sexta-feira, julho 30, 2010
quarta-feira, julho 28, 2010
Geléia geral -2."A melhor profissão do mundo" já dançou faz tempo
fonte
Motorista da TV Sergipe vira repórter e faz entrevistas
Anderson Scardoelli
Um motorista da TV Sergipe, afiliada da TV Globo, teve que mudar de função e virar repórter. Como a equipe da emissora estava incompleta, ele pegou o microfone e fez entrevistas durante uma manifestação em um posto de saúde na zona Norte de Aracaju, no dia 20/07.Em nota publicada no site do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe, o presidente da entidade, George Washington Silva, criticou o fato e acusou a emissora de desrespeitar a legislação. Segundo ele, a profissão de motorista merece respeito, mas o Jornalismo precisa ser tratado com seriedade.“A empresa incorre em uma irregularidade trabalhista, pois o motorista está acumulando duas funções. Em face disso, vamos notificar a Superintendência Regional do Trabalho”, disse Silva.A diretora de Jornalismo da TV Sergipe, Ligia Tricot, afirmou que o caso foi isolado. Ela alega que o motorista não chegou a fazer a reportagem, apenas “pegou o microfone para fazer as sonoras”, pois o repórter escalado para cobrir a manifestação ainda não havia chegado ao local.“Foi uma exceção infeliz, um ato falho que não irá ocorrer novamente. A TV Sergipe respeita a legislação e os jornalistas”, afirmou Ligia.
Comentários
-Rodrigo Soares Lima [28/07/2010 - 10:39]
(Editor de imagem-TV SBT - MG - TV ALTEROSA - DIVINÓPOLIS)
Em primeiro lugar: Esse motorista tem curso superior de jornalismo? Pergunto isso porque nem todos que se formam em jornalismo entram em uma empresa de comunicação como jornalista. Segundo: Esse sindicato como tantos outros está apenas querendo aparecer em cima de uma situação que em relação a tantos outros fatos não tem nenhuma relevância. Terceiro: Desde quando esse fato tem a relevância de se tornar uma notícia tão polêmica? Quarto: Sou Jornalista formado e quando entrei para uma emissora de tv não era como jornalista e fazia reportagem também. Gente vamos parar com essa demagogia de que se o cara é motorista, faxineiro ou seja lá o que for, eles precisam fazer só o que seu cargo permite. Quem não entra em uma empresa querendo mostrar serviço e crescer?
-Wilson Moreira dos Santos [28/07/2010 - 11:21]
O patronato agradece pelo comentário acima!Critica o sindicato, elogia a maior tv do Sergipe que colocou um microfone na mão do motorista, e ainda confessa que burlava a lei até então existente!
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Darlene Santiago [27/07/2010 - 21:20] (Estudante)
O pessoal vem aqui para criticar o sindicato. Acho que a questão não é criticar o sindicato ou criticar o motorista, que trabalhou com boa vontade. O problema são as REDAÇÕES SUCATEADAS E DESRESPEITOSAS.Mas nós, jornalistas, vivemos reclamando do mercado, da profissão, e dando tiro no próprio pé. Só vejo a nossa categoria desunida e num processo de autofagia. Mas que coisa...Na boa, temos muitos problemas. Como o fato de grande massa sequer conseguir ganhar o piso salarial. São maus profissionais? Faculdades ruins, é? Mas precisamos de dignidade. E temos "estrelas" que ganham pequenas fortunas. Não existe tamanha discrepância nas competências profissionais que justifiquem as desigualdades. Ou uma Íris Stefanelli ganhando mais de R$ 30 mil na TV Fama...Acho que precisamos de diplomas, sim. Ainda que nossas faculdades sejam ruins. Precisamos de sindicatos, sim, para nos defender (ou tentar ao menos!).
-Débora Carvalho de Oliveira [28/07/2010 - 08:41]
(Colunista / Comentarista / Crítico-DIGESTIVO CULTURAL - SP)
Proativo - isso que o motorista foi. O colega repórter estava atrasado (não sabemos o motivo), e o motorista foi proativo para fazer algumas perguntas básicas e bastante óbvias, para não deixar a emissora que lhe garante o pão e o leite das crianças com ônus. Qual o problema? Na mesma situação, se eu precisasse virar motorista (sendo humanamente capaz de fazer a tarefa) eu faria. Por que o contrário não pode acontecer? Você se recusaria alegando "eu sou jornalista e não motorista", assim, no duro? Caramba!
terça-feira, julho 27, 2010
De frente com Gabi e Da Matta: o discurso da geléia geral
Gabriela: “Estava louca para te perguntar, há um tempo. Veio uma coisa toda hipócrita brasileira, proibiram uma campanha de cerveja dizendo que, enfim, não sei de onde partiu, uma queixa ao Ministério Público, virou briga de agências...Lembrei de uma campanha que fiz, anos atrás, com o Jô Soares, os dois com um copo de cerveja e ele dizia: “loira gostosa”. E eu: “JÔ!!! E ele; A cerveja, Gabi...”. Cerveja sempre foi associada a mulher gostosa. Por que, de repente, em um país que me parece tem muita coisa devassa, existe uma grita...
