quarta-feira, junho 26, 2013

POSTV, de pós-jornalistas para pós-telespectadores

Artigo que escrevi para o Observatório a imprensa, sobre a midia digital independente POSTV na cobertura das manifestações e os novos caminhos da comunicação . http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/postv_de_pos_jornalistas_para_pos_telespectadores

terça-feira, junho 18, 2013

Massao Ohno:Músicos, poetas, pintores, artistas, no geral e no particular,insurgi-vos!

"Noves fora, zero. Reiniciaremos tudo novamente?" Massao Ohno Massao Ohno, que já se foi, um pouco depois de Roberto Piva, grande editor e visionário divulgador de novissima geração de poetas a partir da década de 60 me deu um belo, emocionante depoimento em 1994. Era para uma publicação de outro visionário, o artista plástico e jornalista Tide Hellmeister, que abria sua exposição "Obras Públicas". Acho pertinente lembrar dele hoje ( e sempre). ---- (...) Músicos, poetas, pintores, artistas, no geral e no particular,insurgi-vos! O mundo não é apenas um vasto circo de variedades, de consumo frenético. Viver é um ato prodigioso, uma dádiva a ser desfrutada, segundo a segundo, até a finitude. À la Lispector; 'Haverá um dia, em que haverá um mês, em que haverá uma semana, em que haverá um dia, em que haverá uma hora, em que haverá um minuto, em que haverá um segundo, e dentro do segundo haverá o não-tempo sagrado da morte transfigurada. Vida.' --- (...) Creio que tudo aponta, inclusive no Brasil, para um ressurgimento natural das artes, da sensibilidade brasileira. Creio que teremos um início de milênio bastante florescente. Difícil foi conservar a própria integridade física e de cabeça até agora. Essa travessia foi terrível". (...) ----
***Noves fora, zero. Reiniciaremos tudo novamente?

sexta-feira, junho 14, 2013

Sonhos não envelhecem

“O cheiro de vinagre impregnava o ar. Descobri hoje, minutos antes de sair de casa, que os manifestantes brasileiros aprenderam dos espanhóis, egípcios, turcos etc. que o vinagre neutraliza a ação fulminante do gás lacrimogêneo.” No meio de tanta informação, não sei mais onde li esta. Mas juntou-se ao quebracabeças que está quebrando a minha esses dias. Uma ótima noticia é essa, as redes que entrelaçam as pessoas pelo mundo. Eu posso ser uma pessoa ingênua, como me dizia um grande amigo jornalista, meu primeiro chefe, o Zéduardo,que se suicidou no início deste ano. Ele vivia cercado de jovens, aos 70 anos. De onde vem o novo, se não for deles? Não estava muito certa disso, pois as novas gerações, no meu quebracabeças, estavam se mostrando muito conservadoras. Com bravas e belas exceções, claro. Mesmo os mais inteligentes, sensíveis, estavam me parecendo desiludidos, conformados. Um mundo velho e carcomido, opressor, controlador --e acabamos de saber o que já temíamos, o grande irmão do norte acompanha a vida virtual de todos nós, habitantes do planeta-- não é mesmo animador. Um motivo aparentemente banal -- em Istambul a destruição de uma área verde, aqui aumento de passagens de ônibus-- virou a gota d’água a transbordar esse cálice tão amargo, há tanto tempo. Isso é o que a esquerda não entende, apontando oportunistas de partidos radicais, “tentando desestabilizar um governo popular de esquerda eleito”. O que a direita não entende, falando em “terrorismo”. O que vereadores paulistanos de um e de outro lado do espectro político jamais entenderão, taxando, juntos, os manifestantes de criminosos. O que o velho mundo absolutamente não compreende é que o status quo , o arcabouço político, o sistema político partidário não dá mais conta do presente e não dará conta do futuro. Há pelo menos duas décadas, em todo o mundo, começaram as marchas. Reportei o início, foi a Marcha Mundial de Mulheres, na década de 1990. Por vários países. Daí, a primeira grande mudança: manifestações em movimento. Pessoas caminhando para protestar. Marchas de sem terra, de índios, de mulheres, de jovens. Tantas. Movimentos horizontais, tecidos em redes, com novas hierarquias, não necessariamente com líderes. Pelo mundo. Aliás, leio em comentários de participantes do Movimento Passe Livre que : --“não existe liderança. As bandeiras de partidos não fazem com que a causa perca valor. Causa que se estende agora muito além do transporte e virou questão democrática. Então soma na luta --- ela não tem dono”. (Minha mente logo associou isto ao belíssimo livro de André Gide, “Os frutos da terra”, Les nourritures terrestres, que li na adolescência, onde Menalque, acho que alter-ego o autor, encerrava assim os conselhos ao jovem Menalque: “Não sacrifiques aos ídolos”.) ------ Sempre que a desolação me abate, eu penso: neste mundo, aqui e ali, no vasto planeta , tem gente fazendo diferente, começando experiências, projetando um novo modo de ser, de viver. Isso em todos os setores, da arte e cultura à política. (Nas nossas periferias, por exemplo, podemos ver como as pessoas constróem seus espetáculos, sua atuação, sem depender da grande mídia. Há correntes culturais, movimentos fora do eixo que inclusive fazem parte destas manifestações do MPL.) E não há repressão que possa matar o que teimosamente se instalou lá dentro de corações e mentes, (o que será, que será?) de pessoas correndo de bombas e borrachadas em tantas praças, ruas e avenidas de tantos países desse mundão. 1968 provou que as rebeliões não se dão em um só país, espalham-se pelo mundo. O mesmo acontece com o oposto. O mesmo ocorreu a partir dos anos 1980, a década perdida, com a implantação, em todo o mundo ocidental, do neoliberalismo e suas consequências terríveis, hoje diretamente comprovadas com a enorme crise nos países do Norte. A mesma crise que provocou o florescimento de novos movimentos , estes de que falo. É, a roda da Historia se move, sim. E mesmo sabendo que a velha humanidade sempre dá dois passos à frente e um atrás, como eu disse há pouco ao amigo Marcelo Mirisola --que como eu, também teimosamente tem esperança , mesmo sabendo que podemos quebrar a cara mais uma vez. Eu disse ao MM que nada está parado, até as moléculas deste banco de madeira onde estou sentada digitando. Por que não a História? h

