sexta-feira, setembro 30, 2011

“Ocupe o seu próprio coração. Com amor, não com medo”

Mulher numa assembléia de Occupy Wall Street

Occupy Wall Street: O que é o movimento

29/9/2011, Nathan Schneider, The Nation
http://www.thenation.com/article/163719/occupy-wall-street-faq



PERGUNTA: Ouvi dizer que o grupo Adbusters organizou o movimento Occupy Wall Street? Ou os Anonymous? Ou US Day of Rage? Afinal, quem juntou todo mundo lá?

RESPOSTA: Todos esses grupos participaram. Adbusters fez a convocação inicial em meados de julho, e produziu um cartaz muito sexy, com uma bailarina fazendo uma pirueta no lombo da estátua do Grande Touro [ing. Charging Bull], com a polícia antitumultos no fundo. O grupo US Day of Rage, criação da estrategista de Tecnologias da Informação, TI [ing. Information Technologies, IT] Alexa O'Brien, que existe quase exclusivamente na Internet, também se envolveu e fez quase todo o trabalho inicial de encontros e pelo Tweeter. O grupo Anonymous – com suas múltiplas, incontáveis e multiformes máscaras – agregou-se no final de agosto. Mas em campo, em New York, quase todo o planejamento foi feito pelo pessoal envolvido na Assembleia Geral de NYC. É um coletivo de ativistas, artistas, estudantes, que se reunira antes na campanha “New Yorkers Against Budget Cuts” [Novaiorquinos contra os cortes no orçamento]. Essa coalizão de estudantes e sindicalistas acabou de levantar a ocupação de três semanas perto do City Hall, que recebeu o nome de Bloombergville, na qual protestaram contra os planos do prefeito, de demissões e cortes no orçamento da cidade. Aprenderam muito naquela experiência e estavam ansiosos para repetir a dose, dessa vez em movimento mais ambicioso, aspirando a ter mais impacto. Mas, de fato, não há ninguém, nem grupo nem pessoa, comandando toda a ocupação de Wall Street.

PERGUNTA: Ninguém manda? Ninguém é responsável? Como se tomam as decisões?

RESPOSTA: A própria Assembleia Geral tomou as decisões para a ocupação na Liberty Plaza, apenas alguns quarteirões ao norte de Wall Street. (Ali ficava o Parque Zuccotti, antes de 2006, quando o espaço foi reconstruído pelos proprietários da área, Brookfield Properties, que lhe deram o nome do presidente da empresa, John Zuccotti.) Agora, lá vai; vai soar como jargão. A Assembleia Geral é um coletivo horizontal, anônimo, sem chefia, sistema de consenso autogerido com raízes no pensamento anarquista,muito semelhante às assembleias que têm conduzido vários movimentos sociais em todo o mundo (na Argentina, na Praça Tahrir no Cairo, na Puerta Del Sol em Madrid e em outros pontos). Não é simples trabalhar para gerar consensos novos. É difícil, frustrante e lento. Mas os ocupantes estão usando o tempo e trabalhando sem parar. Quando chegam a algum consenso, o que muitas vezes exige dias e dias de discussões e de tentativas, a sensação de alegria é quase indescritível e inacreditável. Ouvem-se os gritos de alegria por toda a praça. É experiência difícil de descrever, ver-se ali, cercado de centenas de pessoas apaixonadas, empenhadas, rebeladas, criativas e todos em perfeito acordo sobre alguma coisa.

Por sorte, não é preciso discutir tudo nem é indispensável haver perfeito consenso sobre tudo. Há vários (e o número deles aumenta sempre) comissões e grupos de trabalho que assessoram a Assembleia Geral – de comissão de Comida e Imprensa, a grupos de ação direta, segurança e limpeza. Todos são bem-vindos e cada um faz seu trabalho, sempre em tácita coordenação com a Assembleia Geral como um todo. A expectativa e a esperança é que, em resumo, cada indivíduo é capaz de fazer o que sabe e deseja fazer e de tomar decisões e agir como lhe parecer mais certo, com vistas ao bem de todo o grupo.

PERGUNTA: E o que esses manifestantes querem obter?

