2011)


"É muito estranho você morar neste país e não gostar de futebol", estranhou alguém dia desses. É, não curto, não acompanho os jogos, mas as histórias, os personagens, o circo sedutor todo. Me comovem, e /ou me ensandecem.Mas ainda estão lá, nesse circo, a marca dessa cultura, as pegadas dos nossos vãos e desvãos, da nossa alegria ainda não extinta, apesar de tanto esforço pra acabarem com ela. Do nosso talento . Do comércio vil em que tudo se transforma, mas ainda não. Nessa história de brilhos e desgraças, Sócrates era um com a consciência aguda.Que o circo de horrores da midia vai sugar até a útima gota hoje, o dia todo, a semana toda, depois vai esquecer. Não vamos entrar nessa , claro. Salve o Sócrates, brasileiro no mome assim como o maestro Antonio Carlos Jobim.
Saudades do Brasil.

sexta-feira, dezembro 02, 2011

"Ele sabe passar, eu não sei"

Willer sobre Rimbaud

http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/11/21/rimbaud-revolucao-rebeliao-417310.asp


Rimbaud exerceu especial influência através da fase final de sua obra: é como se, do impecável verso parnasiano dos poemas escritos aos 16 anos até as prosas poéticas, tivesse percorrido cinquenta anos de história da literatura em cinco de produção. “Uma estadia no inferno” e “Iluminações” são escrita do século XX no final do século XIX, justificando ver-se como o novo Prometeu: “O poeta é realmente o ladrão do fogo”. Por isso, tornou-se leitura de cabeceira dos “horríveis trabalhadores” que o sucederiam. Dois belos parágrafos do recente “Só garotos” de Patty Smith documentam esse impacto: “Rimbaud tinha as chaves para uma linguagem mística que devorei mesmo sem ainda ser capaz de decifrar”. Antes, Henry Miller escrevera “O tempo dos assassinos” detalhando essa experiência. Foi autor de cabeceira de Jack Kerouac e Allen Ginsberg no período da formação da Geração Beat. Paul Claudel teve uma crise ao descobri-lo. André Breton relatou que, ao retornar aos lugares onde lera suas prosas poéticas pela primeira vez, tinha alucinações. Roberto Piva declarou: “Foi com Rimbaud e Nietzsche que aprendi meus toques de inferno”. Em um livro deste ano, Afonso Henriques Neto vê que “os jovens já escolhiam o novo hino/ entre rimbauds de altíssima voltagem”. Tantos outros já deram testemunhos semelhantes.

“Espero tornar-me um louco muito mau”: essa frase de “Uma estadia no inferno” poderia ser a epígrafe geral da sua obra. Foi rebelde total: execrou qualquer símbolo de autoridade; detestou o mundanismo literário; apoiou a Comuna de Paris de 1871, que lhe inspirou poemas em favor das incendiárias; abominou a burguesia e a burocracia. Criou o monólogo do exilado — “Por ora sou maldito, tenho horror à pátria” — que tem o “sangue mau” e pertence a uma “raça inferior”. Identificou-se aos marginais, ao “forçado intratável contra quem se encerram as grades da prisão”; e aos negros: “sou um bicho, um negro”; verberou os “falsos negros”. Situou-se fora do cristianismo: “Nunca me vejo nos conselhos de Cristo”. Insultou os devotos e os sacramentos em “As Primeiras Comunhões”.

Anunciou as viagens em “Uma estadia no inferno”, com o “Adeus” do final, e em “Iluminações”: “Partir para afetos e amores novos!”. Abandonaria o Ocidente: “Minha jornada chega ao fim; deixarei a Europa”. E o mundo: “A verdadeira vida está ausente. Não estamos neste mundo”. Mas primeiro desceria aos subterrâneos em busca dos “segredos para mudar a vida”; da vidência: “é oráculo o que digo”. A partir de “O barco ébrio” e “Vogais”, passou a criar poesia onírica. O deslocamento é sua lei: tudo pode ser outra coisa, em uma combinatória infinita. Em lugar de “Alquimia do verbo”, poderia ter utilizado este título: “Autonomia do verbo”.

