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sábado, janeiro 21, 2012
Renata Palottini
Poemas não são para serem publicados/
poemas são Drag Queens/
rolando piteiras em puteiros/
ou somos nós,/
poetas velhos de caras borradas/
poetas de cinco centavos./
Poemas não são para serem publicados/
Poemas são para serem escritos/
às vezes rasgados/
às vezes guardados/
Podem ser confessionais,/
imorais de vanguarda/
Podem ser apenas/
a voz humílima do guarda/
Podem ser criança/
Mas em geral/
são sem esperança/
de serem publicados/
Poemas custam caro/
e não fazem o mesmo efeito de um choque/
não fazem o efeito de um baseado/
Poemas não servem para trepar/
nem nada./
Nem sequer tente publicar seus poemas/
faça-os voltar calados às gavetas/
Com eles ninguém se meta/
Dormirão como dormem os drogados:/
tristes, gelados, pesados/
mas serão sempre únicos/
Sempre ineditamente mediúnicos/
Sempre salvos das graças das prebendas/
Sempre coisas pudendas (ainda que sujos)/
Poemas, sempre úmidos/
Noviços, fim de feira/
maus de venda e de vida/
Não são nem mesmo um incentivo à leitura,
pois quem vai ler linhas quebradas oriundas de alma idem?
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