quinta-feira, abril 23, 2009

Manifesto Anti-Dantas
por José de Almada Negreiros,
uma das figuras marcantes da geração modernista de "Orpheu".

São Tomé e Príncipe 1893/1970.

O Manifesto Anti-Dantas foi escrito em 1912, por Almada Negreiros.
O texto "maldiz uma das figuras da literatura portuguesa – Júlio Dantas - que, durante algumas décadas, representou a cultura académica e conformista, influenciando todo um conjunto de escritores, jornalistas, políticos e actores.”
Lá como cá, Dantas dessa estirpe há!
Belo resgate da minha amiga virtual Marcita, lá da terra do Senhor do Bonfim.

"Basta pum basta!!! Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração! Morra o Dantas, morra! Pim!"



Memórias de uma moça bem comportada- 1


Há tempos estou para começar esta série, tirando coisas do meu baú. Sim, eu tenho um precioso baú, e como diz o professor Antonio Candido, é bom ter um baú.
Um baú histórico, minha gente.
Tremei os que têm por que tremer! E resolvi começar por uma historinha daquelas nada exemplares.
Lembrei dela hoje ao responder a uma pergunta de um antigo colega, que trabalhou comigo na inesquecível sucursal paulista de O Globo, em tempos nos quais não havia ainda competição, rasteiras, individualismo exacerbado, etc. Essas coisas.
Ele me perguntou sobre a redação da revista Nova Escola, que ficava na Haddock Lobo, perto da Paulista, onde estávamos almoçando.
Eu trabalhei lá no fim da década de 1980. Uma revista da Fundação Victor Civita distribuída para as professorinhas de escolas públicas de todo o país. Já era um macete da Abril, o governo comprando as revistas, como é até hoje. Entretanto, naquela época, as matérias ao menos enalteciam boas experiências de professores, me disseram que hoje em dia não é assim...
Viajávamos bastante para resgatar experiências pedagógicas bem sucedidas.
Na redação trabalhavam não só colegas, mas alguns companheiros de militância, desde a luta pela redemocratização até a fundação do PT. A diretora de redação naturalmente não era dessa turma, mas acabou se dando bem com alguns deles, não comigo. Havia, não sei hoje, uma coisa esquisita naquelas pequenas redações abrilianas, que era uma obrigatoriedade velada de você se relacionar com os chefes, frequentar suas festas e sua vida particular. O que nunca foi meu caso.
Pagam para você ser uma profissional, não para amigos obrigatórios, não é?
Assim, como não participava dos convescotes, fui ficando afastada.
Até que um dia deu-se a historinha nada exemplar.
A Abril tinha o costume de contratar professores de português para eventuais conversas com a redação, o que era mesmo muito bom.
Um dia, foi marcada uma reunião dessas com o professor da PUC Samir Meserani, amigo da redatora chefe. Ele começa a analisar todas as matérias da recente edição cuja capa era minha, e falava sobre Arte-Educação no país, matéria relegada e levada à frente pela insistência de alguns abnegados professores.
A papa desse setor, professora Ana Mae Barbosa, havia me escrito uma carta elogiosa.
O professor em questão analisa a revista inteira e elogia todas as matérias. Deixa a minha para o final e esculacha: diz que era burocrática, mal escrita, apenas um boxe se salvava, e não deveria estar na capa.
Abismada, atônita, eu só consegui responder que a escolha da capa era feita pela redatora chefe, e não por nós editores. Básico.
Nem disso o professor de português entendia. Argumento furadíssimo.
Nenhum dos colegas e companheiros presentes disse nada.
Bem, olhem o desfecho: no dia seguinte, a redatora chefe faltou e deixou o trabalho sujo para seu assistente, um jornalista nissei daqueles meus companheiros -- para o qual eu, aliás, havia articulado a vaga, quando ele estava na pior-- e que subiu na vida lá dentro logo. Acho que era editor executivo.
Ele me chama para conversar num bar, me convence que realmente eu não era boa jornalista e me demite.
E o pior: como ele era uma das pessoas nas quais eu confiava, fiquei totalmente arrasada, achando que realmente era uma péssima jornalista.

O professor de português fez um relatório por escrito, que infelizmente rasguei: imagino hoje como seria interessante retirá-lo do baú e mostrá-lo aqui. Depois de um prefácio do professor Antonio Candido para o meu livro, por exemplo.

Passei longos meses convalescendo desse episódio torpe. Um professor universitário se prestar, por uns trocados, a servir de fundamento para uma demissão que tinha motivos pessoais.
A redação se desmantelou com o tempo. O professor morreu, que descanse em paz, os outros se desentenderam. Há uns dois anos encontrei o jornalista nissei num lançamento de livro de amigo comum, ele veio me cumprimentar alegremente.
Aliás, lançamentos de livros são sempre interessantes: no do meu, apareceu do nada o chefete que desmantelou, cumprindo ordens fascistas, toda a nossa preciosa redação da sucursal paulista de O Globo, no século passado, porque fomos solidários ao querido chefe Candido Cerqueira, que havia sido demitido.

Não é só no jornalismo que isso ocorre, sabemos todos.
E eu repito a pergunta da minha amiga virtual Luzete: de que é feita a alma humana?
Também dessas histórias nada exemplares, que eu precisava exorcizar.
Manifesto a favor do ministro Joaquim Barbosa

Se você concorda com o ministro Joaquim Barbosa e acha que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, está "destruindo a credibilidade do Judiciário" e que ele deveria "sair às ruas" para julgar de acordo com as necessidades do povo brasileiro e não em favor das elites, assine este manifesto de apoio.


http://www.ipetitions.com/petition/credibilidade_judiciario?e