quarta-feira, março 31, 2010

"Tinhorão o Legendário", dia 13 no Rio e dia 28 em Sampa

Tinhorão, à esquerda, e o jornalista e amigo Antonio Romane, na padaria da Rua Dr. Vila Nova, Vila Buarque, ponto de encontro de todos os sábados, após a passagem pela " Metido a Sebo".




Tinhorão, o legendário, minha biografia sobre o polêmico jornalista e hoje historiador da cultura urbana, será lançada no dia 13 de abril, no Centro Cultural do Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro, (Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea) , a partir das 19h30.

Também será lançado seu mais recente livro, A música popular que surge na era da revolução, (Editora 34), e Crítica cheia de graça, que reúne vários artigos (Editora Empório do Livro) .

O IMS/RJ recebe seu precioso acervo que estava em catalogação em SP e será aberto ao público até o fim de 2010, e promove uma exposição de algumas raridades, com curadoria do próprio Tinhorão, que ficará aberta ao público até 16 de abril.

Centro Cultural do IMS-RJ (r. Marquês de São Vicente, 476, Gávea) , dia 13 de abril a partir as 19h30

Livraria da Vila-Rua Fradique Coutinho, 915, São Paulo, dia 28 de abril das 18h30 às 21h30.


terça-feira, março 30, 2010

Cambalache,de Discepolo, por Gardel, 1935

Cambalache, como os Beatles, é Forever

A culpa é dos movimentos sociais?

Folha de São Paulo sobre o 1 de Maio de 1980

Greve de metalúrgicos de São Bernardo, década de 80 ( nao tenho certeza, mas a foto deve ser de Juca Martins)

Foto Carlos Caetano- Passeata de professores dia 26 de março de 2010: gás lacrimogêneo


Reproduzo aqui o comentário trazido por Dina, do Blog do Nassif, e respondo.

Dina disse...
9/03/2010 - 22:52

A fácil propaganda negativa de passeatas

Por Jotavê
Muitos irão interpretar o gesto de Serra como “autoritário”. Concordo com a interpretação. É um gesto autoritário, mesmo. Essa interpretação, porém, apesar de correta, é pobre. O gesto de Serra não é apenas “autoritário”. É calculado.

Serra está investindo numa polarização com os setores mais radicais do PT, pois aposta que essa polarização irá render-lhe dividendos políticos.

Dará a ele um inimigo diferente de Lula, mas identificado ao partido de Mercadante, ou de quem quer que venha a ser seu adversário em São Paulo.

Um inimigo que, ao contrário de Lula, é odiado pela imensa maioria dos brasileiros: o extremista político, personificado neste episódio pela diretora da Apeoesp.

É nesse extremista que Serra buscará fixar seu alvo, reservando palavras muitíssimo mais doces para o presidente Lula e para o legado de seu governo.

Bebel não será a única. Logo em seguida, haverá um confronto previsível com os extremistas que invadiram o Coseas, na Universidade de São Paulo. Será fácil induzi-los à violência – eles se instalaram nela desde o primeiro momento.

Será fácil espalhar boatos de que existem até traficantes envolvidos na invasão. Policiais à paisana, a esta altura, já devem ter identificado os melhores alvos para as câmeras da polícia. Será fácil exibir vidros e portas arrebentados – elas formarão um belo conjunto ao lado das fotos dos livros queimados pelos manifestantes do sindicato dos professores.

Estão enganadíssimos os que pensam que movimentos como o dos professores ou dos estudantes da USP irão desgastar o governo Serra. Não estou entrando aqui no mérito das reivindicações, mas apenas fazendo um comentário sobre a oportunidade e a forma como elas vêm sendo feitas.

Vocês, que ficam fascinados com o trânsito da Paulista interrompido por manifestantes na hora do rush e com os prédios públicos ocupados e invadidos por estudantes ensandecidos; vocês que admiram Lula, mas não são capazes de aprender com ele a lição que seu governo nos tem dado desde o primeiro dia; vocês que sonham com uma ruptura induzida por movimentos sociais cada vez mais aguerridos, cada vez mais radicais, cada vez mais intratáveis nos quadros institucionais; vocês, do alto de sua empáfia e das produndezas de sua incapacidade de compreender o eleitor brasileiro, estão dando uma contribuição decisiva para que José Serra seja o próximo presidente do Brasil.

1:37 AM

Elizabeth disse...
Dina, havia lido o comentário de Jotavê no Nassif.Não entendi o que ele quer dizer com:
"Vocês, que ficam fascinados com o trânsito da Paulista interrompido por manifestantes na hora do rush e com os prédios públicos ocupados e invadidos por estudantes ensandecidos; vocês que admiram Lula, mas não são capazes de aprender com ele a lição que seu governo nos tem dado desde o primeiro dia; vocês que sonham com uma ruptura induzida por movimentos sociais cada vez mais aguerridos, cada vez mais radicais, cada vez mais intratáveis nos quadros institucionais; vocês, do alto de sua empáfia e das profundezas de sua incapacidade de compreender o eleitor brasileiro, estão dando uma contribuição decisiva para que José Serra seja o próximo presidente do Brasil."
E o que ele quer dizer com "extremista político"?

É interessante como desde sempre se escuta críticas aos movimentos sociais, como esta que Jotavê faz: que interrompem o trânsito;que ocupam prédios públicos, etc..Que são "radicais".Mas que gente ensandecida, não?
Nunca se aprofunda a discussão, não se é radical, no sentido de ir à raiz, e se pergunta: por que as coisas chegam a este ponto?
As pessoas gostam de sair em passeata, de reivindicar, expostas a sanhas policiais como as que se vê nas fotos acima? Gostam de andar pela Paulista interrompendo o trânsito? Acham um programinha legal invadir prédios públicos, como o MST faz, por exemplo? Gostam de fazer greve e levar bordoadas, como os metalúrgicos na década de 80 aí em cima, e tantos outros na História do Brasil e do mundo? E queriam morrer também, como tantos?
Os metalúrgicos do ABC revigoraram o movimento sindical brasileiro, ao lado de outras tantas categorias, e de lá saiu a grande liderança que - ninguém imaginaria na época --, chegou à presidência da República.
Eu participei de muitas passeatas e de enfrentamentos com policiais , desde tenra estudante com 13, 14 anos, até a idade adulta, atravessando a ditadura. Nunca me senti feliz fugindo de bombas de gás lacrimogêneo,PMs a cavalo, pauladas e cassetadas, correndo o risco de ser presa e de ir parar sabe-se lá onde. Mas eu tinha de participar, ser coerente com minhas ideias, assim como meus companheiros. Queríamos transformar, e isso não se faz sentado dentro de casa.
"Viver é perigoso".
Em maio de 1980, no ato de Primeiro de Maio em São Bernardo, soldados em helicópteros do Exército apontavam metralhadoras para nossas cabeças, tão baixo que os nossos cabelos voavam.O poder não permitia o ato, a ida até o estádio de Vila Euclides. Negociando com a polícia, dentro da igreja, estavam o senador Teotônio Vilela, alguns autênticos do MDB, o bispo de Santo André Dom Cláudio Hummes e o prefeito de São Bernardo, Tito Costa/MDB - todos devidamente pressionados por militantes de partidos "radicais" de esquerda como Ala Vermelha, MEP, AP e outras estruturas apoiadas pelo Comando de Greve e pela peãozada. Porque Lula estava preso no Deops e o Sindicato dos Metalúrgicos sob intervenção.
Estava lá também, se bem me lembro, o bravo presidente do Sindicato dos Jornalistas,David de Moraes.
Fora, todos nós e mais as corajosas mulheres de metalúrgicos à frente, rodeando a Igreja Matriz. Até hoje quando passo por lá me arrepio.Pensei que não sairíamos vivos, e esta não foi a única vez. Estavámos felizes e contentes nesse programinha legal? E em tantos outros dos quais participamos, por exemplo em 1975, na missa ecumênica da Sé por Wladimir Herzog, conduzida pelo grande D. Paulo Evaristo Arns, cercados pela Operação Gutemberg do coronel Erasmo Dias?
Mas foi por enfretamentos como estes que chegamos à democracia de hoje.
Que infelizmente não é democracia, já que manifestações de movimentos sociais neste Estado, e em outros, ainda são reprimidas violentamente, como a dos professores, taxadas de " radicais" e sempre culpadas de tudo.
Jotavês , com suas brilhantes análises, agora culpam os movimentos sociais pela possível, para ele, vitória de Serra.

