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sexta-feira, março 30, 2012
Millôr e a imprensa brasileira
“A imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o País. Acho que uma das grandes culpadas das condições do País, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime”.
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-imprensa-brasileira-sempre-foi-canalha/#.T3WqiUoqDl8.facebook
quarta-feira, março 28, 2012
Fernando Pessoa e a crise em Portugal
“Os incidentes que envolveram agentes da PSP e jornalistas, em Lisboa, durante a Greve Geral de 22 de Março, continuam a gerar contestação, sobretudo nas redes sociais.
Foi colocado, esta segunda-feira, um colete com a indicação de "jornalista" na estátua de Fernando Pessoa, na esplanada do café “A Brasileira”, em Lisboa.
A intervenção foi do autor do ±MAISMENOS±, um projecto que questiona o modelo social, político e económico actual.(...)
A justificação dada pela PSP de que os jornalistas deveriam estar identificados com coletes indignou o autor do projecto ±MAISMENOS± (http://maismenos.net/), que correu para uma loja de produtos chineses para comprar o colete e colocá-lo sobre a imagem de Fernando Pessoa.
Pouco antes das dez da noite, o colete é arrancado por um homem, na casa dos 30 anos. O gesto é rápido. “Tirei porque gosto muito do Fernando Pessoa. Compreendo os motivos do protesto, mas acho mau para o escritor e até para os turistas”. E segue o seu caminho com o colete na mão.”
http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2012/03/27/estatua-de-pessoa-com-colete-de-jornalista
terça-feira, março 27, 2012
Qhoélet- O Que sabe
Lembrei desta belissima tradução direta do hebraico do Eclesiastes, datado de III a.C., realizada por Haroldo de Campos
(Editora Perspectiva, 1991)
Aquele da infinitamente conhecida “Vanitas vanitatum et omnia vanitas”, sempre traduzido como “vaidade das vaidades, tudo é vaidade. “
I
1.Palavras de Qohélet filho de Davi
Rei em Jerusalém
2.Névoa de nadas disse O-que-sabe
Névoa de nadas tudo névoa-nada
(...)
segunda-feira, março 26, 2012
domingo, março 25, 2012
sábado, março 24, 2012
quinta-feira, março 22, 2012
Salsa por Cachao
El bajista cubano Cachao es considerado el creador del mambo. Pasó la mayoría de sus 76 años de vida en Cuba, donde fue un prominente músico acompañante de jazz especializado en la música de baile afrocubana. Eventualmente viajó a los Estados Unidos y vivió en Miami durante casi nueve años con poco o ningún reconocimiento, debido en parte a su extrema modestia.
Fue presentado al mundo por primera vez por el actor/realizador Andy García, que nació en Cuba pero creció en Miami, a través de su documental de 1993 "Cachao Como su ritmo no hay dos". La película fue elogiada por la crítica, especialmente por su música. El 16 de enero de 1993 Cachao realizó una presentación a sala llena en el Radio City Music Hall de Nueva York, donde fue aclamado. En marzo de 1995, Cachao ganó un Grammy por su álbum "Master Sessions, Vol. 1".
quarta-feira, março 21, 2012
terça-feira, março 20, 2012
Deuses
O poema tem a seguite história:
77 nomes foram sampleados da revista LIFE, edição de december, 1990. Os nomes ornamentavam a matéria principal daquele número: Who's God?
O audio-visual foi sampleado de um VHS com programações audio-visuais catalogados pelo Studio K7! - Berlim
Informação adicional
O Projeto foi iniciado em janeiro de 1991, com a formatação do Sampled-Poem "GODS", um quebra-cabeças (bricolage) gerado a partir de cut-ups dos vários nomes de "Deus" e entidades divinas publicados em vários idiomas e dialetos na edição de dezembro de 1990 da Revista LIFE.
Na matéria de capa desta edição de fim de ano, intitulada "Whos's God?", havia um glossário com inúmeros nomes de divindades religiosas, do qual foram extraídos, os 77 nomes que acabaram gerando o poema da canção.
Os nomes foram inicialmente colados em peças de um Mah-Jong que durante meses foram trocando de lugar, até surgir um conjunto metrificado compatível com o metrônomo da música.
Pronto o poema, estávamos diante de uma peça poliglotímica, incapaz de ser decifrada por muita gente, tanto eram os idiomas e dialetos nela misturados. Entretanto, tal hieroglifo tinha uma característica excepcional: uma vez explicado o leit-motif de sua construção, seu entendimento e sua compreensão se tornavam imediata e totalmente inteligíveis.
O que mais impressiona nesta canção é o fato de que ao cantá-la se está automaticamente invocando o nome de Deus, tornando a peça musical uma espécie de oração ecumênica, absolutamente pacifista e própria para incentivar e fortalecer espiritualmente eventos humanitários.
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MUSIC:Life Gods
Authors: Arnaldo Brandão / Mônica Millet / Tavinho Paes (published by NOWA / Nossa Musica / AMAR)
artist: workShop MOMILÊ
Special Guests: MARISA MONTE & GILBERTO GIL (solistas)+ Alceu Valença, Gerônimo & Coral Bibiano Cupim (choral interventions)
Produced by Tavinho Paes & Mônica Millet
Arrangements & Mix by Marcio LoMiranda
Percussion arrangements by Mônica Millet
Musicians:
- Márcio LoMiranda (multimedia keyboards) + Jamil Joanes (bass) + Paulo Rafael (main guitars) + Fernando Vidal (wah-wah guitar) + Cezinha (drums)+ Mônica Millet (percussion) Marcos Suzano (aditional percussion)
Master by Ricardo Garcia (1996)
segunda-feira, março 19, 2012
OI, pior que a Telefonica, é possível sim
A OI em Poços de Caldas afirma que não pode instalar telefone e internet num novo condomínio que fica a 2km5 do centro da cidade, GREENVILLE é o nome,em frente ao Water World ,um grande parque aquático, e a um grande hotel chique. O funcionário que trata disso, É UM SÓ PARA TODO O ESTADO DE Minas Gerais.Não à toa serviços de telefonia já empataram com bancos nos rankings de reclamações da defesa do Consumidor em todo o pais.
sexta-feira, março 16, 2012
quinta-feira, março 15, 2012
Um ano de terremoto no Japão: Taiko em SP
No domingo, imperdivel.