Antropólogo Roberto Da Matta: ”Você já respondeu, o país tem uma capacidade de se auto-enganar violenta, é mais um episódio dentro de um oceano de hipocrisia. Absurdo”
(...) Gabriela: “Continuo não entendendo, porque ainda no caso, durante anos aquilo corre como uma unanimidade, e de repente, um dia, saído do nada, faz tuiiim, alguém se irrita e faz um movimento...
Antropólogo: Não, acontece um episódio de repente que coagula alguma coisa, um contraste de valores, alguém reclama da cena da novela e cria um debate...
Este foi um pequeno trecho da entrevista que assisti domingo à noite pelo SBT. E como há pouco havia assistido a um debate e postado aqui um vídeo sobre o controle da imagem da mulher na mídia, fiquei muitíssimo impressionada.
Primeiro, não entendi a que propaganda a apresentadora se referia, pois ela nao explicou, em meio a frases entrecortadas. Mas não faz mal, o cerne da coisa era a suposta “hipocrisia” brasileira em relação ao uso da imagem da mulher gostosa e loura associado à cerveja, que tem sido objeto, sim, de muita briga e discussão de movimentos de cidadania.
Marília Gabriela ficou conhecida por sua apresentação do pioneiro TV Mulher, nos anos 80, na Globo, o primeiro programa a apresentar a mulher de outra forma que não apenas na cozinha e nas artes de coser etc. Tinha a excelente jornalista Rose Nogueira como criadora e responsável.
Estou certa de que, há 30 anos, MG não daria essa opinião no TV Mulher porque havia mais gente nos bastidores que pensava e era séria.
Passadas três décadas, a jornalista tornou-se famosa, virou atriz e cantora e hoje protagoniza programas em três emissoras, uma aberta, uma a cabo e a TV Cultura. Além disso, é uma grande vedete do mercado publicitário.
Como? Uma jornalista colocar à venda seu prestígio anunciando desde o segmento imobiliário (11/04/2008 -A atriz e apresentadora Marília Gabriela é a nova garota-propaganda do segmento imobiliário. Apostando no carisma e na imagem de credibilidade transmitida por ela, a agência Eugenio Marketing Imobiliário desenvolveu a campanha para o lançamento de um empreendimento inédito em São Paulo: o Paulistano - Bairro Privativo, que já começou a ser divulgado na TV em filme estrelado por Gabi)
até o software de gestão empresarial (31/07/2009- a TOTVS lança campanha para consolidação de sua nova marca. Para abrilhantar este lançamento, a empresa escolheu como porta voz da campanha a jornalista e apresentadora Marília Gabriela.) entre inúmeros produtos?
Estes foram alguns que pesquisei na rede, mas o mais recente já havia me chamado bastante a atenção. A publicidade da Margarina Becel Pro Activ (Unilever), que se autoproclama um alimento funcional que baixa os níveis de colesterol devido aos fitoesteróis que contém. Misturando a campanha Ame seu Coração com as maravilhas de tal produto, Gabriela contracena até com seu filho Cristiano.
Anos atrás, editando uma revista de uma entidade de defesa do consumidor, fizemos uma matéria sobre a mesma margarina, cuja publicidade havia juntado um grupo de idosos declarando como seus níveis de colesterol haviam diminuído com a Becel, aliás, produto bem caro. Solicitamos à agencia de publicidade entrevista com aquelas pessoas, perguntando se eram atores ou “pessoas reais”. Jamais conseguimos, alegaram segredo. É para rir? Leio na mesma revista agora que a tal margarina, tão saudável, continha, até recentemente, as condenadas gorduras Trans, mas agora está isenta.
Não está isenta entretanto , e muito menos pela agência reguladora competente, de fazer publicidade desse tipo.
Em tempos de geléia geral, de pretensos formadores de opinião, do jornalismo à antropologia, ainda me assusto com tanto preconceito apresentado como sabedoria. A apresentadora não pode ser qualificada como jornalista, muito menos isenta e competente, se vende sua imagem a qualquer produto, seja duvidoso ou não.
Uma jornalista competente e com tantos anos de carreira não pode dizer que “deu um tuiiimmmm”, e, do nada, alguém começa a reclamar das campanhas de cerveja. Não, MG, não dá um "tuiim "assim de repente, é só estudar a Historia e seus movimentos. Nem vou me estender, a melhor resposta está no vídeo aqui postado e referido acima.
Mas, para arrematar o assunto, o antropólogo afirma, talvez caindo em si um pouco: “ O problema é você ter a liberdade ou não de discutir isso, e a possibilidade chamar pessoas representativas envolvidas ou não que queiram e possam falar”. Seria, aliás, uma ótima pauta para o programa da apresentadora, pois essas discussões somente são vistas, eventualmente, em canais alternativos.
