segunda-feira, dezembro 24, 2012
quinta-feira, dezembro 20, 2012
quarta-feira, dezembro 12, 2012
quarta-feira, dezembro 05, 2012
Um poema meu na Catedral de Brasilia
Estreito
Na estrada da capital federal
plano planalto
a vasta visão da verdura
No centro da capital federal
Na catedral
Estreito coração, miudinho piso
Paro atrás da estátua
A me esconder de tudo o que é não
Um fino fio, uma muralha
Uma ode de medo ou de amor
Vamos viver, vamos morrer
Sem saber.
Niemeyer
Projeto da catedral
“Outra novidade, da Catedral de Brasília, é a nave rebaixada de três metros do nível do piso do terreno. A entrada em rampa, leva, deliberadamente, a percorrer um espaço de sombra antes dos fieis atingirem a nave, o que acentua, pelo contraste, os efeitos da luz procurados. Em volta da nave rebaixada em três metros, as capelas e ainda as ligações com as salas e serviços anexos à Catedral, e o Batistério, localizado, como primitivamente, fora do templo. “
http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=431
domingo, novembro 25, 2012
sábado, novembro 24, 2012
quarta-feira, novembro 21, 2012
segunda-feira, novembro 05, 2012
Lucas Cozzani, de Poços de Caldas, canta o tango
Inicrivel, fantastico, extraordinario, o cantor que conheci no festival de corais em Poços de Caldas: Lucas Cozzani, do Coral Carmargo Guarnieri.
Aqui, no Teatro Colón com a Orquestra Municipal de Tango da Cidade de Mar del Plata em Julho de 2005.
quarta-feira, outubro 31, 2012
domingo, outubro 28, 2012
sábado, outubro 20, 2012
sexta-feira, outubro 12, 2012
quarta-feira, outubro 03, 2012
Orides Fontela
Foi bibliotecária de uma escola estadual em SP. Morou em um daqueles prédios no Minhocão. Foi despejada, não sei se daquele apto.
Uma de nossas maiores poetas: Orides Fontela.
Sua obra foi reunida pela editora Claro Enigma em 1988; Trevo (1969-1988)
Poema de Orides Fontela.
Fala/
Tudo
será difícil de dizer:
a palavra real
nunca é suave.
Tudo será duro:
luz impiedosa
excessiva vivência
consciência demais do ser.
Tudo será
capaz de ferir. Será.
agressivamente real.
Tão real que nos despedaça.
Não há piedade nos signos
e nem no amor: o ser
é excessivamente lúcido
e a palavra é densa e nos fere.
(Toda palavra é crueldade)
quarta-feira, setembro 26, 2012
Meus livros nas bibliotecas dos EUA. Mas, e nas brasileiras?
Uma entrevista ótima com o diretor da biblioteca da Universidade de Harvard, Robert Darnton, no Roda Viva, me levou a uma pesquisa. Encontrei dois de meus livros, rapidamente, na busca online, não só lá, como no link da Biblioteca do Congresso.
Já fiz essa pesquisa antes, e encontrei os livros em várias bibliotecas de universidades norte-americanas de renome.
Voltei a pesquisar aqui, no SibiUSP, Sistema Integrado de Bibliotecas da USP e encontrei o de sempre: minha dissertação de mestrado na ECA, sobre o Suplemento Literário. O livro, “Suplemento Literário- Que falta ele faz!”, no Instituto de Estudos Brasileiros, assim como a biografia “Tinhorão, o Legendário.”.
Nada na Faculdade de Letras, onde pessoalmente entreguei a obra sobre o Suplemento Literário, prefaciada por Antonio Candido, e que fala de um caderno cultural criado por ele e por Decio de Almeida Prado, ambos professores de lá.
Nada de livro na ECA, onde fui aluna de graduação e de mestrado, e onde, repito, a dissertação sobre o Suplemento foi escrita. Naquela Escola, também entreguei pessoalmente o livro, publicado em 2010.
Ainda me lembro de que, quando expliquei do que se tratava, o atendente respondeu: “Vamos ver se interessa”. Entreguei pessoalmente também na Biblioteca da PUCSP.
Ambos os livros editados pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, onde me asseguraram distribuir suas obras por várias escolas e faculdades.
Naquela editora, uma ex-assessora, ao ouvir meu pedido de envio do livro para a FFLCHUSP- local privilegiado e personagem também do livro --- afirmou: “Não, já mandei muitos de seus livros para a imprensa”.
Tudo isso não é de se estranhar, infelizmente. Pois a EDUSP, a primeira editora que procurei, para publicar a obra que tinha como personagens a USP, professores da FFLCHUSP, etc., etc. , recusou o trabalho. Seu parecerista anônimo afirmou que Décio de Almeida Prado, o editor do Suplemento Literário do Estadão, teria sido elitista em suas concepções e eu não deveria ter concordado com ele... Isto é, censura de ideias na maior universidade da América Latina.O livro foi publicado, rendeu muitas páginas não só no Estadão como no concorrente, a Folha, em vários jornais e sites de todo o país. Hoje faz parte das bibliográficas de todos as pesquisas sobre jornalismo cultural, conforme tenho ciência.
“Tinhorão, o legendário” é a biografia de um jornalista polêmico especializado em cultura urbana, em música popular, e traça um retrato de um período rico de nossa imprensa, no caso a carioca, nas décadas de 1950 e 1960. Também teve ótima cobertura da imprensa do Rio de Janeiro.
Livros que, no mínimo, deveriam estar nos catálogos de faculdades de Jornalismo e de Letras e de Música do país.
Sempre que levanto esse assunto, penso na dificuldades enormes enfrentadas por muitos pesquisadores brasileiros. E na falta de discernimento de certas instâncias acadêmicas e não acadêmicas.
Ah, não contei com qualquer bolsa para escrever dissertação e livros. Tive mesmo de trancar a matrícula na ECA durante um tempo, porque o trabalho na redação não deixava tempo livre para pesquisa.
Já comprá-los nas livrarias é outro calvário: só encontra quem conhece e encomenda. Mas esta é uma outra história triste.
Na Semana Internacional do Livro, esta é minha colaboração. A alegria de saber que um esforço é reconhecido em universidades estrangeiras, mas não naquelas do Brasil, no país onde esses trechos de História da Imprensa e da Cultura se registraram.
Aqui, o link da Libray of Congress. É só colocar meu nome na busca
http://catalog.loc.gov/
Aqui, da Biblioteca de Harvard. Idem
http://catalog.loc.gov/cgi-bin/Pwebrecon.cgi?DB=local&PAGE=First
ou
http://hollis.harvard.edu/?q=author:%22Elizabeth%20Lorenzotti%22
Aqui, o link da USP, idem.
http://www.sibi.usp.br/buscaintegrada/
sexta-feira, setembro 21, 2012
quarta-feira, setembro 12, 2012
domingo, setembro 02, 2012
sexta-feira, agosto 31, 2012
e para que ser poeta...
Não deixem de fazer o download deste livro.
O poeta, escritor e crítico pernambucano Fernando Monteiro lançou este ano Matinatta, com três poemas longos, formato que prossegue o iniciado no livro “Via uma foto de Ana Akmátova”.
Entre esses poemas, como dizem seus editores,uma espécie de elegia em torno da morte de Roberto Piva:
“ E para que ser poeta em tempos de penúria?” verso retirado de Hoederlin
http://www.substantivoplural.com.br/wp-content/uploads/2012/08/Fernando-Monteiro-Mattinata-ebook.pdf
Um quase manifesto. Trecho:
“Lixo, lixo, lixo:
afirmou três vezes, o Roberto
Pedro da não-negação pívia,
no vôo de Gavião livre
acima da poesia brasileira
do avestruzismo afundando
no tapete vermelho
dos prêmios paulistas
que nunca foram para as mãos
paulistanas desse ímpio gentil,
suave no convívio
porém feroz na recusa
de comércio literário
& negócios do filth.
Tardia lição de um pária,
a pergunta posta no lixo
basta como indagação direta,
resta como interrogação pura
de dentro para fora da sua vida:
para que ser poeta em época
de bosta blindando tímpanos?”
Este poema, só ele, está aqui
http://www.substantivoplural.com.br/wp-content/uploads/2010/08/E-para-que-serve-ser-poeta-em-tempos-de-pen%C3%BAria1.pdf
sexta-feira, agosto 24, 2012
Borges, aniversariante de hoje
"Arribo, ahora, al inefable centro de mi relato, empieza aquí, mi desesperación de escritor. Todo lenguaje es un alfabeto de símbolos cuyo ejercicio presupone un pasado que los interlocutores comparten; ¿cómo transmitir a los otros el infinito Aleph, que mi temerosa memoria apenas abarca?"
El Aleph, Jorge Luis Borges
sexta-feira, agosto 17, 2012
Fazer poesia é um ato de fé
"Fazer Poesia, que é a maior das artes, é um ato de fé", me diz a amiga poeta Akemi Waki, que me enviou uma analise precisa após leitura do meu As Dez Mil Coisas. Coisas que eu nem havia percebido. São assim as leituras, quando jogamos nossa garrafa ao mar. É meu primeiro livro de poemas, e me proporciona, lentamente, as chamadas gratas surpresas. Como esta: o livrinho nas mãos do poeta Claudio Willer,neste Seminário sobre as maravilhosas "inutilidades' que são os poemas no grande oceano revolto deste vasto, vasto mundo.
domingo, agosto 12, 2012
domingo, agosto 05, 2012
Um poema de Cortázar
Objetos perdidos
Por veredas de sueño y habitaciones sordas
tus rendidos veranos me acechan con sus cantos.