"Encontro de Ritmos Japão – Brasil: Wadaiko Sho + Meninos do Morumbi" Espetáculo de percussão em agradecimento ao apoio às vítimas do terremoto, que aconteceu em março de 2011 no Japão 18 de março de 2012 (domingo), às 11h00
Gratuito: Os ingressos poderão ser retirados a partir de 13 de março na bilheteria do Teatro Gazeta, entre 14h e 20h, com limite de até 2 ingressos por pessoa.
Duração: 1h10
quarta-feira, março 14, 2012
Gente pelada não é crime
IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA
Não sei quando isso começou, mas eu soube esta semana que o Facebook está bloqueando as contas de quem tenha fotos de gente pelada, sejam elas artísticas, familiares ou de qualquer outra natureza.
As vítimas dessa ação de censura recebem um comunicado informando que o Facebook tem “uma política rígida contra o compartilhamento de conteúdo pornográfico e impõe limitações à exibição de nudez”. Fica a impressão, pela frase, que Mark Zuckerberg e seus funcionários acham que nudez e pornografia são coisas parecidas. Alguém tem de explicar a eles que não são.
Na verdade, é uma desgraça que ainda tenhamos que discutir esse tipo de assunto. A esta altura do século 21, deveríamos estar livres da ideia de que o corpo humano é uma coisa pecaminosa ou ofensiva, cuja visão deve ser proibida. Esse é um tabu tão antiquado, tão desprovido de utilidade ética, que custa acreditar que ainda seja defendido e praticado – muito menos imposto a gente adulta como proibição.
Quem cresceu nos anos 1970, como eu, carrega a impressão irremovível de que o avanço civilizatório é medido, entre outras coisas, pela liberdade de exibir o corpo humano. Quanto mais retrógrada a cultura, quanto mais opressivo o regime, quanto mais ignorante o sujeito, maior a preocupação em impedir a visão de peitos, bundas e pintos – ao vivo ou de qualquer outra forma.
Li outro dia o romance de uma escritora colombiana (Heróis Demais, da Laura Restrepo), em que há uma passagem reveladora sobre a sanguinária e carola ditadura argentina. Uma moça caminha pelas ruas de Buenos Aires no verão, com uma saia semitransparente, e é parada aos berros por um sujeito qualquer. Um fascista, claro. Ele a chama de prostituta e diz a ela que vá “receber seus clientes em casa”, em vez de ficar se exibindo. A moça sobe no ônibus chorando.
O contrário disso é a Europa, onde as pessoas lidam com a nudez de forma natural. Na primeira vez que eu estive na Alemanha, acho que foi em 1986, fui passear na beira de um rio em Munique e vi que estava todo mundo pelado, aproveitando o sol de verão. No sul de Portugal e da Espanha, onde os europeus do Norte vão pegar praia, acontece a mesma coisa: eles tiram a roupa com a maior naturalidade. Jovens e velhos. Também são capazes de sentar juntos numa sauna, homens e mulheres, porque não se ofendem com a visão do corpo do outro – e nem a consideram um convite automático para fazer sexo.
No planeta Zuckerberg, acontecem as duas confusões: há pessoas que se ofendem com a nudez dos outros e há os que consideram (talvez sejam os mesmos) que mostrar o corpo é o mesmo que convidar para transar. Por isso a nudez no Facebook vira crime e tem de ser proibida. É um caso clássico em que a pornografia está nos olhos e na mente de quem vê.
Nós sabemos exatamente como é isso no Brasil.
Os trogloditas que ofendem as meninas nos ônibus de São Paulo, por estarem com saias (que eles acham) curtas, também acreditam que mulher com as pernas de fora está querendo sexo. Como eles se excitam e talvez se ofendam com isso, agridem. Não passa pela cabeça desses homens instruídos e inteligentes que a piriguete pode estar apenas querendo se sentir bonita – e que isso é um direito dela.
saiba mais
Palavras são inúteis
Uma paixão de ônibus
Mulheres apaixonadas
O que tem o bumbum da Scarlett?
Aqui, agora, de todo coração
Elas contam para todo mundo?
Por favor, me surpreenda!
Nas praias do Rio de Janeiro, quando os garotões atacam as meninas que fazem top less, praticam o mesmo moralismo explícito: se está com o peito de fora, é vagabunda, então eu posso tratar da forma que quiser, inclusive xingando e atirando areia. Eu, francamente, não consigo imaginar como alguém se acha no direito de praticar uma violência dessas. Se o sujeito está tão transtornado pela visão de um par de seios que precisa tomar alguma providência, se atire na água fria ou vista a bermuda e vá embora. Impor ao outro os seus imperativos morais ou o seu desconforto sexual não deveria ser uma opção. Mas é.
Vale o mesmo para o Facebook. A sede da empresa está instalada num país que trata esquizofrenicamente com as liberdades pessoais. Há lugares como Nova York ou Los Angeles onde tudo é permitido. Há outros lugares, dominados por religiosos, onde não se pode nada, nem usar biquíni na piscina. Parece que Zuckerberg resolveu atender prioritariamente ao grande sertão da Idade Média – e censurar todos os demais.