Se fossemos atrás de papos como este, análises de classes médias bem instalados no conforto de seus escritórios ditando regras, sem nunca terem vivido essas experiências "radicais", ainda estaríamos na ditadura. Pergunto ao Jotavê: onde ele estava no Primeiro de Maio de 1980? Não tinha nascido? Ou estava no conforto de seu lar, de seu escritório, ou na escola, criticando os "radicais"?
Análise semelhante fez o cão de guarda Dimenstein, na Folha, a serviço de Serra, escandalizando-se com o fato de a diretoria da Apeopesp ser composta por membros do PT, PSOL, PSTU. Horror! Como comentou o amigo Alípio Freire, companheiro de tantas lutas, agora as diretorias de Sindicatos todas devem ser apenas formadas por pessoas de direita, assim sim, Dimensteins, Jotavês e quetais ficarão felizes. Nada de "radicalismos".
Classe Média Way of Life é o blog ideal para esses "pensadores". Recomendo.
E deixo claro que não sou filiada a partido algum. Tenho dito.

Obrigada por sua participação, Dina, é bem-vinda ao debate.

domingo, março 28, 2010

Musica de Chile- Manuel Garcia

Leonel Delalana me enviou este cantor chileno que eu não conhecia, gracias Leonel.Aqui o clip de
"El Viejo Comunista" ,de Manuel García, do disco Pánico, 2006. Tema central do documentário "La Ciudad de los Fotógrafos", de Sebastián Moreno, 2007.
Por todos os viejos, e pelos que se foram. Lembrei agora de alguns, comunistas ou não, mas sempre revolucionários.Entre eles, Xose Velo Mosquera, Pepe Velo,meu querido seu Junqueira, o galego de cuja fala retirei o título deste Viva Babel.
Deixaram seus exemplos de dignidade e coragem. E o que mais se pode deixar?




quinta-feira, março 25, 2010

Qatsi, a a trilogia de Godfrey Reggio

Filmes de Godfrey Reggio - EUA,1988, música de Philip Glass

Enquanto KOYAANISQATSI trata da relação entre a natureza e a sociedade moderna, POWAQQATSI, através da justaposição da imagens de culturas antigas com as da vida moderna, expõe o custo do "progresso" humano.

NAQOYAQATSI , de 2002, o terceiro e último filme da trilogia Qatsi, focaliza a transição da sociedade do ambiente natural até o desenvolvimento industrial.O nome é uma palavra Hopi que significa: "a vida como guerra".
A primeira imagem é a pintura de 1563, da Torre de Babel, de Pieter Brueghel, o Velho, a mesma aí de cima, que ilustra sempre este Viva Babel.

Sem palavras.



KOYAANISQATSI



POWAQQATSI


NAQOYAQATSI

quarta-feira, março 24, 2010

Musica da ilha- Gonzalo Rubalcaba

Beatles Forever




Uma bendita overdose de Beatles no últimos tempos. Escrevi uma matéria sobre os 40 anos do último disco dos Fab Four,Let it Be, em 8 de maio de 1970, quando o sonho acabou.E começa assim:
“I’m Ringo, and I play drums;I’m Paul, and I play bass; I’m George, and I play guitar;I’m John, and I too play guitar. And sometimes I play the fool”.
Sai na sexta-feira, no caderno Eu &, do Valor Econômico, atenção beatlemaníacos.

Ganhei do Bebeto ( na foto) , apaixonado beatlemaníaco, um CD com raridades,como esta acima, eles falando nos ensaios, nos estúdios.Errando, corrigindo, rindo. Dezenas de grandes canções, e blues, e sempre rocks. Não consigo parar de ouvir.
"Trilha sonora de uma geração", disse uma entrevistada.
E me comovi escrevendo,eu também uma fã: eles foram,e são, e serão trilha sonora da minha vida.
Isso nem é trabalho, eu pagaria para fazer uma matéria dessas, que me levou a pessoas apaixonadas, suas recordações de adolescência, suas sweet memories.

Here comes the sun, eles anunciaram um dia.There will be no sorrow, let it be.
Let it Be...











When i find myself in times of trouble
Mother Mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be.
And in my hour of darkness
She is standing right in front of me
Speaking words of wisdom, let it be.
Let it be, let it be.
Let it be, let it be.
Whisper words of wisdom, let it be.
And when the broken hearted people
Living in the world agree,
There will be an answer, let it be.
For though they may be parted there is still a chance that they will see,
there will be an answer. let it be.

Let it be, let it be, .....

And when the night is cloudy,
There is still a light that shines on me,
Shine on until tomorrow, let it be.
I wake up to the sound of music
Mother Mary comes to me
There will be no sorrow, let it be.

segunda-feira, março 22, 2010

Mulheres são maioria nas redações?

Mas que pergunta, dirão os e as jornalistas. Claro que as mulheres , se não são maioria, estão nos 50%. E é verdade. Desde que a primeira geração começou a sair em grande número das faculdades de jornalismo, na década de 1970, as jornalistas abriram caminho enfrentando muita pedreira para provar que eram tão profissionais quanto os jornalistas, e chegavam para ficar.
Eu fui uma delas, e aprendi muito na reportagem policial, com 19 anos, ainda porta de entrada para a profissão, naqueles tempos em que as grandes mudanças ainda estavam por acontecer. Não foi fácil. Um dia conto. Mas foi divertido muitas vezes, e serviu de aprendizado para a vida toda, pessoal e profissional.
Garota saia da faculdade, que cursava pela manhã, e ia direto para a redação, com o blusão da universidade. Os jornalistas mais antigos não gostavam nada da invasão. Muitos tinham preconceito contra a universidade, e deveriam ter suas razões.
Longa história essa. Para rir e para chorar.

Mas eis que hoje dei uma entrevista para estudantes de jornalismo da PUC: duas meninas do primeiro ano e o rapaz do terceiro ano, Gustavo, que cito aí mais pra baixo, no Quem deve mudar todas as coisas? Elas disseram que, na classe, as meninas são maioria.
Estávamos falando sobre a reforma gráfica do Estadão, e elas trouxeram o caderno que explica essas mudanças. Mas, questinou uma delas, como as mulheres são maioria nas redações, se aqui nessas fotos , são quase todos homens?

Ela se referia às indicações de colunistas. Fui contar, e são 91, dos quais nove mulheres.Ou seja, 10%. Os homens todos, na grande maioria em Economia e Política, as mulheres:Caderno Dois; C2+Música;TV; outra do Caderno 2: e mais uma; e mais outra; mais uma de TV, e mais Caderno 2, e finalmente Suely Caldas, velha jornalista carioca, em Economia e Negócios.
Acho que esqueceram uma de Política, mas não sei se ainda está lá.(Entretanto, não honra a categoria).

