sexta-feira, outubro 30, 2009

Genis do século XXI

El sueño de la razón produze monstruos (1797-1799)
Goya

Dia desses estava, com amigos que estudaram comigo na ECAUSP, no século passado, vendo nossas fotos em branco e preto: lembranças, risos, bons e maus tempos, velhos amigos.
Numa delas, uma garota com um superminivestido me chamou a atenção. Não me lembrava como eram tão curtas nossas saias, mas os colegas sim. Entretanto, debaixo da ditadura militar, nunca houve nenhum escândalo, agressão, desrespeito coletivo, violência contra uma colega como o que aconteceu com a moça loira de olhos verdes da Uniban, em São Bernardo, dia 22 de outubro, noticiada dia 30, após a postagem do vídeo na internet.

Mas, na segunda metade do século XX nós vivíamos a Utopia. Saias curtas, cabelos longos, acreditávamos na mudança. Easy Rider é um dos filmes emblemáticos daquela geração, e seu final já acenava para os tempos que viriam. E eles chegaram mais depressa do que se imaginava, ao avesso do que se sonhava.

O prédio onde funciona a Uniban é o mesmo onde durante muitos anos esteve instalado o Centro de Pesquisas da então Ford Brasil. Coincidentemente, o campus norte desta universidade, na Avenida Braz Leme, em Santana, funciona no prédio de uma ex-revendedora de automóveis. Quando passei por lá, outro dia, fiquei pensando em como se pode substituir carros por alunos, mantendo a mesma arquitetura.
Uma metáfora que pode esclarecer muito sobre os rumos do ensino no país, desde o famigerado projeto MEC-Usaid, de fins dos anos 1960, contra o qual os estudantes brasileiros engajados muito lutaram. Esse projeto preparava a entrada do ensino particular que, 40 anos depois, deu no que deu.
Claro que nada é isolado, e o afluxo da sociedade de massas, da sociedade de consumo, e mais recentemente do neoliberalismo constitui o chamado caldo de cultura para o mundo no qual tentamos sobreviver.

O saudoso cineasta, pensador e poeta libertário Pier Paolo Pasolini, homossexual assassinado nos anos 1970, já alertava em um contundente artigo: “O verdadeiro fascismo dos tempos atuais é o consumo, que está entranhado na alma das pessoas”.
Assim como a pensadora Hannah Arendt: “A atitude de consumo condena à ruína tudo em que toca”.
Aliado à mídia, ao desgoverno das famílias, que se reproduzem a esmo sem condições de educar os filhos , legando a responsabilidade às escolas (atenção, estou me referindo a estratos da população que têm filhos na escola e trabalham fora) a sistemas político-econômico-sociais baseados na exploração do trabalho e no lucro, e consequentemente na devastação dos recursos naturais, ao lado de grandes fortunas e de países que consomem o dobro do que pode suportar o planeta, não se pode esperar mais do que espetáculos de esquizofrenia, prepotência, destemperos universais.

A banalidade do mal instaurou-se, conforme refletia Hannah Arendt a respeito do nazismo.

Se, na essência, nada disso na história humana é novidade, o novo é que hoje somos bilhões e sabemos de tudo o que ocorre na vizinhança e no mundo todo. O que deveria ser bom, aliás, para uma humanidade saudável, mas se trata de uma civilização doente.

Nas universidades públicas, instala-se o reinado da produtividade, onde as publicações independentemente da qualidade do trabalho, são exigidas. Professores que não publicam são afastados, não importa se dedicados e produtivos no ensino. Quantidade é a palavra de ordem. Alunos do ensino superior são instados a se mestrar, doutorar, pós-doutorar, ainda muito jovens e sem experiência de vida, em função do mercado de trabalho.
Universidades não são locais de saber, mas de futura colocação. Ramos do conhecimento que dão dinheiro podem ser fisicamente explicitados já a partir das instalações onde estes cursos se dão. Na Universidade de São Paulo, é patente a diferença, por exemplo, entre o prédio da Faculdade de Economia e Administração, suntuoso, e por exemplo a Faculdade de Letras, onde cãezinhos vira-latas dão as boas vindas a quem entra no prédio, embora em reforma, absolutamente decadente, de pisos esburacados e paredes idem.
A situação não era muito melhor na década de 1970, em plena ditadura, que instalou uma academia de polícia na entrada da USP, e colocou os cursos de humanidades, transferidos do centro da cidade, em barracões improvisados na Cidade Universitária, durante muitos anos.
Cenas de vandalismo não ocorrem apenas no ensino privado: universidades públicas várias já viveram episódios dantescos de trotes violentos, até com mortes. Tem para todos.
O comportamento desrespeitoso de muitos universitários em classes, saindo e entrando, atendendo celulares, conversando alto, destratando professores é corriqueiro. No ensino fundamental e no colegial o problema é pior. Generalizar é perigoso, mas é certo que a balança pende para o destempero.