É uma pena que nós, que nada temos a ver com isso, tenhamos que sofrer as consequências das guerras culturais americanas. A política antidrogas converteu-se num banho de sangue sem vencedores em larga medida porque “proibição & repressão” é o modo como os religiosos americanos lidam com a questão desde os anos 1920 - e os Estados Unidos são o pais mais influente do mundo. Agora a sua influência se faz sentir, esquizofrenicamente, na internet.
Com dois comandos no teclado, qualquer pessoa, adulta ou não, pode ter acesso a rios de pornografia barra pesada, boa parte dela em inglês, produzida nos Estados Unidos. Mas, se a mesma pessoa postar um nu artístico ou pessoal na sua página privada do Facebook, corre o risco de ter sua conta invadida, censurada e até tirada do ar definitivamente. Eu não entendo isso - e suspeito que o Mark Zuckerberg não seria capaz de explicar.
Poesia para quem precisa 2: a poesia é para comer
Vou postar de novo esse lindo video do livro A poesia é para comer, onde tem um poema meu. Muito delicado. E o livro organizado pela Ana Vidal é lindo. Lembrança mais que apropriada no nosso Dia Nacional da Poesia.
terça-feira, março 13, 2012
Ariel Palacios escreve no Estadão sobre a censura e cita Facebook
“O despertar da criada”, obra que gerou grande ziquezira em terras portenhas
Artigo do correspondete do Estadao na Argentina Ariel Palacis, 12/3/2012
http://blogs.estadao.com.br/ariel-palacios/o-despertar-da-criada-um-nu-cujo-pecado-era-nao-ser-mitologico-e-de-bonus-track-um-nu-kirchnerista/
“O despertar da criada”, ou, como foi conhecido por seu nome em francês, “Le lever de la bonne”, quadro de 1887, foi pintado pelo argentino Eduardo Sívori (1847-1918). A obra foi enviada o Salão de Paris daquele ano. Ali, na França da Belle Époque, onde a sensualidade começava a aflorar, deixando de lado os tempos vitorianos que imperavam na Europa, o quadro de Sívori – que mostrava uma criada nua acordando em sua prosaica cama no quarto de doméstica – não teve repercussão significativa.
Mas, ao voltar à Buenos Aires, o Despertar da criada provocou um ciclópeo escândalo. O motivo da polêmica não era o nu em si, já que a imagem de mulheres e homens nus era comum nos quadros da época.
O fato que incomodava de verdade a sociedade local era a imagem de uma mulher pobre, nua, morena. E não o nu de mulheres loiras, com as formas dos cânones de beleza da época, ambientado em um cenário de mitologia greco-romana ou alegorias. A outra alternativa para os pintores do século XIX era o de ambientar seus nus em um lugar exótico, por exemplo, o Império Otomano. Desta forma, Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867) fez “Le bain turc”, que mostra uma miríade de jovens totalmente nuas (bom, algumas tem uns colares) em uma sauna de um harém na distante Constantinopla.
No caso de Sívori e sua criada, o nu ocupa quase todo o quadro. Ela está sentada em uma cama, em um quarto simples, sem decoração. É apenas o relato pictórico de uma mulher – uma doméstica – que, dona de fartos seios, está a ponto de levantar da cama, mas antes disso, coloca suas meias nos pés com calos.
Sívori, ao voltar de Paris, mostrou seu quadro na Sociedade de Estímulo das Belas Artes. “Pornografia” foi o adjetivo mais disparado contra a obra.
O quadro causou tal celeuma que os organizadores da exibição tiveram que mostrar o Despertar da criada a portas fechadas. Sequer seu nome em francês – língua da moda na época – ajudou a amainar o impacto causado.
A obra – um dos principais quadros do Museu Nacional de Belas Artes em Buenos Aires – é atualmente vista com freqüência pelos estudantes das escolas primárias.
Por qual motivo falar sobre o “Despertar da criada” hoje? Há tempos queria contar a história deste quadro. Mas, aproveitei a ocasião de que esta segunda-feira é o Dia da Livre Expressão do Nu, movimento que surgiu no Facebook ( http://www.facebook.com/events/353069764… ). O movimento protesta contra a censura peculiar existente contra alguns nus, inclusive o de “Origem do mundo”, de Gustave Coubert (mais detalhes sobre esta obra, aqui ).
Facebook não respeita leis brasileiras
O Facebook deixou passar o dia pela Livre Expressão do Nu, que contou com 1.800 participantes ( contra a censura a imagens como esta, a Venus de Ticiano, por ex.), e hoje começou a bloquear vários. As postagens eram acompanhadas do seguinte texto, pra estrangeiro ver "This postage of an artistic nude is part of a movement to rule out cultural Censorship in Facebook. Censorship goes against the constitution of my country. If Facebook operates here in Brazil it should respect its laws. - Article 5. IX. of the Brazilian constitution is clear: “expression of intelectual, artistic, scientific and communication content is free, independently of censorship or licence”. - Article 220 is even more clear: “manifestation of thought, creation, expression and information, under any form, process or means will not undergo restriction according to this Constitution”. -- § 2- It is forbidden any type of censorship of political, ideological and artistic nature."
O poeta, ensaista, tradutor, professor Claudio Willer conta a mensagem que recebeu de uma das coordenadoras do movimento, escritora e jornalista Célia Musili:
Willer, amanheci bloqueada, querem que eu remova todas as fotos "indecentes" que publiquei, ou seja, fotos de nus.