As meninas, todas na área de cultura e divertimento, com uma exceção, e mais esta de Política, que não está nas fotos.Significa que, se as mulheres são a metade das redações de jornais, não as deixam chegar nem perto quando se trata de opinar sobre "assunto sério": Política e Economia.

Que reforma é esta do Estadão, em pleno século 21? Só na aparência não vale.


Lembrei da minha amiga Christina Rodrigues, atriz e dubladora, que me disse outro dia algo que jamais imaginei: "Preste atenção nos filmes todos e conte se não há mais personagens homens que mulheres. O mercado de trabalho das atrizes e dubladoras também está prejudicado".
Que tal, meninas e meninos?

Música da ilha, e daqui




Rubén González, do Buena Vista Social Clube, toca Siboney. Esta composição de vídeo e letra é de Simone del Rio.


Este amor, de Caetano Veloso , que compôs para a ex-mulher, Dedé.

Se alguém pudesse ser um siboney
Boiando à flor do sol
Se alguém, seu arquipélago, seu rei
Seu golfo e seu farol
Captasse a cor das cores da razão do sal da vida
Talvez chegasse a ler o que este amor tem como lei
Se alguém, judeu, iorubá, nissei, bundo,
Rei na diáspora
Abrisse as suas asas sobre o mundo
Sem ter nem precisar
E o mundo abrisse já, por sua vez,
Asas e pétalas
Não é bem, talvez, em flor
Que se desvela o que este amor
(Tua boca brilhando, boca de mulher,
Nem mel, nem mentira,
O que ela me fez sofrer, o que ela me deu de prazer,
O que de mim ninguém tira
Carne da palavra, carne do silêncio,
Minha paz e minha ira
Boca, tua boca, boca, tua boca, cala minha boca)
Se alguém, cantasse mais do que ninguém
Do que o silêncio e o grito
Mais íntimo e remoto, perto além
Mais feio e mais bonito
Se alguém pudesse erguer o seu Gilgal em Bethania...
Que anjo exterminador tem como guia o deste amor?
Se alguém, nalgum bolero, nalgum som
Perdesse a máscara
E achasse verdadeiro e muito bom
O que não passará
Dindinha lua brilharia mais no céu da ilha
E a luz da maravilha
E a luz do amor
Sobre este amor

Segredos do mar

Cantora e compositora, Flavia Wenceslau. Pintor, Pablo Amaringo.

sábado, março 20, 2010

Programa Antitabagismo do HU-USP faz política partidária(Atualizado)

He wants you- onde quer que você esteja!

Então resolvi. Há anos paro de fumar e volto, e queria parar de vez. Me recomendaram o Programa Antitabagismo do Hospital Universitário da USP, já que pertenço àquela comunidade. Me inscrevi e estava lá com a maior boa vontade, na primeira palestra, segunda-feira, dia 15, pouco depois das 8 da manhã.
Cheguei um pouco atrasada, tentanto encontrar vaga para estacionar- aliás, na semana anterior, quando fui me inscrever, roubaram o rádio do meu carro nos arredores do HU. Talvez já fosse um sinal...

Bom, o médico já estava exibindo na tela os horrores do fumo, e eu, preocupada com meus horários, perguntei à psicóloga ao lado quanto tempo durava a palestra. O médico viu e comentou: "Já tem gente aqui querendo saber quando acaba para fumar!"
"Não, meu senhor, minha preocupação é com o trabalho", respondi.
Pensei: vou descartar os horrores do fumo, que já conheço todos, tantas matérias escrevi sobre o tema, descartar a grosseria do palestrante metido a engraçado e aproveitar o atendimento médico e psicológico gratuitos. Na platéia, em sua maioria, humildes funcionários da USP.

Lá pelo meio o médico citou meu amigo Paulo Cesar Bontempi, que trabalha na secretaria da ECAUSP, e parou de fumar no programa, há cinco meses. Eu comentei: "É verdade, no entanto Paulinho me disse que está revoltado, e se sente muito mal, pior do que quando fumava, e só entrou no programa por causa da proibição do governador de se fumar em qualquer recinto fechado deste Estado".
O médico fez que não ouviu.

Prosseguiu com suas imagens tenebrosas até chegar na do governador Serra, nosso Guru Mental, Espiritual e Corporal- como afirma o hilário professor Hariovaldo de Almeida Prado-todo bonitinho, em sua heróica luta contra o fumo. E afirmou:

"Sou apolítico, não sou a favor de Serra nem contra Lula".

Para exibir, em seguida, a imagem de Lula fumando. Tirada quando uma repórter o flagrou , tempos atrás, fumando no gabinete e ele respondeu algo como "eu posso fumar na minha sala".

Completou o médico: "Mas o Lula teve de parar de fumar recentemente porque ficou com pressão alta. E além disso, ele bebe...."

Soube depois que o médico "apolítico "chama-se João Paulo Becker Lotufo, é pediatra, superintendende do Hospital Universitário (HU) da USP, responsável pelo Projeto Antitabagismo do mesmo Hospital. (Retificando: o médico NÃO é superintendente do HU).

Declaro aqui que o dr. Lotufo utiliza indevidamente um Programa de um hospital público para fazer política partidária, certamente a mando de seu Guia e Guru não fumante. E que está, sim, do lado dele, e portanto, não é apolítico.

Que as pessoas que vão lá estão interessadas em parar de fumar, estão necessitadas de ajuda, e não devem ser objeto de política partidária. Não estão interessadas se o político X não fuma ou se o presidente fuma.

Declaro, também, que o dr. Lotufo é responsável por eu ter desistido do seu Programa, psicologicamente afetada.Que é mal intencionado e tenta usar os pacientes para fins político-partidários. Só isso já seria um bom caso de (falta de) ética a ser estudado pelo Conselho Regional de Medicina.

E que recorrerei ao meu médico particular para parar de fumar.Ele não me falará de política partidária, não tentará fazer minha cabeça, mas cumprirá sua missão simplesmente médica.

Que, aliás, é o que deveria fazer o dr. Lotufo, cujo salário é pago por nós, o povo do Estado de São Paulo.

Médico do HU responde
Cara blogueira (não encontrei seu nome no blog),Encontrei este seu comentário pois sou funcionário do HU e programo o Google para encontrar as notícias do HU.Preciso fazer um pequeno reparo:O Dr João Paulo Becker Lotufo, responsável pelo Programa Antitabágico do HU, é um excelente médico pediatra da instituição que, com seu programa, já deve ter aumentado a sobrevida e a qualidade de vida de um número de pessoas muito mais significativo do que a maioria dos médicos, cujo enfoque é somente tratar das complicações do fumo.O superintendente do HU se chama Paulo Andrade Lotufo, que é clínico e também é titular de Epidemiologia da Faculdade de Medicina da USP. Em sua área, ele conta as vidas dizimadas pelo cigarro e dá subsídios para que o Dr João Paulo continue sua luta.Apesar do nome parecido, não são parentes - talvez longinguos, mas não se conheciam antes de se cruzar no meio médico.Sou Carlos Marcello,médico clínico do HU, ex-fumante de quase 2 maços por dia - parei há 26 anos. Já assisti à palestra do Dr João Paulo e a considero excelente. Palestra motivacional deve servir para sensibilizar o maior número de pessoas possível e não a pessoas individualmente.Da mesma forma como você se equivocou ao confundir o pediatra com o superintendente, creio que você se equivocou com suas conclusões sobre o excelente trabalho do Dr João Paulo que é pessoa séria e extremamente bem intencionada. Não merecia o seu comentário.Atenciosamente
Carlos Marcello

Prezado Carlos Marcello

Meu nome, como você pode ver em Perfil, acima à direita, é Elizabeth, e se clicar no livro “Que falta ele faz!” verá que me chamo Elizabeth Lorenzotti e sou jornalista.
Obrigada pela informação: então o dr. João Paulo Becker Lotufo não é superintendente do HU.Retifico.
Mas absolutamente não retiro o que disse. O sr. disse que o dr. não merece meu comentário.Quem não merece o aporte político-partidário do Programa somos nós, as pessoas desavisadas, que chegam a uma instituição pública em busca de ajuda, e são envolvidas em informações que absolutamente não nos dizem respeito.
Folgo em saber que o senhor, médico e funcionário do HU, parou de fumar há 26 anos.Que sorte! Também é uma agradável surpresa saber que existe um funcionário público zeloso assim, (“ sou funcionário do HU e programo o Google para encontrar as notícias do HU”), que em plena manhã de domingo está trabalhando.

