sábado, janeiro 27, 2007

A higiênica Prefeitura

Essa noticia tirei do indecencias.blogsome.com, da minha amiga Lelê.

Recebi notícias da ocupação Prestes Maia hoje. Parece que não cabe mais recurso do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC) na ação de despejo do edifício. Quem cuidava do caso era a Promotora Mabel Tucunduva, do Ministério Público Estadual, que defendia a transferência das famílias para alojamentos ou o pagamento de uma ajuda de custo para que elas desocupassem o prédio. Seriam R$ 5 mil para cada família, que as obrigariam a inchar as favelas.
O Edifício Prestes Maia foi abandonado pelos proprietários há 15 anos. Os impostos estão atrasados e a dívida com a Prefeitura chega a 6 milhões de reais. Quatro anos atrás foi ocupado por 468 famílias com base na Constituição Federal que garante o direito a moradia para todos os que não têm teto. São 1.630 pessoas: 315 crianças e 95 idosos. Garçons, manicures, ambulantes, faxineiras, seguranças e centenas de bolivianos que trabalham em confecções dos bairros do Brás e do Bom Retiro.
O prédio é dividido em dois blocos e entre paredes revestidas de mármore há milhares de fios soltos das ligações clandestinas de luz. Os elevadores não funcionam e os banheiros são coletivos. As crianças e os bebês freqüentam escolas e creches da região central e no edifício funcionam projetos de alfabetização de adultos, reciclagem, oficinas de artes plásticas e uma biblioteca pública, com mais de 15 mil títulos, todos resgatados do lixo pelo catador de papel Severino Manoel de Souza.
Recentemente, a biblioteca do Edifício foi visitada pelo maior bibliógrafo brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras, José Mindlin.
Mesmo completamente abandonadas pelas políticas públicas e com condições precárias, essas 1.630 pessoas transformaram um edifício que antes era depósito de lixo e ponto de tráfico de drogas em moradia. Ainda assim, estão perto, mais uma vez, do despejo.
A partir do próximo sábado, dia 27/01, os moradores do edifício organizam nos fins-de-semana algumas atividades para sensibilizar a sociedade civil ao debate em torno do direito a dignidade de todo cidadão brasileiro: feirinha de artesanato com banca de venda de cordéis, exibição de vídeos, biblioteca ambulante, entre outras. Quem quiser colaborar de qualquer forma é só aparecer na Avenida Prestes Maia, 911, no Centro.
Para saber mais sobre a ocupação acesse o fotolog ou a comunidade do orkut sobre a biblioteca. Ou ainda, escreva para bibprestesmaia-severino@yahoo.com.br e ligue para o próprio Severino no telefone (11) 8488-9412.

Jornalistas

“Os novos jornalistas passaram a ver a realidade sob a sua perspectiva burguesa de classe média. O povo deixou de ser importante, deixou de ser o ator principal para tornar-se figura, coadjuvante, presunto. Em compensação, o jornalista deixou de ser o herói marginal para tornar-se uma espécie de poodle de divã, uma espécie de office-boy do poder.”



Fausto Wolf