domingo, dezembro 13, 2009

Da série: "Eu ainda me surpreendo"

1--Filme sobre a vida de Bruna Surfistinha, ou Raquel Pacheco, moça de classe média que saiu da casa dos pais e foi para a prostituição, de olho nos adolescentes , ou "teens" como a caboclada que quer ser yankee chama, terá poucas cenas de sexo não explícito. O diretor, formado pela ECAUSP, e iniciante, diz : " É lógico que é um beneficio ter os fãs da Raquel"...

Raquel tem fãs...
Raquel é chamada de "garota de programa", eufemismo moderno para designar a profissao mais antiga do mundo. Por que será? A tornará glamourosa, é isso?

Dizem os jornais que a biografia de Pacheco, feita por um professor de jornalismo, foi sucesso entre os adolescentes.


2--Projeto de lei 917, do deputado Waldir Agnello (PTB-SP) pode alterar a atual probição do uso de amianto no estado de SP.
Até mesmo a Abifibro, associação de industrias e distribuidores de produtos de fibrocimento- não quer a lei. Diz que " a indústria paulista já tem tecnpologia e está adaptada para produzir fibras alternativas".

O amianto foi banido por 50 paises, não o Brasil, mas Sp tem legislação própria.Ainda há aqui 3 fabricantes que utilizam amianto. Uma delas, a Confibra, diz que fibras alternativas custam caro e " nosso publico-alvo é a baixa renda"..

É isso, então, como é para pobres, podem morrer com os pulmões entupidos de amianto, já que fica mais barato.

3-A CTNBio (COmissão Técnica Nacional de Biossegurança) diz que não mais será preciso monitorar empresas que vendem produtos transgênicos, para rastrear seus efeitos.
Diz Walter Colli, o presidente, que está de acordo com a indústria. Em novembro, ele propôs a suspensão do monitoramento posterior à liberação comercial. Esse monitoramento nao foi posto em prática, pois segundo a indústria, é impossivel de ser feito, já que são 15 mil produtos com milho ou soja transgencia, olhem só!

Não entendi, lendo o jornal- nunca entendo o que eles escrevem, pois sempre falta explicar- quem faria esse monitoramento. Se o governo, que não tem fiscais, se as proprias empresas, que nao tem nenhum interesse em descobrir efeitos colaterais dos transgenicos.

Então é assim: a CTNBIo já liberou transgênicos varios, mas nós o povo não sabemos que produtos contém- e olhe que segundo pesquisas do Greenpeace, do oleo Lisa ao Bis da Lacta, são transgenicos. E mais um monte, já que dizem , há 15 mil produtos que "podem ou não" ser transgenicos.

Tudo bem, eu só queria saber o que consumo, e quais os efeitos colaterais dos transgenicos, o que o lobby transnacional nao permite, e os governos aceitam, inclusive o do Lula.

Abominável mundo novo

Reproduzo artigo do jornalista Celso Lungaretti (*). Li o texto ao qual ele se refere e tive o mesmo sentimento.


"A construção civil é uma das atividades econômicas mais dependentes de contratos governamentais e, portanto, mais propensas à corrupção, ao falseamento de concorrências e outros crimes do colarinho branco.Caso da construtora Odebrecht, que, não faz nem dois meses, foi condenada pelo Tribunal de Contas da União por fraude num contrato para a manutenção de plataformas de petróleo na Bacia de Campos: uma auditoria do TCU flagrou "erros grosseiros" na prorrogação do contrato da Odebrecht com a Petrobrás, elevando em R$ 1,45 milhão o valor a ser desembolsado pela estatal.Isto não impede a Folha de S. Paulo de manter Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração da construtora, como colunista dominical.Seu texto deste dia 13, O desafio da expatriação, é dos mais repulsivos, louvando a emigração de profissionais brasileiros integrados a empresas que operam internacionalmente.Exalta os indivíduos movidos pela ganância, sem amor pelo seu povo nem afinidade sentimental com seu país, capazes de apagar totalmente sua história pregressa e recomeçar do zero numa terra estranha:
"...o principal desafio do indivíduo deve ser sair sem ter o projeto de voltar. Trabalhar no exterior pode significar um grande salto de desenvolvimento para si e para toda a sua família. Por isso, não deve ir com a mala, mas ir de mudança".Fez-me lembrar aquela tese sinistra de que, no mundo novo, as empresas substituirão as nações para todos os efeitos práticos. Cada um de nós vai pertencer a uma corporação, pouco importando onde atue, mesmo porque será transferido daqui pra lá e de lá pra cá ao sabor das conveniências empresariais.Que seres humanos desarraigados, egoístas e insensíveis o capitalismo quer formar! Os zumbis perfeitos do sistema, oscilando na órbita de corporações, em dependência extrema que acabará se tornando submissão extrema!E como isso violenta nossa índole apaixonada de latinoamericanos! Noutro dia mesmo recebi mensagem desalentada de um amigo engenheiro que mora no Canadá, queixando-se da exasperante previsibilidade de uma sociedade em que tudo é arrumado, organizado, disciplinado e fiscalizado demais. Preferiria estar entre hermanos, mas sacrifica-se em benefício da carreira dos filhos.Mais tocante ainda foi o desabafo de Gilberto Gil, quando teve de viver exilado em Londres: "Só quero que você me aqueça neste inferno/ e que tudo mais vá para o inverno".Se esse abominável mundo novo fosse uma certeza, não lamentaria já ter deixado para trás pelo menos dois terços da minha existência.Mas, como não sou tão pessimista, dedicarei o restante dos meus dias a ajudar os que tentam construir um futuro diferente para a humanidade.

* Jornalista e escritor, mantém os blogues
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/