RESPOSTA: Ugh – eis a pergunta de um zilhão de dólares. A convocação inicial, disparada pelo grupo Adbusters pedia que cada um apresentasse uma única demanda: “O que é que você quer?” Tecnicamente, essa pergunta ainda não foi respondida. Nas semanas antes do dia 17/9, a Assembleia Geral de NYC parecia distanciada da linguagem das “exigências” e “demandas”. Isso, para começar. E em boa parte porque as instituições do estado, nos EUA, já estão tão infiltradas pelo dinheiro das grandes empresas, que apresentar demandas pontuais não faria sentido algum, pelo menos antes que o movimento crescesse um pouco e ficasse politicamente mais forte. Em vez de apresentar uma lista de demandas, optaram por fazer da própria ocupação sua principal demanda – com a democracia direta em ação, acontecendo na praça –, e daí pode ou não sair alguma demanda específica. Se se pensa um pouco, o ato de ocupar já é uma potente declaração contra a corrupção que Wall Street passou a representar. Mas, uma vez que pedir que pense é quase sempre pedir demais à imprensa-empresa de massa nos EUA, a questão das demandas acabou por converter-se em considerável problema de Relações Públicas, para o movimento.

Nesse momento, a Assembleia Geral está no processo de decidir como poderá resolver a questão de unificar as demandas do movimento. É discussão realmente difícil e interessantíssima. Mas não espere demais.

Todos, na praça têm seu próprio modo de pensar sobre o que querem ver acontecer, é claro. Na parte norte da praça há centenas de cartazes de papelão colados, nas quais as pessoas escreveram seus slogans e demandas. Quem passa para e lê, com máxima atenção, ao longo de todo o dia. As mensagens estão por todos os lados, sim, mas também há uma certa coerência entre todas elas. Uma já é, pode-se dizer, unânime: “As pessoas, antes dos lucros”. Mas também estão sendo discutidas várias outras questões, que vão do fim da pena de morte, ao desmonte do complexo militar industrial; de saúde a preço acessível, a políticas de imigração mais benignas. E muitas outras coisas. Pode ser difícil e confuso, mas, repito, essas questões estão conectadas, todas elas, num determinado plano, num nível que ainda não se pode ver com clareza.

PERGUNTA: Alguns jornais e televisões estão pintando os manifestantes como sem foco, ou, pior, desinformados e completamente confusos. Que verdade há nisso?

RESPOSTA: É claro. Num mundo tão complexo como o mundo em que vivemos, todos somos desinformados sobre inúmeras questões, mesmo que saibamos muitas coisas sobre algumas poucas questões. Lembro de um policial que disse dos manifestantes, no primeiro ou segundo dia: “Eles acham que sabem tudo!” Os jovens são quase sempre assim. Mas, nesse caso, ver a superconcentração de riqueza em torno de Wall Street e a descomunal influência que tem na política, não exige conhecimento detalhado sobre o que faz e como opera um “fundo hedge” ou a cotação de venda das ações da Apple. Um detalhe que distingue esses manifestantes é, precisamente, a esperança de que seja possível viver num mundo melhor. Devo dizer que, para muitos norte-americanos, essa ação direta não violenta é a única oportunidade que resta para que tenha alguma voz política. E isso tem de ser levado a sério pelos que ganham a vida na imprensa-empresa.

PERGUNTA: Quantos responderam à convocação dos Adbusters? Que tamanho tem esse grupo? Que tamanho tem hoje e que tamanho algum dia teve?

RESPOSTA: A convocação inicial dos Adbusters previa atrair cerca de 20 mil pessoas para o Distrito Financeiro da cidade no dia 17/9. Apareceram 2 mil, um décimo do previsto, no primeiro dia. Apesar da verdadeira blitz que o grupo dos Anonymous disparou pelas mídias sociais, a maioria das pessoas simplesmente não ficou sabendo da convocação. Para piorar, organizações progressivas tradicionais, como sindicatos e grupos do movimento pacifista em geral, sentiram-se desconfortáveis com a convocação para uma ação tão amorfa, tão sem ‘demandas’. A primeira semana foi difícil, a polícia apareceu, muita gente foi presa e muita gente também deixou a praça para descansar e respirar. A imprensa de massa acabou por cobrir as prisões do fim de semana e a brutalidade policial atraiu a atenção de outros jornais e jornalistas. Agora, seja dia seja noite, nunca há menos de 500 pessoas na praça, e pelo menos metade dessas pessoas estão vivendo na praça, dormindo aqui. A qualquer momento do dia ou da noite, muitos milhares de pessoas em todo o mundo assistem a cenas filmadas aqui, em transmissões online que não se interrompem nunca, 24 horas por dia, sete dias por semana.

