terça-feira, outubro 24, 2006

Él y Yo

Recebi de meu grande amigo Alipio Freire, que anda em périplo pela Argentina:


"Nos encontramos todas las mañanas. Él va en su bicicleta y yo en mis
sapatillas. No sé si él se llama Juan o Felipe, y él no sabe si yo me llamo
Luís o Pancho. Haga frío o calor, llueva o caigan piedras, siempre nos
encontamos.

_ Chau.
_ Chau.


Algún día no nos encontraremos. Ni nos encontraremos al día siguiente, no al
otro. Desde ese momento, yo sabré que él ha muerto. O él sabrá que yo hé
muerto. Que triste estará el mundo, entonces, para qel que se quede vivo."


(De Dardo Sebastián Dorronzoro, nascido em 14 de julho de 1913, e
seqüestrado e desaparecido em 25 de junho de 1976, em seu livro de
publicacao póstuma, "Viernes 25")

sábado, outubro 14, 2006

Jantar no Filé do Moraes




Tide Hellmeister e Jô Fevereiro (de costas)






Eu sempre admirei quem sabe desenhar. Por isso, sempre me cerquei deles, os artistas.Gráficos, especialmente, por causa da minha profissão. E entre os tantos e queridos amigos, o maravilhoso mestre da colagem e da tipografia, Tide Hellmeister.
Ele fez o primeiro projeto gráfico do Jornal da Tarde, na época de Mino Carta, que o criou. Um diagramador de mão cheia, da Ultima Hora, da Gazeta Mercantil, da Editora Abril, de tantos livros de poesia do outro mestre Massao Ono, de tantos livros, de tantas ilustrações, de dezenas de milhares, sim, pois ele produz muito.
Fica lá, ouvindo a rádio Cultura FM, cortando, colando, pintando.
Acabei de jantar com ele e com outro velho e querido amigo jornalista, Vasco Nunes, no Filé do Moraes, na Praça Julio Mesquita, perto da Folha.
É pra onde ele se mudou, e do seu apê dá pra ouvir, todo dia às 18 horas, uma sirene : a Folha apitando? Mas por que? eu perguntei e o Vasco, a história da imprensa recente em pessoa, contou que isso vem da época do Cásper Líbero, da Gazeta...
Vejam só, a gente mora nesta Sampa a vida inteira e não sabe nem de um terço dela...
Quantas histórias se lembraram, velhos companheiros da Última Hora dos anos 60: com Antonio Contente, o chargista Otavio, Plinio Marcos, quanta gente interessante. E que clima cordial, quente e amigo naquela redação...
Tide , excelente cozinheiro, tem saudades de alguns pratos de antigamente nos restaurantes, sumidos completamente: arroz de Braga, dobradinha!
E vai contando: o velho dono da Editora Martins o convidou, século passado, pra fazer as capas de três livros do Jorge Amado.Passou semana, passou mês, passou um ano, Tide volta lá com as três capas. O seu Martins diz: "Mas que coincidência, sabe quem está aqui? O Jorde Amado".
Claro que já tinham saído os livros, com as eternas capas do Carybé. Tide ganhou um, com dedicatória do grande escritor: "Ao Tide, com admiração, do Jorge Amado".
Você tem o livro, Tide? pergunto, porque sei da enormidade de coisas que ele guarda na casa, no escritório. "Tenho sim, lá no sítio". Já eu duvido...
Aristides Hellmeister. Que felicidade juntar amigos assim, ele, Vasco, e eu.
As mesmas pessoas,passados tantos anos. Os amigos são o sal da Terra.
Outro dia conto mais história dos bastidores das redações que esses amigos queridos lembraram, lá nos tão ricos e dourados anos 60.
É do Tide o projeto gráfico do meu livro que sai breve, ao qual ele próprio deu o nome, bom tituleiro que é: "Suplemento Literário-Que falta ele faz!"

terça-feira, outubro 10, 2006

Revista Piauí

Ainda não li, mas soube que foi lançada um nova revista de cultura no país, pelo João Moreira Salles e Editora Abril Chama-se "Piauí", ninguém sabe explicar por que, acharam um nome legal, sofisticado, talvez, chic, coisa assim. A tiragem é de 20 mil exemplares.
Disse o diretor de redação, ou editor, que será um misto de New Yorker com reportagens. E poderá colaborar gente de qualquer ideologia,"desde Stalin ao pessoal da propriedade". Desde que escreva bem e seja divertido, legalzinho, entende?