É importante interpretar seus poemas alquímicos; e, pelas conseqüências que teve, examinar sua poética, pela qual levou a extremos a crença romântica no poder criador da imaginação: “Acabei achando sagrada a desordem do meu espírito [...] Escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens”. Insistindo que “é preciso ser vidente, tornar-se vidente”, declarou: “O poeta torna-se vidente através de um longo, imenso e estudado desregramento de todos os sentidos”. Não se trata apenas dos sentidos da percepção, mas de todos os sentidos: o bom senso (em francês sentido e senso, sens, são a mesma palavra); a razão; a relação de significação, substituída pela liberdade de significar.

Rimbaud aspirava à síntese de rebelião e revolução; queria a liberdade total, intransitiva. Suas visões não deveriam realizar-se na esfera supracelestial, mas na terra: “Quando iremos afinal, além das praias e dos montes, saudar o nascimento do trabalho novo, da nova sabedoria, a fuga dos tiranos e demônios, o fim da superstição, para adorar — os primeiros! o Natal na terra!” É pensamento utópico e celebração da vida: “Oh! um novo corpo amoroso reveste os nossos ossos”. Mas quem se expressa assim é, ao mesmo tempo, um descrente “Farto de ver. [...] Farto de ter. [...] Farto de saber”; por isso, quer “Partir para afetos e amores novos”. Seu silêncio e saída de cena podem ter indicado uma derrota política: preferiu não dizer mais nada a expressar o desencanto diante de um mundo que se fechava à utopia. Mas seus poemas e prosas poéticas continuarão a despertar talentos, mostrando os modos de manifestação da inquietação.



Todas as citações de poemas e prosas poéticas de Rimbaud utilizam a tradução de Ivo Barroso, nos dois volumes, “Prosa poética” e “Poesia completa”, publicados pela Topbooks



CLAUDIO WILLER é doutor em Letras na USP. Poeta, ensaísta e tradutor. Autor, entre outros, dos livros “Geração Beat”, “Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna” e vários ensaios na coletânea “O Surrealismo”

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Siboney

Demais

Nicanor Parra ganha o Prêmio Cervantes

SOLO DE PIANO

Ya que la vida del hombre no es sino una acción a distancia,
Un poco de espuma que brilla en el interior de un vaso;
Ya que los árboles no son sino muebles que se agitan:
No son sino sillas y mesas en movimiento perpetuo;
Ya que nosotros mismos no somos más que seres
(Como el dios mismo no es otra cosa que dios)
Ya que no hablamos para ser escuchados
Sino que para que los demás hablen
Y el eco es anterior a las voces que lo producen,
Ya que ni siquiera tenemos el consuelo de un caos
En el jardín que bosteza y que se llena de aire,
Un rompecabezas que es preciso resolver antes de morir
Para poder resucitar después tranquilamente
Cuando se ha usado en exceso de la mujer;
Ya que también existe un cielo en el infierno,
Dejad que yo también haga algunas cosas:

Yo quiero hacer un ruido con los pies
Y quiero que mi alma encuentre su cuerpo.

quarta-feira, novembro 30, 2011

terça-feira, novembro 22, 2011

segunda-feira, novembro 21, 2011

Ginger e Fred

Juo Bananère

Uvi strella

Juó Bananère


Che scuitá strella, nê meia strella!
Vucê stá maluco e io ti diró intanto,
Chi p'ra iscuitalas moltas veiz livanto,
I vô dá una spiada na gianella.

I passo as notte acunversando c'o ela.
Inguante che as outra lá d'un canto
Stó mi spiano. I o sol come un briglianto
Nasce. Oglio p'ru ceu: — Cadê strella!?

Direis intó: Ó migno inlustre amigo!
O chi é chi as strellas ti dizia
Quando illas viero acunversá cuntigo?