Diferente de outros movimentos de massa, essa ocupação acabou por depender muito de um pequeno grupo de ativistas determinados e corajosos, quase todos muito jovens, que não se incomodam com dormir ao relento e enfrentar a polícia. Mas isso já começou a mudar. As notícias se espalham, a multidão já não é composta exclusivamente de muito jovens, há maior diversidade. E a ideia de ocupar território, de não arredar pé, já mostra que gera efeitos mais consistentes do que se poderia esperar de uma marcha tradicional. Afinal de contas, houve uma marcha de 20 mil pessoas por Wall Street dia 12 de maio – protestaram contra o resgate aos bancos e os cortes no orçamento para o funcionalismo público – e quem se lembra daquela marcha?

PERGUNTA: O que seria um cenário de “vitória” para a ocupação?

RESPOSTA: Outra vez, a resposta dependerá de quem tiver de responder essa pergunta. Quando se aproximava o dia 17 de setembro, a Assembleia Geral de NYC realmente viu seu objetivo, outra vez, não como fazer aprovar alguma lei ou iniciar uma revolução, mas como começar a construir uma nova espécie de movimento. Eles queriam fomentar o surgimento de assembleias desse tipo que se vê aqui, em vários bairros da cidade, por todo o mundo, que pudessem ser uma nova base para outro tipo de organização política nos EUA – e contra a inadmissível influência do dinheiro das grandes empresas. Isso, agora, está começando a acontecer, quando ocupações semelhantes a essa começam a brotar em dúzias de outras cidades. Outra grande ocupação está sendo preparada há meses , planejada para começar dia 6/10 na Freedom Plaza em Washington, D.C. Os organizadores dessa segunda ocupação estão visitando a ocupação aqui em NY, na Liberty Plaza. Andam por aí, vão e vem, aprendendo o que podem dos erros e acertos.

Já ouvi gente dizer, quando a Liberty Plaza estava cheia de câmeras de TV “Já ganhamos! Vencemos!” Outros dizem que a coisa está só começando. Os dois, em certo sentido, têm razão.

PERGUNTA: E a polícia? Estão também ocupando a praça? Atacaram mesmo com brutalidade? Se eu for à praça, há riscos? O que pode acontecer?

RESPOSTA: A polícia não sai da praça e, sim, houve alguns confrontos muito violentos, assustadores. Também se viram atos de extrema coragem física e moral de gente comum. O pior momento aconteceu no sábado passado, sim, mas, depois daquilo, praticamente não houve mais problemas. Ninguém tem qualquer intenção de ser preso, e praticamente ninguém tem interesse em correr riscos desnecessários ou em instigar a violência contra pessoas ou propriedades. Quanto mais pessoas comuns vierem para cá juntar-se ao movimento – aliando-se a gente famosa e celebridades como Susan Sarandon, Cornel West e Michael Moore – menos provável será que a polícia reprima a ocupação. Como se lê num cartaz na Broadway: “A segurança vem dos grandes números! Junte-se a nós!"

De qualquer modo, desafiar os poderes que se encastelam nessa rua – e fazê-lo sem pedir licença e fazendo barulho – não é ação que possa ser 100% segura. Quanto mais o movimento conseguir se impor e falar, mais riscos haverá. Se você quiser vir, boa providência será anotar o telefone da National Lawyers Guild [alguma coisa como a OAB] no próprio braço, por via das dúvidas.

PERGUNTA: Se eu não puder ir à Wall Street, o que mais poderia fazer?