Mas não tente me desqualificar, dizendo que assim como me equivoquei com a função do Lotufo, tambem me equivoquei com o restante. Distorcer não é bonito.

Saudações


Resposta de Paulo Cesar Bontempi

Como o tal funcionário citado na palestra e na matéria (Paulo Cesar) devo concordar integralmente com Elizabeth Lorenzotti, jornalista séria e competente que conheço de longa data. Corrigindo a informação do "superintendente", pois fui eu que lhe passei essa informação equivocadamente. Esse programa realmente esbarra na propaganda e panfletagem partidária. Não parei de fumar por causa desse programa, porque acho a sistemática completamente equivocada, além de tudo o que já foi dito. De motivacional não tem nada. A preocupação dos profissionais não é com os fumantes, e sim com os não-fumantes, e aí mais uma vez o partidarismo e moralismo camuflados se apresentam. Só parei de fumar por causa dessa lei ridícula, desse candidato a presidente ridículo e do terrorismo ridículo a que nós fumantes vivemos expostos. Cansei disso, parei de fumar pelo mesmo motivo que me motivou a começar a fumar (PORQUE EU QUIS - por prazer, e nessas condiçoes não fumar em São Paulo virou "prazer"). Quando as pessoas voltarem a ter liberdade neste estado, volto a fazer o que sempre quis e o que sempre tive vontade de fazer e nunca me fez mal. Porque, agora sim, eu me sinto pessimamente mal e não acho que a minha vida ou minha saúde melhoraram por causa do não fumar. E agora que preciso, ninguém me oferece ajuda ou pergunta como estou, se estou precisando de algo ou sequer se estou bem. O que importa é que apenas sou mais um número positivo nas estatísticas dos médicos e psicólogos do programa. Para eles eu sou apenas um doente, bandido, criminoso, quiçá um traficante de drogas e assassino do pulmão alheio - que se "regenerou" ou se "converteu".
Mas porque os governos e programas anti-tabagistas nada fazem contra os verdadeiros traficantes (fabricantes e comercializadores) e contra os criminosos que se utilizam do dinheiro desse tráfico (o próprio governo e, dentro dele, o Sr. Serra, que jamais terá meu voto para nada!). E vivas à democracia!
Antes que me esqueça, tenho que reconhecer e tecer meus agradecimentos à enfermeira Lazinha, do Programa, a única pessoa que me tratou como cidadão (e não como doente ou criminoso) e realmente tentou me ajudar no que lhe era possível. A ela, e somente a ela, meus agradecimentos. E à Elizabeth peço minhas sinceras desculpas por tê-la colocado nessa fria. Achei que pudesse ajudá-la mais do que ajudou a mim!
---------

Dá-lhe cidadão Paulinho.Não me colocou em fria alguma, apenas me deu a oportunidade de denunciar mais esse aproveitamento do espaço público para fins políticos oportunistas. Estou com você, abração.

sexta-feira, março 19, 2010

Monty Pyton-Futebol dos Filósofos

"Onde estávamos nós quando fomos brutalmente interrompidos?"

Eu vou nesse Sarau de "poesia, música, e alguma anarquia" hoje no Bixiga. Segue o convite:

EMBRIAGAI-VOS !

"É necessário estar sempre bêbados...Para não sentir o fardo horrível do tempo, que abate e faz pender a terra, é preciso que nos embriaguemos sem cessar. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achar melhor. Contanto que nos embriaguemos".
Tudo se resume a isso, eis o único problema...

Baudelaire
*****
o INSTITUTO CULTURAL LATINOAMERICANO
(ou VIANINHA'S BAR)
convida a todos para a reunião (sarau, tertúlia ou sei lá...)

Poesia, música e alguma anarquia

"ONDE ESTÁVAMOS NÓS,
QUANDO FOMOS BRUTALMENTE INTERROMPIDOS?”

...é o início das reuniões, que desejamos periódicas, mensais, onde possamos expressar, através de palavras, sons e gestos, o que houver de mais humano em nós.

******

Nós não vamos pagar nada...
Venha arranhar o vento, traga seu poema ou sua lira para os nossos ouvidos atentos. É grátis.
- Bebida e petiscos a preço justo.

SERVIÇO
Quando: sexta-feira (19/mar) - A partir das 20h
Onde: Rua Abolição,244 - BELA VISTA - fone 31o474o1
referências:
início das ruas Sto. Antonio e São Domingos

quinta-feira, março 18, 2010

Quem pode mudar todas as coisas?

Contrastes, foto de Gustavo Ceratti, aluno da PUC.

Paraisópolis, zona sul de São Paulo, a segunda maior favela da cidade com cerca de 80 mil habitantes, ocupando área de aproximadamente 10 km².

Estive hoje na PUC dando uma palestra na disciplina Jornalismo e Literatura, para alunos de graduação do terceiro ano, da turma do meu amigo e companheiro de sofrimento na redação da Folha, século passado, Wladyr Nader, jornalista e escritor, criador da já histórica revista Escrita. Falei para eles sobre o Suplemento Literário do Estadão, meu livro e minha dissertação de mestrado, contando a história do paradigmático caderno cultural criado em 1956 por Antonio Candido.
Falei sobre o jornalismo atual e sua falta de rumos, o que acontece também, claro, com seus suplementos culturais. Levei o novo caderno, o Sabático, lançado no último sábado pelo Estadão em substituição ao Cultura, sucessor do SL. Ninguém conhecia, eles lêem a Folha.
As maiores diferenças nesse projeto estão na parte gráfica. Embora a parte cultural do Estadão seja bem melhor que a da Folha, na minha opinião, não vi nada de novo no Sabático nesse aspecto. Tem uma boa entrevista com Umberto Eco, sobre o fim do livro ou não. Trará sempre a reprodução de um artigo do velho Suplemento Literário, a melhor parte esta.
Mas os ícones, que têm maior presença no Sabático - embora espalhados pelo jornal todo- como este
}
chave de equação algébrica, que me lembre, não têm explicação e sempre estão colocados como chave de fechar. Não abrem. Projeto de artistas gráficos de um escritório de Barcelona, terra das artes.
Tide Hellmeister, grande artista gráfico e plástico, grande elaborador de belos projetos gráficos de tantos jornais e revistas, deve estar rindo lá do Além, mais uma vez.Quantos artistas talentosos e criativos temos aqui -o maior deles era o Tide, qualidade reconhecida por seus pares-e sempre teimam em contratar os de fora.

Já sobre a Folha, que também fez sua reforma gráfica, nao posso comentar, pois ainda não li.Aliás, não leio a Folha, só na diagonal online.