Em um mundo assim posto, qual a saída? Drogas, sexo, violência de classe e individual, um panorama muito além de todas as previsões de Huxleys e Orwells e etc.
Voltando ao episódio da aluna loira de olhos verdes –“ trajada inadequadamente para a escola, puta, provocadora, gostosa” – eu me lembrei da foto da nossa colega de mini vestido do mesmo tamanho do dela, nos anos 1970.
Lembrei-me das nossas minis, na faculdade. Lembrei-me de uma moda Mary Quant, de shorts, meia de nylon, botas e casacão. Lembrei-me , principalmente, de que essa era uma das faces da mudança mundial de comportamento, mulheres à frente, e de conquistas que hoje sequer são consideradas frutos de lutas por quem veio depois e encontrou muitos caminhos abertos.Porque a História não é ensinada. E tudo foi antropofagizado pelo consumo.

No século 21, permissivo para sexo e drogas e violência de classe na real e no virtual, na escola, na rua e nas telas, quando o consumo incita a sensualidade desde a mais tenra idade , esse poder destrutivo é muito mais visível e palpável do que os esforços daqueles que tentam manter a sanidade da sociedade por meio de organismos coletivos ou não, e de atitudes solidárias. E não se fale em medievalismo, mesmo porque depois veio o Século das Luzes e nós, o que podemos esperar?
Um filme em cartaz The Third Wave (A Onda), baseado em fato real ocorrido na Califórnia em 1967, relata a experiência de um professor reproduzindo a estrutura que levou Hitler e seu partido ao poder. A classe e o professor inclusive mudam radicalmente de comportamento.

Atenção, que tudo é perigoso! É preciso estar atento e forte!

Os uivos do vídeo da universidade, o morto num carrinho de supermercado no Rio, as guerras civis cotidianas, surdas ou declaradas pelo mundo, o hospital de Santos que enganava pacientes de câncer que pensavam estar sendo submetidos à radioterapia mas não, o médico responsável ordenou que não fosse ligada a máquina, e seria até melhor para eles, pois eram terminais...filhos e filhas matando pais, avós; pais espancando e matando filhos, alunos agredindo professores, crianças e seus violentíssimos brinquedos, trabalho escravo, talebans e klu-klux-klans (hoje com outros nomes), imigrantes deportados, corrupção mundial, desvio de leite de criancinhas, grandes corporações e seus lobbies promíscuos nos governos, tantas famílias despejadas e sem destino.
Humanidade em mais uma encruzilhada.
Não, não são animais de um e de outro lado. São humanos.Somos humanos demonstrando tudo aquilo de que somos capazes, para o bem e para o mal.

domingo, outubro 25, 2009

Cacique Raoni e o tempo

"O calor está muito intenso, os ventos estão muito mais fortes do que eram antes e o nível dos rios na seca é diferente do que era... Estou muito preocupado."

sexta-feira, outubro 23, 2009

quinta-feira, outubro 22, 2009

Walker Evans & Hemingway

Família sem teto em Havana, 1933.Prima de la Revoluzione. Esta cena não existe mais..


À esquerda, a elegância cubana em 1933. Acima, a foto mais famosa da Depressão norte-americana.

Esta cidade também tem boas surpresas às vezes. Estava no Masp para um trabalho e fiquei encantada com o banner da exposição: um elegante negro cubano, terno de linho branco . Eu não conhecia Walker Evans (1903-1975) e esta é sua primeira retrospectiva no Brasil.
Evans fotografou a depressão americana nos anos 1930 e passou para a história da fotografia. O presidente Roosevelt estava interessado em criar um arquivo de imagens da Depressão para uma agência estatal. O arquivo serviria ao programa social do ex-presidente para a erradicação da pobreza e a construção de uma identidade nacional .
Ele foi o primeiro fotógrafo a ser contemplado com uma exposição individual no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), em 1933 .

