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Tudo será
esquecido
Tudo será
aprendido
Tudo terá
se fingido
Tudo sertão
¿Qué es Bolivia?
¿Un conglomerado de cadáveres?
¿Un colectivo lleno de militares?
¿Una masa enorme de tierra silenciosa?
¿Una planicie de rostros terrosos?
(Impasibles miradas cansadas de esperar)
¿Una altitud de cartón-piedra?
¿Una caída vertical de la pobreza a la nada?
¿Un grupo de niños pijes de anchas corbatas?
¿Una cadena de resentimientos y mentiras?
¿Un puñado de crímenes detrás de la basura?
¿Un niño muerto en una caja de zapatos?
¿Un libro de poemas que arde porque sí?
(Porque invade la sangre de quien lo lee)
¿Un escritorio, dos escritorios, tres escritorios?
¿Una tienda de campaña?
¿Una lluvia pasajera?
¿Un costal de títeres quemados?
¿Un periodista que siempre cae parado?
(Como trípode con un rollo de dólares
que le alegra el ano)
¿Una página menos, siempre tan lejos
de la historia?
¿Un grupo de universitarios confundidos?
¿Un poema, dos poemas, este poema?
Escoja solamente diecinueve respuestas.
Ni una menos.
Santiago do Chile, março de 1973
Foto Elizabeth Lorenzotti
O Cônsul-geral da Bolívia em Mato Grosso - estado que faz fronteira com o departamento de Santa Cruz de La Sierra, Victor Cuba faou ao Terra Magazine que há setores descontentes com a vitória do presidente Evo Morales nas urnas, que "financiam" os protestos contra a nova proposta de Constituição:
- Há interesses. A nova Constituição não muda muitas coisas, mas toda em um problema básico: a questão das terras. E não é o pobre que tem a terra na Bolívia - afirma."
Hoje, o Terra Magazine, em matéria de Diego Salmen, entrevista o deputado Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha, presidente do Parlamento do Mercosul. Que compara:Rosinha também critica a elite boliviana, que segundo ele mantém vínculos com as ditaduras militares que já governaram o país.
- Para você ter uma idéia: 50 anos atrás, essa maioria (indígena) era proibida de entrar na praça Murillo, que é a praça em frente ao palácio do governo. Quer dizer, imagina que elite é essa."
Ouvi de um amigo uma vez o relato de entrevista com uma miss boliviana, loira tinta, que comentava com o repórter :
"Nem todos os habitantes da Bolívia são índios, como você está vendo".
Ele é um dos maiores intelectuais do país e completou 90 anos no dia 24 de julho. Embora afirme que “quase nonagenário, não posso dizer coisas novas”, acompanhar a linha de pensamento deste professor de tantas e tantas gerações é sempre um exercício enriquecedor e esclarecedor.
Escolhido para receber o troféu Juca Pato de Intelectual do Ano de 2007, Antonio Candido de Mello e Souza foi considerado "uma das inteligências mais completas e influentes da cultura brasileira contemporânea" e "autor de várias obras de análise, interpretação e avaliação crítica do principal acervo literário do Brasil e da herança européia”.
Mas para além de sua grande obra, Candido é um homem simples e generoso, bem humorado e humano. Um mineiro nascido no Rio, ele mesmo se define-criado em Cássia e em Poços de Caldas onde seu pai, o médico Aristides de Mello e Souza, foi o primeiro diretor das Termas Antonio Carlos.
Nasceu e cresceu em casas cheias de livros, o pai e a mãe tinham bibliotecas separadas, não só de medicina, mas de literatura, história, filosofia. Em 1989, Candido e seus irmãos Roberto e Miguel doaram 3.528 livros à Biblioteca Central da Unicamp, mediante o pedido de que a coleção ganhasse o nome do pai. A maioria dos livros pertencia ao professor.
