domingo, novembro 15, 2009

Pete Best, o outro Beatle



Recebi do maior beatlemanico que conheço e achei interessante.

Por Antonio Carlos Miguel

RIO - Ele foi trocado por Ringo Starr em agosto de 1962, mas um ex-beatle não se livra de seu passado. Mais de quatro décadas após a separação litigiosa, Pete Best está de volta ao Brasil, agora como a cereja no bolo do show de The Beats, banda argentina cover dos Beatles, que se apresentou neste sábado (14.11), no teatro do MAM carioca.

- Eu conheci o grupo numa apresentação que eles fizeram em Liverpool e percebi que eles são muito musicais, têm o espírito da sonoridade dos Beatles - conta, por telefone, Best, que assume a bateria em algumas canções, aquelas relacionadas aos dois anos em que ele atuou ao lado de John Lennon, Paul McCartney e George Harrison, e também conta histórias da época.Best nunca mais encontrou os ex-companheiros.

Ao sair do grupo, não faltou trabalho como baterista para Best, que, por cerca de um ano, ainda encontrou com os ex-companheiros no então efervescente cenário musical de Liverpool. A partir de 1963, quando os Beatles começaram a conquistar o mundo, seus caminhos nunca mais se cruzaram. Mas o veterano baterista - que completará 68 anos em 24 de novembro - diz que não se lamenta.

- Tantos anos depois, não guardo mágoa, não vejo sentido em ficar brigando com o passado. Prefiro lembrar os bons momentos que vivemos juntos e de como contribuí para a história deles. Na época, sonhávamos com o sucesso, em ser o número um na Inglaterra, talvez na Europa, depois de nossas temporadas em Hamburgo, mas nunca poderíamos imaginar que os Beatles chegassem tão longe.

Então o principal porto da Inglaterra, a cidade de Liverpool também era um importante centro musical na época, abrigando o chamado movimento Mersey Beat, com dezenas de bandas que começavam a migrar do gênero skiffle - uma mistura de blues, folk e rockabilly que foi muito popular na Inglaterra dos anos 1950 - para o rock que renasceria com os Beatles.- Sempre tivemos uma forte tradição musical em Liverpool, com muitas big bands de jazz e orquestras de dança. O fato de recebermos gente de diferentes culturas contribuiu para isso, mas outro fator importante é que os músicos de Liverpool tocam de coração, botam suas almas no que fazem - garante Best, que também dá seu aval aos Beatles argentinos. - Eles conseguem passar pelas diferentes fases musicais do grupo.


ALBUM SOLO FOI LANÇADO EM SETEMBRO

Pete Best lançou no dia 16 de setembro, seu primeiro álbum solo com canções próprias. O disco chegou às lojas 46 anos após Best ser despedido da uma das maiores bandas da história da música.O álbum, intitulado “Hayman’s Green”, recebeu esse nome devido a uma rua em Liverpool onde se encontra o Casbah Coffee Club, que pertence à mãe do baterista e foi local de apresentação dos Beatles no início de carreira.As 11 faixas viajam na autobiografia de Best, demonstrando sua amargura após ter sido forçado a sair do grupo, em 1962, pouco antes do primeiro sucesso “Love Me Do”. Pete foi convidado a se retirar por causa da bebida e de incansáveis brigas com Paul McCartney.




Poesia de xará

Salvador Dali


Lucidez a duras penas

(para o amigo Kaneaki Tada,
artista plástico zen,
no Natal de 1985)

Elizabeth Sigoli


Milhares de pombos em revoadas lúdicas
nesse céu de abril ou março...

Não é apenas uma onda de sensação
que me invade,
mas algo luminoso,
como se torrões de quartzo estivessem
chovendo sobre minha pele alva.
Bebê-los-ei sem severidade alguma
e me empanturrarei
do gosto sábio da divindade.

Inda que veja raios no céu,
não deverei temer a tempestade,
que é passageira
e não deixa rastro de sal.

Cores de esplendores vários formarão
um tapete macio para meu corpo,
ávido de viagens.
A aurora deslizando pela neve
e cortando suas mãos de gelo,
rebentará em arco-íris.

E mais e mais:
vejo a decência do cosmos
em não perturbar o seu ciclo
de lúcida grandeza...

Percorrer labirintos,
ainda que seja difícil
e estonteie a cabeça,
é jornada promissora,
já que a verdade não pode ser gasta
para que os impuros tenham a coragem
de desgraçá-la mais.

Protejamos a justiça,
mesmo que seja tarde
e que cortem nossa língua.
Estar em ebulição
é algo mais do que deitar-se
num divã macio
de comodismo e ranço.

Tenha a glória largas mãos
para os que ousaram desnudar-se em dor.
Sempre haverá mártires para encher
a boca dos inválidos com a peste
da corrupção, ansiosa
por devorar nossos ideais.

Que o sol beije nossas almas
com o virtuosismo dos grandes mestres,
que tecem sua obra com fios de ouro.