By the way, como diz essa gente, freqüento sempre o blog do grande Mario Bortolotto e dia desses havia um recadinho lá, de uma moça Mônica. Houve uma grande discussão em cima do texto do Mirisola, que fora censurado na Zero Hora, e era sobre a tal Flip de Paraty. O cara acabou com tudo e todos, inclusive com o patrocínio do Unibanco e parece que essa foi a causa de sua desgraça, eu creio. Censuraram. O Bortolotto publicou, o Uol abriu e encheu de gente de fora, que não costuma freqüentar o blog. Essa mocinha, então, disse que o Bortolotto deveria conhecer o Moreira Salles, gente finissima, e que para a revista dele , a tal "Piaui, a gente trabalha até de graça... "
Bortolotto respondeu, citando Rô Rô, que não quer conhecer ninguém, já conhece gente demais.....
Bom, vai daí que eu não posso ver gente falando que trabalha de graça pra qualquer órgão de imprensa, especialmente para revista de filho bem intencionado de banqueiro, e entrei dizendo que ao que consta, a direção da revista, composta por dois jornalistas famosos, não o faz de graça, essas pessoas não fazem caridade. Por que o resto, menos cotado, teria de fazer?
Soube também que na tal feira de Paraty a futura " Piaui" fez um workshop com a meninada jornalista, e escolheu 6 para um estágio de dois meses lá. Eu, que sou jornalista há pelo menos 30 anos e conheço as manhas todas, pergunto:
1- Por que contratar estagiários? Hoje o mercado faz isso para aviltar os salários dos profissionais e explorar esses estudantes. Tanto que vão rodiziar, o contrato foi por dois meses...Estagiários, sabemos, ganham cerca de 300,00 por mês, em geral.
2- Por que estagiários se há muitos excelentes jornalistas profissionais no mercado?
Dirão que é porque não querem gente viciada, eu conheço essa e nem me dou ao trabalho de argumentar, tá na cara o que eles querem.
O Brasil precisa de publicações culturais, claro. Mas com essas tendências iniciais, não sei não.
Não estou confiando que algo bom possa sair de uma direção de redação que diz que vale só o escrever bem.
Gostaria de saber se eles publicarão um lindo e bem escrito texto a favor da eugenia, ou da utilização de negros africanos pobres para as experiências das multinacionais farmacêuticas. De nada duvido. Se for estético...
Só sei que quando o Antonio Candido lançou o Suplemento Literário, ele enviou um projeto aos donos do Estadão propondo pagamentos tres vezes maiores que os dos mercado para os colaboradores. Mas existe um abismo entre o Suplemento Literário e a Piauí. Vou tentar ler.
De qualquer forma, recomendo uma ótima revista de artes que existe no mercado há um ano, a Bien'art, da Fundação Bienal de São Paulo. Fala de artes plásticas, arquietura, design, cinema, teatro, etc. É séria e bela.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Que falta ele faz!

"Suplemento Literário- Que falta ele faz!" é o título do meu livro que será lançado até o fim do ano em co-edição pela Imprensa Oficial e Intercom. É a história da vida e da morte do Suplemento Literário do Estadão, marco do jornalismo cultural, projetado por Antonio Candido e dirigido por Décio de Almeida Prado, de 1956 a 1967. Lá escreviam de Drummond e Bandeira a Amado e Ligya, ilustravam de Lizzarraga a Di Cavalcanti e os leitores eram brindados com grandes críticas de literatura, numa publicação artística e literária, autônoma e independente.
Foi minha tese de mestrado defendida em 2002 na ECA-USP, orientada pelo querido professor, amigo e companheiro de tantas lutas sindicais- que não pode comparecer à banca- Jair Borin, de saudosa memória.
Terá projeto gráfico do grande artista gráfico e mestre da colagem, outro amigo querido, Tide Hellmeister, e prefácio do professor Antonio Candido.
Ontem dia 8, domingo, o Estadão fez um suplemento especial, o Cultural, comemorando os 50 anos do primeiro número. Uma edição muito linda! Fiquei muito feliz e recomendo: a edição e o meu futuro livro.Vai ficar lindo, acreditem!