Eis a mensagem que recebi:
Para manter a sua conta ativa, remova todas as fotos que contenham nudez ou apelo sexual. Marque a caixa ao lado de cada foto que deve ser removida.
Se conseguir avisar os amigos no meu mural , agradeço. Por favor, coloque a mensagem deles de bloqueio e a seguinte mensagem minha:
"A censura do Facebook exige que eu remova do meu perfil fotos de nudez que, na minha concepção, são fotos de valor artístico. Participei do movimento pela Livre Expressão do Nu, um movimento estético do qual me orgulho, uma guerrilha cultural. Na minha opinião, o pedido para que eu remova as fotos - condição sem a qual meu perfil não será desbloqueado - fere um dos meus direitos fundamentais: o de escolha.
Não faço questão de estar integrada ao Facebook, a não ser para realizar meu trabalho, divulgar meus textos e fazer amigos. No mais, não aceito a política totalitária de uma rede social que se diz aberta e democrática. Remover minhas fotos neste momento, me parece um pacto com um politicamente correto tacanho, anacrônico e discutível. Não posso concordar em deletar obras de Michelângelo, François Boucher, Tintoretto, Mapplethorpe, John Collier ,Marcs Quinn, David Hamilton e outros expoentes da pintura e da fotografia. O que o Facebook pratica com seus usuários fere a ética e se chama ABUSO DE PODER.
Pode ser que um dia volte à rede por outras razões. No momento não me interessa porque não vou pagar penitências à Cyber Inquisição. Se mais pessoas se recusassem a serem "politicamente corretas", o FB seria obrigado a rever suas regras, em vez de se tornar cada vez mais ABUSIVO e intransigente.
Agradeço aos amigos e aos 1800 participantes da manifestação pela Livre Expressão do Nu." (Célia Musilli)
segunda-feira, março 12, 2012
Foto Pedro Martinelli
O reporter fotográfico Pedro Martinelli, querido amigo e colega de redação inesquecivel, foi o primeiro, no início da decada de 70, a fotografar os Paraná, indios gigantes. Esta foto saiu na primeira página de O Globo. Postei tambem no Facebook no dia da Livre Expressão do Nu.
Dia da Livre expressão da nudez no Facebook Brasil
Marylin Monroe
A campanha contra a censura no facebook, acompanhando a data marcada pela organização Repórteres sem Fronteiras pela liberdade de expressão na web é um sucesso. No momento, cerca de 1.700 pessoas participam do evento no Um dia no FB, só nus., é um sucesso pela liberdade de expressão na internet, pela Livre Expressão do Nu no Facebook.Continuamos.
Juristas já estudam uma "cause", pois qualquer empresa estrangeira sediada no Brasil deve respeitar as leis do país e não impor as suas.
http://www.facebook.com/events/353069764724065/
As postagens são acompanhadas do seguinte texto, pra estrangeiro ver
This postage of an artistic nude is part of a movement to rule out cultural Censorship in Facebook. Censorship goes against the constitution of my country. If Facebook operates here in Brazil it should respect its laws.
- Article 5. IX. of the Brazilian constitution is clear: “expression of intelectual, artistic, scientific and communication content is free, independently of censorship or licence”.
- Article 220 is even more clear: “manifestation of thought, creation, expression and information, under any form, process or means will not undergo restriction according to this Constitution”.
-- § 2- It is forbidden any type of censorship of political, ideological and artistic nature.
domingo, março 11, 2012
Sugestão de pauta-12 de março, Dia da Livre Expressão do Nu
12 de março, Dia da Livre Expressão do Nu
Há duas semanas, teve início uma manifestação no Facebook pela livre expressão do nu que começou com um grupo de cinco pessoas e hoje reúne mais de 1200. A iniciativa é uma reação aos casos de censura exercidos pela rede social, sendo o mais conhecido o do francês que postou a tela A Origem do Mundo, de Gustave Courbet, e teve seu perfil deletado, o que gerou um processo que depois o usuário ganhou na justiça.
A mesma rede social já censurou fotos de uma boneca nua e de mães amamentando filhos, chega a ser estarrecedor este moralismo exercido à revelia mesmo em países cujas Constituições garantem liberdade de expressão, como no caso do Brasil.
Sabemos que a rede tem regras próprias, mas a censura deve ter limites, sabendo discernir a arte, o nu espontâneo ou de protesto da pornografia. Ao iniciar este movimento, seus integrantes começaram a ser bloqueados em série no Facebook, seis organizadores do movimento já tiveram suas contas censuradas por até 24 horas e pessoas que se manifestam a favor da movimento também são ameaçadas recebendo, até mesmo, avisos de possível bloqueio da sua conta pela rede, em caso de adesão.
Nem mesmo obras da pintura clássica, como O nascimento de Vênus de Botticelli, tem escapado da fúria dos censores. Assim como obras de Matisse, Paul Devalux e fotografias de nu artístico. Além da Godiva de Salvador Dali.
Nesta segunda-feira, 12 de março, o grupo envolvido nesta manifestação pretende postar em massa imagens de nus na rede social, assim como textos que embasem a sua proposta. A data marca o Dia da Livre Expressão, em consonância com uma iniciativa da organização Repórteres Sem Fronteiras.
Entre os manifestantes que se uniram na rede social em torno do Dia da Livre Expressão do Nu, encontram-se professores, jornalistas, fotógrafos, artistas plásticos, escritores, poetas, sociólogos, psicanalistas, enfim, cidadãos que não aceitam ações descabidas de censura. Neste sentido, solicitamos a atenção da mídia no dia 12 de março quando nossas ações no Facebook irão representar o pensamento das pessoas que elegeram o nu como um emblema de liberdade, pela diversidade que engloba o nu de protesto, de humor, arte e erotismo. Não é possível que no século 21, pinturas renascentistas sejam encaradas como obscenas por uma rede que se pretende aberta e democrática. Será que a Santa Inquisição foi substituída pela Cyber Inquisição? Fica a pergunta.