Em 1933 Evans foi a Cuba para fazer fotos para o livro do jornalista norte-americano Carleton Beals, The Crime of Cuba, e foi quando conheceu Ernest Hemingway e durante três semanas tornou-se seu companheiro de bebida. Ficaram tão amigos que o escritor providenciou grana para esticar a estadia de Evans.
Diz-se também que nessa época Hemingway escreveu dois contos que mais tarde transformaria em To Have and To have not. E que foram pensados a partir de uma série de fotos de Evans.
As três semanas que passaram juntos tiveram impacto em ambos. Os eventos que testemunharam, e suas discussões, os afetaram por toda a vida, dizem as biografias. Seus caminhos nunca mais se cruzaram.

Imagens de famílasa cubanas, crianças, soldados nas ruas, homens mortos, vitimas do ditador Machado, que precedeu o ditador Fulgêncio Batista, deposto pela Revolução.
Temendo que suas fotos fossem confiscadas pela policia secreta do ditador, Evans deixou-as sob a guarda de Hemingway. Mais tarde partiu de Havana com 400 negativos e deu outros 46 de presente ao escritor. James R. Mellow confirma essa história na biografia de Walker Evans em 1999.
Fiquei especialmente impressionada com a foto da família cubana na rua, eu que estive lá duas vezes, na década de 1990 e em 2006 e pude comprovar que essa cena não existe mais.
Evans foi o primeiro fotógrafo a ser contemplado com uma exposição individual no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), em 1933 .

Masp. Avenida Paulista, 1.578. 11h/18h (5.ª até 20 h; fecha 2.ª). R$ 15 (3.ª, grátis). Até 10 de janeiro.

domingo, outubro 18, 2009

Programa de domingo:Vampiros suecos & Bonner & Mendes

Ninguém merece. Primeiro, escolhemos um filme que a Folha assim resumia: um frágil menino sueco solitário, frequentemente provocado por seus colegas e que nunca se defende, conhece uma garota que só sai de casa à noite.
Alguém imaginaria, com tal resumo, que se tratava de um filme de vampiro? Ainda por cima sueco, no meio daquele eterno gelo e sempre à noite?? Quando apareceu um homem matando outro, pendurando-o de ponta cabeça, esfaqueando e deixando o sangue correr dentro de um recipiente plástico, para dar de comer à filhinha, tivemos certeza; mais uma vez caimos no conto da Folha de S. Paulo. Azar nosso que ainda confiamos nas indicações do jornal, com QUATRO estrelas, e sem classificação como "terror".

Tenham dó, um cinema que já nos deu Bergman, no século 21 entrar na onda de filme de vampiro? Que aliás está na maior moda, a sala estava cheia, mas todo o mundo gargalhou com a cena final, cuja o diretor deve ter idealizado como um total terror... Mas aqui nos trópicos, a gente sabe, o buraco é mais embaixo, inda bem.

Após um excelente café turco- na rua Augusta tem um ótimo restaurante e café turco- caímos em outra: bom, mas esta eu já estava preparada, maior curiosidade era ver como a Marilia Gabriela levantaria a bola para ninguém menos que seu colega William Bonner, no GNT, canal da Globosat, tudo em famiglia.
No primeiro intervalo, pediu que ele imitasse Clodovil. Ele disse que não, e imitou o presidente Lula. (Lembro vagamente que houve algum episódio homofóbico com o apresentador imitando Clô).

Ele contou que começou muito jovem, que mudou o nome paterno de Bonnemer para Bonner para que o pai médico não tivesse que tirar o nome da lista telefônica (????) , que é de ascendência árabe (sempre pensei que fosse alemão) , que é rigoroso e justo segundo sua mulher, que nao estaciona o carro em cima da calçada nem consome drogas porque é um homem de TV ( se não fosse, então, faria tudo isso?), que é sério e rigoroso, que tem uma grande admiração intelectual por seu chefe Ali Kamel ( aquele que diz não existir racismo no Brasil), que o polêmico debate Collor x Lula na Globo já foi esmiuçado num dos livros históricos da Globo e que até hoje nao se provou nada ( procurem na busca da internet o tema e encontrarão as repostas),
E a Gabriela só levantando a bola, não argumentou nada.
"E o seu livro, soube que você nao ganha nada com ele?"
Não, doei os direitos para a ECAUSP, onde estudei". Explica que o pai não tinha condições de mandá-lo para uma escola particular.
Diz ainda que a queda do diploma de jornalista não interfere em nada, as grandes mídias continuarao contratanto jornalistas formados. Não sem antes aproveitar para acusar as universidades públicas de usarem apenas enfoques esquerdistas na sua pedagogia, quando na verdade deveriam apresentar todos e o aluno escolheria o seu. (Não me consta, aliás, que a USP forme contingentes de jornalistas de esquerda e o exemplo de Bonner já desmente essa teoria- dos-tempos-da-guerra-fria0.

