quinta-feira, abril 06, 2006

Cidade triste

Triste Bahia
musica Caetano Veloso/letraGregório de Matos


Triste Bahia, oh, quão dessemelhante…

Estás e estou do nosso antigo estado
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado
Rico te vejo eu, já tu a mim abundante
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante
A ti tocou-te a máquina mercante
Que em tua larga barra tem entrado
A mim vem me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante


No cruzamento da Brasil com Rebouças, veio um menino de uns 10 anos na minha janela , com a mão direita escondida. Queria dinheiro, celular, etc.Eu não via a mão, se tinha arma ou não. Disse pra ele que não tinha, mas ia dar uns doces. Ele abriu as duas mãos, agradeceu e foi embora com uns docinhos de leite que eu tinha deixado no carro justamente pra dar pras crianças.
Fiquei tremendo o resto do caminho.
Cidade triste.
De manhã, deu no jornal que o MV Bill, aquele do documentário “Falcão, os meninos do tráfico” lançou seu livro na Daslu.
O documentário que não vi mostra o cotidiano de 17 meninos recrutados pelo tráfico de drogas: 16 já tinham morrido quando o documentário foi exibido e o país se horrorizou (!).
A Daslu colabora com a Central Única de Favelas.
Bill disse que a culpa é do passado escravocrata.
Eliana Tranchesi, a dona, aquela da sonegação fiscal, disse: “Estamos aqui para juntar todos, ricos e pobres, as forças de todo mundo”.
Alguém da platéia disse: “ Estamos no templo do consumo, isso aqui é o responsável”.
Uma moradora da favela ajudada pela Daslu disse que Eliana entrou na sua casa para ver como morava: “Ela é rica porque trabalhou muito para ser rica”.
Rosana, seu nome. Eliana disse que ela é sua melhor amiga.
Bill disse: “Temos de levar a discussão para todos, inclusive para a Daslu”.
Eu não sei o que dizer. Me lembrei do John Lennon, num show beneficente que os Beatles fizeram e ele exclamou no fim: “Não precisam aplaudir. Sacudam as jóias”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só há um comentário a fazer sobre esse circo todo: "No comments".