Caso tenham interesse em divulgar esta notícia, por favor, visitem a página do evento "Um dia no FB, só nus" onde expressamos nossa opinião em textos e imagens.
http://www.facebook.com/events/353069764724065/
Caso tenham interesse em cobrir esta manifestação no dia 12, queiram, por gentileza, entrar também em contato conosco.
Gratos,
Organizadores do Dia da Livre Expressão do Nu
sexta-feira, março 09, 2012
Os homens precisam queimar cuecas em praça pública
É a primeira vez que leio um brasileiro, jornalista, e blogueiro, refletindo sobre essa questão. No distante ano 2000, quando eu estava no Estadão, fiz uma longa materia com Robert Bly, poeta norte-americano que trabalha com grupos de homens e com um psicologo. Juntos eles levaram a uma penitenciaria seu trabalho,e conseguiram reduzir drasticamente a reincidência. Descobriram que a maioria dos presos, negros, e pobres, nunca teve pai.A figura masculina não está mais presente como estava, com a revolução feminina. Homens ficaram e ainda estão confusos. Qual o seu papel? O que fazer? E, como são avessos a falar sobre seus problemas intimos, sofrem calados. Está mais que na hora de quimar cuecas em praça publica, gostei do japa. Homens, libertem-se!
Precisamos queimar cuecas em praça pública
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/03/08/precisamos-queimar-cuecas-em-praca-publica/
"Afinal de contas, o feminismo pode ser, literalmente, um pé no saco para muitos, mas não mata ninguém. Já o machismo…'
domingo, março 04, 2012
Sobre a censura no facebook
Um artigo esclarecedor e importante do poeta, ensaista, tradutor,professor Claudio Willer, sobre a censura no Facebook. Não é brincadeira, não é bobagem a censura, nunca. "Donos" de redes sociais não podem se sobrepor a leis.
http://claudiowiller.wordpress.com/2012/03/04/ainda-a-censura-no-facebook/#comment-386
Ainda a censura no Facebook
Já havia observado que gostei de associar-me ao Facebook. Abro a página inicial, vejo postagens de poesia de qualidade, imagens, vídeos, áudios. Obviamente, de entremeio a muita coisa que interessa menos. E que ignoro, abstraio. Além disso, o Facebook funciona como serviço: posso divulgar publicações e apresentações, poupando-me de enviar séries de e-mails, que por sua vez me dispensavam de enviar convites pelo correio. E sou achado por leitores … !
Contudo, a existência de censura introduz um desagradável ruído na funcionalidade da rede social. Tratei disso em postagem anterior, http://claudiowiller.wordpress.com/2012/02/25/contra-a-censura-sempre/ , a propósito das imagens dos poetas beat Allen Ginsberg e Peter Orlowsky posando nus, postadas por Rubens Zárate e suprimidas pelo Facebook. Combinamos – por sugestão de Claudio Daniel, Elizabeth Lorenzotti, Máh Luporini e outros colegas – um bombardeio de imagens de nudez e afins, culminando com algo em maior escala a 12 de março, transformado em efeméride contra a censura.
A consequência, por enquanto, foi a retirada pelo Facebook de reproduções de quadros do surrealista belga Paul Delvaux, postadas por Máh Luporini; fotos de nus artísticos, inclusive a consagrada foto de Yoko e John Lennon, por Paula Freitas; outras imagens postadas por Célia Musili; um soneto de Bocage… Isso, e bloqueios temporários das respectivas páginas com advertências de violação dos ‘padrões da “comunidade” do Facebook’, tal como expostos em https://www.facebook.com/communitystandards/ . Para efetuar tal controle, o Facebook emprega “moderadores de conteúdo”, como relatado em http://www1.folha.uol.com.br/tec/1050141-funcionario-revela-cartilha-para-censores-do-facebook.shtml
É censura. Que, nos casos aqui registrados, colide com a legislação brasileira, a começar pela Constituição:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença
Art. 220º A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 2º – É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
Como o Facebook está atuando no Brasil, deve ser enquadrado.
Quando Howl and other poems (Uivo e outros poemas) de Ginsberg foi retirado de circulação, a defesa da obra e de seu editor foi vitoriosamente, assumida, em um caso que marcou época, por uma entidade, a “American Civil Liberties Union”.
Além disso, as práticas do Facebook são desrespeitosas, ofensivas. Devemos nos recusar a ser tutelados, tratados como incapazes ou algo assim. E subordinar a legislação brasileira aos estatutos de uma corporação multinacional é, evidentemente, intervenção colonialista.
A presente mensagem tem características de garrafa jogada ao mar, com a expectativa de encontrar juristas ou entidades que se disponham a fazer isso (há representação ou sucursal brasileira do Facebook? ou o foro teria que ser lá fora?).
Algumas observações adicionais:
Há precedentes. O episódio da exibição de L’origine du monde (A origem do mundo) de Gustave Courbet, mostrando o que vem antes do ventre de uma mulher, garantida na justiça por um usuário francês e desde então circulando livremente. Para ilustrar como algumas mudanças são lentas: entre a criação desse quadro, de 1866, e sua exposição pública no Musée d’Orsai em Paris, em 1995, passaram-se 129 anos…
Aderir ao Facebook, serviço gratuito, não implicaria aceitar seus termos? Não: utilização da rede social é fonte de renda, de faturamento em publicidade, determinando o multibilionário valor dessa rede social. Adesão é um contrato; e contrato algum pode alterar leis ou sobrepor-se a elas. O Facebook só poderia cercear aquelas manifestações expressamente vedadas pela legislação brasileira – felizmente bem liberal, vide a jurisprudência já formada em torno dos debates sobre o uso de “drogas”.