Não vi mais do que esse trecho e desisti. Pesquisando, leio que o antropólogo chamou o presidente Lula de analfabeto, dizendo que ele é “o drama brasileiro em pessoa”, porque representa a culpa... Que os EUA são um país igualitário e outras análises rasteiras. Mas ele não é um PHD que mantém colunas em O Globo e no Estadão, conforme informou? Encontrei aqui
uma boa análise de alguém que também viu o programa e até apreciava, anteriormente, o antropólogo.
E aqui um estudante de Natal (RN) faz uma excelente análise sobre o desaparecimento dos limites entre jornalismo e publicidade: O discurso (in) competente do jornalismo, 13/7/2010, por Fagner Torres de França, que escreve:
"A bonita loira é uma das vedetes do mercado de anúncios. Por quê? Porque as pessoas confiam na sua palavra por intermédio de um pseudo-discurso jornalístico comprometido com a veracidade da informação. Sua imagem funciona da seguinte forma: ao emitir uma mensagem sobre determinado assunto, o público a associa a alguém cuja fala é verdadeira, pois oriunda de um campo onde todos necessariamente falam a verdade, no caso, o jornalismo. Nada mais falso.
Outro dia a vi estrelando uma propaganda de telefonia móvel e serviços de banda larga. Nele, Marília Gabriela falava em um tom professoral, jornalístico, sério. E diz: "Eu sou Marília Gabriela, jornalista." O texto denuncia uma clara interferência de discursos. No caso, fala uma jornalista, mas que há muito tempo abandonou a profissão.
Hoje ela é uma boa atriz. E como boa atriz que é, desempenhou perfeitamente o papel para o qual foi chamada a desempenhar: o de jornalista.
Atualmente, Gabriela é talvez a única jornalista-atriz no Brasil de renome que aceita atuar como jornalista para o explícito ganho econômico dela e das empresas. Por isso é tão
requisitada."
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Será o terma debatido nas faculdades de Comunicação? Talvez em algumas, mas parece que, também na academia, jornalismo e publicidade estão juntos, e às vezes até são um curso único.
Na geléia geral comunicacional, assim como em tantos outros setores, está tudo de pernas para o ar. O que é ético? O que é correto? O que é justo?
domingo, julho 25, 2010
Antonio Candido, o mestre faz 92 anos
Devo ser de fato tão antiquado, que venho sendo definido em algumas instâncias como "ilustrado", devidamente entre aspas, e como alguém preso a uma visão de tipo teleológico da história e do pensamento. Devo esclarecer que, ao contrário do que se poderia pensar, considero esta restrição um elogio. Ela quer dizer que me mantenho fiel à tradição do humanismo ocidental definida a partir do século XVIII, segundo a qual o homem é um ser capaz de aperfeiçoamento, e que a sociedade pode e deve definir metas para melhorar as condições sociais e econômicas, tendo como horizonte a conquista do máximo possível de igualdade social e econômica e de harmonia nas relações. O tempo presente parece duvidar e mesmo negar essa possibilidade, e há em geral pouca fé nas utopias. Mas o que importa não é que os alvos ideais sejam ou não atingíveis concretamente na sua sonhada integridade. O essencial é que nos disponhamos a agir como se pudéssemos alcançá-los, porque isso pode impedir ou ao menos atenuar o afloramento do que há de pior em nós e em nossa sociedade. E é o que favorece a introdução, mesmo parcial, mesmo insatisfatória, de medidas humanizadoras em meio a recuos e malogros. Do contrário, poderíamos cair nas concepções negativistas, segundo as quais a existência é uma agitação aleatória em meio a trevas sem alvorada.
sexta-feira, julho 23, 2010
Pelo controle social da imagem da mulher na midia
O Controle Social da Imagem da Mulher na Mídia from Intervozes on Vimeo.
Vídeo analisa representação das mulheres na televisão brasileira e mostra importância do monitoramento do conteúdo e das políticas públicas de comunicação.
O conteúdo foi produzido em março de 2009 pela Articulação Mulher e Mídia, com o apoio da Secretaria Especial de Política para as Mulheres.
Produção e entrevistas: Daniele Ricieri e Mariana Pires
Roteiro: Articulação Mulher e Mídia
Seleção de imagens: Bia Barbosa, Daniele Ricieri, Lurdinha Rodrigues, Mariana Pires, Rita Quadros, Rita Ronchetti e Terezinha Vicente
Colaboração: Bernarda Perez
Câmera: Cristian Cancino e Fernando Marron
Áudio: Pépe Chevs
Edição: Elizabeth Paik
Edição final de conteúdo: Bia Barbosa, Lurdinha Rodrigues e Terezinha Vicente
Construtora Exto desrespeita lei do silêncio
Mas, como o engenheiro da obra me disse, ele nunca soube de lei que proiba barulho após 7 da manhã. Acho que também desconhecem a lei sobre horário noturno.
E olhem que o lema da tal empresa é "o bem estar em primeiro lugar". Naturalmente, o bem estar de seus donos$$$$.