Una cifra vigilante y sigilosa
va por los arrabales llamándome y llamándome,
pero qué falta, dime, en la tarjeta diminuta
donde están tu nombre, tu calle y tu desvelo,
si la cifra se mezcla con las letras del sueño,
si solamente estás donde ya no te busco.
quinta-feira, agosto 02, 2012
quarta-feira, agosto 01, 2012
terça-feira, julho 24, 2012
Professor Antonio Candido, 94 anos hoje
Na foto, ele e sua mulher, Gilda, que já partiu."A velhice é muito triste", comentou comigo uma vez, em sua casa de viúvo. O que eu poderia dizer? Longa vida ao professor, que tem me salvado, e a tantos, por saber que ele existe, e por ouvir as coisas que fala, como esta, que não canso de compartilhar, sobre a alegada falência da utopia:
" Mas o que importa não é que os alvos ideais sejam ou não atingíveis concretamente na sua sonhada integridade. O essencial é que nos disponhamos a agir como se pudéssemos alcançá-los, porque isso pode impedir ou ao menos atenuar o afloramento do que há de pior em nós e em nossa sociedade. E é o que favorece a introdução, mesmo parcial, mesmo insatisfatória, de medidas humanizadoras em meio a recuos e malogros. Do contrário, poderíamos cair nas concepções negativistas, segundo as quais a existência é uma agitação aleatória em meio a trevas sem alvorada."
Foto Bob Wolfenson
domingo, julho 22, 2012
quinta-feira, julho 19, 2012
Feliz aniversário Maiakovsky
Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky (em russo: Влади́мир Влади́мирович Маяко́вский; Bagdadi, 7 de julho (calendário juliano) / 19 de julho (calendário gregoriano) de 1893 – Moscou, 14 de abril de 1930)
segunda-feira, julho 16, 2012
segunda-feira, julho 09, 2012
Viva os artistas que nao se vendem!
Pensando tantos artistas que não se vendem. Não me faz bem, nunca, ver artista fazendo propaganda de banco, industria, margarina e tal na TV.Sempre me lembro de Paulo Autran, que declarou que não fazia publicidade e colocava o cachê nas estratosferas, para os publicitários desistirem. Esse era um cara! Também fico feliz acompanhando as atividades do grupo Cemitério de Automóveis e do pessoal da Praça Roosevelt, resistentes da dramaturgia, os ingressos tipo "pague quanto puder". Se eles podem viver assim , por que os outros não? Tenho esperança quando vejo o ator, dramaturgo, poeta e blueseiro Mario Bortolotto respondendo num video à pergunta "por que nao faz propaganda, se é o que dá $$$?". Porque tem ideias que defende no seu trabalho,e tudo iria por terra com um comercial.Salve eles!
quinta-feira, julho 05, 2012
Chicago Blues em Poços de Caldas
De Poços de Caldas Jazz and Blues Festival:
Rip Lee Pryor é umas das grandes atrações do Poços de Caldas Jazz & Blues Festival! Richard Pryor é filho do lendário Bluesman Snooky Pryor, e é mesmo um herdeiro dos talentos do velho Snooky, Rip Lee, muito mais que outros filhos de talentosos artistas do Blues, é tão bom quanto o pai, o que nos deixa ainda muito honrados com a sua presença em nosso festival, vai rolar o mais autêntico Chicago Blues aqui na serra mineira!
segunda-feira, julho 02, 2012
Memória 1968
Capa que Jô fevereiro fez 1968 para o jornal (formato brochura) do grêmio estudantil do CEDOM.
Texto dele:"colégio onde concluí o equivalente ao segundo grau. Na ilustração foram homenageados dois ícones que praticamente monopolizavam a mídia naquele momento: no primeiro plano "luis travassos", presidente da UNE que estava na mira dos militares e no segundo plano "the beatles", que dispensam apresentação até hoje. foi uma capa polêmica, pois alguns colegas mais radicais se indignaram com o sacrilégio da mistura entre ação política e rock'n roll. agradeço a atenção e generosidade do colega e amigo angelo ferrara, que ainda tem guardado um exemplar e digitalizou a imagem acima exposta."
domingo, junho 24, 2012
sexta-feira, junho 22, 2012
quinta-feira, junho 21, 2012
terça-feira, junho 12, 2012
sábado, junho 09, 2012
Evandro Affonso Ferreira, escritor
“araã!”;”Erefuê”; “Zaratempô!”O mais recente, “Minha mãe se matou sem dizer adeus”.São esses os livros que li do Evandro, o primeiro dele é “Grogotó”, não li, mas uma vez encontrei essa palavra nos escritos do pai de uma amiga mineira, ela me mostrou, estava lá “Grogotó”, que é um hotel em Barbacena, será outra coisa também? Sim. No Google tem o dicionário Aulete:
interj. || (Bras.) Acabou-se! Está tudo perdido! Agora é tarde. [Também se diz grogotó de galhetas!
Essas Minas. Embora parece que negue influências, há tanto tempo em SP, o escritor é mineiro de Araxá.Sei lá, que sei eu? Conheci Evandro faz muito tempo, quando ninguém e nem ele imaginaria que seria um escriba. Era bem humorado e triste, me escrevia bilhetes que guardei até hoje e embora ele diga nesta entrevista que até os 45 anos nunca escreveu nem leu nada, ao menos bilhetes interessantes escrevia. Um deles num cartão da Nirvana automóveis, onde trabalhava. Ah, essa vida e suas palavras e caminhos. Nesta entrevista num programa da Rede Minas, ele faz a declaração abaixo, que poderia ser a de muitos dessa estranha e preciosa tribo:
“Eu me agarro às palavras, a literatura é minha vida. Fui chegando a um ponto da minha existência em que tudo foi se afunilando. Eu conduzi de tal maneira a vida que só me resta a palavra.Eu me apego a literatura como quem se apega a um ramo qualquer à beira do precipício, se eu não segurar a palavra eu caio, e isso não é figura de linguagem. Sou uma pessoa falida em termos de vida e só me resta literatura.Sem a literatura não sei o que é viver.E isso não quer dizer que eu escreva melhor ou pior, mas posso lhe garantir que só me restou a literatura”.
terça-feira, junho 05, 2012
segunda-feira, junho 04, 2012
Ferreira Gullar, o acaso e a necessidade
Meu artigo sobre Ferreira Gullar na Flip Poços, publicado no Escritablog
Na Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas, Ferreira
Gullar falou sobre sua vida e sua obra. Antonio Candido foi homenageado mas não pôde comparecer . Para ele, com o Modernismo, "o povo tem tanta importância na literatura quanto os príncipes".
http://escritablog.blogspot.com.br/search/label/Elizabeth%20Lorenzotti
sábado, junho 02, 2012
quarta-feira, maio 30, 2012
segunda-feira, maio 28, 2012
Visita 2
Urubus, carcarás, meditam sobre Sampa. Há anos, deparei com um nos altos de um prédio na Paulista com Augusta e escrevi este:
Visita.
Fincado nos píncaros
majestoso enigma
espreita, de perfil
Memórias de cordilheiras
em meio à alheia neurose
Incorruptível
no secular vício da carniça
observa o ciclo da caça
Ruídos esganiçados não te assustam
Parabólicas captam todas as aparências
Excluído do olhar humano
Impassível urubu urbano
A visita 1
Olha só quem apareceu na mata em frente à minha casa. Quem identificou foi meu primo, que é de Poços. Meninas engraçadas, diferentes, e como gritam! Conheciam?
"Seriema, sariema ou siriema é o nome vulgar dado às aves pertencentes à família Cariamidae, da ordem Cariamiformes. São aves de médio porte, terrestres, que preferem correr a voar. O grupo é nativo da América do Sul e habita zonas de pradaria ou florestas abertas. As seriemas alimentam-se de insetos, lagartos e pequenas cobras, como também de cajuis e cajus do cerrado.
Em contato com os humanos, as Seriemas são sempre desconfiadas e quando se sentem ameaçadas por eles, costumam abrir suas asas e enfrentá-los" ( tem razão essas meninas..).
"Diz a lenda que o canto deste pássaro indica o final da época das chuvas. Do tupi, siriema=pequeno nhandú, ou seriema=nhandú com crista.
Seu canto é marcante, podendo ser ouvido a mais de 1 quilômetro. Seus gritos, seja de uma ave solitária, seja de um casal em dueto, são altos e longos. Parecem longas risadas, as quais vão acelerando-se e aumentando de tom à medida que a ave repete o canto. Pode permanecer gritando por vários minutos a fio."
sábado, maio 26, 2012
sexta-feira, maio 25, 2012
José Castello sobre o Premio Camões a Dalton Trevisan
"São personagens banais, aprisionados na vulgaridade que define a vida comum. E que, através de expedientes e atos rudes, quase desumanos, lutam para se afirmar em uma paisagem que os anula. Esses seres sem qualidades guardam, porém, uma qualidade que supera todas as que lhes faltam: preservam o que temos de mais fundamental — a fome de existir. Nas frestas de uma cidade também introvertida e desconfiada, tentam conservar um fio de sentido para suas vidas. São seres pequenos, mas a persistência é sua grandeza.
