segunda-feira, agosto 31, 2009

Mafaldita vira estátua em Buenos Aires


A lindinha e seu criador, Quino




Por Paulo Ramos


Uma pequena multidão parou o vai-e-vem de pedestres na esquina das ruas Chile e Defensa na tarde deste domingo em Buenos Aires, na Argentina, de onde escrevo esta reportagem.
Os olhos dos presentes se dividiam entre Quino e Mafalda. Criador e criatura participaram da cerimônia de inauguração da estátua da personagem.
O local não foi escolhido ao acaso. Foi na rua Chile que o desenhista viveu parte da vida e onde ambientou as tiras, publicadas na década de 1960 e no início da seguinte.
Foi Quino quem tirou o pano que cobria o banco em que Mafalda aparece sentada. Depois, dividiu um pouco o banco com ela.
A cerimônia da tarde deste domingo foi rápida, pouco mais de meia hora. Reuniu amigos e colegas do desenhista e autoridades. Além, claro, da multidão e dos jornalistas.
Quino mais ouviu homenagens de companheiros de profissão do que falou. Quando falou, foi econômico.
"Estou muito emocionado e também preocupado que não sei o que dizer."
"Claro, sempre me custou falar, por isso me dediquei a desenho. Assim como há muita gente que não sabe o que dizer e assim mesmo ganha eleições."


domingo, agosto 30, 2009

sexta-feira, agosto 28, 2009

Até tu Europa?

Meu amigo Jorge, ex-jornalista e atual editor de livros ( teve a sorte de largar a profissão em extinção há alguns anos) mandou um comentário sobre a matéria reproduzida do Le Monde, mais abaixo, em que a jovem jornalista é pautada para fazer uma matéria sem internet. Eu não sabia da historia, que é a seguinte:

"Pois é, como estão as coisas nessa bola que gira no espaço e parece um manicômio geral...

A coisa começou no Guardian - fazer uma reportagem sem internet e sem qualquer aparato tecnológico - e depois chegou no Le Monde, e rapidamente se espalhou pela Europa, e até uma portuga fez igualzinho.

Sic est Mundi!

Uma pauta que toda mundo repete, e além do mais, são todas muito chatas, sem graça e sem essência, demonstra às quantas está a situação do jornalismo no mundo: algo tremendamente chato."

E não tem razão o Jorge?

quinta-feira, agosto 27, 2009

Iza, ou A Amizade

Tide Hellmeister



Iza é uma de minhas mais queridas amigas da vida inteira. Quantas barras enfrentamos juntas, ela foi hippie de verdade, cruzou a América Latina e a Bahia, naqueles tempos. Nunca vi pessoa mais generosa, e que grande escritora! Ao longo da vida trocamos muitas cartas, quando eram de papel, e tenho tantos e tantos textos dela, alguns livros nunca publicados.
Quem sabe agora, com a internet!
Filha de baiano jornalista, seu Isael, que se estabeleceu em Andradina, com o famoso e já extinto Jornal da Região. Ele também já se foi.

Mas Iza, alma frágil para esse mundo torpe, amiga dos tempos da USP, da ditadura braba, dos cabelos compridos e das idéias também longas, tanta estrada. Iza, sua mente se dividiu, esquizofrênica.

Memória impar, trajetória que retrata uma geração, sofre, atormentada por vozes acusadoras que saem de aparelhos.

Escrevi um conto sobre ela, sobre nós, uma vez onde transcrevia alguns trechos de suas belissimas cartas ...Meu Deus, tanta gente escrevendo, entupindo editoras, livrarias, blogs, internet, e eu com esta culpa de não mostrar a bela escritura de Iza.

Cartas de papel pelo correio, ela sempre me escreve nas grandes datas. Como esta que chegou pelo meu aniversário.

Eu, que estava no maior baixo-astral, fiquei com vergonha: quem sou eu perto da grande Dor de toda uma vida?

Iza nunca se esquece de mim, nós nunca nos esqueceremos. Estamos sempre juntas no coração, mesmo sem nos vermos. Quantos telefonemas, quantos fantasmas ela me conta: às vezes falamos de coisas corriqueiras, outras vezes esses seres se interpõem e eu tento desviar, e até conseguimos rir, porque minha amiga é muito bem humorada.
O que fizeram de Iza, cordeirinho,irmãzinha? Que culpas enormes pode ter esse cordeirinho de Deus?

Quem sabe da vida, quem somos nós para imaginar que temos algum controle?