Rua Cayowaá, em São Paulo: um caminhão cheio de terra faz manobras para descarga num terreno em obras da construtora Exto, após as 23h, incomodando todos os vizinhos
quinta-feira, julho 22, 2010
Pela janela de André Breton
"Cara imaginação, o que mais amo em ti, é que tu não perdoas." Palavras do poeta André Breton, inventor do surrealismo - movimento literário que trouxe o inconsciente, a fantasia e o sonho para o domínio da arte.
Leon Trotski e André Breton, tiveram em 1938, na Cidade do México, um encontro histórico de que resultou, após muitos debates entre eles e outros agentes culturais, este documento, cuja versão final foi elaborada por Breton e Diego Rivera, com a aquiescência de Trotski. Naquele momento nascia a F.I.A.R.I. – Federação Internacional da Arte Revolucionária e Independente – de vida efêmera mas importância histórica crucial.
Em 1938 a Guerra Civil Espanhola entrava no seu segundo ano, antecipando o confronto que se daria na Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945.
Por uma arte revolucionária independente
Alguns dos seus propósitos estabelecidos, infelizmente nunca conquistados até hoje:
_ Uma aliança em prol da civilização, da vida, do ser humano em sua plenitude de manifestações.
_ Nenhuma barreira, nenhum tipo de controle, nenhum limite aos sonhos, à cultura ou à arte, que todos nascem no mesmo lugar.
_ Um libelo pela mais plena e absoluta liberdade de expressão, sem qualquer tipo de amarras.
_ O mais vigoroso repúdio a toda e qualquer forma de autoritarismo ou dirigismo.
_ Os meios materiais devem ser postos sem limite ou controle de qualquer espécie a serviço do ser humano e da arte.
_ A arte jamais deve ser reduzida a serviçal do capital.
_ O capitalismo é liberticida por definição.
_ O socialismo não pode ser autoritário.
_ Se destruir uma obra de arte é considerado por todas as pessoas sensíveis um gesto hediondo, como classificar o gesto de impedi-la de sequer existir?
_ Repúdio à barbárie das guerras e do autoritarismo.
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quarta-feira, julho 21, 2010
Não te amo mais-3
Chuva, pássaros, floresta, mar
Enquanto a retroescavadeira da construção do imenso prédio comercial ao lado
Cospe o dia todo lama retirada das profundas do subsolo e joga em caminhões
Interminável faina
Até quando? Ninguém sabe
Ninguém liga
O Hades emerge
A retroescavadeira apita na ré, em suas centenas de movimentos--apito, instrumento de segurança nos veículos automotores de serviço,
na intenção de evitar amassar o desavisado, pedestre ou motorizado ou ciclista que passar.
Das 7 da manhã às 18 horas, diariamente.
Fúrias verticais exterminando as últimas casas do ex-bairro agradável
Vão sfdr.
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Joseph Campbell dizia que a mitologia do nosso tempo está na primeira página dos jornais. Claro.
(http://pt.wiktionary.org/wiki/Hades)
Hades
Uma das mais ancestrais e importantes divindades da mitologia grega, mas não um dos doze olímpicos, que dominava o mundo inferior, soberano do reino dos mortos ou simplesmente o submundo, correspondente ao romano Plutão, o rico, pois era dono das riquezas do subsolo. Filho dos Titãs Cronos e deRéia,os romanos Saturno e Cibele, que detinham o controle do mundo, e portanto, também irmão de Zeus e de Poseidon ou Posídon. Quando o pai foi destronado e vencidos os titãs, os três irmãos partilharam entre si o império do universo. Zeus ficou com o céu, a terra e o domínio e cuidado das deusas irmãs, Poseidon herdou o reino dos mares e ele tornou-se o deus das profundezas, dos subterrâneos e das riquezas. Casou-se com Perséfone ou Cora, a Proserpina no mundo subterrâneo, filha de Zeus com Deméter, após um rapto bem sucedido e reinava, em companhia de sua esposa, sobre as forças infernais.
terça-feira, julho 20, 2010
Las malas compañias
(o video nao conta, a letra es muy buena)
Por Joan Manuel Serrat
Mis amigos son unos atorrantes.Se exhiben sin pudor, beben a morro, se pasan las consignas por el forro y se mofan de cuestiones importantes.
Mis amigos son unos sinvergüenzas que palpan a las damas el trasero,que hacen en los lavabos agujeros y les echan a patadas de las fiestas.
Mis amigos son unos desahogadosque orinan en mitad de la vereda,contestan sin que nadie les pregunte y juegan a los chinos sin monedas.
Mi santa madreme lo decía:"cuídate mucho, Juanito,de las malas compañías".
Por eso es que a mis amigos los mido con vara rasay los tengo muy escogidos, son lo mejor de cada casa.
Mis amigos son unos malhechores,convictos de atrapar sueños al vuelo,que aplauden cuando el sol se trepa al cielo y me abren su corazón como las flores.
Mis amigos son sueños imprevistos que buscan sus piedras filosofales,rondando por sórdidos arrabales donde bajan los dioses sin ser vistos.
