Este é o título que o ator e dramaturgo Mario Bortolotto deu ao seu post comentando a atuação da Folha de S. Paulo no seu caso. Como se lembram , ele foi baleado em um teatro na Praça Roosevelt em dezembro, quase morreu mas, duro na queda, está vivo e se recupera. Mário tem muitos amigos, que se preocuparam inclusive em não transformar em show o caso quando ele estava internado na Santa Casa, e isso é o que vale.
O jornalista chama a Praça Roosevelt de "submundo", e é onde funcionam companhias de teatro, que têm feito de tudo para, com sua arte, resgatar o lugar abandonado pelo poder público.
"Submundo é a redação da Folha", diz um comentarista do blog do Bortolotto.
Diz também que o prefeito e o governador estiveram no hospital, e que atenção especial da polícia está sendo dada ao caso. Bortoloto afirma que estava em coma quando da visitsa do governador, e que falou com o prefeito, mas não pediu nada, porque é um sujeito a quem os pais deram educação. "Que culpa eu tenho dessas visitas?" pergunta.
"Eu realmente estou um pouco estarrecido com o comportamento da Folha de São Paulo no que se refere ao trágico episódio que aconteceu comigo e que já é do conhecimento de todos (pelo menos dos que freqüentam esse blog). Uma pá de jornalistas ficou no meu pé assim que saí da UTI no afã de conseguirem a primeira declaração minha sobre o ocorrido. Eu me neguei a atender quem quer que fosse por vários motivos.
Porque estava muito cansado (entendam que levei três tiros e ainda quebrei o braço esquerdo tendo que me submeter a duas cirurgias sendo que uma delas durou 9 horas – quer dizer, fiquei mesmo entre a vida e a morte e segundo me disseram, muito mais pra lá do que pra cá), entupido de remédios, o que me dificultava o pleno entendimento do que estava acontecendo e em terceiro lugar, não tinha o menor interesse que a imprensa fizesse um freak-show dessa história toda (muito dolorida pra minha família e pros meus amigos).
Não quero ser conhecido como o Dramaturgo que reagiu a um assalto e levou três tiros. Quero sim ser conhecido como o Dramaturgo que escreveu mais de 50 peças e que trabalha exaustivamente não só como escritor, mas também como diretor, ator, sonoplasta, iluminador, e que ainda encontra tempo pra cantar numa banda de rock. É pelo meu trabalho que quero ser lembrado quando estiver bebendo em algum boteco do céu, e não porque reagi a um assalto e levei três tiros.
Então não tinha o menor interesse de dar entrevista nenhuma. E evitei o máximo que pude. O jornalista Lucas Neves da Folha (Ilustrada) me procurou e eu disse pra ele esperar, que ia dar entrevista pra ele e pro Estadão no mesmo dia, sem procurar privilegiar nenhum dos dois. Afinal o Estadão tem dois jornalistas que são meus amigos e pra quem eu jamais recusaria qualquer declaração: Beth Néspoli que acompanha o meu trabalho com a maior atenção desde 1.997, inclusive às vezes fazendo críticas que eu discordo e com quem inclusive me sinto à vontade pra discutir essas criticas e o Jotabê Medeiros que é simplesmente meu amigo de juventude, de jogar futebol juntos e de namorar a melhor amiga da minha namorada. Pra vocês terem uma idéia, o Jotabê foi o primeiro cara que escreveu uma crítica de peça minha no jornal, isso quando ele era ainda estudante do curso de Comunicação Social na UEL (Universidade estadual de Londrina). Não tinha como negar entrevista pra nenhum deles.
Então combinei com o Lucas Neves que iria dar entrevista pra ele no mesmo dia que concedesse a entrevista pro Caderno 2. Esperei o Jotabê marcar o dia que ele queria, e ficou decidido que seria quarta-feira da próxima semana (dia 20/01). O Lucas se dizia pressionado pela editoria da Ilustrada que fazia questão de soltar a matéria primeiro e com exclusividade. Respondi que não tinha nada a ver com isso e que só daria a entrevista no mesmo dia do Estadão. Eu não tava interessado em dar entrevista. Ele é que tava a fim de me entrevistar.
Engraçado que quando a gente estréia alguma peça e precisa de divulgação, é o mó trampo pra conseguir uma matéria.
Aí se instaurou a fogueira das vaidades. Mauricio Stycer do Caderno Cotidiano da Folha me telefonou querendo uma entrevista. Bem, Me recusei, pedindo pra ele esperar e que talvez mais pra frente a gente pudesse conversar (eu já tava comprometido com o Lucas e o Jotabê e sequer conheço o Mauricio Stycer. Não via nenhum motivo pra dar entrevista pra ele, ainda mais na frente dos outros dois. Até concederia uma entrevista pra ele, desde que ele tivesse um pouco de paciência), o que deixou o Mauricio bem irritado.
Aí uma jornalista do Globo on line me ligou e conversou rapidamente comigo por telefone (não foi exatamente uma entrevista – respondi quatro perguntas informalmente pra ela por telefone). Foi o suficiente pro Mauricinho Stycer ficar ainda mais puto comigo (parece que ele não conseguiu falar comigo depois).
Foi aí que a Folha de São Paulo começou a me ferrar com todo o poder que eles detém. Primeiro soltaram uma matéria podre no dia 14 de janeiro (“Bortolotto faz de blog palco para falar de crime”), não assinada onde eles simplesmente copiaram trechos de textos que escrevi no blog. E qualquer estudante do primeiro ano de jornalismo sabe que excertos de um texto fora de contexto podem prejudicar e muito o real entendimento do pensamento do autor. Mas foi exatamente o que eles fizeram. No final da matéria escreveram: “Procurado pela Folha, Bortolotto não deu entrevista”.
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2 comentários:
É como diz o título " Nosso mal para curar precisa piorar" -- o jornali$$mo da FALHA DE SAO PAULO é assim, nunca será melhor pq não tem como piorar. É um bando de canalhas travestidos de jornalistas. Mas a arte ainda salva e salve nosso dramaturgo!
Não sei até onde vai esse jornalismo explicitamente sem ética, é de embrulhar o estômago.
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