segunda-feira, janeiro 10, 2011

Salvar o Belas Artes

O cine, em 1971



Será que dá? O mínimo seria algum mecenas que não sabe mais onde jogar a grana aparecer e patrocinar, porque o prefeitura , nada, só quer saber de dar porrada em artista de rua na Paulista.
Mundo injusto e doente. Li no fim de semana num jornal impresso que "ricos" turistas das praias de Florianópolis estão incomodados com os "menos ricos", que não frequentam bares privês e não pagam R$ 20 mil por uma consumaçãeo. Os menos ricos levam a Veuve Cliquot de casa, que compraram por R$ 280,00.

Num país de tantos ricos, numa cidade de São Paulo de tantos altos PIBs, deixar-se esvair a memória é coisa mesmo de elite econômica brega e ignorante.

Na internet rola um abaixo-assinado, até o momento com quase 8 mil assinaturas, protestando contra o fechamento:

http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/7873

E aqui, reproduzo o e-mail do meu amigo Edson Motta:

Não são apenas as pessoas que morrem
os cinemas também nos deixam um dia
esse parece ser o trágico destino de uma das mais
tradicionais salas de SP (uma não, seis salas!):
o Belas Artes
às vésperas de ser transformado numa
horrorosa filial da Igreja Universal
ou qualquer outra merda evangélica
o Belas Artes está agonizando
Nesta segunda-feira (na sessão das 15h)
fui lá levar meu "apoio" e assinei um
belo manifesto pelo não fechamento
e dei até entrevista pra tv sobre o assunto
Curiosamente, o cinema estava lotado
mais curioso ainda: o filme que assisti
fala de uma árvore como metáfora para
uma família que perdeu o pai
e as crianças...
...insistem que o espírito encarnou nos galhos
ou seja, um filme que fala de morte e renascimento
Bem, este e-mail é para convidá-los
a comparecer ao BA antes que acabe, no final do mês.
Acho que seria bem criativo comparecer em
horário alternativo (como, aliás, eu faço sempre),
tipo sessão das 14 ou das 17 no máximo
Por que? Porque nos finais de semana e mesmo à noite
sempre haverá algum público, certo?
E o momento é de levar nosso apoio em horas incertas!
Afinal, ir ao cemitério no Dia de Finados é o óbvio,
homenagem é quando vamos num dia inesperado
Portanto, nesse início de ano, faltem uma tarde no trabalho
e venham prestigiar o nobre cinema
o Belas Artes merece essa homenagem
Além do mais, não adianta trabalhar, trabalhar, trabalhar
um dia todos morreremos (como as árvores ou os cinemas)
e nada levaremos para o lado de lá
lembrem-se sempre das sábias palavras de outro vagabundo
que como eu perambulava pela cidade,
o genial Plínio Marcos, que gostava de avisar:
"Ainda não inventaram caixão de defunto com gavetas!"
bobagem guardar dinheiro
melhor, muito melhor, gastar com filmes!!!!