RESPOSTA: Muita gente está trabalhando muito lá mesmo, onde está – é a magia da descentralização. Você pode assistir às transmissões online, distribuir notícias, doar dinheiro, retuitar informes e estimular seus amigos a participar. Pessoas que entendem de máquinas e programas já estão trabalhando como voluntários, para manter no ar as páginas e blogs do movimento e editar vídeos – em coordenação com salas-de-bate-papo IRC e outras mídias sociais. Em breve, as discussões sobre ‘demandas’ do movimento serão feitas também online, além de presencialmente, aqui na praça. Offline, você pode juntar-se a ocupações semelhantes que estão começando pelo país ou, se preferir, pode começar sua própria ocupação, onde estiver.

Em todos os casos, você sempre deve lembrar um conselho de uma mulher, na Assembleia Geral na noite de 3ª-feira, que já é um dos vários mantras que circulam: “Ocupe o seu próprio coração”, disse ela. “Com amor, não com medo”.

Occupy Wall Street: Michael Moore

quinta-feira, setembro 29, 2011

Os que conseguiram escapar



Tenho me lembrado muito deste belissimo filme de Gabriele Salvatores,Mediterrâneo, Oscar de 1992, sobre um grupo de soldados italianos da segunda guerra que caem numa ilha grega. E começam a viver a vida verdadeira.Nunca me esqueci da mensagem final:

"Este filme é dedicado a todos os que conseguiram escapar"

Eu acho que consegui. Finalmente.



MEDITERRÂNEO (Mediterraneo – Itália 1991). Direção: Gabriele Salvatores. Elenco: Memo Dini, Vasco Mirandola, Luigi Montini, Irene Grazioli, Antonio Catania, Vanna Barba, Diego Abatantuono, Claudio Bigagli, Giuseppe Cederna, Claudio Bisio, Luigi Alberti e Ugo Conti. Duração: 121 minutos. Distribuição: Flashstar.

Susan Sarandon comenta a ocupação de Wall Street


Do youtube
Susan Serandon interviewed supporting the protests and saying "You have to make your plan clear, you have to make your plan doable". Good encouragement and direction for those who hope to really accomplish something in the way of reform and the way this country is run.


Grande atriz e cidadão do mundo,sempre ao lado das causas justas.
Grande atriz de filmes como Thelma e Louise, sobre uma tentativa de escapar e a violência que se abate sobre as (os) que tentam.



Por que Lula e não FHC?Mídia e ódio de classe


A patética imprensa brasileira foi a Paris reclamar da escolha de Lula para um importante título de importante instituto, "e por que não FHC?".Deborah Berlinck , pautada por seus chefes de O Globo, quer também seu lugarzinho quente na História da Vergonha Alheia: eu me envergonho por esses tipos que militam na minha ex-profissão, muitos jornalistas se envergonham também. Aliás, trata-se de uma vergonha para o Brasil e para o "jornalismo" brasileiro. E foi um jornalista argentino quem escreveu o artigo sobre esse ridículo, Martín Granovsky, do Pagina/12.

No twitter, o bicho pegou e muito engraçado: "Robert de Niro ganhou o Oscar, por que não FHC? Pelé fez mil gols, por que não FHC?" Machado de Assis escreveu Dom Casmurro, por que não FHC?"

Tradução do supremo ridículo da mediocridade de uma imprensa em crise, em falência, em declínio, que não sabe acompanhar os tempos, presa a atitudes imperiais desde sua fundação oficial, em 1808.


Do Blog de Eduardo Guimarães


Não pode passar batido um dos momentos mais patéticos do jornalismo brasileiro. Acredite quem quiser, mas órgãos de imprensa brasileiros como o jornal O Globo mandaram repórteres à França para reclamar com Richard Descoings, diretor do instituto francês Sciences Po, por escolher o ex-presidente Lula para receber o primeiro título Honoris Causa que a instituição concedeu a um latino-americano.

A informação é do jornal argentino Pagina/12 e do próprio Globo, que, através da repórter Deborah Berlinck, chegou a fazer a Descoings a seguinte pergunta: “Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?”.