Premiar a literatura de Dalton Trevisan, essa grande literatura de homens e mulheres pequenos, é enfim deitar o olhar sobre esses seres que, não fosse o escritor, estariam apagados para sempre do cenário contemporâneo. Pessoas que teimam em existir. Que não excluem os sentimentos mais repulsivos, como a raiva, o desespero, a sordidez. Que cultivam um grande ódio pelas máscaras civilizadas. "
quinta-feira, maio 24, 2012
O design e os outros 90%
Design não é só o que as revistas de luxo e suplementos de jornais apresentam para o consumo de descartáveis. Adelia Borges , curadora de design, fala sobre as iniciativas direcionadas às amplas camadas da população
segunda-feira, maio 21, 2012
quinta-feira, maio 17, 2012
terça-feira, maio 15, 2012
Oi é empresa incompetente e caloteira. Tim e Vivo não ficam atrás
A OI É UMA EMPRESA INCOMPETENTE E CALOTEIRA. Tenho uma conta credora, no valor de R$ 105,66, que a OI deveria ter me pago dia 8 de maio. Havia cobrado em duplicidade. Prometeu pagar até dia 10, conforme reclamação feita dia 7 sob o protocolo 201210647376292.NAO PAGOU. Liguei ontem para o infernal 10331 e fui atendida por uma pessoa igualmente incompetente, que solicitou minha conta bancaria - que eu já havia informado dia 7 de maio. Demorou para fazer o registro, perguntava para colegas o que deveria me responder, além de um chiado terrivel ao fone. Quando reclamei, ela disse" agora que voce vai ver o chiado". E desligou.
E tem mais: a Oi recusa-se a instalar seus serviços onde moro, um novo bairro a 2,5 km do centro da cidade de Poços de Caldas. Por isso, tive de recorrer a outras empresas, igualmente péssimas.
Hoje fui à Vivo, solicitar o cancelamento de sua péssima internet movel: para quem faz muitos downloads, pagar R$90,00 e ainda ter de pagar mais quando atinge um certo limite, não dá. A loja da Vivo nao cancela, de lá fiz cinco ligações, sem sucesso. Eles não gostam de cancelar.
Já a TIm cortou minha linha telefonica fixa e fui informada na loja que eu não paguei a conta. Claro, não tenho bola de cristal, não recebi a conta.
Fui entao ao Procon de Poços de Caldas onde consegui, parece, finalmente que a OI me pague e que a Vivo cancelasse o 3G. Já na loja da Tim, me passaram a segunda via da conta e paguei em seguida. Estou esperando sentada que a linha seja restabelecida.
Resumo, um dia inteiro perdido por causa dessas "empresas" de telecomunicação, campeãs no ranking de reclamções da defesa do consumidor no país, ao lado de planos de saude e bancos, claro.
Nao sei como se pode dizer que existe cidadania em um país onde acontecem esses abusos.Insultados e desrespeitados nós somos por essas "empresas" de telecomunicações. Enquanto a presidente da Argentina multa em milhões uma dessas, aqui ninguem toma qualquer providencia. Eles mandam no Brasil.
domingo, maio 13, 2012
Quem puxa aos seus não degenera: Maria Julia de Souza, Walter Franco, Cid Franco
Reprodução de texto publicado em 24 de março de 2009***
*Minha vó materna, Julia, ficou cega após um parto.
Tia Judith, 94 anos, lá de Poços de Caldas, me lembrou hoje, domingo, que vovó perdeu a visão uma noite, na sua casa do Brás, em São Paulo, enquanto ouvia uma serenata: tocavam Branca.
Branca, valsa de Zequinha de Abreu, aqui com Heryck Santos, tirei do You tube, numa linda versão de Dilermando Reis. Heryck, músico que conheci agora, tocou à noite numa pracinha de Livramento, que talvez se pareça com aquele antigo bairro paulistano do Brás.
Mulher guerreira, aprendeu a ler em braile já velhinha, ajudou a me criar, tomava minhas lições, passava roupa, fazia biquinhos de crochê em toalhas, sim, fazia. A cada dia, ela dizia que "enxergava" uma cor: hoje tudo azul, amanhã tudo vermelho, não me lembro que cores gostava. Olhos perfeitos, linda e sempre bem arrumada, quando saia com minha mãe para qualquer lugar, perto ou longe.
E tão generosa.
Sempre morou conosco. Em Poços de Caldas, eu bem pequena, ela tinha apenas dois vestidos. Não éramos exatamente bem de vida. Bateu à porta uma pessoa necessitada e ela falou para minha mãe doar um deles.
E minha mãe disse: "Mamãe, a senhora só tem dois, como é que vai ficar com um só?"
"Ah Nilde, depois você costura um pra mim, né?"
Nunca esqueço da resposta dela a um médico. Num retorno, o homem perguntou se estava melhor. Vovó respondeu: "Sim graças a Deus".
"Graças a Deus nada, graças a mim", retrucou o delicado profissional.
Quando vovó voltou novamente, à mesma pergunta respondeu:
"Estou melhor sim, graças a Deus e ao senhor".
Sabedoria da sobrevivência de uma alma delicada nesse mundo...
Outra que a tia Judith contou: Estavam a vó e minha mãe na igreja, mamãe se afastou para ir ao altar e quando voltou o padre reclamava com a dona Julia: ela estava rezando de costas pro santo. Explicada sua cegueira, o padre pediu mil desculpas...(mas que padre tonto, quem é que iria entrar na igreja pra ficar de costas pro santooo??comentou a tia Judith)
E mais: num carnaval de rua em Poços, minha avó grudada no laço do meu vestido e eu escapei, ela não notou. Eu era uma peste. Quando se vê, ela estava segurando no cinto de um homem , que, depois das desculpas, respondeu: "Pois eu estava aqui pensando, é com essa que eu vou pra Maracangalha".
Adorava ouvir rádio: novelas, programa da Ave Maria, às 18 horas, colocava um copo d'água em cima do rádio pra benzer.
Especialmente ficou fã, já aqui em São Paulo, do Cid Franco, que tinha, segundo lembro, um desses programas. Gostava tanto que pediu a mamãe para escrever a ele. Cid Franco respondeu e mandou junto um livro dele. Quem leu para ela? Deve ter sido minha mãe.Tenho por aqui, preciso achar, o livro e a carta.
Cid Franco, me lembra o querido amigo e companheiro de tantas lutas, Davi de Moraes, era deputado pelo Partido Socialista, ele o conheceu. Quando a Assembléia era naquele prédio lindo do Parque Dom Pedro, existia uma deputada destemperada e anticomunista ao extremo chamada Conceição da Costa Neves, que andava com um chicote, e chegou a declarar que iria chicotear o Cid Franco.
Davi diz que ele fez um discurso tão incrivel na tribuna que desarmou a mulher.
Disse também que Cid sempre foi ligado nas coisas espirituais.
Minha avó Julia está sempre comigo, assim como minha mãe. Ela se foi quando eu tinha 15 anos, mamãe há seis anos.
Anos depois, vim a saber que Walter Franco, esse admirável músico, filósofo, poeta, compositor, cantor, é filho do Cid Franco.
"Quem puxa aos seus não degenera" é uma música linda dele.
"Coração Tranquilo", de 1978, é outra que só anos depois vim a entender, quando a professora de Tai Chi disse: "mente quieta, coração vazio".
Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo, repete o mantra da música de Walter Franco, que canta aqui com seu filho Diogo. A coisa mais difícil, mas não impossível.
A vó Julia gostaria de conhecer o Walter. Especialmente gostaria dessa "Quem puxa aos seus não degenera", como eu gosto.
sábado, maio 12, 2012
Antonio Candido e Ferreira Gullar na Flipoços
Artigo meu no Escritablog
http://escritablog.blogspot.com.br/search/label/Ferreira%20Gullar%20e%20Antonio%20Candido
sexta-feira, maio 11, 2012
quinta-feira, maio 10, 2012
quarta-feira, maio 09, 2012
segunda-feira, maio 07, 2012
domingo, maio 06, 2012
sábado, maio 05, 2012
Pra lua cheia de Touro, hoje
Ando distraidamente abandonado,
os olhos sob o chapéu escondidos,
mãos no bolso e gola levantada,
ando assoviando às estrelas que surgiram.
E a lua vermelha me fala de ti,
eu lhe pergunto se esperas por mim,
e me responde: "Se o queres saber,
aqui não tem ninguém."
E eu chamo o nome para encontrar-te,
mas toda gente que fala de ti,
responde: "É tarde o que queres saber?
Aqui não tem ninguém!"
Lua vermelha,
quem me será sincera?
Lua vermelha,
ela foi embora outra noite
sem me ver.
E eu digo ainda que espera por mim,
fora ao balcão esta noite às três,
e suplica aos Santos para me ver.
Mas não tem ninguém!
Mil e mais encontros eu tive,
tantos e mais cigarros acendi,
mil taças de café bebi,
mil bocas amargas beijei.
E a lua vermelha me fala de você,
eu lhe pergunto se esperas por mim,
e me responde: "Se o queres saber,
aqui não tem ninguém."