Mis amigos son gente cumplidora que acuden cuando saben que yo espero.Si les roza la muerte disimulan.Que pa' ellos la amistad es lo primero.
segunda-feira, julho 19, 2010
Letania da Galicia-Uxío Novoneyra
De Lusofonia Horizontal
Sabemos que ti podes ser outra cousa
Sabemos que o home pode ser outra cousa
A letanía de Galicia (1968)
DE tanto calar xa falo solo
GALICIA digoeu/un di – GALICIA
GALICIA décimos todos – GALICIA
Astr’os que calan din – GALICIA
e saben – sabemos
GALICIA da door chora – á forza
GALICIA da tristura triste – á forza
GALICIA do silencio calada – á forza
GALICIA de fame emigrante – á forza
GALICIA vendada cega – á forza
GALICIA tapeada xorda – á forza
GALICIA atrelada queda – á forza
libre pra servir – libre pra servir
libre pra non ser – libre pra non ser
libra pra morrer – libre pra morrer
libre pra fuxir – libre pra fuxir
GALICIA labrega – GALICIA nosa
GALICIA mariñeira – GALICIA nosa
GALICIA obreira – GALICIA nosa
GALICIA irmandiña – GALICIA viva inda
recóllote da terra – estás mui fonda
recóllote do pueblo – estás nil toda
recóllote da HISTORIA – estás borrosa
recóllote i érgote no verbo enteiro
no verbo verdadeiro que fala o pueblo
recóllote prós novos que vein com forza
prós que inda non marcou a malla d’argolas
prós que saben que ti podes ser outra cousa
prós que saben que o home pode ser outra cousa
sabemos que ti podes ser outra cousa
sabemos que o home pode ser outra cousa
domingo, julho 18, 2010
Não te amo mais -2
Eu sei dos pingos da goteira
Batucando no passado
E sei que as cinzas da fogueira
não recomporão os galhos
Dia sim e dia não
Dói a minha solidão
Eu tô ficando aperreado
São trinta copos de chopp
São trinta homens sentados
Trezentos desejos presos
Trinta mil sonhos frustrados
No bar "Savoy" na Sertã
No "Luna" bar no Leblon
Vejo a tristeza do gado
Há um tempo atrás escrevi aqui Não te amo mais, antideclaração por esta cidade onde minha mãe veio pra que eu nascesse na Maternidade Matarazzo, porque em Poços de Caldas não havia muita condição. E voltamos para Poços, onde passei a infância entre as queridas montanhas das Minas, indo e voltando a São Paulo, porque ora havia emprego aqui, ora lá para meu pai, cantor de linda voz que teve de virar escriturário.
Esta cidade que me fez adolescente e adulta.
Naquela primeira crônica eu voltava ao Brás, de minhas raízes maternas.
“É preciso correr se ainda se quer ver as coisas”, dizia Susan Sontag atrás da linda foto dos povos indígenas do Rio Soltério,em Rondônia, cartão de visita da Imagem Latina do meu amigo Jesus Carlos.Estava na mesa dele, ontem, que linda foto com meia dúzia de representantes indígenas, cada um de uma tribo, belos, com seus instrumentos de trabalho: aqui um abraçando um cãozinho e um pássaro,ali, outro com um pintinho no ombro esquerdo.
Depois fomos andar pela Praça Roosevelt, Rua Martins Fontes, tomamos uma canja no Planeta’s. Na década de 1980 eu morei no prédio em frente ao restaurante, incrivelmente ainda cuidado pelo mesmo zelador português daquela época, e com a mesma cara, eu o vi dia desses, não me lembro de seu nome. Sinto ainda o cheiro do CO2 dos escapamentos dos carros invadindo minhas narinas quando acordava...
A praça de concreto já era horrível, mas ainda nem tanto, havia um supermercado e pessoas passeando sempre. Era, naquela região, o nosso pedaço, de jornalistas que se cruzavam a todo o momento, de dia nas reportagens, à noite nos bares e restaurantes: Planeta’s, Piolim, Gigetto, Mutamba, Redondo, e no cine Bijou , e no Arena, e no Sindicato dos Jornalistas, na Rego Freitas. As redações do Estadão, na Major Quedinho, sucursal de O Globo, na esquina da São Luiz com Consolação, Gazeta Mercantil,, que já dançou, Rádio Eldorado, Istoé, sucursal do Jornal do Brasil, que acaba de extinguir sua edição em papel.
Tinha razão a Sontag, pensadora e fotógrafa, é preciso correr se ainda se quer ver as coisas. Pois vimos os mesmos prédios, muito mudados, cheios de grades, e os teatros da Roosevelt, tristes no domingo de inverno. As padarias/restaurantes ao lado da Delegacia Regional do Trabalho, que servem café de coador bom, diz Jesus, eu não arrisco. Famílias com crianças no Planeta’s, era cedo ainda, flanelinhas pedindo 2 reais, homens solitários. Lembro de Solibar, Alceu Valença, quando chegou ao Rio de Janeiro, vindo da tão cálida Olinda:”No Luna Bar, no Leblon,vejo a tristeza do gado”.
Ai.
Os lumpens pelas ruas, um deles nos cumprimenta sorridente e eu penso que isso nos salva, ainda, como nação e como humanidade.
