Mas que pergunta, dirão os e as jornalistas. Claro que as mulheres , se não são maioria, estão nos 50%. E é verdade. Desde que a primeira geração começou a sair em grande número das faculdades de jornalismo, na década de 1970, as jornalistas abriram caminho enfrentando muita pedreira para provar que eram tão profissionais quanto os jornalistas, e chegavam para ficar.
Eu fui uma delas, e aprendi muito na reportagem policial, com 19 anos, ainda porta de entrada para a profissão, naqueles tempos em que as grandes mudanças ainda estavam por acontecer. Não foi fácil. Um dia conto. Mas foi divertido muitas vezes, e serviu de aprendizado para a vida toda, pessoal e profissional.
Garota saia da faculdade, que cursava pela manhã, e ia direto para a redação, com o blusão da universidade. Os jornalistas mais antigos não gostavam nada da invasão. Muitos tinham preconceito contra a universidade, e deveriam ter suas razões.
Longa história essa. Para rir e para chorar.
Mas eis que hoje dei uma entrevista para estudantes de jornalismo da PUC: duas meninas do primeiro ano e o rapaz do terceiro ano, Gustavo, que cito aí mais pra baixo, no Quem deve mudar todas as coisas? Elas disseram que, na classe, as meninas são maioria.
Estávamos falando sobre a reforma gráfica do Estadão, e elas trouxeram o caderno que explica essas mudanças. Mas, questinou uma delas, como as mulheres são maioria nas redações, se aqui nessas fotos , são quase todos homens?
Ela se referia às indicações de colunistas. Fui contar, e são 91, dos quais nove mulheres.Ou seja, 10%. Os homens todos, na grande maioria em Economia e Política, as mulheres:Caderno Dois; C2+Música;TV; outra do Caderno 2: e mais uma; e mais outra; mais uma de TV, e mais Caderno 2, e finalmente Suely Caldas, velha jornalista carioca, em Economia e Negócios.
Acho que esqueceram uma de Política, mas não sei se ainda está lá.(Entretanto, não honra a categoria).
As meninas, todas na área de cultura e divertimento, com uma exceção, e mais esta de Política, que não está nas fotos.Significa que, se as mulheres são a metade das redações de jornais, não as deixam chegar nem perto quando se trata de opinar sobre "assunto sério": Política e Economia.
Que reforma é esta do Estadão, em pleno século 21? Só na aparência não vale.
Lembrei da minha amiga Christina Rodrigues, atriz e dubladora, que me disse outro dia algo que jamais imaginei: "Preste atenção nos filmes todos e conte se não há mais personagens homens que mulheres. O mercado de trabalho das atrizes e dubladoras também está prejudicado".
Que tal, meninas e meninos?
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