Aqui não tem ninguém!
terça-feira, abril 24, 2012
sábado, abril 21, 2012
A poesia é para comer,em Lisboa
Será lançado no próximo sábado na feira do Livro de Lisboa A Poesia é para Comer, da Babel , organizado por Ana Vidal, do qual também participo, orgulhosa, com uma poesia, ao lado de tantos grandes poetas. Poesias, pinturas, receitas, muito belo livro.
quinta-feira, abril 19, 2012
terça-feira, abril 17, 2012
1976 "Confusão Urbana Suburbana e Rural" é lançado pela RCA Victor, com produção de Martinho da Vila, com quem Paulo Moura tocava pelo mundo afora. Este LP, considerado um marco da musica instrumental popular brasileira, fascina o público e a crítica especializada ao misturar percussão afro- suburbana a instrumentos de sopro de big bands e aos chorões.
quarta-feira, abril 11, 2012
sábado, abril 07, 2012
sexta-feira, abril 06, 2012
quinta-feira, abril 05, 2012
Trilha sonora do fim do mundo
http://www.meiaduziade3ou4.com/2012 - O FIM ESTÁ PRÓSPERO - A Trilha sonora (oficial) do fim do mundo. De abril de 2010 a dezembro de 2011, uma nova música a cada 2 meses.
quarta-feira, abril 04, 2012
terça-feira, abril 03, 2012
Aimez-vous Brahms?
Hoje, 115 anos da morte de Johannes Brahms, em 1897
Aimez-vou Brahms?
(Sinfonia n. 2 em ré maior,op. 73
Sala Cecilia Meireles-RJ)
Quer alcançar o céu
nem liga para pé no chão
a desafiar a gravidade
Allegro non troppo poderoso
demais para a pequena Cecília
a explodir os poros de todos os tijolos
(Do meu livro de poemas As Dez Mil Coisas)
sexta-feira, março 30, 2012
Millôr e a imprensa brasileira
“A imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o País. Acho que uma das grandes culpadas das condições do País, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime”.
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-imprensa-brasileira-sempre-foi-canalha/#.T3WqiUoqDl8.facebook
quarta-feira, março 28, 2012
Fernando Pessoa e a crise em Portugal
“Os incidentes que envolveram agentes da PSP e jornalistas, em Lisboa, durante a Greve Geral de 22 de Março, continuam a gerar contestação, sobretudo nas redes sociais.
Foi colocado, esta segunda-feira, um colete com a indicação de "jornalista" na estátua de Fernando Pessoa, na esplanada do café “A Brasileira”, em Lisboa.
A intervenção foi do autor do ±MAISMENOS±, um projecto que questiona o modelo social, político e económico actual.(...)
A justificação dada pela PSP de que os jornalistas deveriam estar identificados com coletes indignou o autor do projecto ±MAISMENOS± (http://maismenos.net/), que correu para uma loja de produtos chineses para comprar o colete e colocá-lo sobre a imagem de Fernando Pessoa.
Pouco antes das dez da noite, o colete é arrancado por um homem, na casa dos 30 anos. O gesto é rápido. “Tirei porque gosto muito do Fernando Pessoa. Compreendo os motivos do protesto, mas acho mau para o escritor e até para os turistas”. E segue o seu caminho com o colete na mão.”
http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2012/03/27/estatua-de-pessoa-com-colete-de-jornalista
terça-feira, março 27, 2012
Qhoélet- O Que sabe
Lembrei desta belissima tradução direta do hebraico do Eclesiastes, datado de III a.C., realizada por Haroldo de Campos
(Editora Perspectiva, 1991)
Aquele da infinitamente conhecida “Vanitas vanitatum et omnia vanitas”, sempre traduzido como “vaidade das vaidades, tudo é vaidade. “
I
1.Palavras de Qohélet filho de Davi
Rei em Jerusalém
2.Névoa de nadas disse O-que-sabe
Névoa de nadas tudo névoa-nada
(...)
segunda-feira, março 26, 2012
domingo, março 25, 2012
sábado, março 24, 2012
quinta-feira, março 22, 2012
Salsa por Cachao
El bajista cubano Cachao es considerado el creador del mambo. Pasó la mayoría de sus 76 años de vida en Cuba, donde fue un prominente músico acompañante de jazz especializado en la música de baile afrocubana. Eventualmente viajó a los Estados Unidos y vivió en Miami durante casi nueve años con poco o ningún reconocimiento, debido en parte a su extrema modestia.
Fue presentado al mundo por primera vez por el actor/realizador Andy García, que nació en Cuba pero creció en Miami, a través de su documental de 1993 "Cachao Como su ritmo no hay dos". La película fue elogiada por la crítica, especialmente por su música. El 16 de enero de 1993 Cachao realizó una presentación a sala llena en el Radio City Music Hall de Nueva York, donde fue aclamado. En marzo de 1995, Cachao ganó un Grammy por su álbum "Master Sessions, Vol. 1".
quarta-feira, março 21, 2012
terça-feira, março 20, 2012
Deuses
O poema tem a seguite história:
77 nomes foram sampleados da revista LIFE, edição de december, 1990. Os nomes ornamentavam a matéria principal daquele número: Who's God?
O audio-visual foi sampleado de um VHS com programações audio-visuais catalogados pelo Studio K7! - Berlim
Informação adicional
O Projeto foi iniciado em janeiro de 1991, com a formatação do Sampled-Poem "GODS", um quebra-cabeças (bricolage) gerado a partir de cut-ups dos vários nomes de "Deus" e entidades divinas publicados em vários idiomas e dialetos na edição de dezembro de 1990 da Revista LIFE.
Na matéria de capa desta edição de fim de ano, intitulada "Whos's God?", havia um glossário com inúmeros nomes de divindades religiosas, do qual foram extraídos, os 77 nomes que acabaram gerando o poema da canção.
Os nomes foram inicialmente colados em peças de um Mah-Jong que durante meses foram trocando de lugar, até surgir um conjunto metrificado compatível com o metrônomo da música.
Pronto o poema, estávamos diante de uma peça poliglotímica, incapaz de ser decifrada por muita gente, tanto eram os idiomas e dialetos nela misturados. Entretanto, tal hieroglifo tinha uma característica excepcional: uma vez explicado o leit-motif de sua construção, seu entendimento e sua compreensão se tornavam imediata e totalmente inteligíveis.
O que mais impressiona nesta canção é o fato de que ao cantá-la se está automaticamente invocando o nome de Deus, tornando a peça musical uma espécie de oração ecumênica, absolutamente pacifista e própria para incentivar e fortalecer espiritualmente eventos humanitários.
.................................
MUSIC:Life Gods
Authors: Arnaldo Brandão / Mônica Millet / Tavinho Paes (published by NOWA / Nossa Musica / AMAR)
artist: workShop MOMILÊ
Special Guests: MARISA MONTE & GILBERTO GIL (solistas)+ Alceu Valença, Gerônimo & Coral Bibiano Cupim (choral interventions)
Produced by Tavinho Paes & Mônica Millet
Arrangements & Mix by Marcio LoMiranda
Percussion arrangements by Mônica Millet
Musicians:
- Márcio LoMiranda (multimedia keyboards) + Jamil Joanes (bass) + Paulo Rafael (main guitars) + Fernando Vidal (wah-wah guitar) + Cezinha (drums)+ Mônica Millet (percussion) Marcos Suzano (aditional percussion)
Master by Ricardo Garcia (1996)
segunda-feira, março 19, 2012
OI, pior que a Telefonica, é possível sim
A OI em Poços de Caldas afirma que não pode instalar telefone e internet num novo condomínio que fica a 2km5 do centro da cidade, GREENVILLE é o nome,em frente ao Water World ,um grande parque aquático, e a um grande hotel chique. O funcionário que trata disso, É UM SÓ PARA TODO O ESTADO DE Minas Gerais.Não à toa serviços de telefonia já empataram com bancos nos rankings de reclamações da defesa do Consumidor em todo o pais.
sexta-feira, março 16, 2012
quinta-feira, março 15, 2012
Um ano de terremoto no Japão: Taiko em SP
No domingo, imperdivel.
"Encontro de Ritmos Japão – Brasil: Wadaiko Sho + Meninos do Morumbi" Espetáculo de percussão em agradecimento ao apoio às vítimas do terremoto, que aconteceu em março de 2011 no Japão 18 de março de 2012 (domingo), às 11h00
Gratuito: Os ingressos poderão ser retirados a partir de 13 de março na bilheteria do Teatro Gazeta, entre 14h e 20h, com limite de até 2 ingressos por pessoa.
Duração: 1h10
quarta-feira, março 14, 2012
Gente pelada não é crime
IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA
Não sei quando isso começou, mas eu soube esta semana que o Facebook está bloqueando as contas de quem tenha fotos de gente pelada, sejam elas artísticas, familiares ou de qualquer outra natureza.
As vítimas dessa ação de censura recebem um comunicado informando que o Facebook tem “uma política rígida contra o compartilhamento de conteúdo pornográfico e impõe limitações à exibição de nudez”. Fica a impressão, pela frase, que Mark Zuckerberg e seus funcionários acham que nudez e pornografia são coisas parecidas. Alguém tem de explicar a eles que não são.
