terça-feira, setembro 20, 2011

As Dez Mil Coisas, na Amazon.com

Esta no ar, no site da Amazon.com, meu livro de poemas As dez Mil Coisas, que pode ser encomendado sob forma de ebook e em papel.

http://www.amazon.com/s/ref=nb_sb_noss?url=search-alias%3Dstripbooks&field-keywords=elizabeth+lorenzotti&x=0&y=0



Aqui, o prefácio do mestre Claudio Willer:


Entre outras qualidades da poesia de Elizabeth Lorenzotti, impressiona a simplicidade que confere ao mais complexo; a facilidade aparente do que é mais difícil; o talento para evidenciar o não-dito, valendo-se da força das entrelinhas. O que é despertado por cenas da vida urbana em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Tejo, em Berlim e em Westminster, por praias não-nomeadas corresponde a pretextos – pré-textos – para iluminações profanas, epifanias que recebem um registro apurado, preciso em sua ambivalência e no que tem de sugestivo.
Em “Por quem os sinos dobram?”, sobre Roberto Piva e Wesley Duke Lee, o poeta e o artista plástico que então chegavam ao fim (pouco depois faleceriam), desaparece a delimitação entre poema e crônica. A evocação de encontros poderia suscitar toda sorte de derramamento emotivo; mas basta a frase precisa, o registro direto, que em outro contexto seria jornalística – e que continua a sê-lo, sem deixar de ser poética.
Este conjunto de poemas, se oscila entre o poético e o prosaico, não os confunde, mas supera essa distinção, ultrapassa a fronteira entre modos de expressar-se. Um concerto sinfônico de Brahms na Sala Cecília Meirelles, ainda mais com o título “Aimez-vous Brahms?” – um poeta mais ingênuo, ou com uma sensibilidade menos apurada desfiaria chavões para transmitir a experiência do sublime. Já a autora de “As dez mil coisas” evoca o “Allegro ma non troppo poderoso / demais para a pequena Cecília /a explodir os poros de todos os tijolos”: condensação, um perfeito correlato objetivo do monumento musical e do que sua audição suscita.
A epígrafe do livro é reveladora: trata do uno e do múltiplo, o “um” e as “dez mil coisas”. É o Aleph borgeano, com a diversidade do mundo condensada em um impossível ponto – impossível, porém manifesta no poema; não representada, mas tornado presente. E como a poeta transita bem de um a outro desses planos, do todo e das partes, do macrocosmo e do microcosmo, da extensão e do ponto, da temporalidade e do instante, do subjetivo e objetivo, da emoção e reflexão.
Uma série de fragmentos registra a diversidade do mundo em “Rio, 40”; mas a síntese é a manifestação do belo. Esse poema pode ser confrontado, em uma leitura cruzada, com “Criado-mudo”. Em um deles, todas as impressões suscitadas pelo Rio de Janeiro condensam-se em um ponto. No outro, tudo o que existe pode caber no móvel de cabeceira. Isso também vale para o minimalismo de “há de ter a maresia” (lembrando que a maresia é a condensação do úmido): o final aberto mostra que tudo pode acontecer; tudo pode estar contido no momento, no fragmento.
E assim Elizabeth Lorenzotti dialoga com as principais correntes da poesia contemporânea brasileira. É, de modo evidente, leitora de Manuel Bandeira; dialoga com um surrealista como Roberto Piva; mas resiste à classificação em escolas e movimentos: é plural e mantém sua singularidade.
Já foi dito que poesia é sedução. Elizabeth Lorenzotti o sabe e proclama com ênfase, na
abertura deste livro. Leitores responderão a seu convite.