Blonner teme apenas isto: a qualidade dos jornalistas que virão , por causa da ideologia...
A Gabriela, nada. Poderia perguntar , só de leve, por exemplo, e nas particulares?
Não, apenas entremeava com perguntas sobre a vida do casal, suas brigas? Não brigamos, só no trabalho, sou justo e rigoroso.
"Mas você é sério demais, Bonner!"
Até que ele diz que gosta do twitter porque a coisa não é séria, ele colocou em capítulos uma receita de brigadeiro e ficou se perguntando se esta atividade faria parte da função social do jornalista...
Gabi Gabriela: " Ah, não acredito, imagine gente, um homem sério desses vem e diz que gosta do twitter porque não é sério???"
Aproveita para perguntar sobre um episódio em Barcelona, no momento mais grave do programa leve--em que o apresentador teria se embebedado e saído em desabalada carreira de carro, que ele, sério e justo, desmente peremptoriamente.

Mas não ficou por aí:
"Você canta, Bonner?"
"Ah, só no karaokê"
"Ah canta alguma coisa pra encerrar esse bloco".
Eu tinha certeza que o tipo ia emplacar um Sinatra com My Way, afinal, ele se fez por si mesmo.
Mas errei por pouco: Cantou "New York, New York".

Sobre ele ter classificado os espectadores do JN como Hommers, tal como denunciou o professor de jornalismo que assistiu a tal declaração -- sobre seu sentido pranto na morte do companheiro Roberto Marinho, ao vivo e em cores, y otras cositas, nada.

Ele ainda mencionou ter estado em NY -- onde esbarrou com Paul McCartney na rua-- e onde foi participar do Premio Emy. Ficamos sem saber que a Globo esteve lá concorrendo com aquela abominável cobertura do caso da menina Eloá, onde a televisão extravasou e nenhum canal, que eu saiba, se salvou. Não soubemos que eles voltaram de mãos abanando, e tal, porque Gabi nada perguntou.

Só soubemos que ele é rigoroso e justo, sério, bom marido, bom pai e bom chefe, que lindo, que entrevista esclarecedora, em blons tempos isso se chamava matéria 500, aquelas recomendadas, onde o cara fala o que quiser e só ouve gracinhas de volta.

Vampiros mirins suecos, bonners e gabrielas numa descontraída entrevista à noite, querem mais? O ministro Gilmar Mendes, aquele que soltou Daniel Dantas, o que acabou com o diploma de jornalista e não pôs nada no lugar, vislumbro na TV, outra entrevista. É mole?
Parece que o esquema de levantar a bola foi mais ou menos parecido, e o Instituto que o presidente do STF mantém em Brasilia não foi refutado: Mendes disse que é um professor importante e não há problema algum. O repórter não comentou sobre os contratos de tal instituto com o governo.
No que o repórter chama de pinga fogo (!!!), o ministro falou bem de JK, FHC, Lula e etc. Ainda no pinga fogo(???) qual seu filme preferido? Cinema Paradiso. Ator? Atriz? Diretor? Nennum especial. Cantor? Chico, Caetano. Cantora? Simone.
Música? Sim, finalmente,
My Way!!!!