Entretanto, sabemos, ao longo dos anos, que essas reformas são paliativas, não é possível encontrar uma forma ideal sem conteúdo ideal, indossoluvelmente ligados. E conteúdo bom não é mais o informativo- está na internet a notícia do dia, está no rádio e na TV, está nos celulares-
mas o analítico e reflexivo. E sem manipulações, respeitando o leitor.

O Estadão ainda continua mais confiável em se tratanto de apuração de notícias- tanto que uma hora depois que a Folha online noticiou erradamente a trágica morte de seu próprio funcionário, o Glauco , por assalto, o concorrente on line desvendou a verdade.

"Saiam de trás de seus notebooks", disse Gay Talese entrevistado no Brasil ano passado, aos jornalistas.

Foi o que repeti aos alunos da PUC, e também disse que só nós podemos mudar as coisas. Nada é imutável, e só a ação do homem pode transformar.

Sempre que falo isso, vários olhos me interrogam, surpresos. Quando cheguei, recebi este email de um dos alunos, de cerca de 20 anos:

"Elizabeth, meu nome é Gustavo Antonio Ceratti Silva, falei com você hoje ao final da aula do professor Wladyr, na PUC. Como disse, sou repórter e editor de fotografia do jornal ContraPonto, o jornal laboratorial do curso de jornalismo da universidade. Estou com uma pauta a respeito da recente reformulação gráfica do Estadão e do anunciamento, também recente, do novo projeto gráfico da Folha. O meu interesse é o de abordar criticamente o que leva os jornais a se importarem tanto com a sua diagramação, bem como as conseqüências das mudanças acarretadas por esse fenômeno, o que o justifica, se é que se justifica, entre outras questões.
A linha editorial do jornal é a de criticar a imprensa, ou melhor, a midia em si, positiva, ou negativamente. Seria muito interessante contar com o seu depoimento para enriquecer a matéria.
Mudando de assunto, foi um prazer conhecer você hoje na aula do professor Wladyr. É sempre bom entrar em contato com pessoas que revivem os nossos sonhos, os quais muitas vezes acabam por se diluírem na rotina — como é o meu caso —, mas confesso que acredito e vislumbro um jornalismo como você descreveu hoje, mesmo sendo difícil persistir nesse sonho que me levou a cursar essa faculdade. Infelizmente parece não existir espaço para uma produção jornalística de qualidade, mesmo assim as possibilidades encantam. Obrigado por reacender essa chama em mim, pelo menos por hoje, e que continue assim".



quarta-feira, março 17, 2010

Rojas


Os pés dançam em sapatilhas
Tesão vermelho no prosaico dia-a-dia
para pisar seja qual chão, barro, asfalto
Cinderela a usar seu par de maravilhas
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Existe encanto, e como não seria?


terça-feira, março 16, 2010

Boas notícias

“Fui com meus educandos de Paraisópolis na exposição do Tide na Caixa Cultural, no dia que a Marlui Miranda se apresentou lá. E daí vi seus textos, a exposição é linda, muito boa. Eles gostaram mais do que a do Borges, que remete à cultura e à origem deles né! Apesar que hoje em dia a cultura deles foi tão abafada, sufocada, que praticamente inexiste. De qualquer forma, achei bem bacana que eles gostaram e daí lembrei dos velhos tempos da redação, das nossas conversas”, me escreve Carla Prates, que há anos se divide entre o jornalismo e a educação dos meninos da favela. Fiquei muito feliz por eles terem gostado da lúdica expo do Tide, criançada adora mesmo.

E aproveito para reproduzir texto da Carla, A Ditadura do Medo, no seu blog Catarse

Desde o início do ano, a imprensa investe no que eu chamaria de A Ditadura do Medo. Não que o sensacionalismo não fosse seu principal recurso de audiência há tempos, mas agora a coisa se intensifica e as tragédias naturais são o alvo-mor. Nada melhor do que investir nas catástrofes, que tanto amedrontam e assolam a humanidade desde os primórdios, para estabelecer uma cultura do medo. Se temos medo nos tornamos passivos e nos protegemos, é uma sensação que provoca defesa e não ataque. E será que não é isso que se quer? Instituir a passividade? Educandos me disseram que seus pais, influenciados pelas más notícias da TV, já a apontam como um dos motivos de não deixar os filhos sairem de casa. A violência e agora as catástrofes, como deixar os filhos sairem de casa em um mundo como este? E isso é tão irracional que, mesmo diante de especialistas dizendo que não há evidência de hoje ter mais tragédias do que antigamente, muitos ainda acreditam no fim próximo. Melhor mesmo ficar em casa, protegido, assistindo mais e mais televisão... mas e se um terremoto ou tsunami invadir pela nossa porta adentro? Quem poderá nos salvar em tempos tão instáveis?
Só mesmo tomando uma cerveja Devassa e comemorando a falta de criatividade dos nossos publicitários, que teimam em explorar o corpo da mulher e associar esse prazer ao da cerveja, e que seja feito um brinde também à ditatura do medo e da violência.
Lembrei de Brecht:
"Nós vos pedimos com insistência: Nunca digam - Isso é natural - diante dos acontecimentos de cada dia, numa época em que é derramado
sangue inocente, em que o arbitrário tem força de lei, em que a
Humanidade se desumaniza, não digam nunca - Isso é natural - a fim de que nada passe por imutável."

segunda-feira, março 15, 2010

sábado, março 13, 2010

"Do mal, será queimada a semente..."

Nelson Cavaquinho, dele e de Élcio Soares

Juízo Final



O sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente


É o Juízo Final, a história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver, a maldade desaparecer



O amor será eterno novamente

sexta-feira, março 12, 2010

Glauco

Abatidos a tiros, ele e seu filho, em sua casa, esta madrugada.

Há tempos em que não se tem mais o que dizer.
Esta sexta-feira deve ter sido um dia em que os deuses estavam bem distraídos, cansados de nós.




quarta-feira, março 10, 2010

Homens, mulheres e planetas


Por Cap. Pepe (o homem que ama as mulheres)


Artigo esclareceder e esperançoso sobre por que homens e mulheres vivem em planetas diferentes. Não concordo com tudo, especialmente no referente às lideranças feministas norte-americanas da década de 60- acho que elas foram radicais porque precisavam ser, num país daqueles, onde Panteras Negras precisaram, também, ser radicais. E a história da queima de soutiens, que ficou para a eternidade, na verdade é mal compreendida. Mas isso é conversa pra outro post específico.
Concordo com todo o resto deste ótimo texto, e muito mais importante, por vir de um homem.
Enjoy it, garotas y rapazes.