Na verdade, é uma desgraça que ainda tenhamos que discutir esse tipo de assunto. A esta altura do século 21, deveríamos estar livres da ideia de que o corpo humano é uma coisa pecaminosa ou ofensiva, cuja visão deve ser proibida. Esse é um tabu tão antiquado, tão desprovido de utilidade ética, que custa acreditar que ainda seja defendido e praticado – muito menos imposto a gente adulta como proibição.
Quem cresceu nos anos 1970, como eu, carrega a impressão irremovível de que o avanço civilizatório é medido, entre outras coisas, pela liberdade de exibir o corpo humano. Quanto mais retrógrada a cultura, quanto mais opressivo o regime, quanto mais ignorante o sujeito, maior a preocupação em impedir a visão de peitos, bundas e pintos – ao vivo ou de qualquer outra forma.
Li outro dia o romance de uma escritora colombiana (Heróis Demais, da Laura Restrepo), em que há uma passagem reveladora sobre a sanguinária e carola ditadura argentina. Uma moça caminha pelas ruas de Buenos Aires no verão, com uma saia semitransparente, e é parada aos berros por um sujeito qualquer. Um fascista, claro. Ele a chama de prostituta e diz a ela que vá “receber seus clientes em casa”, em vez de ficar se exibindo. A moça sobe no ônibus chorando.
O contrário disso é a Europa, onde as pessoas lidam com a nudez de forma natural. Na primeira vez que eu estive na Alemanha, acho que foi em 1986, fui passear na beira de um rio em Munique e vi que estava todo mundo pelado, aproveitando o sol de verão. No sul de Portugal e da Espanha, onde os europeus do Norte vão pegar praia, acontece a mesma coisa: eles tiram a roupa com a maior naturalidade. Jovens e velhos. Também são capazes de sentar juntos numa sauna, homens e mulheres, porque não se ofendem com a visão do corpo do outro – e nem a consideram um convite automático para fazer sexo.
No planeta Zuckerberg, acontecem as duas confusões: há pessoas que se ofendem com a nudez dos outros e há os que consideram (talvez sejam os mesmos) que mostrar o corpo é o mesmo que convidar para transar. Por isso a nudez no Facebook vira crime e tem de ser proibida. É um caso clássico em que a pornografia está nos olhos e na mente de quem vê.
Nós sabemos exatamente como é isso no Brasil.
Os trogloditas que ofendem as meninas nos ônibus de São Paulo, por estarem com saias (que eles acham) curtas, também acreditam que mulher com as pernas de fora está querendo sexo. Como eles se excitam e talvez se ofendam com isso, agridem. Não passa pela cabeça desses homens instruídos e inteligentes que a piriguete pode estar apenas querendo se sentir bonita – e que isso é um direito dela.
saiba mais
Palavras são inúteis
Uma paixão de ônibus
Mulheres apaixonadas
O que tem o bumbum da Scarlett?
Aqui, agora, de todo coração
Elas contam para todo mundo?
Por favor, me surpreenda!
Nas praias do Rio de Janeiro, quando os garotões atacam as meninas que fazem top less, praticam o mesmo moralismo explícito: se está com o peito de fora, é vagabunda, então eu posso tratar da forma que quiser, inclusive xingando e atirando areia. Eu, francamente, não consigo imaginar como alguém se acha no direito de praticar uma violência dessas. Se o sujeito está tão transtornado pela visão de um par de seios que precisa tomar alguma providência, se atire na água fria ou vista a bermuda e vá embora. Impor ao outro os seus imperativos morais ou o seu desconforto sexual não deveria ser uma opção. Mas é.
Vale o mesmo para o Facebook. A sede da empresa está instalada num país que trata esquizofrenicamente com as liberdades pessoais. Há lugares como Nova York ou Los Angeles onde tudo é permitido. Há outros lugares, dominados por religiosos, onde não se pode nada, nem usar biquíni na piscina. Parece que Zuckerberg resolveu atender prioritariamente ao grande sertão da Idade Média – e censurar todos os demais.
É uma pena que nós, que nada temos a ver com isso, tenhamos que sofrer as consequências das guerras culturais americanas. A política antidrogas converteu-se num banho de sangue sem vencedores em larga medida porque “proibição & repressão” é o modo como os religiosos americanos lidam com a questão desde os anos 1920 - e os Estados Unidos são o pais mais influente do mundo. Agora a sua influência se faz sentir, esquizofrenicamente, na internet.
Com dois comandos no teclado, qualquer pessoa, adulta ou não, pode ter acesso a rios de pornografia barra pesada, boa parte dela em inglês, produzida nos Estados Unidos. Mas, se a mesma pessoa postar um nu artístico ou pessoal na sua página privada do Facebook, corre o risco de ter sua conta invadida, censurada e até tirada do ar definitivamente. Eu não entendo isso - e suspeito que o Mark Zuckerberg não seria capaz de explicar.
Poesia para quem precisa 2: a poesia é para comer
Vou postar de novo esse lindo video do livro A poesia é para comer, onde tem um poema meu. Muito delicado. E o livro organizado pela Ana Vidal é lindo. Lembrança mais que apropriada no nosso Dia Nacional da Poesia.
terça-feira, março 13, 2012
Ariel Palacios escreve no Estadão sobre a censura e cita Facebook
“O despertar da criada”, obra que gerou grande ziquezira em terras portenhas
Artigo do correspondete do Estadao na Argentina Ariel Palacis, 12/3/2012
http://blogs.estadao.com.br/ariel-palacios/o-despertar-da-criada-um-nu-cujo-pecado-era-nao-ser-mitologico-e-de-bonus-track-um-nu-kirchnerista/
“O despertar da criada”, ou, como foi conhecido por seu nome em francês, “Le lever de la bonne”, quadro de 1887, foi pintado pelo argentino Eduardo Sívori (1847-1918). A obra foi enviada o Salão de Paris daquele ano. Ali, na França da Belle Époque, onde a sensualidade começava a aflorar, deixando de lado os tempos vitorianos que imperavam na Europa, o quadro de Sívori – que mostrava uma criada nua acordando em sua prosaica cama no quarto de doméstica – não teve repercussão significativa.
Mas, ao voltar à Buenos Aires, o Despertar da criada provocou um ciclópeo escândalo. O motivo da polêmica não era o nu em si, já que a imagem de mulheres e homens nus era comum nos quadros da época.
O fato que incomodava de verdade a sociedade local era a imagem de uma mulher pobre, nua, morena. E não o nu de mulheres loiras, com as formas dos cânones de beleza da época, ambientado em um cenário de mitologia greco-romana ou alegorias. A outra alternativa para os pintores do século XIX era o de ambientar seus nus em um lugar exótico, por exemplo, o Império Otomano. Desta forma, Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867) fez “Le bain turc”, que mostra uma miríade de jovens totalmente nuas (bom, algumas tem uns colares) em uma sauna de um harém na distante Constantinopla.
No caso de Sívori e sua criada, o nu ocupa quase todo o quadro. Ela está sentada em uma cama, em um quarto simples, sem decoração. É apenas o relato pictórico de uma mulher – uma doméstica – que, dona de fartos seios, está a ponto de levantar da cama, mas antes disso, coloca suas meias nos pés com calos.
Sívori, ao voltar de Paris, mostrou seu quadro na Sociedade de Estímulo das Belas Artes. “Pornografia” foi o adjetivo mais disparado contra a obra.
O quadro causou tal celeuma que os organizadores da exibição tiveram que mostrar o Despertar da criada a portas fechadas. Sequer seu nome em francês – língua da moda na época – ajudou a amainar o impacto causado.
A obra – um dos principais quadros do Museu Nacional de Belas Artes em Buenos Aires – é atualmente vista com freqüência pelos estudantes das escolas primárias.
Por qual motivo falar sobre o “Despertar da criada” hoje? Há tempos queria contar a história deste quadro. Mas, aproveitei a ocasião de que esta segunda-feira é o Dia da Livre Expressão do Nu, movimento que surgiu no Facebook ( http://www.facebook.com/events/353069764… ). O movimento protesta contra a censura peculiar existente contra alguns nus, inclusive o de “Origem do mundo”, de Gustave Coubert (mais detalhes sobre esta obra, aqui ).
Facebook não respeita leis brasileiras
O Facebook deixou passar o dia pela Livre Expressão do Nu, que contou com 1.800 participantes ( contra a censura a imagens como esta, a Venus de Ticiano, por ex.), e hoje começou a bloquear vários. As postagens eram acompanhadas do seguinte texto, pra estrangeiro ver "This postage of an artistic nude is part of a movement to rule out cultural Censorship in Facebook. Censorship goes against the constitution of my country. If Facebook operates here in Brazil it should respect its laws. - Article 5. IX. of the Brazilian constitution is clear: “expression of intelectual, artistic, scientific and communication content is free, independently of censorship or licence”. - Article 220 is even more clear: “manifestation of thought, creation, expression and information, under any form, process or means will not undergo restriction according to this Constitution”. -- § 2- It is forbidden any type of censorship of political, ideological and artistic nature."
O poeta, ensaista, tradutor, professor Claudio Willer conta a mensagem que recebeu de uma das coordenadoras do movimento, escritora e jornalista Célia Musili:
Willer, amanheci bloqueada, querem que eu remova todas as fotos "indecentes" que publiquei, ou seja, fotos de nus.
Eis a mensagem que recebi:
Para manter a sua conta ativa, remova todas as fotos que contenham nudez ou apelo sexual. Marque a caixa ao lado de cada foto que deve ser removida.
