Foto Pedro Martinelli
Do mais recente presente que a net nos dá, o blog do grande Pedrão, fotógrafo das entranhas deste país há muito
http://www.pedromartinelli.com.br/blog/
Verde e Rosa
Tres dos cinco anos que trabalhei no jornal O Globo eu passei na Amazônia, acompanhando a expedição de contato dos índios Kranhacãrore chefiada pelos irmãos Villas Boas. Na volta, meu sonho era cobrir o carnaval do Rio de Janeiro. O meu e o dos outros quarenta fotógrafos do jornal. Dos eventos com data marcada o carnaval era tão disputado pelos fotógrafos quanto um jogo de final de campeonato, um Fla-Flu no Maracanã. O jornal abria fotos imensas na primeira página e os cadernos recheados de fotos.
Fotógrafo novo faz o que o chefe manda e não dá um pio. Toda noite eu era escalado para cobrir os ensaios das escolas, nas últimas semanas que antecediam o carnaval.
Eu adorava. Na entrada da quadra da Mangueira mulheres vendiam camarões salgados em pequenos tabuleiros. Passava a noite a base de camarão e biscoito Globo, sempre próximo da bateria com o coração batendo no mesmo compasso do surdo.
Na hora de ir para a Avenida eu não era escalado ou estava fazendo algum trabalho fora do Rio.
Meu ano chegou e eu fui credenciado para a cobertura. Eu não via a hora de ver o Mestre André fazer a paradinha na bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel ao vivo na avenida.
O desfile era na Av. Rio Branco e o meu carro estava escalado para sair do jornal ao meio-dia. Cheguei as 11,00 e ao invés de ir para a Avenida fui para o aeroporto Santos Dumond pegar uma Ponte-Aérea para São Paulo e de lá seguir para Assuncão no Paraguai. Meu chefe me mandou cobrir uma reunião da Itaipu Binacional, que estava sendo contruída na época , no gabinete do presidente Stroessner. “Paulista, tu não entende nada de samba, voce vai para o Paraguai agora mesmo, pelo menos lá a temperatura é parecida com a do Rio”.
Tres anos depois, pela revista Veja, finalmente eu cobri o carnaval do Rio de Janeiro em tempo de ver mestre André parar a bateria da Mocidade.
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