E io ti diró: - Studi p'ra intendela,
Pois só chi giá studô Astrolomia,
É capaiz di intendê istras strella.


Juó Bananère
(Alexandre Marcondes Machado), paulista que se tornou popularíssimo no Brasil pela irreverência de suas paródias a sonetos de Camões e de Olavo Bilac, a poesias de Casimiro de Abreu e de Guerra Junqueiro, como pelas sátiras políticas contra o marechal Hermes da Fonseca e outros figurões da velha República. Parodiou também La Fontaine e Machado de Assis, escrevendo em dialeto macarrônico, numa imitação dos habitantes de origem italiana do Abaixo-Piques, bairro de São Paulo. Deixou um livro, apenas, "La divina Increnca", cujo êxito foi sensacional, e que é nos dias de hoje uma raridade bibliográfica. Otto Maria Carpeaux, em interessante estudo, considerou Juó Bananere um premodernista, principalmente pelo fato de ter começado a tratar de forma irreverente as produções do romantismo e do parnasianismo, até então levadas muito a sério.


Extraído de "Antologia de Humorismo e Sátira", Editora Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1957, pág. 305, seleção de R. Magalhães Júnior.

domingo, novembro 20, 2011

sábado, novembro 19, 2011

Truffaut

Blues

As Dez mil Coisas no Escrita Blog

http://escritablog.blogspot.com/search/label/Elizabeth%20Lorenzotti

No Escrita Blog, do grande Wladyr Nader, jornalista e escritor, fundador da saudosa e histórica revista literária Escrita, uma entrevista sobre o lançamento de As Dez Mil Coisas

A poesia inspirada de Elizabeth Lorenzotti


Jornalista de profissão, ela começou escrevendo ensaio e biografia.
Para publicar seu novo livro demorou um pouco mas a espera valeu a pena.



Escritablog - Até agora você tem se dedicado ao ensaio, inclusive com o "Suplemento Literário — Que Falta Ele Faz!", sobre o famoso caderno do jornal O Estado de S. Paulo, que teve tanta importância entre nós, e à biografia, ou seja, "Tinhorão, o Legendário", e de repente há a surpresa desse livro de poemas? Como foi, digamos, a passagem do ensaio para a poesia?

Elizabeth Lorenzotti - Eu sempre escrevi poesia, desde a adolescência, como conto no livro, quando dei de cara com ela, literalmente, no Viaduto do Chá. Era o Lindolf Bell (www.lindolfbell.com.br), poeta catarinese e sua Catequese Poetica. Era o fim da década de 60 e havia movimentos de poesia pública em São Paulo. Eu e minha amiga Ana Lagoa, colega do Cedom ( Colegio Estadual Dr. Octavio Mendes), que também se tornou jornalista, jamais esquecemos do impacto desse encontro. Resolvemos, então, levar a ideia para o colegio da zona norte, transformada em Roda de Poesia, movimento que reuniu adolescentes declamando suas poesias e as dos clássicos ( sim, o colégio estadual nos apresentou a grandes clássicos), no nosso e em outros colégios da região, sempre com violão acompanhando e música cantada. Então, a diferença apenas é que hoje estou publicando em livro, depois de ter os poemas postados em alguns sites e blogs há alguns anos. Foi na internet, aliás, que a escritora e poeta portuguesa Ana Vidal selecinou um poema meu "Criado-mudo" para fazer parte da antologia lusófona "A poesia é para comer", lançada pela Babel Brasil em outubro passado em São Paulo e no Rio de Janeiro. Uma bela obra de arte, com ilustrações de grandes artistas, acompanhadas de receitas relacionadas a referências dos poemas de autores de Portugal, Brasil e África. Fiquei muito feliz, porque não nos conhecíamos, e a internet vem provar sua grande força de divulgação e aglutinação, também mostrando que os velhos padrões de "panelinhas literarias", interesses, favorecimentos e quetais estão, finalmente, nos estertores.