Meios de comunicação, jornais, revistas, emissoras, fazem isso, filtram, selecionam o tempo todo, argumentam alguns. Há diferenças, porém. Nenhum desses veículos se apresenta como sendo comunitário. Neles, o espaço é limitado, justificando seleção e editorialização. Nas redes sociais e ferramentas de busca, o espaço é infinito. Sua utilização e alimentação de conteúdos cabe ao usuário, não à empresa mantenedora (diretamente, nas redes sociais; indiretamente nas ferramentas de busca, que exibem páginas de terceiros). Se não fosse assim, poucos adeririam.
Usuários teriam, em princípio, o direito de não querer ver páginas com fotos de Allen Ginsberg ou quadros de Paul Delvaux. Sim – e podem exercer esse direito, apagando-as de suas páginas. Filtragem pessoal não é censura, evidentemente. Na minha casa e nas minhas páginas entra o que eu quiser.
O bombardeio de imagens de nudez e afins está produzindo resultados. A censura do Facebook se tornou errática, confusa (páginas mantidas por mulheres estariam sendo objeto preferencial de intervenção? nas minhas postagens, ninguém mexeu ainda). Com a proliferação dessas postagens, irá tornar-se onerosa; obrigará à contratação de exércitos de censores. Somada à possível intervenção pela via judicial e à multiplicação do escândalo (que certamente repercutirá na imprensa), obrigará o Facebook a ceder.
Avanços na liberdade de expressão são conquistados assim: palmo a palmo.
Nesse momento, há dois grandes temas em debate, relativos ao meio digital. Um, a censura em redes sociais. Outro, as “políticas de privacidade” das ferramentas de busca, provedores de conteúdo e redes sociais. Quanto a esse assunto, se quiserem montar um “perfil” a partir de meus acessos e buscas, para comercializá-lo, então quero comissão… Chamarem a utilização comercial de informações pessoais de “política de privacidade” é, evidentemente, linguagem orwelliana.
sábado, março 03, 2012
sexta-feira, março 02, 2012
Te voglio bene assai
A primeira vez que ouvi 'Caruso" foi na rua Barão de Itapetininga, em Sampa. Parei e fiquei procurando a origem do som, vinha de uma loja de discos, claro. Fiquei ali, parada, ouvindo a música inteira. No meio de tanta gente passando, me esbarrando, e nem ligando, nem ouvindo, nem sabendo? Sentimentos profundos. Ancestrais. Una furtiva lacrima.
Estava pensando ontem em Lucio Dalla,lembrando da belissima Caruso e soube na hora, pela internet que ele tinha partido.Sincronicidades. Mais una furtiva lacrima. E mais mistérios entre o céu e a terra do que pode supor nossa vã filosofia.
quinta-feira, março 01, 2012
Profissão jornalista
Penso nesta profissão de jornalista, tão espinhosa, rodeada de tantas pressões e interesses retos ou espúrios. Na vida nas redações, da qual tantos de nós nos livramos -- e eles também se livraram de nós, "rebeldes" que incomodavam.Nos que trabalham como free lancers, sem quaisquer garantias. Embora não existam garantias mesmo quando você , ilusoriamente,se acha bem seguro dentro de uma redação (ou de qualquer local de trabalho). " É matar um touro por dia", assim definia a nossa profissão um querido ex-chefe, jornalista de tempos idos. Hoje, mídia de papel nos extertores, profissão que perdeu a regulamentação ( modelo/atriz/ator/jornalista, quem não quer ser?), salve-se quem puder.
Leio novamente o que Pedro Alexandre Sanches escreveu sobre a passagem de som do show do Chico Buarque ( no post abaixo). E destaco:
“ (...) “há de fato canalhas aos montes abrigados nos interstícios da mídia e do show business. "Canalhas" dirigem, orientam, documentam e criticam o trabalho dos "heróis". São artistas frustrados, segundo diz Rita Lee — mas ela não vive sem eles.
“O diabo é que a fortuna de chicos e ritas é construída às custas de todos nós, de empresários ladrões a críticos recalcados, de assessores dominadores a fãs ensandecidos de amor & despeito. Temos, cada um de nós, maneiras por vezes cruéis de cobrar o que achamos que nossos ídolos nos devem. Tampouco os "heróis" são bonzinhos o tempo inteiro.”
“Nossas profissões “( Nota minha, o autor se refere à de jornalista e à de assessor de imprensa) “são uma orgia triste e castiça de pequenas (ou grandes) chantagens?”
Chico Buarque e a imprensa
Pedro Alexandre Sanches é um jornalista sério, dos poucos que temos na área de música. Ele escreveu um artigo estranhando a proibição de reencenação da peça Roda Viva, por Chico Buarque. Uma peça que já entrou para a história do teatro e do país. Por isso, sofreu represálias.Aqui, ele conta como foi ontem a passagem de som para a imprensa do show que estreia hoje em SP. É compreensivel que Chico Buarque não tenha paciência com a imprensa realmente existente. Mas ele é uma figura do chamado show bizz, e não há como escapar dela. Seu assessor de imprensa pisou na bola. Tudo tão esquisito... ./
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Chico Buarque e o esqueleto do hype/
Por Pedro Alexandre Sanches | Ultrapop –
http://br.noticias.yahoo.com/blogs/blog-ultrapop/chico-buarque-e-o-esqueleto-hype-153546344.html/
"Eu sou sua menina, viu. Ele é o meu rapaz. Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz." Nesta noite, não são Marieta Severo, Elba Ramalho, Alcione, Cláudia Ohana, Tetê Espíndola ou Rebeca Matta que cantam a primeira pessoa feminina de "O Meu Amor", da "Ópera do Malandro" (1979) de Chico Buarque. É o próprio autor.