Quando era criança, o pai costumava ler e explicar todas as noites, depois do jantar, certos textos em português ou francês que julgava oportunos. Entre 13 e 14 anos Candido ouviu o pai ler muito de Os Sertões, na primeira edição que possuía.
Ele aponta a estadia em Paris- para onde o pai foi se aperfeiçoar, entre 1928 e 1929 e a ida, em 1930, para Poços de Caldas “que contava com uma livraria excelente, com livros franceses e ingleses além dos nacionais”, como pontos importantes de sua formação. Cândido tornou-se freguês assíduo. Conta o professor que “foi ela a única, em toda a minha vida, onde vi à venda o raríssimo Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, cuja tiragem foi mínima e quase não circulou”.
Com acontecia muito naquela época, Candido não freqüentou escola regular no primário, apenas três meses. A mãe o ensinou em casa: a ler, a escrever, aritmética, geografia, história, um pouco de francês. Em Poços fez o quinto ano primário, chamado "curso de admissão" ao ginásio.
Além de sua mãe e de uma professora na França, houve outra pessoa que muito ensinou o jovem Candido: dona Teresina Carini Rocchi, de quem escreveu a biografia no livro Teresina e etc. (Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980).
A velha militante anarquista era amiga da mãe de Candido. “Ela me iniciou no mundo da cultura italiana além de contribuir para o meu interesse pelo socialismo. Cantávamos juntos canções e trechos de ópera, ela me fez ler muitos autores italianos cujos livros me dava e em geral falava italiano comigo”.
O pai queria que ele fosse médico, mas segundo ele mesmo, “graças a Deus”, foi reprovado nos exames para a Faculdade de Medicina. Em 1939 entrou no vestibular para as faculdades de Direito e Filosofia. Não terminou o curso de Direito, porque foi nomeado professor-assistente de Filosofia e casou-se com sua companheira da vida inteira, Gilda de Mello e Souza, falecida em 2005. Ela fazia parte do grupo de colegas, também amigos da vida inteira, desde os bancos da faculdade, com os quais fundou a revista Clima, na época da Segunda Guerra.
Era uma revista de cultura, feita por jovens universitários, praticamente a mesma equipe que depois fundou e colaborou com o Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo e tornou-se conhecida como a primeira geração de críticos saídos da USP. Ele conta: “Nós temos consciência de nos termos formado uns aos outros: Antônio Branco Lefèvre, estudante de medicina e depois jovem médico naquela altura, que se tornou um dos maiores neuropediatras do Brasil, foi crítico de música da revista; Lourival Gomes Machado era professor de política e ao mesmo tempo crítico de artes plásticas, tendo reorganizado a Faculdade de Arquitetura como diretor; Décio de Almeida Prado, ensinava filosofia no Colégio Universitário e era crítico de teatro; Rui Coelho, que tinha um saber universal, era especialista em personalidade e cultura, professor de sociologia, praticante do teste de Rorscharch, mas escreveu um livrinho sobre Proust e foi crítico de cinema. A nossa turma era assim”.
Um dos seus mais belos e importantes textos chama-se O direito à literatura,
O professor fala, no texto, sobre o poder universal dos grandes clássicos, “que ultrapassam a barreira da estratificação social e de certo modo podem redimir as distâncias impostas pela desigualdade econômica, pois têm a capacidade de interessar a todos e devem ser levados ao maior número”.
“Lembro de ter conhecido na minha infância, em Poços de Caldas, o velho sapateiro italiano Crispino Caponi, que sabia o Inferno completo e recitava qualquer canto que se pedisse, sem parar de bater as suas solas”.
Para Candido, a literatura “humaniza em sentido profundo, porque faz viver”.
E o que entende ele por humanização?“ O processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso de beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante”.
O Brasil é feliz por contar com Antônio Candido.
Orides Fontela
Construir torres abstratas
porém a luta é real. Sobre a luta
Nossa visão se constrói. O real
Nos doerá para sempre