terça-feira, junho 11, 2013

Gripe? O conselho de Sonia Hirsch

Existem comidas milagrosas, sim, e a canja de galinha é uma delas. A melhor que tomei na vida foi em Minas, num hotel de Cambuquira, muitos anos atrás. Cheguei lá com dor de cabeça, o rosto congestionado, uma sensação de gripe encostando, apetite nenhum. A dona do hotel me convenceu a tomar um prato de canja. Tomei dois. Dia seguinte era outra pessoa, feliz e bem disposta. A canja de galinha tem a felicidade de combinar sabor e textura agradabilíssimos com uma poderosa ação medicinal. É conhecida no mundo inteiro por suas propriedades benéficas para adoentados e convalescentes. Chegou ao Brasil com os marinheiros portugueses que vinham da Ásia, ainda no século XVI; daí ter virado um prato tradicional brasileiro. Canja vem do kanji indiano e do congee chinês, papas ralas de arroz longamente fervido. Na China a pessoa acorda e vai à lanchonete comer congee. Escolhe e coloca numa tigela pedacinhos de vegetais, carnes, peixes e ovos, todos crus, que vão receber por cima o caldo de arroz pelando que os deixa semicozidos: fáceis de digerir, mas sem perda de enzimas e vitaminas. Há muitas opções entre os complementos, inclusive medicinais. Nos mosteiros Zen o congee se chama okaio. O arroz cozinha a noite inteira em fogo baixo e é servido no desjejum, acompanhado por uma pequena porção de verduras como repolho ou couve-chinesa, refogadas em óleo de gergelim com um pouquinho de shoyu. Gersal e salsa por cima. Um pedaço de nabo em conserva é a sobremesa, e uma taça de chá encerra o serviço. É comida suave, para ajudar a esvaziar a mente. O longo tempo de cozimento torna as papas de arroz muito fáceis de digerir e absorver. Acalmam o trato intestinal e limpam os rins. O leite de arroz, que se obtém passando a papa na peneira, é uma bebida deliciosa e altamente nutritiva. Pode ser dado na mamadeira aos bebês já no início do desmame, após os 6 meses. Também é alimento ideal para pessoas muito idosas, que segundo a medicina chinesa podem comer papas o dia inteiro, a qualquer hora, para se manterem fortes mas sem sobrecarga. Buda, no Livro da Disciplina, enaltece os poderes da papa de arroz, que comia com leite fresquinho e mel: “Dá dez coisas aos que a comem – vida e beleza, facilidade e força. Dissipa fome, sede e vento. Limpa a bexiga. Digere a comida. É louvada pelo bem-aventurado.” A papa de arroz se faz com uma parte de arroz integral ou branco e oito a dezesseis partes de água. Lave o arroz e deixe de molho na véspera para ir transformando os grãos. Panela grossa é importante. Se não tiver, coloque uma chapa de ferro ou pedra por baixo, ou um bom dispersor de calor. No fogão: reduzir a chama ao mínimo assim que ferver e cozinhar por três horas ou mais. No forno: em caçarola tampada, por três ou quatro horas, também em fogo baixo. Na panela elétrica slow cooker: 8 horas na temperatura mínima. Em caso de gripe ou resfriado, a canja de galinha – arroz cozido longamente com uma galinha inteira em bastante água – ajuda a vítima a melhorar mais rápido porque é rica em cisteína, um aminoácido que ajuda a expelir o muco dos pulmões. Mas tem que ser galinha caipira, criada sem antibióticos nem substâncias químicas, ou seja: comendo minhoca e namorando o galo até ficar bem velhinha e generosa. Quem se resfriou com frio ou vento pode tomar a canja bem quente e apimentada, pois o calor e a pimenta vão ajudar a mover os fluidos para fora e expectorar. A pimenta-vermelha pode ser usada ao natural, em conserva ou em pó, para um resultado antibiótico, antiviral e altamente suadouro, que expulsa o fator externo da gripe e faz a energia circular. Já para fraqueza pós-parto, a canja deve ser muito mais santa: começa com uma galinha inteira, fervida até desmanchar. Coe, deixe esfriar, retire a gordura com papel-toalha e reserve o caldo. Faça a papa normalmente com arroz e água. Quando estiver quase pronta, junte o caldo de galinha, cozinhe mais um minuto e sirva. Considerem-se com fraqueza pós-parto todos os que assim o desejarem. Crônica do livro Amiga Cozinha http://correcotia.com/amigacozinha, com galinhas de estimação da Celina Gusmão