Não sei se não te amo mais, cidade.
As metrópoles, as metrópoles, mais vasto é nosso coração?
sábado, julho 17, 2010
Joel e Joan
Senhor, livra-me dos implacáveis
Há pessoas que não se envergam, que não se dobram, que não se inclinam.
Não porque tenham um caráter varonil, mas porque são incapazes de qualquer sentimento de empatia, de compreensão, de compaixão ou de bondade.
São incapazes de admitir um erro, mesmo diante das conseqüências desastrosas que seus atos acarretam.
São incapazes de pedir desculpas, mesmo diante da mágoa causada a outrem.
São os tiranos e tiranas da mentira, ainda que a verdade pudesse resultar em bênçãos libetadoras para todos.
Tiranos e tiranas do silêncio, ainda que uma única palavra pudesse desfazer todas as mágoas e restabelecer o entendimento e a paz.
Tiranos e tiranas da inveja que se comprazem em armar ciladas àqueles que tem em abundância, aquilo que julgam lhes faltar.
Tiranos e tiranas da calúnia que com línguas ligeiras e ferinas denigrem num único gesto ou palavra, o santuário de integridade que uma pessoa pode ter levado a vida toda para construir.
Tiranos e tiranas do cinismo e do humor grotesco em deboche crônico reduzindo valores inestimáveis ao nível de sua própria insignificância.
Tiranos e tiranas da ingratidão que devolvem espinhos às mãos que lhes ofertam flores.
Opressores e opressoras hipócritas que confundem suas vítimas com sorrisos amplos e lisonjeiros, enquanto pelas costas estão a tramar toda a sua desdita.
Senhor...livra-me da ação maléfica destes seres empedernidos, mas acima de tudo, de por um momento sequer, a despeito de qualquer circunstância, engrossar a fileira tenebrosa dos implacáveis.
sexta-feira, julho 16, 2010
Rain
Can you hear me that when it rains and shines,
It's just a state of mind,
Can you hear me, can you hear me?
quinta-feira, julho 15, 2010
O rio que não passa pela minha aldeia
O ídolo de barro-Uma tragédia brasileira
Quando o país parou e muita gente chorou depois de confundir o Brasil com a Seleção, ninguém poderia imaginar notícia mais trágica no reino do futebol. Mas teve uma, com todos os componentes e personagens das tragédias gregas clássicas. Envolve um rei ou herói, uma mulher bonita, intrigas, casamento, amores, filhos, pais, mães, a sociedade imperfeita, os costumes, a hipocrisia, a paixão, a vingança, a traição, a vida e a morte. Tem até um coro, formado pelo séqüito de parasitas que costumam acompanhar os ídolos, por simples proximidade ou por dinheiro. Se fosse uma peça de teatro, o coro cantaria mais ou menos assim:
- Mata! Mata! Mata!
Ela te incomoda. Mata!
Para um rei não acontece nada,
mulher é menos que barata...
E o herói, como todo psicopata, decidiria que sim, que a moça linda deveria sumir de sua vida. Um semi-deus não pode ser incomodado. Se ela perturba com exigências – mesmo depois de ele ter se encantado e desfrutado de seu corpo e sua companhia – ele se transforma em juiz perverso e vingativo.
Ignorante, o coro não o avisou que, ao livrar-se da moça, ele se livraria também de si mesmo, ou do que acreditava ser. Ao pensar em sumir com ela, da maneira mais cruel que poderia arquitetar a mente perigosa, estaria se transformando em pó, por onde passam as baratas. Perderia seu reino.
O coro lembrou ainda que há outro destino misturado ao deles, e tem apenas cinco meses. É ele o motivo de tantos problemas. Um filho do herói e da moça bonita, que teria assistido ao sacrifício da mãe. Estarrecidos, ficamos sabendo que foi poupado no último momento. Ele, o inocente, não seria picado e atirado aos cães famintos. Seria condenado à orfandade e ao esquecimento, ao abrigo de menores, depois de passar de mão em mão, levado, segundo as notícias, pela esposa traída.
Mas o que tanto queria sua mãe? Queria o direito de paternidade para o filho, o reconhecimento e o sobrenome. Lembrou que o menino era fruto de dois e não de uma, quando o pai a obrigou a tomar drogas para que ele não viesse ao mundo. Mas o menino nasceu e continuou brigando para viver. Como nas peças gregas, cumprirá seu destino, sem pai e mãe.
Talvez um dia lhe contem que seu pai foi um herói de verdade no país apaixonado por futebol. Seu reino era o campo, seu trono ficava sob a trave. Ele era o todo-poderoso das defesas geniais, o homem a quem o Flamengo, que possui a maior torcida do mundo, devia suas vitórias. Rebatia pênaltis como ninguém, levou o estádio ao delírio na final contra o Botafogo. E ouvirá que sua mãe era a moça bonita que freqüentava os campos até se apaixonar pelo mais talentoso goleiro, que além de tudo tinha alta conta bancária e cabeça pequena para um corpo tão grande. Talvez lhe digam que ela só queria “se dar bem”, como tantas outras moças parecidas. Afinal, algumas se casam em cerimônias milionárias. Mas Eliza Samúdio “perdeu”, como se diz na gíria do sub-mundo.
