terça-feira, fevereiro 01, 2011

O sambista/cientista Paulo Vanzolini e a melhor profissão do mundo



É a melhor profissão do mundo o jornalismo (às vezes), acrescento parenteses à tese do García Márquez. Ao menos quando a gente vai conhecer quem nunca conheceria. De que outra forma eu passaria uma tarde em uma vila simples do Cambuci, com Paulo Vanzolini, nosso grande cientista/ sambista paulista?
Poderia nunca ter falado com ele, não é mesmo? Então, às vezes esta é a melhor profissão do mundo, não é colegas? Quanta gente fina se conhece ( mas também, quanto sujeito/a nefasto/a, enfim, nada é perfeito)
Vanzolini autor de maravilhas como Ronda , Volta por Cima, Capoeira do Arnaldo, Cuitelinho, a engraçadesima Juizo Final, etc e etc e etc.






Ele é casado com Ana Bernardo, filha do Arturzinho, dos Demônios da Garoa, que já se foi.
Ronda- que tempos são estes!!- é escrito assim HONDA no Youtube e também por muitas pessoas que pedem, em guardanapos, para Ana cantar, nos bares- Ana é ótima cantora.

Foi gravada por mero acaso pela Inezita Barroso, amiga do Vanzolini e de sua primeira mulher, em 1953. Ela convidou a amiga para assistir à sua primeira gravação de Marvada Pinga.
Paulo foi junto. Chegando lá, precisava de outra música para o lado B. Inezita nao sabia que disco tinha lado B, gargalha Vanzolini. Então, como eu estava ali mesmo e podia autorizar resolveu: "Bom, só se eu gravar Ronda". E foi.

Mas ele nunca ligou muito pra essa música, conta o compositor. Gravada por muitos, teve a versao definitiva com Marcia, cantora paulista bissexta de voz quente e macia, em 1977.

Compôs quando ele frequentava a zona, boêmio jovem. Imaginou uma mulher que rondava os bares atrás do amante. Quem diria que Ronda seria o hino de São Paulo, retomado por Sampa, do baiano?

E Volta por Cima? Sucesso nacional com Noite Ilustrada. "Desse samba, todo mundo dá ênfase à volta por cima. Mas esquece o" reconhece a queda", o mais importante", diz Vanzolini.

Família paterna oriundi de Pesaro, na região de Marche, a mesma dos meus avós, perto de Macerata, a terra do meu avô paterno que nao conheci. O pai dele, professor de engenharia da Poli. De quem herdou a veia poética? Ele acha que desse avô de Pesaro, que traduziu Lucrécio.
Cientista premiado da Zoologia, reconhecido internacionalmente, disse que nao tem muitos sambas, uns 60, o que é pouco pra um sambista de rua.

Samba toma muito tempo para compor e ele nao tinha tanto. E tem reconhecimento?

"Conheceu Geraldo Filme? Ele dizia que sambista de rua morre sem glória..."

4 comentários:

Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! disse...

Conheci Paulo Vanzolini, o cientista, em campo. O sambista andava junto com ele, até na hora de traçar um lombinho de porco a 36º em Boa Vista, já com mais de 80 anos. Inquirido sobre a "valentia", entre um gole e outro de cerveja: só faz mal o que é demais.

Ricardo Soares disse...

adorei a lembrança do Vanzolini... meu primeiro encontro com ele foi em 1977 e rendeu minha primeira reportagem publicada...na extinta revista Musica... bjs...compartilhei esse seu post lá no Facebook

Elizabeth disse...

POis é, Beth, sábio sambista. E Ricardo, deu sorte pra começar a carreira hein?bjs

Dodó Macedo disse...

Supimpa a observação sobre o 'reconhece a queda'. Destaquei-a no domacedo.blogspot.
Grande Vanzolini!
Abração, Beth.