Sim. Viveremos eternamente em planetas diferentes. E jamais haverá justiça plena entre eles. As habitantes de um, eternamente terão mais peso para carregar que os habitantes do outro. A natureza é palavra feminina, mas tomou decisões irreversíveis que prejudicaram a mulher. A nós, deu uma glande que proporciona prazer até contra a vontade das mulheres. A vocês um clitóris que para dar prazer depende da habilidade, da capacidade e da preocupação dos homens com relação à parceira A nós deu a possibilidade de ligar o sexo ao poder, se quisermos até o poder discricionário e vil. Só nos podemos estuprar.
A nós deu a possibilidade de sermos desde crianças lúdicos com relação ao sexo. Antes mesmo de tomarmos consciência da sexualidade, o pênis é um brinquedo, com o qual miramos alvos, escrevemos nomes nas paredes, fazemos concursos de distâncias, de tamanhos. E essa possibilidade pode e talvez até tenda a se projetar no adulto, tornando mais fácil para o homem ver sempre o sexo como algo mais lúdico que a mulher.
Vocês menstruam, o que significa modificações hormonais que incidem sobre todo o corpo e comportamento. Vocês engravidam e aleitam , tornando-se mais vulneráveis, deformando o corpo e, junto com a vida ,gerando a responsabilidade de cuidar da cria. Para nós, participar dos cuidados é uma questão de escolha, de sensibilidade, de caráter. É mais fácil para nós tomarmos uma opção de abandono irresponsável que para vocês que geraram dentro do seu corpo
Tantas diferenças corporais e funcionais fatalmente gerariam diferenças no funcionamento das mentes. Por isso, acho que a natureza determinou que vivêssemos sempre em planetas diferentes
Mas esses PLANETAS DIFERENTES poderiam ser e quero crer um dia serão UM MUNDO SÓ. Sei que para o injustiçado, haver justiça amanhã ao alvorecer é muito tarde.
Mas acho que caminhamos muito, embora estejamos ainda muito longe. E caminhamos a despeito de carência de boas lideranças e de um início taticamente errado com as Friedans que se multiplicaram e se perpetuam em “’órgãos da defesa da mulher” que lutam contra o micro e nem sabem onde está o macro
Queimar soutiens é ter como alvo a natureza que criou os seios, obras- primas de beleza, fontes de prazer para o dois sexos e essenciais ao desenvolvimentos da vida. Tão marcantes para a espécie humana que a tornou a única entre os mamíferos a transformar o leite em um alimento para toda a vida. É opor-se à Lei de Newton, é contrariar o incontrariável, porque é a lei que rege o Universo.
E os atuais “’órgãos da defesa da mulher” saem vestindo o ridículo pensando que é armadura, e arremetem contra o micro como se fosse macro ao fazer tanta celeuma em torno de uma propaganda de cerveja. Assisti outro dia um programa de TV em que uma representante desse órgão era desmontada peça por peça (tem gente que não tem raciocínio, tem peças encaixadas mecanicamente) por Ana Lúcia Miranda, uma feminista desde que nasceu. Teria pena dela, se mais dó não tivesse das mulheres que dependem dela para serem defendidas
Foi uma marcha que começou com a vitória em uma batalha fundamental que não foi travada por nós, mas pela tecnologia ao dar à mulher o controle sobre a procriação. Desta vez, inusitadamente, foi possível romper uma barreira criada pela natureza que dificultava a luta pela igualdade.
Depois, essa marcha foi feita quase sem liderança, apesar de centenas de “lideres” que dela tentavam e persistem querendo se apossar. Essa marcha foi feita por milhões de Elizabeths e milhares de Zés. Está ainda incompleta, mas as barreiras institucionais, nós as derrubamos em quase todo o Ocidente. Verdade que nisso tivemos a ajuda de muitos “machistas”para os quais a liberdade da mulher (desde que não fosse a deles) era importante porque ampliava o campo de caça.
Ambos biologicamente nascemos no século XX. Mas culturalmente eu nasci no XIX. E juntos ajudamos ainda no meio do século XX a abrir as portas para o XXI. Éramos uma minoria absoluta lutando em um mundo que vivia ainda o tabu da virgindade, em que uma película era mais importante para um casamento que o vestido de noiva. Era um mundo em que fidelidade tinha que ser eterna e apenas da mulher. Era um mundo em que a própria mulher favorecia o opressor , permitindo e colaborando para que fossem divididas entre “puras”e “vagabundas”
Não quebramos isso apenas institucionalmente. Hoje, se um jovem ler nossos e-mails, nem saberá do que estamos falando por exemplo, na questão da virgindade. Em grande parte após rompermos as barreiras institucionais mudamos também o comportamento.
Essa é a arena de hoje e do futuro. Temos que transformar mentes. Não é uma batalha espetacular, cujos resultados apareçam de imediato, como as do passado. É diária, na maioria das vezes individual, com resultados difíceis de serem aferidos. Mas acredito firmemente na vitória. Em breve vou montar no meu pingo e galopar para fora deste mundo velho sem porteiras. Bem mais tarde você também partirá. Mas as Beths com sua “ira sagrada” contra as discriminações que persistem, ajudadas pelos Zés, continuarão. Até que tenhamos dois planetas em um mundo só
beijo

segunda-feira, março 08, 2010

De volta a Saigon


Correm pelo rio as lanternas vermelhas, noite indecifrável.
Teu peito, ta poitrine, sombra, lembrança que escorrega pelos lençóis, noite de insuportável calor.
Não-cidade, burgo, ajuntamento.
Vastas solidões.
Ventiladores de teto, cortinas a voar, meu olhar vagueia e o quarto lembra: hotel em 2004, Rio de Janeiro, Rua do Catete.
Outros outubros viriam, outros estorvos, pregadores a te entregar folhetos de salvação em Copacabana.
E o belvedere de Santa, que nunca mais encontrei, mas a ladeira.
Amor? Eu me rio, como Iza, com gargalhadas gerais, porque aquele tempo já era.
Onde o manto a me proteger? A star fall?
E as gotas de chuva na noite, e a janela para a fábrica no bairro do Pari, e a janela para os edifícios de Pompéia.
Décadas.Nada mudou e tudo é já outra coisa.
Não há clemência para alguns de nós.
Não há dó nem piedade.
Apenas a literatura.
(27.12.2009)

Piva faz da vida a sua arte

Eu o via nos bares, principalmente nos bares, e chegava bradando, gesticulando, aparecendo. E me acostumei com ele, mas pouco conhecia de sua poesia. O Piva. Fui conhecendo com o passar do tempo, até que vi o belíssimo documentário de Ugo Giorgetti, Uma outra cidade, Poesia e Vida em São Paulo nos anos 60, com os poetas da geração de Piva.
Voltei a ler Piva aqui e ali. Depois, o vi no Parque da Água Branca. Não tive coragem de falar com ele, ali, sem camisa, ao sol das 11 horas, lendo um livro, um companheiro sempre perto ( sorte do Piva, ao menos nisso, pensei, um companheiro sempre por perto).
Então, fiz um poema para ele e para seu amigo de sempre, Wesley Duke Lee, hoje sofrendo de Alzheimer. Muita dor para tão grandes artistas, e para nós.
Fui procurar e achei na internet notícias sobre seus problemas de saúde e de $$. Cheguei mais perto e também entrei na corrente pró-Piva.

E neste sábado , dia 6, fui ao Viva Piva, corrente de solidariedade pelo poeta que tem Parkinson, fez uma angioplastia e passará por extirpação de próstata, e espero que encontre um bom lugar no Hospital das Clínicas.

Encontrei lá meu querido amigo de adolescência do Colégio Estadual Doutor Octávio Mendes, Edson Motta, companheiro da nossa Roda de Poesia. Fiquei feliz por encontrá-lo, como eu, ainda continuando a amar a poesia e os poetas.
Encontrei o professor Boris Schnaiderman e sua mulher, professora Jerusa Pires, dois novos velhos amigos que fiz recentemente, nem sei explicar como. Bravo casal de intelectuais de respeito, não na torre alienada, aqui embaixo, com a gente. E nos abrindo trilhas.

Velhos companheiros da geração de Piva: Claudio Willer, Bicelli, entre os que me lembro. Novos, como o escritor Marcelino Freire e o ator e dramaturgo Mário Bortolotto. E tantos outros que subiram ao pequeno palco do b_arco, em Pinheiros, para declamar as poesias de Piva, celebrá-lo e contar suas histórias engraçadíssimas. Porque o poeta é bem humorado.