Vivemos o tempo das ridículas “celebridades”, onde a cabeça vale pouco, desde que os pés pisem um castelo que já foi de algum nobre falido e isso vire foto de revista. Pior de tudo é ouvir e ver na Internet comentários do tipo “ela foi mau caráter, oportunista, mas não merecia morrer dessa forma...” Ou então “ela era ‘maria-chuteira’ interesseira, tinha que acabar assim mesmo...” Tanto isso é verdade que, por vários dias, Eliza Samúdio foi chamada, pelas TVs de “a ex-amante do goleiro Bruno”. Não tinha nome. Até a palavra “amante”, em desuso há muito tempo, foi recuperada para crucifica-la moralmente. As fotos vulgares, mostradas insistentemente, servem para isso. Além de ser mulher, Eliza tinha “um passado”.
Senti falta das bravas opiniões feministas, dos protestos, da lembrança da lei Maria da Penha. Eliza demonstrava ter sonhos de maior inclusão social – mas também de formar uma família com seu filho e protegê-lo. Nem ela nem Bruno tinham muita experiência de afeto e proteção familiar. Os dois personagens são trágicos desde o começo, e se aproximam pela história comum lá atrás: ambos foram abandonados pelos pais quando crianças, e esse é o legado do menino.
O que os distancia, e separa a vida da morte, é que Bruno tinha poder e dinheiro. Ganhava perto de 200 mil reais por mês só em patrocínio e salário do Flamengo. Agora os contratos foram suspensos. O garoto que confessou ter ferido Eliza e acompanhado seu martírio até o final disse que recebeu três mil e entregou ao matador. Uma vida rica e uma morte barata.
Um colega levantou uma hipótese: se Bruno estivesse na Seleção, se tivesse ido para a África do Sul, talvez a tragédia fosse evitada. Eliza sumiu dias antes do primeiro jogo. O herói não sabe lidar com a frustração e pode cometer barbaridades, diz ele. Se estivesse feliz, talvez tivesse reconhecido o filho e seus direitos, e ainda ajeitasse a situação com a mulher traída. Pode ser. Isso porque, ao ser preso, Bruno teria lamentado apenas que a Copa de 2014, para ele, já era. Era esse o seu sonho. Sua paixão era o campo, a partida, a vitória. O reino perdido. Não chorou pelo que se tornou, por Eliza ou pelo abandono do menino. Mas esse é material para os psiquiatras.
O que nós sabemos é que a arte imita a vida e muitas vezes esta supera aquela. Estamos assistindo a uma tragédia brasileira.
quarta-feira, julho 14, 2010
sexta-feira, julho 09, 2010
quarta-feira, julho 07, 2010
segunda-feira, julho 05, 2010
Depois de tudo
Por detrás de cada pedra
Por detrás de cada homem
Por detrás de cada sombra
O vento traz-me o teu rosto
(Roberto Piva)
Acho que todos que estávamos no dia 6 de março no evento para juntar fundos para o tratamento do Piva devíamos isso a ele, de alguma forma. Pensei nisso lendo o texto do blog do dramaturgo, que sequer conhecia o poeta, mas muitas vezes o viu e leu.
Eu também não o conhecia, só daqui, dali,deste, daquele bar, de vista. Anos , séculos atrás. O dramaturgo diz que foi sua primeira noite de vinho, depois de tudo que lhe aconteceu, e que se arrastava com dificuldade. Eu vi.
Ele declamou o poema de Paranóia (1963)-Boletim do mundo mágico- e do meu lado o professor Boris Schnaiderman e a mulher dele, professora Jerusa Pires, generosa gente amante da poesia, gostaram do que ouviram. E olha que o professor Boris, do alto dos seus mais de 90, deve até ter visto o próprio Maiakovski declamando. O grande poeta morreu em 1925 e o professor ucraniano chegou ao Brasil em 1930...
Noite meio encantada, porque logo que chego encontro na porta meu velho amigo de adolescência e companheiro de rodadas de poesia, quando estudávamos no inesquecível colégio estadual da zona norte de Sampa. Então, o Edson ainda ama a poesia, como a amávamos desde crianças, eu pensei, feliz. Querem coisa mais incrível num mundo desses?
A namorada do Edson, depois mãe de suas filhas, Lucila, também nossa querida companheira de rodadas de poesia, já tinha partido há uns 10 anos.Saudades, sempre. Ela estaria lá também naquela noite, se é que não estava. E Boris Schnaiderman havia sido seu professor na USP, lembramos...Noite encantada, porque muitos fios se juntavam.
O poeta da Paranóia nos reunia. A alma da poesia vagando entre doidos (as) de pedra y loucos varridos (as). Eterna tribo sempre, e claro, como iria faltar o Marsicano tocando Coltrane y etc. na cítara?
Bortolotto havia se salvado milagrosamente.Leio no seu blog que, naquela noite, chegando em casa, sentiu que estava de volta. Definitivamente. Ou provisoriamente. E algum de nós sabe?