Só faltou pedir pro ministro cantar, para encerrar.

sábado, outubro 17, 2009

Classe média way of life

Engraçadissimos os sintomas da verdadeira classe média explicadinhos no blog Classe média way of life, clique aqui
e se divirta, porque o que mais se pode fazer?

quinta-feira, outubro 15, 2009

A mulher do povo, sua família e o pintor



Patrícia Galvão em 1929.
Imagem reproduzida do livro Croquis de Pagu e Outros Momentos Felizes que Foram Devorados Reunidos



O Museu Lasar Segal inaugura exposição Pagu/Oswald/Segall e lança a edição fac-similar de O homem do povo, dirigida por Oswald de Andrade e Pagu (1931, co-edição do Museu Lasar Segall, Imprensa Oficial e Editora Globo), com novos documentos após a edição de 1985.
Durou apenas 8 números, criado em 1931, logo após a filiação de Oswald e Pagu ao Partido Comunista. Patricia Galvão- que eu soube, na maturidade não gostava de ser chamada Pagu, o que lembrava muitas dores e sua prisão e tortura naquele ano- tinha uma coluna super avant garde chamada A Mulher do Povo.
O que falar mais de Patricia? Melhor ler o exto da curadora da exposição, Genese Andrade, abaixo.
A Folha de S. Paulo deu a notíia no dia 14, e colocou a seguinte legenda na foto da família: "Pagu segura a filha Rudá de Andrade no colo, ao lado de Oswald, em foto datada de 1930."
Os copys da Folha são mesmo criativos, e quiçá videntes.Pobre Rudá, cineasta e escritor, falecido no início deste ano. Ele nunca soube que era uma menina.

Pagu/Oswald/Segall

Pagu/ Oswald/ Segall Oswald de Andrade encontra nos anos 1930 e 1940 uma das fases mais intensas no âmbito da produção e da circulação de sua obra. É nesse período que publica três romances, quatro peças de teatro, um poema longo e inúmeros artigos de jornal sobre temas diversos, complementados por várias entrevistas. Corresponde à sua fase comunista ou marxista: em 1931, filia-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB), e em 1945, rompe com ele. Focalizamos aqui as pontas dessa trajetória. Em 1929, o encontro com Pagu muda o rumo de sua vida e de sua obra. A intensa relação que estabelecem nos anos 1930 é marcada pelo engajamento, obras a quatro mãos, romances individuais que têm pontos de contato e intensa crítica social. Nos anos 1940, Oswald tem nova paixão, dedica-se intensamente à prosa, mas também retorna ao verso. Cabe a Candido Portinari, nos anos 1930, retratar Oswald e Patrícia Galvão, e a Emiliano Di Cavalcanti, nos anos 1940. A Lasar Segall, cabe focalizar Oswald e Maria Antonieta d’Alkmin, então sua esposa, também nessa década. A amizade do escritor com o pintor lituano remonta aos anos 1920 e ao casal Tarsiwaldo, e permite olhares cruzados: Tarsila pelo traço de Segall, e vice-versa. A exposição Pagu/ Oswald/ Segall gira em torno de revoluções, romances, versos e retratos.
Sábado, 17 de outubro de 2009
Horário: das 17h00 às 19h00
Local: Museu Lasar Segall
Rua Berta 111, Vila Mariana, telefone: (11) 5574-7322 (11) 5574-7322
De 17 de outubro de 2009 a 31 de janeiro de 2010
Horário: de terça a sábado, das 14h00 às 19h00; domingo e feriados, das 14h00 às 18h00 Entrada gratuita

terça-feira, outubro 13, 2009

Modelo, atriz e jornalista?

Diploma Não é Necessário
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segunda-feira, outubro 12, 2009

