segunda-feira, novembro 03, 2008

Burros de carga, cachorros e homens


Recebi por e-mail, uma pessoa bem intencionada , claro, me repassou o pedido da Silvana aí embaixo. Meus comentários vão após o texto:


Olá amigos,
Acabei de receber uma ligação de um pedido de ajuda, uma denúncia.
A pessoa que ligou trabalha em uma clínica veterinária, no banho e tosa, ela disse que o irmão dela está chocado com uma cena que ele vê todos os dias, um senhor morador de rua, usa seu cachorro como burro de carga, o pobrezinho puxa a carroça dele o dia inteiro, ele o usa para carregar a carroça, imaginem o sofrimento deste pobre cachorro, mas ninguém faz nada, mesmo ele estando em uma das avenidas mais famosas e movimentadas de SP.
Esta pessoa me pediu que eu divulgasse um e-mail pedindo ajuda, para que algum órgão ou alguma pessoa possa fazer alguma coisa.
O senhor que faz esta barbaridade mora na Avenida Paulista, esquina com a Rua Augusta, em frente ao Bradesco, ele está sempre nos horários da 12:00 ou após as 18:00, a pessoa que denuncio disse se tratar de um cachorro de raça, mas não sabe informar qual a raça, já que o seu irmão não sabe nada sobre raça, bem, isto é o que menos importa, mesmo sendo um vira-lata, algo precisa ser feito.
Divulguem a todos, para que chegue a algum órgão competente.
Deus abençoe-os!
Silvana


E ninguém pensou no seguinte:
se o "senhor morador de rua" estivesse ele próprio puxando a carroça, como "burro de carga", será que alguém pediria ajuda? Acharia uma "barbaridade?"
Não,afinal já se tornaram paisagem costumeira e banalizada das grandes cidades.

Além do que, é um horror atrás do outro esse pedido de ajuda: primeiro dá o endereço do pobre catador e pede que enviem aos órgãos competentes; depois ainda diz que o cachorro é de raça , não sabe qual (mas acentua que isso não importa, mesmo se fosse vira-lata: "algo precisa ser feito")

Deus que nos livre e guarde dessa gente!

Um comentário:

Anônimo disse...

Companheira, a trilha sonora do seu texto poderia ser "troque seu cachorro por uma criança pobre", do divertido Dussek, ou "Índios", do Renato Russo, que diz "...mas nos deram espelhos, e vimos um mundo doente".

No brilhante texto do professor Joel Rufino dos Santos a favor da política de cotas, ele cita James Baldwin: "os homens só se diferenciam, realmente, pelo tamanho da sua maldade".