O casal Schnaiderman foi cumprimentá-lo pela declamação.
Meu ex-colega do colégio saiu no meio do evento, como fez a vida inteira- deu um tchau rapidinho, anotou meu telefone e desde então me manda emails engraçados e/ou comoventes.
Muitas apresentações depois, dei carona para o casal russo/baiano, que por outras vias meio encantadas havia conhecido meses antes, e até tomado um chá da tarde no apartamento-bliblioteca deles. (Um belo homem este, com seus olhos azuis tranquilos, onde se vê o amor e o cuidado pela mulher. Que sorte a deles.)
A noite estava suave, sim. Me despedi deles, olhei para a lua, respirei: às vezes, mesmo por motivos graves e tristes, a vida tece fios dourados enredando pessoas especiais, fora do tempo, a sincronicidade, um átimo de encanto.
domingo, julho 04, 2010
Para que existe o poeta?
FW - Num dos últimos poemas do Paranóia, você diz: "eu quero a destruição de tudo o que é frágil"...
RP - Mas sabemos que não é nada frágil aquilo cuja destruição eu desejo. A poesia é que é frágil, é uma forma de abrir brechas na realidade; como o Baudelaire, o Artaud, o Gottfried Benn e o Georg Trakl abriram. Mas não impediram Auschwitz. O poeta não existe para impedir essas coisas. O poeta existe para impedir que as pessoas parem de sonhar.
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Do jornalista e escritor Ronaldo Antonelli
O poeta existe para que algo não precise responder a pergunta "para quê?".
Caminhante, não há caminho: a morte de Piva
E que, por viver em um país que nunca respeitou nem grandes poetas, nem idosos--em geral gente sem recursos, que nunca viveu em função de lucro-- sofreu um verdadeiro calvário em busca de internação, até ser acolhido no Incor, via alguns médicos que se comoveram.
Ao menos teve , quero crer, uma morte digna e sem dor, estava em coma induzido há algum tempo.
Viva Piva Forever!
O Texto de Bortolotto
Eu não conheci Roberto Piva. Mas eu vi Roberto Piva. Várias vezes. Lendo seus poemas nos mais variados lugares. Adentrando os eventos culturais cercado por seus "pivetes" (como eram conhecidos os garotos que andavam com ele e com os quais ele dividia suas iluminações). Piva era amigo de amigos meus (Bivar, Pinduca) e teve uma noite que eu fui até à Funarte com minha velha câmera VHS e registrei um bate-papo entre ele e o grande poeta Cláudio Willer. Quando morava em Londrina, já lia Roberto Piva. Eu já o considerava o maior poeta vivo do Brasil e ele tinha aquela aura de mito marginal, do cara que não se rende e que vai até as últimas consequencias em nome de sua arte, no caso, sua poesia, do cara que dizia "só acredito em poeta experimental com vida experimental". Nos últimos anos, Piva vinha definhando por conta de sua doença que era degenerativa. Nós, do lado de cá, ficavamos torcendo por sua recuperação, mas na verdade ninguém tinha muita esperança. Meses atrás, lá no Barco, organizaram uma leitura de poemas pra ajudar a pagar o tratamento dele no hospital. Dei minha pequena contribuição lendo um poema dele acompanhado pela gaita do meu amigo Flavinho Vajman ( http://www.youtube.com/watch?v=TRQYXoBl0M0 ) E esse é o mesmo poema que li anos atrás em Londrina no programa "Estação Blues" da Rádio Universidade FM.
E aqui o próprio lendo o poema "A Piedade": http://www.youtube.com/watch?v=P2Lhaedkh48
Enquanto estou terminando de postar esse texto, Piva deve estar sendo cremado no Cemitério de Vila Alpina (o mesmo em que cremaram recentemente o meu amigo Marcos Cesana). E ele já deve estar nesse momento atazanando a vida (ou seria pós-vida?) de uma porrada de anjos em algum boteco bacana lá no céu. Acompanhado é claro de sujeitos de boa procedência poética como Vinícius de Moraes, Wally Salomão e Itamar Assumpção.
Vá em paz, excepcional (não encontro uma expressão mais adequada) Poeta.
Os drinks desfilam diante dos amigos
embriagados no tapete
Saratoga Springs
Kummel Coquetel
minhas almas estão sendo enforcadas
com intestinos de esqueletos
meus livros flutuam horrivelmente
no parapeito meu melhor amigo
brinca de profeta
no meu cérebro oito mil vagalumes
balbuciam e morrem
(Roberto Piva)
sábado, julho 03, 2010
Precisa-se de um amigo
(...)"Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive ".
Vinícius de Moraes
sexta-feira, julho 02, 2010
Futebol
Acabada a partida que eliminou o Brasil da Copa, o auxiliar do açougue, de costas para o balcão, com seu jaleco branco e seu boné, cortava a carne lenta e silenciosamente, ouvindo os comentários dos babacas da tevê.
O trabalhador, de costas, me passou uma das maiores tristezas que já presenciei.