quarta-feira, novembro 11, 2009

Almanaque de sobrevivência sob apagões - Há males que vem pro pior





Por Zé via de Regra, uma amiga chinesa de sexo inconsutil



Vous, demoiselle pobretona, parada encalhada numa estação de metro arrodeada de ordinaire peuple, mães esbaforidas com crianças remelentas no regaço, estafetas lançando olhares gulosos sobre ti, escriturários e secretárias em plena decomposição da produção estética matinal, estudantes trazendo o quarto inteiro (deles) na mochila, peãozada suarenta, dondocas gritadeiras ao celular e tipos diversos dessa fauna humana urbana que zouzou denomina por: populacho.
Atenção, tá achando ruim? Sempre pode piorar pra pior. Par example?Uma equipe zumbi-devoradora-de-catástrofes-urbanas te meter um spot na cara e a mulher-repórter-investigativa te sapecar indagação metafísica original: “Como está a situação? Tá difícil voltar pra casa?”. Atenção, de novo: Escarrar no microfone da bruaca é gesto cafona que deve ser evitado. Armar sorrisinho amarelo e responder: “Gente, é ruim, hein? Tô tentando ligar pra avisar o mordomo em casa e minha bateria descarregou. Eshtá tudo um caos! Nem sei quando vou chegar ao meu chatô, que chato”, isto tambem jamé, denota apego a jargões e falta de intimidade diante de câmeras ligadas. O aconselhavel é flegma, finesse, pontificar com calma controlada algo tipo: “Chérie, estou currrtindo de montão. Agra mesmo tava convocando essa gentalha maravilhosa a nos sentarmos e cantarmos juntos”:

Ou então está espremida dentro de um elevador lotado de transpiradores compulsives e claustrofóbicas histéricas. O bofe de trás aproveita pra dar uma encostadinha na tua lataria, sussurando docemente na sua presilha cravejada de microdiamantes: “O acha, linda, sabe mexer com força?”. Desaconselhavel gritar ou blasfemar. Indica fragilidade feminil incompativel aos modern times, zezinha sugere retromartelada contra o pistão e as arruelas do cafajeste pra gerar tumulto. Afinal, uma mulher sabe fazer um homem gemer e sentir muita dor, quiquiqui. Enquanto se arma o tumulto, cantarole languidamente Olê Olá.

Aí você consegue chegar toda amarrotada e descabelada no recôndito do lar, dorme sem banho porque a água dançou, desperta cambaleante das dezessete doses de scotch que ingeriu à guisa de amansa-leoa, liga a TV e se depara com filas de especialistas e palpiteiros instant-celebrities chutando às questões ishpértas de dona Leitoa, Alexandre Sargentinho Garcia e Ana Braga, ponteando lástima sobre falta de investimento federal, apesar das advertências do sábio ZéSerra, e aventando suspeitas contra Sem-Terras terroristas e índiarada guarani sabotadora. Não atire o chinelinho contra a tela. Alem de não os atingir diretamente (se o sujeito errou o Bush de perto...), pode furar a tela e derramar o plasma (não sei se derrama, é líquido, não?). Respire fundo, beba um gole de champã-cura-ressaca-instantânea, e cante em altos brados:

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