No relato da própria repórter de O Globo que fez essa pergunta constrangedora havia a insinuação de que o prêmio estaria sendo concedido a Lula porque o grupo de países chamados Bric’s (Brasil, Rússia, Índia e China) estuda ajudar a Europa financeiramente, no âmbito da crise econômica em que está mergulhada a região.

A jornalista de O Globo não informa de onde tirou a informação. Apenas a colocou no texto. Não informou se “agrados” parecidos estariam sendo feitos aos outros Bric’s. Apenas achou e colocou na matéria que se pretende reportagem e não um texto opinativo. Só esqueceu que o Brasil estar em condição de ajudar a Europa exemplifica perfeitamente a obra de Lula.

Segundo o relato do jornalista argentino do Pagina/12, Martín Granovsky, não ficou por aí. Perguntas ainda piores seriam feitas.

Os jornalistas brasileiros perguntaram como o eminente Sciences Po, “por onde passou a nata da elite francesa, como os ex-presidentes Jacques Chirac e François Mitterrand”, pôde oferecer tal honraria a um político que “tolerou a corrupção” e que chamou Muamar Khadafi de “irmão”, e quiseram saber se a concessão do prêmio se inseria na política da instituição francesa de conceder oportunidades a pessoas carentes.

Descoings se limitou a dizer que o presidente Lula mudou seu país e sua imagem no mundo. Que o Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula. E que por ele não ter estudo superior sua trajetória pareceu totalmente “em linha” com a visão do Sciences Po de que o mérito pessoal não deve vir de um diploma universitário.

O diretor do Science Po ainda disse que a tal “tolerância com corrupção” é opinião, que o julgamento de Lula terá que ser feito pela história levando em conta a dimensão de sua obra (eletrificação de favelas e demais políticas sociais). Já o jornalista argentino perguntou se foi Lula quem armou Khadafi e concluiu para a missão difamadora da “imprensa” tupiniquim: “A elite brasileira está furiosa”.

Mautner, 70

quarta-feira, setembro 28, 2011

Outros viram




Obrigada pelo presente minha amiga querida Liliana Pinheiro, beijo.
Que linda a emoção do Gil, quase chorando ao falar do bom do Brasil.

Érico Verissimo

O menos que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos."

Erico Veríssimo

17 de setembro-Wall Street

terça-feira, setembro 27, 2011

Isn't it a pitty?



Some things take so long
But how do I explain
When not too many people
Can see we're all the same
And because of all their tears
Their eyes can't hope to see
The beauty that surrounds them
Isn't it a pity

segunda-feira, setembro 26, 2011

Fazemos falta?

Céu Azul

É uma cidade do Paraná, que me visita aqui. Descubro lindos nomes de cidades brasileiras no meu contador de visitas.

Eu vi Luis Trimano na Rua da Carioca


Na sexta-feira, eu vi Trimano de um microonibus que ia para Santa Tereza.
Um de nossos maiores artistas graficos, argentino/brasileiro, colaborador de heróicos jornais alternativos, como Opiniao, e que nunca deixou a peteca cair..

A Paz

quarta-feira, setembro 21, 2011

Para que servem os poetas?


Poemas não são para serem publicados

Renata Pallotini

“Poemas custam caro

Não fazem o mesmo

efeito de um choque

De um baseado

Poemas não servem para trepar, nem nada”

A terra é azul como uma laranja, diz um

E outro, que o leitor é hipócrita, semelhante, irmão

Ainda alguém fala do universo num cabeleira, e que devemos embriagar-nos

De vinho, poesia, ou virtude --a escolher

Ela, a delicada, manda uma carta ao mundo

Enquanto outra, aos pés do leitor, também escreve cartas

Lori Lamb escandaliza o mercado, alinhavando poemas pretensamente pornôs

A mineira diz que não carrega a maldição de homem: é desdobrável

(Peixes solúveis no Jardim da Luz?)

(Café com pão, café com pão)

Poetas perversos, sem gênero, poetas.

E o da rua dos Douradores, onde a Vida e a Arte são vizinhas de porta?

Aqueloutro da metafísica dos chocolates ?