Se conseguir avisar os amigos no meu mural , agradeço. Por favor, coloque a mensagem deles de bloqueio e a seguinte mensagem minha:
"A censura do Facebook exige que eu remova do meu perfil fotos de nudez que, na minha concepção, são fotos de valor artístico. Participei do movimento pela Livre Expressão do Nu, um movimento estético do qual me orgulho, uma guerrilha cultural. Na minha opinião, o pedido para que eu remova as fotos - condição sem a qual meu perfil não será desbloqueado - fere um dos meus direitos fundamentais: o de escolha.
Não faço questão de estar integrada ao Facebook, a não ser para realizar meu trabalho, divulgar meus textos e fazer amigos. No mais, não aceito a política totalitária de uma rede social que se diz aberta e democrática. Remover minhas fotos neste momento, me parece um pacto com um politicamente correto tacanho, anacrônico e discutível. Não posso concordar em deletar obras de Michelângelo, François Boucher, Tintoretto, Mapplethorpe, John Collier ,Marcs Quinn, David Hamilton e outros expoentes da pintura e da fotografia. O que o Facebook pratica com seus usuários fere a ética e se chama ABUSO DE PODER.
Pode ser que um dia volte à rede por outras razões. No momento não me interessa porque não vou pagar penitências à Cyber Inquisição. Se mais pessoas se recusassem a serem "politicamente corretas", o FB seria obrigado a rever suas regras, em vez de se tornar cada vez mais ABUSIVO e intransigente.
Agradeço aos amigos e aos 1800 participantes da manifestação pela Livre Expressão do Nu." (Célia Musilli)
segunda-feira, março 12, 2012
Foto Pedro Martinelli
O reporter fotográfico Pedro Martinelli, querido amigo e colega de redação inesquecivel, foi o primeiro, no início da decada de 70, a fotografar os Paraná, indios gigantes. Esta foto saiu na primeira página de O Globo. Postei tambem no Facebook no dia da Livre Expressão do Nu.
Dia da Livre expressão da nudez no Facebook Brasil
Marylin Monroe
A campanha contra a censura no facebook, acompanhando a data marcada pela organização Repórteres sem Fronteiras pela liberdade de expressão na web é um sucesso. No momento, cerca de 1.700 pessoas participam do evento no Um dia no FB, só nus., é um sucesso pela liberdade de expressão na internet, pela Livre Expressão do Nu no Facebook.Continuamos.
Juristas já estudam uma "cause", pois qualquer empresa estrangeira sediada no Brasil deve respeitar as leis do país e não impor as suas.
http://www.facebook.com/events/353069764724065/
As postagens são acompanhadas do seguinte texto, pra estrangeiro ver
This postage of an artistic nude is part of a movement to rule out cultural Censorship in Facebook. Censorship goes against the constitution of my country. If Facebook operates here in Brazil it should respect its laws.
- Article 5. IX. of the Brazilian constitution is clear: “expression of intelectual, artistic, scientific and communication content is free, independently of censorship or licence”.
- Article 220 is even more clear: “manifestation of thought, creation, expression and information, under any form, process or means will not undergo restriction according to this Constitution”.
-- § 2- It is forbidden any type of censorship of political, ideological and artistic nature.
domingo, março 11, 2012
Sugestão de pauta-12 de março, Dia da Livre Expressão do Nu
12 de março, Dia da Livre Expressão do Nu
Há duas semanas, teve início uma manifestação no Facebook pela livre expressão do nu que começou com um grupo de cinco pessoas e hoje reúne mais de 1200. A iniciativa é uma reação aos casos de censura exercidos pela rede social, sendo o mais conhecido o do francês que postou a tela A Origem do Mundo, de Gustave Courbet, e teve seu perfil deletado, o que gerou um processo que depois o usuário ganhou na justiça.
A mesma rede social já censurou fotos de uma boneca nua e de mães amamentando filhos, chega a ser estarrecedor este moralismo exercido à revelia mesmo em países cujas Constituições garantem liberdade de expressão, como no caso do Brasil.
Sabemos que a rede tem regras próprias, mas a censura deve ter limites, sabendo discernir a arte, o nu espontâneo ou de protesto da pornografia. Ao iniciar este movimento, seus integrantes começaram a ser bloqueados em série no Facebook, seis organizadores do movimento já tiveram suas contas censuradas por até 24 horas e pessoas que se manifestam a favor da movimento também são ameaçadas recebendo, até mesmo, avisos de possível bloqueio da sua conta pela rede, em caso de adesão.
Nem mesmo obras da pintura clássica, como O nascimento de Vênus de Botticelli, tem escapado da fúria dos censores. Assim como obras de Matisse, Paul Devalux e fotografias de nu artístico. Além da Godiva de Salvador Dali.
Nesta segunda-feira, 12 de março, o grupo envolvido nesta manifestação pretende postar em massa imagens de nus na rede social, assim como textos que embasem a sua proposta. A data marca o Dia da Livre Expressão, em consonância com uma iniciativa da organização Repórteres Sem Fronteiras.
Entre os manifestantes que se uniram na rede social em torno do Dia da Livre Expressão do Nu, encontram-se professores, jornalistas, fotógrafos, artistas plásticos, escritores, poetas, sociólogos, psicanalistas, enfim, cidadãos que não aceitam ações descabidas de censura. Neste sentido, solicitamos a atenção da mídia no dia 12 de março quando nossas ações no Facebook irão representar o pensamento das pessoas que elegeram o nu como um emblema de liberdade, pela diversidade que engloba o nu de protesto, de humor, arte e erotismo. Não é possível que no século 21, pinturas renascentistas sejam encaradas como obscenas por uma rede que se pretende aberta e democrática. Será que a Santa Inquisição foi substituída pela Cyber Inquisição? Fica a pergunta.
Caso tenham interesse em divulgar esta notícia, por favor, visitem a página do evento "Um dia no FB, só nus" onde expressamos nossa opinião em textos e imagens.
http://www.facebook.com/events/353069764724065/
Caso tenham interesse em cobrir esta manifestação no dia 12, queiram, por gentileza, entrar também em contato conosco.
Gratos,
Organizadores do Dia da Livre Expressão do Nu
sexta-feira, março 09, 2012
Os homens precisam queimar cuecas em praça pública
É a primeira vez que leio um brasileiro, jornalista, e blogueiro, refletindo sobre essa questão. No distante ano 2000, quando eu estava no Estadão, fiz uma longa materia com Robert Bly, poeta norte-americano que trabalha com grupos de homens e com um psicologo. Juntos eles levaram a uma penitenciaria seu trabalho,e conseguiram reduzir drasticamente a reincidência. Descobriram que a maioria dos presos, negros, e pobres, nunca teve pai.A figura masculina não está mais presente como estava, com a revolução feminina. Homens ficaram e ainda estão confusos. Qual o seu papel? O que fazer? E, como são avessos a falar sobre seus problemas intimos, sofrem calados. Está mais que na hora de quimar cuecas em praça publica, gostei do japa. Homens, libertem-se!
Precisamos queimar cuecas em praça pública
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/03/08/precisamos-queimar-cuecas-em-praca-publica/
"Afinal de contas, o feminismo pode ser, literalmente, um pé no saco para muitos, mas não mata ninguém. Já o machismo…'
domingo, março 04, 2012
Sobre a censura no facebook
Um artigo esclarecedor e importante do poeta, ensaista, tradutor,professor Claudio Willer, sobre a censura no Facebook. Não é brincadeira, não é bobagem a censura, nunca. "Donos" de redes sociais não podem se sobrepor a leis.
http://claudiowiller.wordpress.com/2012/03/04/ainda-a-censura-no-facebook/#comment-386
Ainda a censura no Facebook
Já havia observado que gostei de associar-me ao Facebook. Abro a página inicial, vejo postagens de poesia de qualidade, imagens, vídeos, áudios. Obviamente, de entremeio a muita coisa que interessa menos. E que ignoro, abstraio. Além disso, o Facebook funciona como serviço: posso divulgar publicações e apresentações, poupando-me de enviar séries de e-mails, que por sua vez me dispensavam de enviar convites pelo correio. E sou achado por leitores … !
Contudo, a existência de censura introduz um desagradável ruído na funcionalidade da rede social. Tratei disso em postagem anterior, http://claudiowiller.wordpress.com/2012/02/25/contra-a-censura-sempre/ , a propósito das imagens dos poetas beat Allen Ginsberg e Peter Orlowsky posando nus, postadas por Rubens Zárate e suprimidas pelo Facebook. Combinamos – por sugestão de Claudio Daniel, Elizabeth Lorenzotti, Máh Luporini e outros colegas – um bombardeio de imagens de nudez e afins, culminando com algo em maior escala a 12 de março, transformado em efeméride contra a censura.
