quinta-feira, maio 06, 2010

A Internet e o assassinato de reputações

Com o título “BrasilWiki! Você é o repórter”, um site dirigido por dois jornalistas de São Paulo anuncia-se como um jornal online participativo: “quem escreve é você”.
Segundo o boletim Jornalistas & Cia, “José Aparecido Miguel (Mais Comunicação) e Eduardo Mattos (ex-Agência Estado) juntaram forças para lançar o BrasilWiki (www. brasilwiki.com. br), site onde qualquer pessoa pode ser repórter e contar suas histórias, dar suas opiniões, criticar, denunciar e publicar suas fotos, vídeos e áudios, na linha da notícia de todos para todos.“ Como dizem eles, "a essência do modelo está em seu próprio nome: wiki é a abreviatura, em inglês, de ‘what I know is... ’ (‘o que eu sei é... ’). O projeto chega no rastro de uma experiência bem-sucedida do chamado jornalismo cidadão – ou jornalismo participativo. Ela surgiu com o sul-coreano OmyNews, que se transformou em um fenômeno editorial. Criado por OhYeon Ho, em fevereiro de 2000, o Ohmy-News arregimentou, inicialmente, 727 cidadãos-repórteres. Hoje, este grupo cresceu: tem 35 mil colaboradores, que enviam para o site centenas de notícias, comentários e imagens diariamente".
Fiquei conhecendo este site por meio de uma postagem equivocada no Portal Luis Nassif. A postagem reproduziu um artigo do tal site, com o título “Dorothy, a freira da Cia", de autoria de um auto-intitulado repórter Cesar.Que abre o texto assim: “Segundo os serviços de informações do Brasil, Dorothy Stang foi uma ex-oficial de informações militares dos EUA”. E despeja uma série de acusações sem provas, e muito menos sem citar quais são essas fontes dos “serviços de informações”

Pessoas desavisadas acreditaram na denúncia,--uma clara tentativa de assassinato de reputação, e de uma pessoa assassinada por questões de conflitos de terras. Internet é bom, mas é um perigo. Papel não recusa texto, internet também não. Mas é só procurar os textos anteriores do mesmo auto-intitulado repórter para se saber de quem se trata. Títulos como “Dilma e sua ditadura vermelha”, “Como pode um gay ser militante comunista?”, ou “Veja ACM enquadrando Lula, onde afirma: “Ele convocou as Forças Armadas brasileiras a assumirem novamente o Brasil”.
Esse puro lixo é publicado no site onde qualquer um é repórter e que aceita qualquer barbaridade. É de se pensar que os jornalistas que o mantém estão, eles próprios, assassinando suas reputações.

3 comentários:

Tania Mendes disse...

É lamentável e vergonhoso usar a internet para denegrir figuras como Dorothy Stang (imagino que não terá sido a primeira vez que tal cidadão comete tal crime). É mesmo como vc diz, Beth, quem dá guarida para tudo e qualquer coisa, além de assassinar a própria reputação, só ajuda a transformar um meio tão importante em puro esterco.

Elizabeth disse...

O pior é isso ser reproduzido em outros sites decentes, e pessoas ficarem em dúvida, ou acreditarem. Lembra quando era tudo considerado verdadeiro porque "deu no jornal"?Hoje em dia corre-se o mesmo risco na atual geléia geral, com o "deu na web".Se alguém critica seus inimigos pretensos, vamos dar crédito a esse alguém, seja o tipo quem for. Eu hein!

Dodó Macedo disse...

Deplorável.