domingo, fevereiro 15, 2009

Resenha - (26/01/2009)
Para pensar Cultura

Por Heitor Ferraz, professor de Jornalismo Cultural

http://www.facasper.com.br/jo/notas.php?id_nota=898



*Publicado originalmente na revista Communicare, publicação do Centro Interdisciplinar de pesquisa da Faculdade Cáper Líbero.



A crítica cultural no âmbito do Jornalismo

Nas páginas do Suplemento Literário, encartados aos domingos em O Estado de S. Paulo, podia se encontrar o mais seleto time de críticos literários do país.

Além disso, também havia, na última página, um espaço dedicado à criação literária. Em seus anos de vida, grandes nomes da literatura brasileira publicaram ali seus poemas e contos ainda inéditos.

No miolo do Suplemento, a vida cultural do país pulsava em críticas sempre criteriosas, que não abriam mão de um rigor intelectual, mas numa linguagem acessível ao leitor do jornal. Elizabeth Lorenzotti, em Suplemento Literário, que falta ele faz! remonta a história deste que foi um dos mais importantes espaços de reflexão da cultura no Brasil principalmente entre os anos de 1956, quando circulou o primeiro número, a 1974, quando sofreu sua primeira mudança, até tornar-se Suplemento Cultural, depois Suplemento Cultura e sumir abrindo espaço para o Caderno 2, a partir de 1986.

Em sua criação, estava a dupla da influente revista Clima, ou seja, Antonio Candido e Décio de Almeida Prado (que foi o editor efetivo de 1956 a 1966). A partir de 1966, ele passou a ser editado pelo jornalista Nilo Scalzo. Recuperar esta história, os propósitos do Suplemento, sua concepção e o seu desejo de intervenção na vida cultural do país, nos faz pensar nos caminhos da crítica de cultura no país até os nossos dias, quando esses espaços começam a desaparecer para se tornar, cada vez mais, uma vitrine dos lançamentos culturais, com pouca mobilidade crítica.

Além de traçar a história do Suplemento Literário do Estadão, Lorenzotti também inclui entrevistas com Antonio Candido, Italo Bianchi (que foi o responsável pelo projeto gráfico inicial) e Nilo Scalzo. Como lembra Candido, no prefácio da obra, “o livro de Elizabeth Lorenzotti é uma contribuição que vai além do mero valor monográfico, pois constitui uma análise pertinente das relações entre jornalismo e cultura, à luz de um caso que soube estudar com rigor e competência”.

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