A consequência, por enquanto, foi a retirada pelo Facebook de reproduções de quadros do surrealista belga Paul Delvaux, postadas por Máh Luporini; fotos de nus artísticos, inclusive a consagrada foto de Yoko e John Lennon, por Paula Freitas; outras imagens postadas por Célia Musili; um soneto de Bocage… Isso, e bloqueios temporários das respectivas páginas com advertências de violação dos ‘padrões da “comunidade” do Facebook’, tal como expostos em https://www.facebook.com/communitystandards/ . Para efetuar tal controle, o Facebook emprega “moderadores de conteúdo”, como relatado em http://www1.folha.uol.com.br/tec/1050141-funcionario-revela-cartilha-para-censores-do-facebook.shtml
É censura. Que, nos casos aqui registrados, colide com a legislação brasileira, a começar pela Constituição:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença
Art. 220º A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 2º – É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
Como o Facebook está atuando no Brasil, deve ser enquadrado.
Quando Howl and other poems (Uivo e outros poemas) de Ginsberg foi retirado de circulação, a defesa da obra e de seu editor foi vitoriosamente, assumida, em um caso que marcou época, por uma entidade, a “American Civil Liberties Union”.
Além disso, as práticas do Facebook são desrespeitosas, ofensivas. Devemos nos recusar a ser tutelados, tratados como incapazes ou algo assim. E subordinar a legislação brasileira aos estatutos de uma corporação multinacional é, evidentemente, intervenção colonialista.
A presente mensagem tem características de garrafa jogada ao mar, com a expectativa de encontrar juristas ou entidades que se disponham a fazer isso (há representação ou sucursal brasileira do Facebook? ou o foro teria que ser lá fora?).
Algumas observações adicionais:
Há precedentes. O episódio da exibição de L’origine du monde (A origem do mundo) de Gustave Courbet, mostrando o que vem antes do ventre de uma mulher, garantida na justiça por um usuário francês e desde então circulando livremente. Para ilustrar como algumas mudanças são lentas: entre a criação desse quadro, de 1866, e sua exposição pública no Musée d’Orsai em Paris, em 1995, passaram-se 129 anos…
Aderir ao Facebook, serviço gratuito, não implicaria aceitar seus termos? Não: utilização da rede social é fonte de renda, de faturamento em publicidade, determinando o multibilionário valor dessa rede social. Adesão é um contrato; e contrato algum pode alterar leis ou sobrepor-se a elas. O Facebook só poderia cercear aquelas manifestações expressamente vedadas pela legislação brasileira – felizmente bem liberal, vide a jurisprudência já formada em torno dos debates sobre o uso de “drogas”.
Meios de comunicação, jornais, revistas, emissoras, fazem isso, filtram, selecionam o tempo todo, argumentam alguns. Há diferenças, porém. Nenhum desses veículos se apresenta como sendo comunitário. Neles, o espaço é limitado, justificando seleção e editorialização. Nas redes sociais e ferramentas de busca, o espaço é infinito. Sua utilização e alimentação de conteúdos cabe ao usuário, não à empresa mantenedora (diretamente, nas redes sociais; indiretamente nas ferramentas de busca, que exibem páginas de terceiros). Se não fosse assim, poucos adeririam.
Usuários teriam, em princípio, o direito de não querer ver páginas com fotos de Allen Ginsberg ou quadros de Paul Delvaux. Sim – e podem exercer esse direito, apagando-as de suas páginas. Filtragem pessoal não é censura, evidentemente. Na minha casa e nas minhas páginas entra o que eu quiser.
O bombardeio de imagens de nudez e afins está produzindo resultados. A censura do Facebook se tornou errática, confusa (páginas mantidas por mulheres estariam sendo objeto preferencial de intervenção? nas minhas postagens, ninguém mexeu ainda). Com a proliferação dessas postagens, irá tornar-se onerosa; obrigará à contratação de exércitos de censores. Somada à possível intervenção pela via judicial e à multiplicação do escândalo (que certamente repercutirá na imprensa), obrigará o Facebook a ceder.
Avanços na liberdade de expressão são conquistados assim: palmo a palmo.
Nesse momento, há dois grandes temas em debate, relativos ao meio digital. Um, a censura em redes sociais. Outro, as “políticas de privacidade” das ferramentas de busca, provedores de conteúdo e redes sociais. Quanto a esse assunto, se quiserem montar um “perfil” a partir de meus acessos e buscas, para comercializá-lo, então quero comissão… Chamarem a utilização comercial de informações pessoais de “política de privacidade” é, evidentemente, linguagem orwelliana.
sábado, março 03, 2012
sexta-feira, março 02, 2012
Te voglio bene assai
A primeira vez que ouvi 'Caruso" foi na rua Barão de Itapetininga, em Sampa. Parei e fiquei procurando a origem do som, vinha de uma loja de discos, claro. Fiquei ali, parada, ouvindo a música inteira. No meio de tanta gente passando, me esbarrando, e nem ligando, nem ouvindo, nem sabendo? Sentimentos profundos. Ancestrais. Una furtiva lacrima.
Estava pensando ontem em Lucio Dalla,lembrando da belissima Caruso e soube na hora, pela internet que ele tinha partido.Sincronicidades. Mais una furtiva lacrima. E mais mistérios entre o céu e a terra do que pode supor nossa vã filosofia.
quinta-feira, março 01, 2012
Profissão jornalista
Penso nesta profissão de jornalista, tão espinhosa, rodeada de tantas pressões e interesses retos ou espúrios. Na vida nas redações, da qual tantos de nós nos livramos -- e eles também se livraram de nós, "rebeldes" que incomodavam.Nos que trabalham como free lancers, sem quaisquer garantias. Embora não existam garantias mesmo quando você , ilusoriamente,se acha bem seguro dentro de uma redação (ou de qualquer local de trabalho). " É matar um touro por dia", assim definia a nossa profissão um querido ex-chefe, jornalista de tempos idos. Hoje, mídia de papel nos extertores, profissão que perdeu a regulamentação ( modelo/atriz/ator/jornalista, quem não quer ser?), salve-se quem puder.
Leio novamente o que Pedro Alexandre Sanches escreveu sobre a passagem de som do show do Chico Buarque ( no post abaixo). E destaco:
“ (...) “há de fato canalhas aos montes abrigados nos interstícios da mídia e do show business. "Canalhas" dirigem, orientam, documentam e criticam o trabalho dos "heróis". São artistas frustrados, segundo diz Rita Lee — mas ela não vive sem eles.
“O diabo é que a fortuna de chicos e ritas é construída às custas de todos nós, de empresários ladrões a críticos recalcados, de assessores dominadores a fãs ensandecidos de amor & despeito. Temos, cada um de nós, maneiras por vezes cruéis de cobrar o que achamos que nossos ídolos nos devem. Tampouco os "heróis" são bonzinhos o tempo inteiro.”
“Nossas profissões “( Nota minha, o autor se refere à de jornalista e à de assessor de imprensa) “são uma orgia triste e castiça de pequenas (ou grandes) chantagens?”
Chico Buarque e a imprensa
Pedro Alexandre Sanches é um jornalista sério, dos poucos que temos na área de música. Ele escreveu um artigo estranhando a proibição de reencenação da peça Roda Viva, por Chico Buarque. Uma peça que já entrou para a história do teatro e do país. Por isso, sofreu represálias.Aqui, ele conta como foi ontem a passagem de som para a imprensa do show que estreia hoje em SP. É compreensivel que Chico Buarque não tenha paciência com a imprensa realmente existente. Mas ele é uma figura do chamado show bizz, e não há como escapar dela. Seu assessor de imprensa pisou na bola. Tudo tão esquisito... ./
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Chico Buarque e o esqueleto do hype/
Por Pedro Alexandre Sanches | Ultrapop –
http://br.noticias.yahoo.com/blogs/blog-ultrapop/chico-buarque-e-o-esqueleto-hype-153546344.html/
"Eu sou sua menina, viu. Ele é o meu rapaz. Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz." Nesta noite, não são Marieta Severo, Elba Ramalho, Alcione, Cláudia Ohana, Tetê Espíndola ou Rebeca Matta que cantam a primeira pessoa feminina de "O Meu Amor", da "Ópera do Malandro" (1979) de Chico Buarque. É o próprio autor.
Na casa de espetáculos HSBC Brasil, é quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012, por volta de 21h. Falta-lhe o chapéu do malandro, mas Chico está vestido de preto dos pés à cabeça, camisa, calça e sapatênis. Trata-se de uma passagem de som para a estreia da perna paulistana do novo show do cantor, compositor e ativista político de 67 anos. No jargão técnico do show business, "passagem de som" é o momento (às vezes longo, às vezes curto), antes do espetáculo propriamente dito, em que cantor, banda e técnicos testam, acertam e afinam instrumentos, equipamentos, vozes, jogos de luz, cenário, som.
Em muitos casos, a passagem de som pode ocorrer na ausência do artista propriamente dito, mas não é o caso hoje. Chico está presente, embora não seja possível ter certeza se é realmente para passar o som. Seu assessor de imprensa, Mario Canivello, convocou a "imprensa" interessada para testemunhar e documentar um trecho dessa etapa do trabalho.
Mais precisamente, Chico mostraria duas músicas. A primeira delas seria cantada duas vezes, "para vocês pegarem detalhes", segundo orientou Canivello, do alto do palco, segundos antes de dar partida ao ato. Estavam presentes dezenas e dezenas de fotógrafos, poucos cinegrafistas e pouquíssimos repórteres, alguns deles com microfone com logotipo de TV em punho, outros gatos pingados (como eu) de bloquinhos ou iPads no colo.
