Trecho do texto de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, cidadão carioca, na contracapa de Urubu.
"Dia velho, as asas aquecidas, o Jereba mergulha na piscina. Pé de serra, fim de baixada onde começa a ladeira e os contrafortes azulam na distância, o Jereba sobe na chaminé do dia. Urubupeba. As rêmiges das asas púmbleas, prata velha fosca, dedos de mão apalpando o vento, adivinhado tendências. Urubu Mestre. As grandes asas expandidas cavalgam as bolhas de ar quente emergentes da ravina. Tolo papagaio, tola pipa boiando no ar, não-querente, não desejo navegante, à deriva, à bubuia - pois sim! - preguiçoso atento dormindo na perna do vento. Esse sabe o que há de vir. Aquário do céu.
Teu canto imita o vento. Hisss... As asas agora curtas, sobraçando trilhos de ar, pacote negro compacto, bico cravado no vento, velocidade feita letal, muro de azul aço abstrato - e adeus viola que o mundo é meu.
Nas lentes dos olhos, a águia oculta y entrabas e salias por las cordilleras sin pasaporte. Urubu procurador. Urubu Achador. Que sabes do alto o que se esconde no chão da mata virgem e dos muitos perfumes que sobem do mundo.
Eterno vigia de um tempo imperecível. Guardião de dois absurdos.
Nos vetustos paredões de pedra, esculpidos pela millennia, dorme de perfil um urubu.
A vida era por um momento.
Não era dada. Era emprestada.
Tudo é testamento".
And by the way, suppose I give you this rose and you give me a kiss
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