"Tudo me pertence porque eu sou pobre", vem este pela estrada

(e tantos mais)

Homens e mulheres com e sem caráter como quaisquer

Se tivessem de prestar contas a Osires ( eu sei, eu sei)

o coração deles todos estaria tão leve quanto uma pluma

na balança do juízo final

e seriam benvindos na terceira margem

Itaipu, 16/9/2011

terça-feira, setembro 20, 2011

As Dez Mil Coisas, na Amazon.com

Esta no ar, no site da Amazon.com, meu livro de poemas As dez Mil Coisas, que pode ser encomendado sob forma de ebook e em papel.

http://www.amazon.com/s/ref=nb_sb_noss?url=search-alias%3Dstripbooks&field-keywords=elizabeth+lorenzotti&x=0&y=0



Aqui, o prefácio do mestre Claudio Willer:


Entre outras qualidades da poesia de Elizabeth Lorenzotti, impressiona a simplicidade que confere ao mais complexo; a facilidade aparente do que é mais difícil; o talento para evidenciar o não-dito, valendo-se da força das entrelinhas. O que é despertado por cenas da vida urbana em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Tejo, em Berlim e em Westminster, por praias não-nomeadas corresponde a pretextos – pré-textos – para iluminações profanas, epifanias que recebem um registro apurado, preciso em sua ambivalência e no que tem de sugestivo.
Em “Por quem os sinos dobram?”, sobre Roberto Piva e Wesley Duke Lee, o poeta e o artista plástico que então chegavam ao fim (pouco depois faleceriam), desaparece a delimitação entre poema e crônica. A evocação de encontros poderia suscitar toda sorte de derramamento emotivo; mas basta a frase precisa, o registro direto, que em outro contexto seria jornalística – e que continua a sê-lo, sem deixar de ser poética.
Este conjunto de poemas, se oscila entre o poético e o prosaico, não os confunde, mas supera essa distinção, ultrapassa a fronteira entre modos de expressar-se. Um concerto sinfônico de Brahms na Sala Cecília Meirelles, ainda mais com o título “Aimez-vous Brahms?” – um poeta mais ingênuo, ou com uma sensibilidade menos apurada desfiaria chavões para transmitir a experiência do sublime. Já a autora de “As dez mil coisas” evoca o “Allegro ma non troppo poderoso / demais para a pequena Cecília /a explodir os poros de todos os tijolos”: condensação, um perfeito correlato objetivo do monumento musical e do que sua audição suscita.
A epígrafe do livro é reveladora: trata do uno e do múltiplo, o “um” e as “dez mil coisas”. É o Aleph borgeano, com a diversidade do mundo condensada em um impossível ponto – impossível, porém manifesta no poema; não representada, mas tornado presente. E como a poeta transita bem de um a outro desses planos, do todo e das partes, do macrocosmo e do microcosmo, da extensão e do ponto, da temporalidade e do instante, do subjetivo e objetivo, da emoção e reflexão.
Uma série de fragmentos registra a diversidade do mundo em “Rio, 40”; mas a síntese é a manifestação do belo. Esse poema pode ser confrontado, em uma leitura cruzada, com “Criado-mudo”. Em um deles, todas as impressões suscitadas pelo Rio de Janeiro condensam-se em um ponto. No outro, tudo o que existe pode caber no móvel de cabeceira. Isso também vale para o minimalismo de “há de ter a maresia” (lembrando que a maresia é a condensação do úmido): o final aberto mostra que tudo pode acontecer; tudo pode estar contido no momento, no fragmento.
E assim Elizabeth Lorenzotti dialoga com as principais correntes da poesia contemporânea brasileira. É, de modo evidente, leitora de Manuel Bandeira; dialoga com um surrealista como Roberto Piva; mas resiste à classificação em escolas e movimentos: é plural e mantém sua singularidade.
Já foi dito que poesia é sedução. Elizabeth Lorenzotti o sabe e proclama com ênfase, na
abertura deste livro. Leitores responderão a seu convite.



quinta-feira, setembro 15, 2011

Do meu livro de poemas no prelo As Dez Mil Coisas

ha de ter a maresia
e a louca geografia
ha de arder o sol de sempre
ha de ter suor e riso
sabor do que nao devia
um escandalo? um poema?

nesse dia