domingo, março 30, 2008

Saudades de Oswaldo Cruz

Texto do meu amigo Victor Passos

Uma amiga minha, paulista, concorda que o Rio continua lindo, mas pergunta o que fazem (os governantes) com a cidade . Não fazem. E por nada fazer, acabam fazendo muito mal a ela e ao seu povo. E há muito tempo. Para ser preciso, desde 1960, quando Juscelino transferiu a capital para Brasília e o Rio perdeu o status de Distrito Federal.

Durante 197 anos, quase dois séculos, a "mui leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro" foi a capital da Colônia, do Império e da República. Serviu às sucessivas administrações como sede do poder central. Mas depois da transferência para o Planalto, os governos federais deram uma banana para o Rio. "Agora, virem-se".

Seguiu-se um grande período de esvaziamento econômico. A cidade sobreviveu 15 anos como Estado da Guanabara, até que fundiu-se à força com o Estado do Rio de Janeiro pelas mãos da ditadura militar. Até hoje, os seus governantes (salvo pouquíssimas exceções) têm uma única coisa em comum: não amam a cidade.

Todo esse "nariz-de-cera"* é pra falar da dengue, essa epidemia que assola, mais uma vez, essa mal amada. Leio as cartas dos jornais e todas culpam os governos federal, estadual e municipal. Estes ficam num jogo de empurra, discutindo publicamente se o mosquito é federal, estadual ou municipal, quando não responsabilizam a população pela peste.

Todos têm culpa no cartório, a população (principalmente a classe média) e os governos federal, estadual e municipal. Quanto à população, os pobres tomam seus cuidados porque estão com medo e são as principais vítimas, pois dependem da péssima rede de saúde pública. Os ricos, bem, os ricos sempre têm como se proteger. Já a classe média...

A classe média tem plano de saúde, mas fica numa histeria, mandando carta para jornal culpando o descaso e a inação dos governos. Esquecem o fato de que contribuem muito para hospedar o Aedes aegypti com os seus vacilos (piscinas com água estagnada, caixas d'água mal tampadas, pneus velhos e vasinhos de planta acumulando água de chuva, além das bromélias nos jardins dos condomínios, etc).

O negócio, no entanto, é falar mal, meter o pau no Lula, no Cabral e no Maia. Ora, é claro que o governo federal tem sua parcela de responsabilidade, assim como o estadual. Mas, convenhamos, a culpa maior é do prefeito. A Cesar (Maia) o que é de Cesar. É o principal responsável. Afinal, o mosquito sentou praça foi aqui no Rio. E quem tem obrigação de cuidar da cidade é ele.

E o que faz essa nefasta criatura que atende pelo nome de Cesar Epitácio Maia? Nada além de (des)governar a cidade escondido atrás do seu blog, dando pitaco em todos os assuntos, menos nos que dizem respeito a ele; de desperdiçar verbas e equipamentos federais destinados ao combate do mosquito; de não investir um centavo na desaparelhada e caótica a rede municipal de saúde pública, mas alardear, através da imprensa, que vai deixar mais de R$ 1 bilhão em caixa para o seu sucessor. E o povo que se vire com a doença. E sofra. E morra.

Esse é o estilo Cesar de administrar. Administrar? Não está nem aí. Quer um exemplo? Durante o carnaval, festa que é marca registrada da alegria do carioca, mas que traz também os subprodutos da desordem urbana e do desrespeito ao direito de ir e vir, onde estava o famigerado alcaide? Resposta, na Avenida.

Algum incauto perguntaria, na Marquês de Sapucaí? Não, na Champs Elysée. Isso mesmo. O prefeito, que tem que tomar conta da cidade, passou o carnaval em Paris. E a gente que se dane, sem poder sair ou voltar pra casa porque os blocos bloqueiam o caminho. Os foliões, depois de umas e tantas outras, viram mijões e saem "regando" tudo que é muro, calçada, poste na maior sem-cerimônia. E tome de lixo e sujeira pra tudo quanto é lado.

Eu, que já gostei muito do carnaval carioca, hoje ergo as mãos para o céu quando emudece o último tamborim. E o prefeito em Paris. E quem o colocou no poder em 92, elegeu o candidato dele em 96, o trouxe de volta em 2000 e o reelegeu em 2004? A mesma classe merdia, que hoje reclama das ruas esburacadas, da falta de segurança, da indústria de multas que ele criou, da cidade que ele abandonou. Além da dengue é claro.

A última do prefeito, então, é um verdadeiro deboche. Na Bahia, onde foi apoiar a candidatura do neto do ACM (argh!), quando devia estar aqui, teve a desfaçatez de pedir ao Senhor do Bonfim que leve o mosquito para o mar!!! Ele que nega a existência de epidemia no Rio!!!

Pois nem assim acerta esse cínico, que já renunciou ao cargo mas não avisou a gente. O mosquito não vai para o mar pois é sabido que o mar é o único ambiente isento de insetos. Com efeito, ó Maia, pede pra sair!

* Na linguagem dos jornalistas, "nariz-de-cera" é uma expressão que identifica um parágrafo inicial ou abertura de matéria sem acrescentar informação relevante, em vez de ir diretamente ao assunto da notícia.


sexta-feira, março 14, 2008

Mi daiquiri en la Floridita





Por que será que nesta manhã nublada desta cidade cada vez mais esquisita me deu uma baita saudade de tomar um daiquiri na Floridita?

quarta-feira, março 05, 2008

Nas pegadas de Jesus



Foto: Jesus Carlos/Imagemlatina




Vestígios da caminhada de Jesus (fotógrafo), pelas areias da praia doPontal do Peba, na foz do rio SãoFrancisco, no estado de Alagoas.