E na essência de tudo-- loucura, pretensa sanidade, gerações empalidecidas frente a outras tão brilhantes e plenas-, a Amizade. Esse sentimento nada mais que o grande Amor pelo outro.

Esse que tanto nos faz falta, e pelo qual estava eu de baixo-astral, pensando nos que eu imaginava amigos e não são, e passei tantos anos me enganando e sendo enganada, e porque a vida é assim? E por acaso isso é só comigo? Não e não.

Mas é assim, e temos que apenas nos conformar com o que somos.

Ainda bem que o lado luminoso existe, afastando trevas. Iza é uma dessas luzes que me guiam pelo caminho da simplicidade, da ingenuidade, da força, da sobrevivência do humano.

E por que me queixar eu, que tantas dessas luzes encontrei e encontro pela vida? Marisa, a moça da faxina vem me dar um presente- e ela acabou de saber que era meu aniversário- e diz: "Nós temos é de agradecer por acordar e estar vivas por mais um dia, que a vida é bela".

Sendo assim, me recolho mais envergonhada. A vida continua me ensinando.Tia Judith, nos seus quase 96 anos me liga e diz que , como sempre, diariamente, reza por mim, pela minha saúde e felicidade, e pede proteção à minha mãe que lá de cima nos vela, e se preocupa com a gente que mora aqui em Sampa, com tantas saudades das nossas montanhas de Poços de Caldas:
"Que Deus te proteja de tudo e de bala perdida". O que posso mais querer?

Aos meus verdadeiros amigos, que já conheciam a Tida Judith daqui do blog , está apresentada Marisa, baiana como o pai de Iza. E aqui, um pouquinho de Iza, vou começar a tirar seus escritos do meu baú, sua carta ao mundo, como Emily Dickinson.
Em breve tem mais.


"Em 21 de agosto de 2009

Querida Beth!

Salbe 27 de agosto, tão seu! Essa datinha tão linda é o marco de renovadas descobertas e surpresas boas ou não. Afinal tudo isto é história e já nem sabemos quem vai ser generoso conosco e salvar nossa memória...
O carrossel faz o tempo se adiantar e aportar-nos em um presente tão inesperado, seu futuro nos anos-luz.
As dificuldades tomam espaço, a vida prática dá-nos visão de vivências e realidades outras sem o menor conformismo.
E choramos e gargalhamos sem cara de máscaras. É o novo que nos espera. Parabéns! Felicidades hoje e sempre! Saúde!
Beijão da
Iza"




terça-feira, agosto 25, 2009

Le Monde e o desafio: uma reportagem sem internet


Elise Barthet, uma jornalista de 23 anos recebe o desafio de escrever um artigo sem internet e sem celular.
E conta:
"O problema começa aí, jamais trabalhei sem internet, é preciso reaprender o fundamental.
Como encontrar um assunto? Pego os jornais. Meus colegas comentam sobre a autonomia da Groelândia. Normalmente eu digitaria essa frase no Google, e depois de uma passagem pela Wikipedia, entraria nos milhares de sites sobre a ilha ártica, seus habitantes, artesanato e o solo rico em hidrocarbonetos.
Mas agora sou só eu . Um colega me encoraja: "Voce não tem escolha, pesquise no jornal".
Ela vai ao arquivo impresso do Le Monde. Mas a Groenlandia nunca foi muito noticia de destaque.
"Aqui, me explica a biblitoecaria, é a memória viva do jornal."
Mas raros são os jornalisats que ali vao.
Afinal ela consegue reunir informação sobre o assunto e nomes de entrevistados: comerciantes de petroleo ou simplesmente, gente da Groelandia.
Encontro um numero na Groenland. O interlocutor trata de questoes energeticas no governo autonomo. Eu digo: "Bonjour, gostaria de falar com Ioan Skolnielsen." Resposta glacial; estou em reuniao, ligue amanha". Consegue falar com, Yves Mathieu, do 'Institut français du pétrole. Após 30 minutos tenho numeros, citações, resta escrever.
Uma luz doce de fim de dia cerca o Boulevar Blanqui. Eu fiquei so na redação com meu caderno de notas e meus sete cafés. As palavras não vêem. Perdi um tempo enorme( 3 horas, talvez quatro) fazendo contatos. E tudo isso para que? Um artigo que ninguem jamais lerá.
Não consegui terminar a tempo..."

sexta-feira, agosto 14, 2009

Brava Gente, um tributo de Tide Hellmeister

No proximo dia 8 de setembro será inaugurada no Rio de Janeiro a exposição Brava Gente, com quadros de Tide Hellmeister representando personagens pinçados por ele, e algumas historinhas de suas vidas. Com muito prazer eu ajudei em alguns textos dessa exposição, e quando tiver mais dados divulgarei aqui, porque vale a pena. Esse é um dos textos que escrevi para o evento. E também não tenho ainda nenhum dos quadros, logo que tiver vou postá-los.