Segunda no parque












Crianças, crianças, milhares delas no Parque da Água Branca. De onde veio tanta gente? Dos bairros da zona oeste, e da leste, e de tantos, afinal tem metrô no Memorial , mais ou menos perto. Caminho quase sempre lá pela manhã, mas hoje, sinto não ter máquina ou celular, muitos tinham e faziam sua festa.
Olhando de cima, as alamedas apreciam avenidas fervilhantes de gente. Para as crianças, só um parque de diversões, e pago, claro. Nada de palhaço, nada de teatrinho, nada de contador de história: parece que o governo do estado se esqueceu daquele povão no Dia da Criança.
Hot dog, pernil, barraquinhas. E cataventos a R$ 2 cada.
Mas para os pequenos tudo vira festa,e com pai ou sem pai, com mãe, tia ,avó, elas se divertiam, alegres- que alegria é natural em criança desde que nasce.
Nada de grifes, nada de brinquedo importado: só alegria de um dia. Especial, porque quando é que podem ver galinha, pavão, árvores, bancos de jardim? A festa pobre não é pobre aos olhinhos brilhantes: se o pai tem um dinheirinho, ou a mãe -- elas são a maioria dos chefes de familia neste país -- sobem nos brinquedos e gritam, lá perto do céu.
Um cachorro quente, um refri, um doce, um catavento.
E se não, o piquenique veio no isopor lá de casa. Pegar um lugar, estender a toalha e comer sanduiche.
Não sei o que aconteceu com essas milhares de crianças e suas famílias e amigos quando caiu o maior toró, depois do almoço. O parque não tem áeas cobertas pra tanta gente.Devem ter ficado lá mesmo, tomando chuva.
Eu estava abrigada na porta do Sesc Pompéia, ao lado de uma jovem mãe e seu filho de uns 2 anos. Ela veio do bairo de Morro Doce para ir ao parque, mas ficou no meio do caminho.
"O menino fica a semana toda na escolinha e hoje nem deu pra se divertir", lamentava a moça olhando a chuva, o menino quietinho.
Digo a ela que ali no Sesc sempre tem programação infantil, ainda mais hoje. E que ela até teve sorte de escapar do toró no parque. "É, deve estar um caos", ela diz.
A mãe resolve pegar um pouco de chuva, virar à direita e entrar. Sigo atrás, e fico feliz, porque uma roda de crianças assitia a uma apresentação de atores. A mãe e o filho afinal nao perderam a viagem.
Fico pensando que nem todos nesta cidade sabem das maravilhas do Sesc Pompéia, nem têm idéia , lá, parados na porta , esperando a chuva passar.
Um dia de festa, num parque público, que não apresenta nenhuma atração especial, e numa entidade bancada pelo comércio do estado, com várias atrações e aberta ao público: coisa civilizada entre tanta falta de cidadania que nos rodeia, exceção bendita. A César o que é de César...
Fernandinhos, Ivos, Marias, tantos/as. Pelo menos foram esses os nomes que ouvi, gritados pelas mães.
Vão dormir cedo, na volta de ônibus, de fusca, de Corcel, de Chevete, de trem, de metrô, depois de tantas emoções. Já vão dormindo na viagem, é claro. Felizes, têm colos.
Festa de ricos, festa de pobres, não se importam, nem sabem a diferença.
Festa, e ponto.

domingo, outubro 04, 2009

Voz da America, saudades


Jabor recebeu Serra numa festança

Por Altamiro Borges


Karen Kupfer, da revista de fofocas Quem, da Rede Globo, publicou há poucos dias uma notinha reveladora sobre a relação promíscua entre jornalistas e políticos: "Para comemorar o sucesso do programa Saia Justa, Suzana Villas Boas abriu sua casa no Alto de Pinheiros para uma festança daquelas.

A turma de convidados, que também era recebida por Arnaldo Jabor, marido de Suzana, reuniu políticos, artistas e jornalistas. O candidato José Serra, para quem Suzana presta assessoria, foi prestigiá-la. Ficou um pouco e trocou idéias com alguns jornalistas". Luís Frias, presidente do Grupo Folha, também participou da festança, "que ferveu na pista até o sol raiar".

No mesmo período, a colunista Hildegard Angel escreveu no Jornal do Brasil outra nota curiosa: "Elmar Moreira, irmão de Edmar Moreira (o deputado dos demos que ficou famoso pelo castelo construído no interior mineiro), é casado com Ana Leitão, irmã de Miriam Leitão" - a jornalista da TV Globo famosa por seus palpites furados sobre economia, pela adoração ao deus-mercado e pela oposição doentia ao governo Lula. O interessante neste caso é que a colunista global, metida a sabe-tudo, nunca descreveu aos seus telespectadores os detalhes do luxuoso castelo demo.

Artista global com Kassab

Para encerrar a série sobre as relações indecentes entre jornalistas e políticos da direita, a sempre atenta Mônica Bergamo, uma das raras exceções do jornal Folha de S.Paulo, revelou no início de fevereiro: "O marido de Ana Maria Braga (estrela da TV Globo e do finado movimento golpista "Cansei') é o mais novo colaborador da administração Gilberto Kassab (DEM/SP). Candidato derrotado à Câmara Municipal, Marcelo Frisoni vai assumir um cargo de 'coordenação' na Secretaria de Modernização, Gestão e Desburocratização" da prefeitura paulistana.

