O blog Classe Media way of life é hilário. Reproduzo esta ótima dica 4:
Tomar remédio para depressão
Uma coisa que o aspirante à Classe Média tem que saber: dizer a todos que leva uma vida difícil. Na lógica médio-classista, sofrer de estresse com o trabalho e martirizar-se pagando impostos para manter o carro e a empregada faz com que a pessoa emane respeito e admiração. Por isso, nada melhor do que tornar-se um deprimido para em seguida poder tornar pública esta condição.
A melhor maneira de mostrar a todos que você carrega o mundo nas costas é ser consumidor de antidepressivos de tarja preta. Ao comprar um destes, imediatamente você será associado a “trabalho” e “dignidade”. Os médio-classistas em volta construirão uma imagem mental de você, imaginando-o mantendo a caríssima escola dos filhos, o caríssimo curso de Yôga da esposa, a caríssima fatura do plano de saúde. E inclusive tomarão seu partido e ficarão indignados com a quantidade de impostos que você ainda tem que pagar.
Muitos médio-classistas moderados recorrem também a psicólogos. Isso ocorre quando o cidadão não tem coragem suficiente para recorrer à química, mas carrega a necessidade de gastar dinheiro para fazer a citada publicidade de sua “miséria”. Tal método com certeza atinge, de certa forma, este objetivo, mas o destemido que vai direto ao psiquiatra para buscar a receita de seu comprimido obtém ganhos muito mais expressivos em sua reputação.
É bom saber que antidepressivos também têm outra importante função, além de publicar seu sofrimento em troca de status social. O antidepressivo é uma espécie de “entorpecente legalizado”, algo como a mistura de maconha (para relaxar) com cocaína (para criar a necessidade de consumir sempre). Com ele, o médio-classista pode se drogar à vontade e, mesmo assim, continuar falando mal de traficantes e usuários das outras drogas que a lei não permite. Além do mais, se você é da Classe Média, você tem direito. Afinal, como bom observador, culto, inteligente e esclarecido que o membro da classe é, ele sabe que vida boa é a de pobre: não paga escola pros filhos, nem plano de saúde, nem prestações e manutenção de carros caros, e nem impostos. Logo, está aí uma grande justificativa pra tomar o remedinho: felicidade é coisa de pobre.
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