Alberto Marsicano, citarista discípulo de Ravi Shankar, poeta e tradutor de poesia, tocou Coltrane, Hendrix e Raul Seixas para Piva. Edivaldo Santana, amigo dos professores, encerrou o espetáculo com sua música ricamente simples e cheia de citações.

Massao Ohno está aqui, ouvi dizerem. Não o encontrei, o editor de vanguarda da década de 60, que publicou Piva, Hilda Hilst, tantos e tantos talentos inumeráveis. Resgatei no baú agora o depoimento que ele me deu em 1994, para um projeto daqueles maravilhosos do sempre maluco criativo Tide Hellmeister. Que começou a fazer capas de livros com o Massao, mas me disse que nunca entendeu nadica das conversas intelectuais do pessoal. Esse grande artista que foi ali e volta já, amante dos surrealistas, amaria também o clima do Viva Piva.

Há quanto tempo eu não sentia esse calor. Esse revival de tempos em que tudo era Nós, e não Só Eu. Exato pensamento de Massao Ohno naquele texto de 1994. Ele escreveu Devaneios ao crepúsculo especialmente para o Tide, coroando seu belísismo depoimento.

Pois é meu caro. Como diria Drummond, ‘o primeiro amor passou, o segundo amor passou..et La vie continue’.Trinta anos se passaram e tudo ficou muito mais caótico. Tivemos que criar técnicas mais sofisticadas de sobrevivência, perder a ternura sem endurecer, aprender a dissimular sem mentir, a responder com perguntas, a proferir sem nenhum eco em resposta. Somos os mistificadores do caos. Que os deuses nos poupem. Somos uma hipótese sem tese. Indemonstráveis, portanto.

E mais:

Músicos, poetas, pintores, artistas, no geral e no particular, insurgi-vos! O mundo não é apenas um vasto circo de variedades, de consumo frenético. Viver é um ato prodigioso, uma dádiva a ser desfrutada, segundo a segundo, até a finitude.


Este o espírito da geração de Roberto Piva.

Aqui, alguns textos que podem dar uma ideia da bela noite de solidariedade, afeto, encontros e reencontros de gerações de doidos de pedra y loucos varridos.

Viva eles! Viva nós! Viva Piva!

Alberto Marsicano

Num transatlântico espanhol, sob o olhar pasmo dos passageiros, arranquei as folhas de Paranoia (obra prima de Piva), coloquei cada uma delas numa garrafa (que arrumei na cozinha) e arrojei-as ao alto mar, proferindo a conjuração poética: 'O pensamento profético de Piva singrará os Sete Mares'."

E textos de Roberto Piva:


Tudo o que vocês chamam de história não é senão o nosso plano de fuga da civilização de vocês.
*
Se o coito anal derruba mesmo o capital? De certa forma sim. Se a sociedade inteira for homossexual, acaba a reprodução de mão-de-obra e, portanto, acaba o capital. Não só o capital, a espécie humana. O que talvez fosse interessante. O herdeiro seria a onça pintada que, comovida, agradeceria.

*

Poesia é iniciação, uma linguagem hermética. Os primeiros poetas eram xamãs e curandeiros, assim como o teatro na Grécia antiga era um teatro de cura. O caráter centáurico de minha poesia consiste em que ela se lança do fundo do mundo mágico até as esferas mais altas e mais livres
*
Existem dois tipos de leitores: um que acumula, enciclopedicamente,conhecimento na cabeça, e isso não serve para nada. E outro, que transforma aquilo que lê em seu sangue, em vida. Eu sou um leitor assim: tudo que li, transformei em minha vida. Segui aquela frase de Octavio Paz: “Poesia é a subversão do corpo”.
*
Só acredito em poeta experimental que tenha vida experimental. Não tenho nenhum patrono no “Posto”, nem leões-de-chácara & guarda-costa literários nas redações de jornais & revistas. Nada mais provinciano do que os clubinhos fechados da poesia brasileira, com seus autores-burocratas tentando restaurar a Ordem & cagando Regras que o futurismo, dadaísmo, surrealismo & modernismo já se encarregaram de destruir.
*

Com a poesia domada, a ditadura é da informação. O monopólio informativo favorece à subordinação administrativa em seu papel de controle social. A imagem do Estado policial se trata menos de uma repressão franca e policial que de uma opressão insidiosa caracterizada pelo domínio do conjunto dos comportamentos.

sexta-feira, março 05, 2010

Viva Piva:Trecho de carta do jovem Modigliani

Comentário do poeta João Carlos Pompeu no portal do Nassif, onde também postei noticia sobre o espetaculo pelo Piva neste sábado, aí embaixo. Os três volumes com suas poesias completas (lançados recentemente pela editora Globo), a nova edição de Paranóia (Instituto Moreira Salles) e Roberto Piva – entrevistas (Azougue Editorial), estarão à venda, com a renda totalmente revertida para ele.


"Nós temos direitos diferentes dos das pessoas normais, pois temos necessidades diferentes que nos colocam acima - é preciso dizer e acreditar - da moral delas. Seu dever é o de nunca se consumir no sacrifício. Seu dever real é o de salvar o teu sonho. A Beleza, tem, ela também, direitos dolorosos, que criam no entanto os mais belos esforços da alma. Todo obstáculo ultrapassado marca um incremento de nossa vontade, produz a renovação necessária e progressiva de nossa aspiração. Obtém o fogo sagrado de tudo o que pode exaltar tua inteligência. Tente provocá-los, perpetuá-los, esses estimulantes fecundos, pois somente eles podem levar a inteligência a seu poder criador máximo. É por isso que devemos lutar. Podemos nos fechar no círculo de uma moral estreita? Afirme-se e supere-se sempre. O homem que não sabe extrair de sua energia novos desejos, e quase um novo indivíduo, destinado a sempre demolir tudo o que sobrou de velho e podre, para afirmar-se, não é um homem, é um burguês, um merceeiro, o que você quiser."


Extraído de carta do jovem Modigliani ao amigo Oscar Ghiglia, do livro Modigliani de Christian Parisot

quinta-feira, março 04, 2010

Viva Piva

Espetáculo para arrecadar fundos para o grande poeta Roberto Piva, que passou por uma angioplastia e precisa de recursos para seu tratamento médico.
Grandes poetas nunca têm dinheiro.Maiakóvski dizia que os poemas nao lhe deram rublos, mas ele apenas precisava de uma camisa lavada e clara. Piva é fã de Maiakóvski.
Quem puder ir sábado, assistirá, tenho a certeza, a um comovente espetáculo.

A partir das 20h30
Rua Virgilio de Carvalho Pinto,426, Pinheiros

Não será cobrado ingresso, mas aceitas doações em dinheiro ou cheque.

Roberto Piva
CPF 565.802.828-00
Banco Itau
Agencia 0036
conta 20592-0


IV

Dêem-me um anestésico. A vida dói e arde.

Não sei controlar meus impulsos demoníacos.

Não acredito em forças de outro mundo.

Sou eu, meus versos e o perigo das frações.

Arranco minhas víceras poéticas do ostracismo.

Trezentos dias e cinqüenta noites marianas.

O caracol de meus cabelos caídos no chão de espelhos.

O sangue e os olhos transformados em areia cinza.

A árvore sem galhos esconde os meninos saltimbancos.

Foi-se o tempo em que se acreditava nas histórias ditas.

Sempre começo pelo meio e jamais olho para os lados,

enquanto rio e sufoco meu próprio rosto turvo.

Minha maquiagem, os primeiros tombos das gaivotas.

Atiro farpas e pragas para antigos e mórbidos desejos.

A torre delirante de um neocórtex em latência,

ou o pedúnculo, ou o miocárdio, ou o octocentésimo.