Brava Gente, um tributo de Tide Hellmeister


Certa vez perguntaram a Federico Fellini por que ele escolhia personagens e figurantes tão esdrúxulos para os seus filmes. Ele mesmo contou, em uma entrevista, quem fez a pergunta: uma senhora, dentro de um carro, usando um tapa-olho e com um mico no ombro.
Tide Hellmeister, um dos nossos mais importantes artistas, concordaria com Fellini, se lhe fizessem a mesma pergunta sobre os singulares personagens que compõem esta “Brava Gente”.
Somos todos nós, e de perto quem é “normal”?
Tide criou seus personagens a partir da observação do cotidiano, dos passageiros do metrô, do ônibus, dos caminhantes nas ruas. No estúdio, imaginava a história de cada um e recortava e colava e pintava seus rostos: tristes, bondosos, malandros, egoístas, avaros, generosos, abatidos, conformados, espertíssimos, tantos...
Todos com data de nascimento e de morte, as duas únicas certezas que a espécie humana possui, e a história que construíram para preencher esses espaços.
Pessoas humanas, demasiadamente humanas: Pedro, Cornélio, Julio Prosa de Jesus, Domingos, Theofilo, Gherard, Assumta, João, Benjamim, Eli Regina, Emilio, Nilo, Licurgo, Hipólito.
Pela primeira vez o homem da tesoura e do pincel, o artista gráfico que conquistou um lugar único, o homem para quem “tudo é colagem”, o artista das tantas faces, que se dizia “sem palavras”,
usou da palavra: sentou e escreveu.
Montou o seu teatro com tesoura, papel, tinta e escrita, como sempre fez, aliás, mas desta vez, escreveu histórias.
Todas impregnadas de compaixão pelo semelhante, pelo irmão, por essa Brava Gente brasileira que agora é apresentada ao público sob forma de arte de grande qualidade, como sempre foi sua produção.
Logo agora, que ele avisou: “fui ali e volto já”.
Nem precisa voltar, já que nunca partiu: a marca forte e bela de sua passagem sempre continuará entre nós.

terça-feira, agosto 11, 2009

Torre de Bruxelas

Grande prêmio do Word Press Cartoon 2008, por Rainer Ehrt, da Alemanha , que só hoje vim a conhecer, mas nunca é tarde...

segunda-feira, agosto 10, 2009

Sagrada Família


Só com o comentário do Jô Fevereiro aqui notei a incrivel semelhança desta imagem da Sagrada Familia, de Gaudi, com a Torre de Babel aí em cima, do Brueghel...
Dai veio ocomentario do Liu, muito interessante:
"Semelhança que não é mera coincidência. Um e outro tinham uma visão mística e "naturista" a referenciar (enriquecer) suas obras. Gaudí é fantástico. Da idade de ouro da arquitetura catalã, graças à grana que jorrava da revolução industrial, que enriquecia o norte da Espanha, teve (tivemos) a sorte de topar com um mecenas ilustradíssimo na figura do conde Eusebi Güell, que "comprou" a genialidade de Gaudí e pegou carona na imortalidade.Gaudí achava que qualquer intervenção humana tinha que trazer a marca de sua origem natural, uma expressão "religiosa" da própria criação das coisas naturais, e a natureza não trabalha com retas. Tudo é maleavel, fluido, pedra, terra, vegetação, multifacetado, colorido, "mole". A Sagrada Família é um castelo divino saido da cabeça de uma criança (ainda condicionada pela geometria de regua e compasso). Só na velha Europa, mesmo. Porque ele projetou um hotel pra Nova Iorque que os gringos nem tiveram peito pra levantar.Ao mesmo tempo, era tão moderno que um século antes de virar moda, já tinha bolado o processo "just in time", projetando apartamentos com espaço interno flexível, as dependências e o acabamento organizados de acordo com as necessidades e o gosto do morador. Isso é gênio. Niemeyer deve ter olhado muito Gaudí.Valeu, Beth."

