É uma dor que não esconde o seu papel São Carlos, morro, Borel
Eu subo e nunca estou no céu
Marianne cheia de fé
Texto que escrevi em 4 de agosto de 2005, carta a alguns amigos
Me deu vontade de escrever – e há tanto tempo não escrevo coisas de que gosto --depois de assistir pela segunda vez, num canal a cabo, a um documentário sobre Marianne Faithfull. Não sei se vocês se lembram, eu tinha uma vaga lembrança. Era uma linda cantora dos sixties, roqueira que fugiu com o Mick Jaegger. Inglesa também. Ela hoje tem uma voz grave, parecida com a de La Dietrich. Peguei o documentário na hora em que ela dizia: “Mudei para a Irlanda porque a Inglaterra não me merece!”. “England doesn't deserve me!”, coisa assim. Porque o establishment caiu em cima dela, “e eu que nunca fiz nada de errado”, dizia. Claro que nós imaginamos o que ela fez de errado para a velha Albion. Não é? Aquela mesma na qual o jovem príncipe herdeiro vai a uma festa fantasiado de nazi, e dizem que aquela bela história de amor entre o príncipe Edward e a plebéia no século passado era para encobrir coisas menos nobres. Então, depois de uma vida cheia de glamour- acho que ela foi a inspiração para aquela linda “Angie”, dos Stones – Marianne cheia de fé caiu na sarjeta, anoréxica, drogada, acabada. Depois dos sixties vieram os seventies brabos. Mas Marianne levantou a cabeça loira da lama. E o que eu vi hoje foi uma mulher creio que na sexta década, mas que, mesmo sem plástica, não parece. Pois tem o mesmo jeito dos sixties. “Não gosto muito de gente, não sou sociável, gosto de minha casa, que é meu reino”. Fez uma linda música pra dois que já se foram, Warhol e uma francesa, Nico, não sei quem é, mas alguma cantora vítima de alguma injustica. E diz Marianne: “Não gosto de injustiças. Embora nunca tenha feito nada publicamente contra isso. “
A câmera segue Marianne na cozinha, na sala, no quarto, ela com músicos jovens irlandeses, e eles falando o tanto que a admiram. Patrice Chereau, aquele belo diretor de cinema, também fala sobre ela. E uma câmera acompanha Marianne no ensaio de um show. Canta, com a voz gravíssima, uma bela canção. Fumando que nem louca. “Claro que não vou continuar me arrastando pelos palcos aos 70 anos”, ela confessa. “Mas eu adoro o stage. Enfim, terei coisas para fazer: acho que sou uma boa jardineira e nunca me testei nisso”. Termina assim, ela deitada, de botas, na cama com colcha de pele, cantando junto com o CD, uma música que fala do reino doméstico.Belíssima canção, a song, daquelas que Tinhorão vaticinou -- seguido por Chico Buarque , sem dizer o nome da fonte-- não terão mais lugar no século 21, pois foram uma manifestação do século 20. Não sei, mas acho que vocês entenderam o espírito da coisa. Né?
Jornalista e escritora, autora de Suplemento Literário-Que falta ele faz! : Tinhorão, o Legendário; As Dez Mil Coisas (poesia) e do e-book Jornalismo Século XXI- O modelo #mídia NINJA
VIVA BABEL
Notícias de Babel.
O título homenageia Xose Velo Mosquera, Pepe Velo, professor, poeta, revolucionário galego, que criou o lema e viveu por ele.
Sonhos de Leonardo
CRUEL
Sérgio Sampaio
Tudo cruel, tudo sistema Torre Babel, falso dilema É uma dor que não
esconde o seu papel São Carlos, morro, Borel Eu subo e nunca estou no céu
Torres
Orides Fontela
Construir torres abstratas
porém a luta é real. Sobre a luta
Nossa visão se constrói. O real
Nos doerá para sempre
CONTADOR DE ACESSOS - 06/03/2009
Páginas que revelam uma época . Autora discute legado do Suplemento Literário,
editado nos anos 50 e 60 (clique na imagem para ler)
Uma análise da relação entre imprensa e cultura. No prefácio do livro, Antonio Candido relembra
o contexto em que surgiu o Suplemento (clique na imagem)
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