"E para que ser poeta em tempos de penúria", é a citação de Roberto Piva ao grande Hölderlin, base do poema longo que cito na postagem mais abaixo, de Fernando Monteiro, lançado dia 12.
Brot und Wein, Hölderlin, sétima estrofe
Tradução Maria Teresa Dias Furtado, em Elegias, da Assírio e Alvim
Mas nós, amigo, chegamos demasiado tarde. Certo é que os deuses vivem,
Mas acima de nós, lá em cima, noutro mundo.
Aí o seu domínio é infinito e parecem não se importar
Se estamos vivos, tanto nos querem poupar.
Pois nem sempre pode um frágil vaso contê-los,
O homem apenas algum tempo suporta a plenitude divina.
Depois toda a nossa vida é sonhar com eles. Mas os erros,
Tal como o sono, ajudam, e a necessidade e a noite fortalecem,
Até que haja suficientes heróis, criados em berço de bronze,
De coração corajoso, como dantes, semelhantes aos Celestiais.
Depois eles chegam, trovejantes. Entretanto penso por vezes
Que é melhor dormir do que estar assim sem companheiros,
Nem sei perseverar assim, nem que fazer entretanto,
Nem que dizer, pois para que servem poetas em tempo de indigência?
Mas eles são, dizes, como sacerdotes santos do deus do vinho
Que em noite santa vagueavam de terra em terra.
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Um comentário:
Acho que são faróis, estrelas, a nos lembrar que somos algo mais do que isto aqui de carne e osso sob o sol.
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