Na casa de espetáculos HSBC Brasil, é quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012, por volta de 21h. Falta-lhe o chapéu do malandro, mas Chico está vestido de preto dos pés à cabeça, camisa, calça e sapatênis. Trata-se de uma passagem de som para a estreia da perna paulistana do novo show do cantor, compositor e ativista político de 67 anos. No jargão técnico do show business, "passagem de som" é o momento (às vezes longo, às vezes curto), antes do espetáculo propriamente dito, em que cantor, banda e técnicos testam, acertam e afinam instrumentos, equipamentos, vozes, jogos de luz, cenário, som.
Em muitos casos, a passagem de som pode ocorrer na ausência do artista propriamente dito, mas não é o caso hoje. Chico está presente, embora não seja possível ter certeza se é realmente para passar o som. Seu assessor de imprensa, Mario Canivello, convocou a "imprensa" interessada para testemunhar e documentar um trecho dessa etapa do trabalho.
Mais precisamente, Chico mostraria duas músicas. A primeira delas seria cantada duas vezes, "para vocês pegarem detalhes", segundo orientou Canivello, do alto do palco, segundos antes de dar partida ao ato. Estavam presentes dezenas e dezenas de fotógrafos, poucos cinegrafistas e pouquíssimos repórteres, alguns deles com microfone com logotipo de TV em punho, outros gatos pingados (como eu) de bloquinhos ou iPads no colo.
Embora a convocação fosse para a "imprensa", era nítido que se tratava de um evento dedicado principalmente aos fotógrafos — já que hoje, na estreia paulistana, não serão permitidas câmeras de foto ou vídeo nas mãos de profissionais da "imprensa" credenciada pelo HSBC, segundo me explicou por e-mail um assessor do assessor do cantor.
Quanto a câmeras caseiras e celulares de propriedade dos fãs do cantor, só saberemos na hora do show qual será o procedimento-padrão. Mas é difícil imaginar que a plateia que desembolsou algo entre R$ 60 (em meia-entrada para estudantes, sejam eles verdadeiros ou fraudados) e R$ 320 (o "camarote A") seja proibida de praticar um de seus esportes prediletos, a tietagem (agora também em imagem e som). A "imprensa" credenciada, só para você saber, não pagará um tostão pelo ingresso (muitos tampouco terão cadeiras para sentar).
Canivello orienta os fotógrafos a ficarem ao pé do palco, à esquerda ou à direita — nunca ao centro. Eu, que não tenho câmera, me sento numa das cadeiras vazias bem em frente a Chico, mas distante do mito, não sei, 50 metros ou mais. É o mais perto que chego dele desde 1998 (quando, trabalhando na "Folha de S. Paulo", fui convidado a entrevistá-lo na sala de jantar de seu próprio apartamento, ele jantando, eu entrevistando). É o mais perto que provavelmente vou chegar dele até o dia de nossas mortes (agora trabalho no Yahoo! Brasil e num monte de outros lugares, sempre como repórter, entrevistador e/ou crítico free-lancer).
"Pode ir, Mario?", pergunta Chico. "Pode", responde Mario. Chico vai.
Canta primeiro "O Meu Amor": "O meu amor/ tem um jeito manso que é só seu/ e que me deixa louca/ quando me beija a boca minha pele toda fica arrepiada/ e me beija com calma e fundo até minha alma se sentir beijada, ai". Parece rouco, tem os olhos tristes como os de um Roberto Carlos.
Terminada a rodada, Canivello o orienta a repetir, para os tais detalhes tão pequenos de nós todos. "Quem quiser mudar de lado, por favor", propõe aos fotógrafos. À esquerda ou à direita, nunca ao centro.
"O meu amor/ tem um jeito manso que é só seu/ que rouba os meus sentidos/ viola os meus ouvidos com tantos segredos lindos, indecentes/ depois brinca comigo, ri do meu umbigo e me crava os dentes, ai", o ídolo canta e recanta, os olhos fundos, negros (apesar de azuis, ou verdes) como as noites que não têm luar. Na segunda passagem, a voz já não está tão rouca. Será que, tantos anos depois, o mais amado, idolatrado e respeitado de nossos compositores populares ainda fica amedrontado diante do encontro forçado com a "imprensa"?
Chico, irmão da atual ministra da Cultura do Brasil, Ana de Hollanda, ainda deixa vazarem ecos da loquaz e brechtiana "Ópera do Malandro" em seus shows. Não faz o mesmo com o romance "Fazenda Modelo" (1974), inspirado n'"A Revolução dos Bichos" de George Orwell, nem com "Roda Viva", musical teatral que escreveu antes dos 23 anos e que antecedeu em poucos meses e muitas pancadas o Ato Institucional No 5, de 13 de dezembro de 1968.
Chico não permite reencenações nem reedições de "Roda Viva", de acordo com Canivello porque "ele considera que as deficiências do texto ficam ainda mais evidentes à medida que o tempo passa". Relatei essa história (que já era sabida pelos mais atentos) aqui no Yahoo! mesmo e, antes disso, em reportagem de 2 de fevereiro no jornal "O Estado de S. Paulo". Depois da publicação, um dos editores do "Estadão" me informou que precisaríamos "dar um tempo" nos meus "frilas" (aquele era apenas o segundo), porque Canivello havia feito um "escarcéu" no jornal.