EB - De alguma forma o jornalismo, com que trabalha há bom tempo tempo, a inspirou na criação dos poemas ou dificultou, a ponto de provavelmente haver retardado o lançamento de seu volume de estreia na área?

EL - "Vem da sala dos linotipos a doce música mecânica", dizia Drummond no "Poema do Jornal". Não há mais linotipos e os computadores são silenciosos demais. O jornalismo mais inspirou do que dificultou, ou talvez tenha dificultado, já que esse trabalho absorve de tal forma que quando chegamos em casa, na madrugada, o máximo que fazemos durante uma hora é ficar arrastando correntes ─ como a gente dizia numa grande redação ─ até voltar ao normal. Mas foi numa redação que escrevi o poema "Der Himmel ueber Berlin", depois de ler num jornal o título do filme "Asas do Desejo", do grande Wim Wenders. Eu não sabia do que se tratava, mas o poema falava de anjos também. E é um dos maiores filmes que já vi.Acho que a poesia teima em aparecer, seja onde for, e nos toma, em que profissão for. E também acho que, como disse no poema “Saigon”: “"Não há clemência/ para alguns de nós./ Não há dó nem piedade./Apenas a literatura."

EB - Sente-se influenciada por que tipo de poesia ou que autores?

EL - Sempre Fernando Pessoa, Drummond, Bandeira, Eliot, Blake, Emily Dickinson, a galega Rosalia de Castro e seu amigo García Lorca, Maiakovski, Murilo Mendes, Baudelaire, Allen Ginsberg, Roberto Piva, Hilda Hilst, Rimbaud, Whitman, e tantos e tantos. Gosto especialmente dos rebeldes, dos que derrubaram estruturas, dos que não tiveram medo das convenções, dos que inventaram e reinventaram.

EB - Alguma vez tentou a ficção? Por que sim ou por que não?
EL - Já escrevi alguns contos e pretendo fazer um livro. Porque criar é uma maravilha e porque, como diz Anais Nin, as pessoas escrevem "para criar um mundo no qual possam viver". Para a escritora francesa, trata-se de uma atividade absolutamente vital e eu concordo. "Escrever deve ser uma necessidade, como o mar precisa das tempestades ─ é a isso que eu chamo respirar."


EB - Agora que trocou São Paulo pela, digamos, pacata Poços de Caldas, terá mais tempo para escrever e, naturalmente, mais tranquilidade? Quais projetos de livros de ensaios você tem em mente? Já começou a trabalhar em algum deles?

EL - Uma cidade onde a gente se sente mais humano e cercado de humanos sempre favorece. No meu caso, pelo menos. Porque há escritores que só produzem instalados no olho do furacão. Estou fazando uma tese de doutorado em Literatura Brasileira pela Faculdade de Filosofia, Letra e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo sobre os poetas paulistas na década de 60, especialmente Roberto Piva, e mais a catequese Poetica de Bell e o Sermão do Viaduto, de Álvaro Alves de Faria, além de alguns independentes. Foi uma época culturalmente riquissima, como sabemos, de grandes transformações e de intensa experimentação artística. Isso me fascina. É minha intenção que a tese vire livro.

EB - Pretende seguir carreira acadêmica? Em que aspectos ela difere, a seu ver, do jornalismo?

EL- Não sei se seguirei carreria acadêmica, já estive na área durante algum tempo, mas na graduação e pós lato sensu em jornalismo. Certamente o objeto é bastante diferente da carreira jornalística, mas seus entraves, seus senões, não diferem. O lado bom é que sempre se pode discutir, pesquisar, trocar ideias, o que em redações não existe mais.

Já em 1803

“Penso sobre a ideia de estabelecer-se uma filial do Banco dos EUA em New Orleans. Esse banco é dos que mais claramente hostiliza mortalmente os princípios e a forma de nossa Constituição. Hoje, o país está forte e unido em torno da Constituição. Hoje, a nação dificilmente seria abalada por aquele banco.

