Relato veridico, a mim e uma amiga, de um nosso singularissimo amigo, um senhor de mais de 60, que passou há poucos anos por grande cirurgia cardíaca, mas é reincidente nos seus princípios de cavalheirismo :
"Levei tanta paulada de médicos, amigos e parentes que achei que já era de conhecimento público Maricota me dá pitos atér hoje quase diariamente. Mas já expliquei a todos que se acontecer de novo vou novamente para o entrevero. Se estiver muito velho vou de bengala, mas vou.
Foi só um impulso juvenil srsrsrsr E já fazem dois meses.
Estava saindo do banco, a 50 metros de casa.
Na esquina há um semáforo manual. Consciente da minha velhice apertei o sinal e fiquei aguardando abrir (sempre que faço isso fico com saudades da época em que, bêbado, toureava carros na Av. São João.)
Em seguida postou-se ao meu lado uma menina-moça, mais menina que moça.
Como ainda ando atento ao meu redor, vi, de relance que vinha pela calçada um rapaz de pouco mais de 20 anos. Bem, vestido, nem sombra de alcool ou tóxico.
Passou por trás de mim.
Quando passou pela menina, enfiou a mão por sob a saia até a xota. E ainda gritou rindo “ela esta de Modess” (Talvez fosse uma das primeiras vezes) e começou a continuar descendo a rua.
Nem tomei consciência de que sou ancião e doente.
Voei sobre ele já agarrando-o pela nuca. Caímos os dois, mas como eu já o segurava pela nuca, ele caiu de bruços e eu de lado. Era forte, mas o coitado não tinha nenhuma técnica.
Montei sobre as costas dele. Coloquei meus joelhos sobre os braços, imobilizando (os músculos da coxa são sempre bem mais fortes que os dos braços). Ele ficou com as pernas livres e poderia te-las usadas para uma torção e mudança de posição. Mas o tonto as utilizou para tentar chutar-me, dobrando-as para trás.
Deixei-o chutando a prória bunda. Agarrei seus sedosos cabelos, e fiquei levantando e baixando a cabeça, para o rosto bater na guia e abalar o cérebro. Sabia que tinha que ser rápido se não estava fodido, Que belo som cada vez que a face batia na guia. Que muúica maravilhosa cada berro que o jumento dava.
Ali há um ponto de taxi e os motoristas tinham assistido toda a cena. Um velho foi consolar a menina os outros esperaram um tempo e daí vieram me tirar de cima do rapaz.
Ele, nariz arrebentado, dentes quebrados, laáios partidos e zonzo de tanto o cérebro chacoalhar no crânio ouviu o “nem tente sair daqui”, sentou-se na guia choramingando
Daí fui dar atenção à menina. Ela agarrou-se em mim. Não chorava lágrimas mas com o corpo inteiro. Tremia inteira. Tentei acalmaála e fazer com que o episódio não deixasse marcas. O bla-bla-bla de sempre. Tudo o que fazem com a gente por fora não tem importância. Só não deixe que isso a atinja por dentro. Amanhã você vai por essa saia de novo, e vai passar por aqui nessa mesma hora. Etc.
Quando acalmou-se um pouco expliquei que tinhamos que ir os 3 mais uma ou duas testemunhas à Delegacia, que é perto, fazer ocorrência. Ela desesperou-se de novo. "Não quero isso registrado. Não quero que ninguém saiba." Dava tanta pena que concordei. Então deixe-me levá-la até sua casa. De novo uma crise. Daí deixei que se fosse. Foi pela rua da minha casa
Só daí é que me dei conta da embrulhada que havia me metido. Tinha lá o agresssor com a cara toda arrebentada. Com possibilidades remotas de ter algum problema cerebraldevido as batidas e não tinha a vítima que eu defendera para fazer a ocorrência. Bastaria o canalha negar a existência dela e pronto Ele seria a vítima de um velho louco e , para fazer aquele estrago num jovem forte, muito perigoso.
Mas a solidariedade humana existe. Quando expuz isso aos motoristas a reação foi imediata. Um adiantou-se pegou o rapaz pelo cangote, fez com que entrrasse no porta malas do carro, e deu a solução final. Largo esse filho da puta longe daqui, o senhor vai embora, ninguem viu o que aconteceu e ninguem sabe que o senhor mora por aqui (muitos já tinham ido me pegar em casa, quando não podia dirigir ou estava sem carro)
Como já faz um bom tempo, e não recebi nenhuma intimação, acho que realmente o problema está resolvido.
Assim que cheguei em casa medi a pressão 8 X 13 e pulso 96 (o normal para mim é 8X12e pulso 85). Achei que os médicos iam me aplaudir. Pois não é que me espinafram?
Os amigos idem. A Mariana ficou puta e me chama quase toda hora de defensor de donzelas inocentes. Já expliquei que não deu tempo de deflorar a menina antes, mas não adianta
Fisicamente na hora sai sem um arranhão. Depois começou uma pequena dor muscular no braço direito, que vem diminuindo aos poucos . É por erro meu. Se tivesse batido a cara dele com um pouco menos de força teria tido o mesmo efeito e não me teria forçado tanto os músculos…Mas já tomei tanta porrada, que vocês duas não precisam dar mais nenhuma.
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6 comentários:
Com velhos amigos assim, além do orgulho que sentimos, dá até pra ter vontade de acreditar na humanidade.
concordo, ainda tem gente assim então...
Beth
Pena que não tenha muito mais gente assim. A falta das "palmadinhas" que os pais não deram na hora certa, só pode ser compensada com "porradas" anos mais tarde, quando os "filhotes" caem na vida real pensando que ainda estão no "recreio".
Com certeza conheço - e muito - esse jovem que se diz ancião. Já presenciei fatos semelhantes, mas ele continua o mesmo: com fé e ajuda do Padre Ignácio, ele é guardião das moças donzelas. Ah! até que elas se convençam da proteção e carinho.
Sorriso.
Esse cara aí, o "vozinho" da história, por acaso, é meu tio. E com muito orgulho, é meu amigo!!!! Nana
É mesmo Nana? Parabéns! É nosso grande amigo também, bjs
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