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sexta-feira, maio 25, 2012
José Castello sobre o Premio Camões a Dalton Trevisan
"São personagens banais, aprisionados na vulgaridade que define a vida comum. E que, através de expedientes e atos rudes, quase desumanos, lutam para se afirmar em uma paisagem que os anula. Esses seres sem qualidades guardam, porém, uma qualidade que supera todas as que lhes faltam: preservam o que temos de mais fundamental — a fome de existir. Nas frestas de uma cidade também introvertida e desconfiada, tentam conservar um fio de sentido para suas vidas. São seres pequenos, mas a persistência é sua grandeza.
Premiar a literatura de Dalton Trevisan, essa grande literatura de homens e mulheres pequenos, é enfim deitar o olhar sobre esses seres que, não fosse o escritor, estariam apagados para sempre do cenário contemporâneo. Pessoas que teimam em existir. Que não excluem os sentimentos mais repulsivos, como a raiva, o desespero, a sordidez. Que cultivam um grande ódio pelas máscaras civilizadas. "
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