Quatro poemas nos espaços angustiados do processo.

Sou eu? Sou ateu? De que me valem as respostas?

As idéias me levam ao eterno estado de castidade

entrelaçado neste puro estado de sonho e malogro.

Vai Passar

quarta-feira, março 03, 2010

Edir Macedo vira jornalista

De Jornalistas & Companhia

"O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio deve fornecer carteira de identidade de jornalista a Edir Macedo, fundador da Igreja Universal – esta foi a decisão do desembargador Fernando Marques, do TRF da 2ª Região, para o recurso por ele julgado. Macedo tenta obter esse documento há algum tempo. Ele tem um registro especial de jornalista colaborador e, anteriormente, o Sindicato negou-lhe a carteira sob o argumento de não haver o registro profissional. Macedo requereu na Justiça a habilitação, perdeu em primeira instância em 2001, entrou depois com um recurso no TRF. A decisão saiu em agosto de 2009. Quando o STF extinguiu a necessidade do diploma para exercício da profissão, o TRF acatou o pedido. O Sindicato foi informado agora em fevereiro e entrou com uma petição, na qual afirma que cumprirá a decisão, e informa as exigências para a expedição do documento, entre elas o registro profissional no Ministério do Trabalho. O Sindicato questiona o reconhecimento, pela Justiça, do registro de colaborador, que não existe na lei, e lembra que, sem necessidade do diploma, qualquer pessoa pode tirar o registro profissional. Não é mais necessário diploma, mas o registro ainda é necessário.

Procurada pelo J&Cia, a direção da Igreja Universal respondeu que não pretende comentar o assunto. Suzana Blass, presidente do Sindicato do Rio, marcou sua posição para o J&Cia. –

Como foi recebida essa decisão na diretoria do Sindicato?
Suzana Blass – Não faz sentido esse mandato segurança vir para o Sindicato do Rio. Quem substitui o Estado na concessão do documento de identidade é a Fenaj, os sindicatos são apenas um balcão receptor nos estados. Então, recomendamos que ele se dirija à Fenaj.

J&Cia – E o que o Sindicato vai fazer?
Suzana – A decisão judicial vai ter que ser cumprida, qualquer que seja. A diretoria se reuniu hoje [3ª.feira, 2/3], com os advogados, para avaliar as consequências de a primeira carteira de habilitação em diploma ser concedida a um empresário que fez carreira como líder religioso, e não como jornalista, e que sofre processos na Justiça.
J&Cia – Empresários também eram Roberto Marinho (OrganizaçõesGlobo) e Ary Carvalho (Grupo O Dia), e tinham registro...
Suzana – Eles sempre foram homens de jornal, e solicitaram seus registros no momento em que a lei passou a exigir o diploma, permitindo a concessão do registro a quem exercesse a profissão anteriormente. Já que a queda do diploma é irrevogável, é preciso haver critério: é preciso ter curso superior, ficha limpa na polícia. Quando se derrubou a necessidade do diploma, ninguém imaginou que qualquer pessoa pudesse solicitar o registro. E se amanhã um miliciano pede a carteira? [Refere-se às milícias que agem no Rio e são constantes nas páginas de Polícia.]
J&Cia – Como o Sindicato vê a decisão?

Suzana – É uma ironia que a TV Globo e a Folha de S.Paulo, os veículos que mais brigam com a Universal – dona da TV Record, principal concorrente da Globo, e da Folha Universal, o jornal de maior circulação na América Latina, embora não diário –, serem os que mais fizeram pressão para que caísse a exigência do diploma, destacando representantes da ANJ, como o diretor do Comitê de Relações Governamentais da entidade, Paulo Tonet Camargo, e da Abert para atuar junto ao Supremo. E vejam agora o Sindicato obrigado a cumprir a decisão judicial de dar o registro a um sócio dessa mesma Universal."

O Mundo

Karnak e muita gente boa




De André Abujamra, que teve a quem puxar

O mundo é pequeno pra caramba
Tem alemão, italiano e italiana
O mundo filé milanesa
Tem coreano, japonês e japonesa

O mundo é uma salada russa
Tem nego da Pérsia, tem nego da Prússia
O mundo é uma esfiha de carne
Tem nego do Zâmbia, tem nego do Zaire

O mundo é azul lá de cima
O mundo é vermelho na China
O mundo tá muito gripado
O açúcar é doce, o sal é salgado

O mundo caquinho de vidro
Tá cego do olho, tá surdo do ouvido
O mundo tá muito doente
O homem que mata, o homem que mente

Por que você me trata mal
Se eu te trato bem
Por que você me faz o mal
Se eu só te faço o bem

Todos somos filhos de Deus
Só não falamos as mesmas línguas
Todos somos filhos de Deus
Só não falamos as mesmas línguas

Everybody is filhos de God
Só não falamos as mesmas línguas
Everybody is filhos de Ghandi
Só não falamos as mesmas línguas

Chico lê Álvaro de Campos: Dobrada à moda do Porto

Na Brasileira do Chiado, no bairro alto de Lisboa, o bar preferido de Fernando Pessoa, e onde está sua estátua, eternamente sentada a uma das mesas. E onde se pode tomar a Amarguinha, delicioso licor de amêndoas, entre outras coisas, é claro.

"Mas se eu pedi amor, por que me trouxeram Dobrada à Moda do Porto fria?
Nunca se pode comer frio. Mas veio frio".


terça-feira, março 02, 2010

Terremoto pode ter reduzido duração dos dias na Terra



Do Terra

Cientistas da Agência Espacial Americana (Nasa), afirmam que o terremoto de magnitude 8,8 que atingiu o Chile no dia 27 pode ter reduzido a duração dos dias na Terra. Segundo a Nasa, o terremoto deve ter encurtado a duração de um dia a Terra por cerca de 1,26 microssegundos (um microssegundo é a milionésima parte de um segundo). Os responsáveis pelo estudo fazem parte da equipe do cientista Richard Gross e realizaram um cálculo por meio de complexo modelo computadorizado sobre como o abalo teria modificado a rotação do nosso planeta.
O dado mais impressionante levantado no estudo é sobre o quanto o eixo da Terra foi deslocado pelo terremoto. Gross calcula que o abalo sísmico deve ter movido o eixo do planeta (o eixo imaginário sobre o qual a massa da Terra se mantém equilibrada) por 2,7 milisegundos (cerca de 8 centímetros). Esse eixo da Terra não é o mesmo que o eixo norte-sul.
O cientista afirma que o mesmo modelo computadorizado foi usado para estimar que o terremoto de magnitude 9,1 que atingiu Sumatra em 2004 deve ter reduzido a duração do dia de 6,8 microsegundos e deslocado do eixo da Terra em 2,32 milisegundos (cerca de 7 centímetros).
Segundo o cientista, apesar do terremoto chileno ter sido muito menor do que o terremoto de Sumatra, prevê-se que ele tenha alterado mais a posição do eixo da Terra por dois motivos. Primeiro, ao contrário do terremoto de Sumatra localizado perto do equador, o terremoto chileno aconteceu nas latitudes abaixo dele, o que o torna mais eficaz na mudança do eixo do planeta. Em segundo lugar, a falha responsável pelo terremoto Chileno foi mais profunda e em um ângulo ligeiramente mais acentuado do que a falha responsável pelo terremoto de Sumatra. Isso faz com que a falha no Chile seja mais eficaz para deslocar verticalmente a massa da Terra e, portanto, mais eficaz na sua mudança de eixo.
Os cientistas afirmam, porém, que devem aguardar maior refinamento dos dados para que ter resultados definitivos.