Dias antes, Bergamo foi ameaçada pelo marido brigão da artista global, que o irônico José Simão batizou de "Ana Ameba Brega". Frisoni se irritou com a pergunta sobre o pagamento da pensão alimentícia para os dois filhos do seu casamento anterior: "Publica o que quiser. No dia seguinte, vou à redação dessa bosta de jornal e encho essa Mônica Bergamo de porrada na frente de todo mundo... A única pessoa que tentou ferrar comigo foi o Madrulha (ex-marido da apresentadora da TV Globo) e eu acabei com ele. Hoje ele é secretário de cachorro e não consegue mais nada".

Cadê o "tribunal macartista" de Mainardi?

Deixando de lado as baixarias dos " famosos", o que chama a atenção nestas notinhas é a relação obscena entre figurões da TV Globo e políticos da direita demo-tucana do país. Outra estrela da poderosa emissora, o filhinho de papai Diogo Mainardi, criou no início do mandato de Lula o seu "tribunal macartista mainardiano", no qual promoveu abjeta cruzada contra alguns profissionais da imprensa.

"A minha maior diversão é tentar adivinhar a que corrente do lulismo pertence cada jornalista", explicou o troglodita na sua coluna de estréia na revista Veja, em dezembro de 2005.

Aos poucos, Mainardi dedurou alguns colunistas mais independentes. "Tereza Cruvinel é lulista. Dessas que fazem campanha de rua. Paulo Henrique Amorim pertence à outra raça de lulistas. É da raça dos aloprados, dos lulistas bolivarianos. Acha que a primeira tarefa do lulismo é quebrar a Globo e a Veja", atacou.

O caso mais famoso desta cruzada fascista foi o do jornalista Franklin Martins, acusado levianamente de possuir uma "cota de nomeações pessoais no serviço público". Após longo bate-boca, a TV Globo preferiu apoiar o delator direitista e demitiu Franklin Martins.

Perguntar não ofende: será que Mainardi, "difamador travestido de jornalista", fará barulho agora contra seus amiguinhos da TV Globo que gozam das intimidades demo-tucanas. Pedirá a cabeça de Arnaldo Jabor, cuja esposa é assessora do presidenciável tucano José Serra, freqüentador de sua mansão?

Criticará a "cota de nomeações pessoais no serviço público" da cansada Ana Maria Braga? Pedirá detalhes picantes do castelo dos demos à "ortodoxa" Miriam Porcão - ou melhor, Leitão? Ou todos juntos - Jabor, Leitão, Ana Maria Braga e o macartista Mainardi - fazem parte do esquemão montado pela TV Globo para viabilizar a vitória do tucano José Serra em 2010?

sexta-feira, outubro 02, 2009

Porque ninguém é de ferro







Daslu, pesos e medidas

" Um misterioso sumiço de roupas agitou, por várias semanas, os corredores da Daslu, a controvertida butique que congrega algumas das grifes mais exclusivas e caras instaladas no Brasil apesar de todo o noticiário policial sobre as atividade dos sócios. Quem conta é Monica Bergamo na sua coluna de hoje
Diz que as mercadorias começaram a desaparecer de prateleiras e cabides aos poucos - "Mas, em determinado momento, o desfalque chegou a R$ 200 mil" - pontua. Segue - "Há alguns dias, a bomba explodiu - a ladra era uma alta funcionária de uma das joalherias instaladas na própria butique - ela tinha permissao para pegar roupas de grifes e levar à joalheria para mostrar às clientes - "Acontece que, uma vez com a roupa, a gerente retirava os detectores da peça -aqueles que disparam um apito quando a pessoa sai da loja sem pagar - e saía tranquilamente pela porta da frente com a mercadoria surrupiada". Fecha - "O escândalo, por 'razoes humanitárias', foi abafado".
Na Monica de hoje - O promotor Mauricio Ribeiro Lopes, do 1º Tribunal do Júri de SP, encaminhou representaçao à promotora Valéria Maiolini, supervisora da Central de Inquéritos Policiais do Ministério Público, para que ela abra investigaçao sobre o furto de roupas na Daslu pela alta funcionária de uma joalheria - "Em Salvador, um pobre coitado foi assassinado dentro de um supermercado da rede Pao de Açúcar pela subtraçao de três míseros pedaços de queijo. Agora, uma ricaça furta valiosas peças de roupas da Daslu e vai para o psiquiatra ao invés de ir para a delegacia? O crime de furto ainda é digno de açao penal pública e tem que ser assim para todos", escreveu num despacho enviado à promotora.

Noticia do Blue Bus, 1/10/09