Embora a convocação fosse para a "imprensa", era nítido que se tratava de um evento dedicado principalmente aos fotógrafos — já que hoje, na estreia paulistana, não serão permitidas câmeras de foto ou vídeo nas mãos de profissionais da "imprensa" credenciada pelo HSBC, segundo me explicou por e-mail um assessor do assessor do cantor.
Quanto a câmeras caseiras e celulares de propriedade dos fãs do cantor, só saberemos na hora do show qual será o procedimento-padrão. Mas é difícil imaginar que a plateia que desembolsou algo entre R$ 60 (em meia-entrada para estudantes, sejam eles verdadeiros ou fraudados) e R$ 320 (o "camarote A") seja proibida de praticar um de seus esportes prediletos, a tietagem (agora também em imagem e som). A "imprensa" credenciada, só para você saber, não pagará um tostão pelo ingresso (muitos tampouco terão cadeiras para sentar).
Canivello orienta os fotógrafos a ficarem ao pé do palco, à esquerda ou à direita — nunca ao centro. Eu, que não tenho câmera, me sento numa das cadeiras vazias bem em frente a Chico, mas distante do mito, não sei, 50 metros ou mais. É o mais perto que chego dele desde 1998 (quando, trabalhando na "Folha de S. Paulo", fui convidado a entrevistá-lo na sala de jantar de seu próprio apartamento, ele jantando, eu entrevistando). É o mais perto que provavelmente vou chegar dele até o dia de nossas mortes (agora trabalho no Yahoo! Brasil e num monte de outros lugares, sempre como repórter, entrevistador e/ou crítico free-lancer).
"Pode ir, Mario?", pergunta Chico. "Pode", responde Mario. Chico vai.
Canta primeiro "O Meu Amor": "O meu amor/ tem um jeito manso que é só seu/ e que me deixa louca/ quando me beija a boca minha pele toda fica arrepiada/ e me beija com calma e fundo até minha alma se sentir beijada, ai". Parece rouco, tem os olhos tristes como os de um Roberto Carlos.
Terminada a rodada, Canivello o orienta a repetir, para os tais detalhes tão pequenos de nós todos. "Quem quiser mudar de lado, por favor", propõe aos fotógrafos. À esquerda ou à direita, nunca ao centro.
"O meu amor/ tem um jeito manso que é só seu/ que rouba os meus sentidos/ viola os meus ouvidos com tantos segredos lindos, indecentes/ depois brinca comigo, ri do meu umbigo e me crava os dentes, ai", o ídolo canta e recanta, os olhos fundos, negros (apesar de azuis, ou verdes) como as noites que não têm luar. Na segunda passagem, a voz já não está tão rouca. Será que, tantos anos depois, o mais amado, idolatrado e respeitado de nossos compositores populares ainda fica amedrontado diante do encontro forçado com a "imprensa"?
Chico, irmão da atual ministra da Cultura do Brasil, Ana de Hollanda, ainda deixa vazarem ecos da loquaz e brechtiana "Ópera do Malandro" em seus shows. Não faz o mesmo com o romance "Fazenda Modelo" (1974), inspirado n'"A Revolução dos Bichos" de George Orwell, nem com "Roda Viva", musical teatral que escreveu antes dos 23 anos e que antecedeu em poucos meses e muitas pancadas o Ato Institucional No 5, de 13 de dezembro de 1968.
Chico não permite reencenações nem reedições de "Roda Viva", de acordo com Canivello porque "ele considera que as deficiências do texto ficam ainda mais evidentes à medida que o tempo passa". Relatei essa história (que já era sabida pelos mais atentos) aqui no Yahoo! mesmo e, antes disso, em reportagem de 2 de fevereiro no jornal "O Estado de S. Paulo". Depois da publicação, um dos editores do "Estadão" me informou que precisaríamos "dar um tempo" nos meus "frilas" (aquele era apenas o segundo), porque Canivello havia feito um "escarcéu" no jornal.
Que eu saiba, Canivello não fez nenhum escarcéu aqui no Yahoo! (fez?). Mas no dia da publicação me escreveu, por e-mail, que sou "o velho Pedro Alexandre Sanches de sempre", e complementou: "O que uma pessoa não faz na tentativa de voltar à grande mídia, hein...".
O atual Ministério da Cultura sucedeu a gestão do tropicalista libertário adepto do "copyleft" (em oposição ao "copyright", direito de autor) Gilberto Gil. A gestão da irmã de Chico promove intensas discussões (internas, fechadas) sobre a necessária atualização da legislação autoral brasileira.
Não seria de espantar se Chico dissesse que se sente estuprado, violentado, violado pelas dezenas, centenas, milhares de fotógrafos, cinegrafistas, repórteres, críticos, empresários, assessores, encenadores teatrais, acadêmicos, estudantes universitários, fãs, pretendentes etc. que o assediam diariamente. Canivello deve me achar um canalha, eu muitas vezes acho Canivello um canalha, há de fato canalhas aos montes abrigados nos interstícios da mídia e do show business. "Canalhas" dirigem, orientam, documentam e criticam o trabalho dos "heróis". São artistas frustrados, segundo diz Rita Lee — mas ela não vive sem eles.
O diabo é que a fortuna de chicos e ritas é construída às custas de todos nós, de empresários ladrões a críticos recalcados, de assessores dominadores a fãs ensandecidos de amor & despeito. Temos, cada um de nós, maneiras por vezes cruéis de cobrar o que achamos que nossos ídolos nos devem. Tampouco os "heróis" são bonzinhos o tempo inteiro.
Não sabemos por que, mas Chico, que era amigo íntimo de Tarso de Castro, do tabloide "O Pasquim", há vários anos parou de apreciar e/ou de querer dar entrevistas. Dá pouquíssimas, quase nenhuma. O recente lançamento do CD "Chico Buarque" (2011) foi acompanhado de apenas um bate-papo extenso, com direito a foto na capa — foi concedido à franquia brasileira de uma revista norte-americana, "Rolling Stone". Chico sempre trabalhou em multinacionais do disco, primeiro a Philips, depois Ariola, BMG... Hoje trabalha numa gravadora nacional, Biscoito Fino, pertencente à banqueira Kati Almeida Braga, do Banco Icatu.
"Tipo um baião?", Chico pergunta à banda enquanto levanta do banquinho pela primeira vez. Canivello convida os fotógrafos a virem para o centro. Fotografam-no por poucos minutos. Ele está de pé, eles e elas estão frenéticos nos flashes. Chico permanece sério, quase carrancudo. Canivello encerra a oportunidade, fazendo sinais e empurrando delicadamente os convivas para a esquerda ou para a direita — ao centro, não.
Canivello me olha de soslaio, eu olho Canivello de soslaio — à entrada, ele se recusou a apertar minha mão ou a conversar comigo. Mas deixou que o HSBC Brasil deixasse eu entrar. No "Estadão", não, mas aqui eu estaria gritando que fui barrado, se ele me barrasse. Nossas profissões são uma orgia triste e castiça de pequenas (ou grandes) chantagens?
A segunda canção é "Tipo um Baião", que no CD recente Chico canta em duo com Thaís Gulin. Além da intelligenzia e da mídia dita "séria", a imprensa sensacionalista, de fofocas e celebridades, também persegue Chico incansavelmente, por conta do propalado namoro com Thaís. Devemos, todos, representer um aborrecimento sem tamanho para ele — e, quando olho Canivello no alto do palco, me pergunto se Canivello não é a solução "perfeita" para tanto desgosto.
Sozinho, Chico canta para nós o dueto de Thaís: "Não sei pra que/ outra história de amor essa hora". Sorri pela primeira vez, melancólico, não sabemos se por prazer ou para conceder fotografias iluminadas à mídia que hoje já infesta o mundo de fotos de Chico na virada paulistana de seu novo show.
"É São João, vejo tremeluzir/ seu vestido através da fogueira", "é carnaval, e o seu vulto a sumir/ entre mil abadás na ladeira", terminada a canção tenuemente luizgonzagueana, "logo você que ignora o baião", Canivello não precisa dizer nenhuma palavra. Já sabemos que é hora de ir embora. Alguém entre os fotógrafos ensaia um assovio, um arremedo de aplauso, um soslaio de tietagem. O sistema se auto-refreia. O aplauso não vem. Nós, da imprensa "séria", viemos ao mundo para torturar artistas, não para tietá-los.
Enquanto saímos, Chico esboça algumas palavras, quase as únicas que nos concede nesse estranho e extremamente hierarquizado convescote. "Eu errei", "ah, foi você que errou?, oba", "ô, sorte", "felicidade, hein?, cês viram?, foi o maestro que errou", aquelas frases todas que costumam encerrar "reportagens" como esta. "Tá um calor aqui, tô doido pra tirar a roupa", graceja Chico, quando já estamos de costas. Lá fora está mais calor ainda. Quando me viro para o palco pela última vez antes de passar pela porta, meu ídolo (um entre muitos) já sumiu.
Eis aqui uma partícula do esqueleto por trás de tanta felicidade pop, de tanto glamour, de tanto hype (depois de 18 anos como jornalista, gosto de fazer esse tipo de texto, como fiz meses atrás em meu site, Farofafá, sobre outro artista, o Criolo. Deixo o HSBC deprimido, angustiado, mordido de pernilongos e doido para ir embora. E me mando sem escalas para o... Capão Redondo — mas esta é outra história rocambolesca, que acho melhor nem começar a contar.