sexta-feira, maio 14, 2010

O Joelma, o QG tucano em SP e a demissão na Abril


1- Celso Lungaretti escreveu interessante texto lembrando o edifício Joelma em chamas, em 1974, do qual pessoas se atiravam feito passarinhos. O laudo dos bombeitros constatou que havia somente uma escada comum (não de segurança,), não havia sistema de alarme nem qualquer sinalização para abandono e controle de pânico. Diz Celso:"Sobreviventes revelaram que sequer sabiam como chegar à tal escada comum, era praticamente escondida para que todos fossem obrigados a utilizar o elevador. A obsessão por mantê-los sempre controlados."
179 mortos e 300 feridos.
E continua: " Enfim, saltando para o presente, em tudo e por tudo o Joelma é mesmo o local escrito nas estrelas para abrigar o comitê de campanha 2010 de Geraldo Alckmin e José Serra.De nada adianta terem mudado seu nome para Edifício Praça da Bandeira.Nem a ridícula mobilização de influências políticas para que fosse trocado o número do prédio, de 184 para 182, a fim de evitar que os algarismos somassem 13.O mau agouro é outro: estarem ocupando um espaço amaldiçoado pelas almas penadas de quem foi imolado no altar do L-U-C-R-O ".

2- Esta semana a Editora Abril demitiu o editor-assistente da revista National Geographic Brasil Felipe Milanez, pelas críticas em seu Twitter contra a revista veja, da mesma editora, a respeito da reportagem “A farra da antropologia oportunista", sobre delimitação de reservas indígenas e quilombos no país. A mesma que reproduz delcarações do antropólogo Viveiros de Castro, que não foi entrevistado, conforme denunciado por ele.
" A decisão me foi comunicada pelo redator-chefe Matthew Shirts. Ela veio lá de cima , disse Felipe". Segundo o Portal Imprensa, Matthew Shirts, disse: "Foi demitido por comentário do Twitter com críticas pesadas à revista. A Editora Abril paga o salário dele e tomou a decisão".
Ao ser questionado se concordava com a demissão do jornalista, Shirts declarou que "fez o que tinha que fazer exercendo a função".
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Lembrei imediatamente de Decio de Almeida Prado, que entre 1956 e 1967 exerceu a mesma função no Suplemento Literário do Estadão. Em depoimento para o meu livro "Que falta ele faz!", o professor Antonio Candido contou uma história exemplar.
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" Houve um momento -- (...) que o doutor Julio conversou com o Décio sobre um colaborador comunista que talvez valesse a pena não colaborar. O Décio disse, “não sei se é comunista, mas o fato é que não transparece nos artigos, é um grande crítico. Mas se o senhor achar necessário que ele não colabore mais, eu aceito e nesse caso apresento minha demissão”.
O dr. Julio disse: “Não Décio, está encerrado o assunto”.

Mudou o mundo e mudaram os jornalistas. Não só não se fazem mais liberais como antigamente. Não há a mais remota hipótese de algum redator-chefe se comportar como Décio, frente a uma decisão de quem "paga o salário".

Shirts disse que fez o que devia fazer exercendo a função. Décio de Almeida Prado fez o oposto, coerente com seus princípios.O que pensaria Shirts sobre Décio? Não sei. Sei o que pensa Antonio Candido: "Ele era um ser de exceção".

2 comentários:

Tania Mendes disse...

MA-RA-VI-LHA! É claro que os patrões são assim hoje pq tem quem cumpra calado e achando bom. A liberdade de expressão foi prás cucuias há muito, aqui onde quem alcança um postinho de nada enche o peito e se vangloria, passando a louvar o patrão em qualquer, repito,qualquer circunstância. Vade retro.

Elizabeth disse...

não tem mais jeito