Mas suponha que eventos ocorram, capazes de pôr em dúvida a competência de um governo republicano para enfrentar crise muito grave ou grave perigo, algo capaz de abalar a confiança do povo em seus funcionários públicos governantes. Para mim, nenhum governo estará jamais seguro, se se deixar prender em posição de vassalagem, submetido a autoridades privadas autoconstituídas, como são os bancos.

E que portentoso inimigo da nação e de nossa democracia seria esse Banco dos EUA, em tempos de guerra!

Por que, portanto, deveríamos admitir que uma instituição tão poderosa, tão hostil, continue a crescer e estenda seus tentáculos também sobre New Orleans?”

Carta de Thomas Jefferson a Albert Gallatin, 13/12/1803, The Writings of Thomas Jefferson, "Memorial Edition" (20 Vols., 1903-04) Vol. 10, pg. 437, em http://guides.lib.virginia.edu/TJ)

quinta-feira, novembro 17, 2011

Saga do fim do jornalismo impresso tupiniquim

http://www.comunique-se.com.br/Conteudo/NewsShow.asp?idnot=60201&Editoria=8&Op2=1&Op3=0&pid=239096&fnt=fntnl#.TsWOpNh1bTg.facebook
Após demitir 40 jornalistas, Folha publica matérias de freelancers

Silvana Chaves

Com 10% menos de funcionários em sua equipe, a Folha de São Paulo e a Folha.com têm veiculado desde segunda-feira (14) grande volume de matérias assinadas por freelancers.

No momento em que este texto era fechado, a Folha.com, por exemplo, contava com aproximadamente 23 matérias assinadas por escritores autônomos, sendo uma do dia 14 e outra do dia 15; 11 textos no dia 16 e dez nesta quinta-feira (17). Entre o dia 1° e o dia 13 de novembro, não havia nenhuma matéria assinada por colaboradores publicada no site.

Leia também: Passaralho: Folha de São Paulo demite cerca de 40 jornalistas

A maioria dos conteúdos se concentrava nas editorias de 'Cotidiano' e 'Ilustrada', as mais atingidas pelas dispensas da última sexta-feira (11).

Prêmio Esso
Em meio às demissões, três jornalistas da sucursal da Folha de São Paulo em Brasília - Andreza Matais, José Ernesto Credendio e Catia Seabra – permaneceram na empresa e foram premiados com o “Prêmio Esso de Jornalismo 2011” pela produção da reportagem “O patrimônio e as consultorias que derrubaram Pallocci”, publicada pelo jornal.

quarta-feira, novembro 16, 2011

terça-feira, novembro 15, 2011

quarta-feira, novembro 09, 2011

Zumbis do bordel da Casa Grande

Cajuina

Torquato Neto

Torquato Pereira de Araújo Neto (Teresina, 9 de novembro de 1944 — Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1972) foi um poeta, jornalista, letrista de música popular, experimentador da contracultura brasileiro.


terça-feira, novembro 08, 2011

make a wish

É sempre bom lembrar

Florença, 1951


© Foto de Ruth Orkin. American Girl in Italy. Florença, 1951.
Informações de Fernando Rabelo


Esta imagem foi feita pela fotógrafa norte-americana Ruth Orkin em 1951. Orkin foi à Florença realizar um trabalho para a revista Life. A foto fez parte de uma série originalmente intitulada “Não tenha medo de viajar sozinha” sobre as mulheres que viajavam sozinhas na Europa após a guerra. Orkin fotografou a estudante de arte norte-americana Ninalee Craig fazendo compras nos mercados, nas ruas, em um veículo e flertando em um café. O fato curioso é o que a retratada diz sobre essa célebre fotografia: “Eu me cobri com meu xale como forma de proteção, eu estava caminhando por um mar de homens, eu estava curtindo cada minuto. Eram italianos e italianos me amam”. Ruth Orkin morreu de câncer em 1985 aos 63 anos de idade.