por sua neta Lucile
Atualizado em 25 de abril, pela Lucile
(perdão leitores, falha nossa ao telefone
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)
Li o Blog e gostei muito. Mas há uns reparos na história do meu avô:
Minha avó não era Carmela, era Rosa Puppio Fittipaldi - a Dona Rosinha, que a Silvanete conheceu muito bem. Aliás, de onde você tirou essa Carmela?Porque na minha família há inúmeras Carmelas (inclusive a filha mais velha de meu avô, falecida logo depois que minha avó chegou ao Brasil).
O Savério Fittipaldi Sobrinho não é irmão de meu avô, mas sobrinho (como está no nome). É filho do irmão mais novo de meu avô, Vicente (ou Vincenzo, no original) Fittipaldi, casado com Carolina, com quem teve 5 filhos, o mais velho deles o Saverio Sobrinho.
Os dois irmãos - Saverio e Vincenzo - dedicaram-se aos livros, mas por caminhos diferentes. Os ascendentes eram jornaleiros. Os descendentes diretos de Vincenzo ainda estão no ramo, os de Saverio não. Mas quem gostava, realmente de livros era o Saverio.
Capitão Marvel e Principe Valente (é valente, não feliz - principe feliz é o conto do Oscar Wilde) também são coisas do passado - aliás, estive com meu primo Helio há pouco tempo e ele me disse que não guardou um único exemplar (PODE???). A Editora Saber continua, mas não sei o que publica agora.
O meu irmão Mário é sócio de uma editora, mas só publicou um livro, aliás muito bonito, sobre Mercados Brasileiros (me esqueço o nome do fotógrafo), pela dificuldade de obter patrocínio.
Porque o mundo é pequeno, depois de ler o post de 15 de abril sobre João do Rio e Lima Barreto (leia abaixo) que mencionava o fundador da Editora João do Rio, o imigrante italiano Saverio Fittipaldi, minha amiga Silvanete me telefonou dizendo que é amiga de infância da neta do Saverio, a Lucile.
Foi Lucile, juíza do trabalho hoje aposentada, quem acrescentou dados sobre a história desse avô interessantissimo, e também me mandou a foto.
Saverio veio para o Brasil mandado pelo pai, de Potenza, região da Basilicata, aos 6 anos, para viver com os tios, que eram vendedores de jornais no cais do porto do Rio de janeiro, em 1913.
Mas o garoto não gostou, e fugiu na barca para Niterói. Chegando lá, disse à policia que estava perdido. Os policiais o levaram para a delegacia, compraram um enxoval para o menino, com duas peças de cada roupa, e o mandaram de volta para a Itália. Que tempos mais amenos, hein?
Lá, ele voltou a tomar conta das cabras do pai. Um dia, contou o Saverio, levou um pontapé: o pai estava atrás dele com cartas do Brasil, os tios escreviam aflitos porque o menino tinha fugido.
Voltou à América Latina adolescente, passou por toda a costa, foi até Buenos Aires, morou em fazenda.
Mais tarde, no Rio, já casado com a dona Carmela, também italiana, acabou ficando rico com a editora João do Rio. Parece que foi a primeira no país a publicar livros ilustrados.
Nos anos
A família ficou pobre.
Em São Paulo, a editora das Américas foi criada por ele em 1948. Ia bem até os anos 70, dirigida pelo pai de Lucile, o Mário, que se orgulhou de ter conseguido fechar sem a bancarrota, em parceria com o livreiro da Martins, outro baluarte do ramo.
Mário criou a Bienal do Livro de SP, foi presidente da Câmara Brasileira do Livro, e mesmo depois de ter fechado a editora. Uma família de gente ligada aos livros, jornais e revistas.
Helio Fittipaldi, filho de Saverio Filho Sobrinho, irmão dele, dirige a Editora Saber, que publica Capitão Marvel, Príncipe Feliz, clássicos dos quadrinhos.
Lucile contou que a família sempre pensou em se reunir um dia para resgatar a história de Saverio, mas o tempo vai passando, e tal, e também não tinham idéia da importância do avô. Mas essa tarefa a professora Jerusa Pires já tomou para si, a família adorou saber, e acho que a professora vai gostar dessas histórias que a Lucile contou.