Museu D'Orsay




Primavera 2009


sexta-feira, agosto 07, 2009

Esteban, o nudista catalão

Foto Marc Javierre Barcelona


O senhor Esteban T.E desfila assim pelas ruas de Barcelona. Eu o vi na rambla, dando uma entrevista, mas de repente sumiu.
Agora lendo uma coluna do Claudio Versiani, no Congresso em Foco, descobri o mistério: ele é muito conhecido lá, já foi até multado, anda pelado naquele frio- vejam os casacos das horrorizadas señoras- e no calor, é só na Catalunha mesmo, grande lugar esse!
Como dizia o seu Junqueira, o Pepe Velo ai em cima:
"Visca Catalunya liure!"

quinta-feira, agosto 06, 2009

A gripe, nada de novo sob o sol

Deu no blog É tudo política


Para evitar a influenza todo indivíduo deve fugir das aglomerações, principalmente à noite; não frequentar teatros, cinemas; não fazer visitas e tomar cuidados higiênicos com a mucosa naso-faringeana que, muito provavelmente, é a porta de entrada dos germens. Tais cuidados devem ser feitos por meios brandos; não devem ser usados desinfetantes enérgicos ou aplicações mecânicas que possam irritar a mucosa naso-faringeana.

As inalações de vaselina mentolada, os gargarejos com água e sal, com água iodada, com ácido cítrico, tanino e infusões de plantas contendo tanino, como folhas de goiabeira e outras, são aconselháveis. Como preventivo, internamente, pode-se usar qualquer sal de quinino nas doses de 0,25 a 0,50 centigramos por dia, devendo usá-los de preferência no momento das refeições para impedir os zumbidos nos ouvidos, os tremores etc. Estas doses, salvo em casos muito excepcionais, não têm o menor inconveniente.

Deve-se evitar toda a fadiga ou excesso físico. Todo doente de gripe, aos primeiros sintomas, deve procurar o leito, pois o repouso auxilia a cura e diminue não só as probabilidades de complicações, como de contágio. Os doentes não devem ser visitados, pois a moléstia se transmite de indivíduo para indivíduo, por contágio direto.As pessoas idosas devem ser extremadas nestas medidas, não devendo, nem mesmo, receber visitas de simples cortesia, pois a moléstia é nelas mais grave.
Os doentes recolhidos a hospitais e casas de saúde não devem ser visitados; as informações poderão ser dadas na portaria ou pelo telefone.O governo vai determinar o fechamento das escolas noturnas e solicitar providências junto aos poderes eclesiásticos para que os ofícios religiosos cessem à noite. À prefeitura será pedido o fechamento da Exposição [Industrial] à noite.

O texto acima, tão atual, foi publicado no Estadão, no dia 16 de outubro de 1918, em razão da epidemia da chamada gripe espanhola. Integra tese defendida por Liane Maria Bertucci Martins, doutora em História Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professora de História da Educação na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

terça-feira, agosto 04, 2009

Madonna X Hermitage!


Deu no El Pais
El famoso museo del Hermitage de San Petersburgo está muy preocupado por la moda de organizar conciertos de rock a sus puertas, en la Plaza del Palacio, hacia la que dan las ventanas de salas con valiosas pinturas. De ahí que estén midiendo desde hace un tiempo el ruido que hacen los conciertos para estudiar el posible daño que éste puede causar en las obras de arte.
La última medición fue realizada durante el concierto de Madonna, celebrado el pasado domingo. Verdad es que ella no batió el récord de ruido, que llegó a un máximo de 106,4 decibelios en la plaza y unos 80 en el museo con las ventanas cerradas.
La investigación se está realizando conjuntamente por el Hermitage, el Centro Ruso de Restauración de Bellas Artes y la empresa Electropribor.
Sus primeros resultados indican que incluso con un mínimo de 10 conciertos al año, cada cuadro envejecerá en un año adicional a causa de los perjudiciales decibelios.
Assim a indústria cultural vai, literalmente, ganhando a guerra contra a velha cultura.
Emblemático, se poderia dizer.
Vi com meus proprios olhos, aliás, no Louvre:lá não tem concerto de rock por perto, ams em compensação, as hordas esfregam as maos nas milenares esculturas gregas e romanas. Vi um francesinho e sua mãe fazendo isso numa boa, debaixo dos cartazes que dizem que, daqui a mil anos, desse jeito, não haverá mais escultura alguma no museu,....
Não há como vigiar tanta gente.
Todo mundo tirando fotos numa boa, flash e tal.
Já no Prado e Riena Sofia, há mais funcionários e fotos são proibidas.