Que eu saiba, Canivello não fez nenhum escarcéu aqui no Yahoo! (fez?). Mas no dia da publicação me escreveu, por e-mail, que sou "o velho Pedro Alexandre Sanches de sempre", e complementou: "O que uma pessoa não faz na tentativa de voltar à grande mídia, hein...".
O atual Ministério da Cultura sucedeu a gestão do tropicalista libertário adepto do "copyleft" (em oposição ao "copyright", direito de autor) Gilberto Gil. A gestão da irmã de Chico promove intensas discussões (internas, fechadas) sobre a necessária atualização da legislação autoral brasileira.
Não seria de espantar se Chico dissesse que se sente estuprado, violentado, violado pelas dezenas, centenas, milhares de fotógrafos, cinegrafistas, repórteres, críticos, empresários, assessores, encenadores teatrais, acadêmicos, estudantes universitários, fãs, pretendentes etc. que o assediam diariamente. Canivello deve me achar um canalha, eu muitas vezes acho Canivello um canalha, há de fato canalhas aos montes abrigados nos interstícios da mídia e do show business. "Canalhas" dirigem, orientam, documentam e criticam o trabalho dos "heróis". São artistas frustrados, segundo diz Rita Lee — mas ela não vive sem eles.
O diabo é que a fortuna de chicos e ritas é construída às custas de todos nós, de empresários ladrões a críticos recalcados, de assessores dominadores a fãs ensandecidos de amor & despeito. Temos, cada um de nós, maneiras por vezes cruéis de cobrar o que achamos que nossos ídolos nos devem. Tampouco os "heróis" são bonzinhos o tempo inteiro.
Não sabemos por que, mas Chico, que era amigo íntimo de Tarso de Castro, do tabloide "O Pasquim", há vários anos parou de apreciar e/ou de querer dar entrevistas. Dá pouquíssimas, quase nenhuma. O recente lançamento do CD "Chico Buarque" (2011) foi acompanhado de apenas um bate-papo extenso, com direito a foto na capa — foi concedido à franquia brasileira de uma revista norte-americana, "Rolling Stone". Chico sempre trabalhou em multinacionais do disco, primeiro a Philips, depois Ariola, BMG... Hoje trabalha numa gravadora nacional, Biscoito Fino, pertencente à banqueira Kati Almeida Braga, do Banco Icatu.
"Tipo um baião?", Chico pergunta à banda enquanto levanta do banquinho pela primeira vez. Canivello convida os fotógrafos a virem para o centro. Fotografam-no por poucos minutos. Ele está de pé, eles e elas estão frenéticos nos flashes. Chico permanece sério, quase carrancudo. Canivello encerra a oportunidade, fazendo sinais e empurrando delicadamente os convivas para a esquerda ou para a direita — ao centro, não.
Canivello me olha de soslaio, eu olho Canivello de soslaio — à entrada, ele se recusou a apertar minha mão ou a conversar comigo. Mas deixou que o HSBC Brasil deixasse eu entrar. No "Estadão", não, mas aqui eu estaria gritando que fui barrado, se ele me barrasse. Nossas profissões são uma orgia triste e castiça de pequenas (ou grandes) chantagens?
A segunda canção é "Tipo um Baião", que no CD recente Chico canta em duo com Thaís Gulin. Além da intelligenzia e da mídia dita "séria", a imprensa sensacionalista, de fofocas e celebridades, também persegue Chico incansavelmente, por conta do propalado namoro com Thaís. Devemos, todos, representer um aborrecimento sem tamanho para ele — e, quando olho Canivello no alto do palco, me pergunto se Canivello não é a solução "perfeita" para tanto desgosto.
Sozinho, Chico canta para nós o dueto de Thaís: "Não sei pra que/ outra história de amor essa hora". Sorri pela primeira vez, melancólico, não sabemos se por prazer ou para conceder fotografias iluminadas à mídia que hoje já infesta o mundo de fotos de Chico na virada paulistana de seu novo show.
"É São João, vejo tremeluzir/ seu vestido através da fogueira", "é carnaval, e o seu vulto a sumir/ entre mil abadás na ladeira", terminada a canção tenuemente luizgonzagueana, "logo você que ignora o baião", Canivello não precisa dizer nenhuma palavra. Já sabemos que é hora de ir embora. Alguém entre os fotógrafos ensaia um assovio, um arremedo de aplauso, um soslaio de tietagem. O sistema se auto-refreia. O aplauso não vem. Nós, da imprensa "séria", viemos ao mundo para torturar artistas, não para tietá-los.
Enquanto saímos, Chico esboça algumas palavras, quase as únicas que nos concede nesse estranho e extremamente hierarquizado convescote. "Eu errei", "ah, foi você que errou?, oba", "ô, sorte", "felicidade, hein?, cês viram?, foi o maestro que errou", aquelas frases todas que costumam encerrar "reportagens" como esta. "Tá um calor aqui, tô doido pra tirar a roupa", graceja Chico, quando já estamos de costas. Lá fora está mais calor ainda. Quando me viro para o palco pela última vez antes de passar pela porta, meu ídolo (um entre muitos) já sumiu.
Eis aqui uma partícula do esqueleto por trás de tanta felicidade pop, de tanto glamour, de tanto hype (depois de 18 anos como jornalista, gosto de fazer esse tipo de texto, como fiz meses atrás em meu site, Farofafá, sobre outro artista, o Criolo. Deixo o HSBC deprimido, angustiado, mordido de pernilongos e doido para ir embora. E me mando sem escalas para o... Capão Redondo — mas esta é outra história rocambolesca, que acho melhor nem começar a contar.
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Chico Buarque/Pedro Alexandre Sanches
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