sábado, março 19, 2011

Poesia,Bethânia e superfaturamento

Do blog do Ricardo Soares

Yes, o Brasil precisa de poesia até porque os atos poéticos não se multiplicam e somos um país de rimas pobres. Yes, o Brasil precisa de poesia porque nossos dirigentes são pouco poéticos e até pouco afeitos a leitura transformando lirismo em empreiteiras e empreitadas desenvolvimentistas. Yes, o Brasil precisa de poesia porque poesia é sensibilidade, é doação , é dedo no coração mais que na mente. Yes, o Brasil precisa de poesia seja em blog, em livro, em jornal e muito mais no rádio e na televisão assolados por rios de sangue e tiros. Yes, o Brasil precisa de poesia porque mesmo os cultos desaprenderam de ouvi-la , senti-la , escutá-la. O Brasil precisa de mais discussões poéticas, de menos fascismo e mais coisas fáceis, de mais senso de humor, picardia, ironia, poesia .
Toda grande poesia pode ser muitas vezes desagradável como dizia o grande poeta e cronista Paulo Mendes Campos quando se referia sobretudo ao Fernando Pessoa, um dos poetas preferidos da Maria Bethânia que essa semana ficou no foco das atenções justamente por causa da poesia. Aliás de uma discussão periférica à poesia. Bethânia, artista de talento, ama poesia. E achou legitimo ( também acho) chamar alguns amigos seus igualmente talentosos para fazer um blog que divulga e propaga poesia. Louvável. O que não é louvável é o preço absurdo que ela e seus amigos pleiteiam para a empreita : 1 milhão e 300 mil reais. Nada poético.
Em consequência disso a polêmica explodiu nas redes sociais e na internet. E teve gente talentosa defendendo o indefensável como o cineasta Jorge Furtado, o Hermano Viana, que participaria da boca livre e outros. Um articulista bobalhão da Folha de S.Paulo chegou a comparar hoje que toda essa balbúrdia em torno do assunto tem a ver com "direita cultural" ou macartismo. É impressionante como um fato simples possa provocar tanta estultice. Nada tem a ver com macartismo a condenação de superfaturamento por uma ação cultural. As pessoas confundem alhos com bugalhos. No caso desse articulista e outros "folhetes" até se explica porque o marketing deles é justamente desafinar o coro dos contentes não por convicção mas por ação marqueteira mesmo. Criam personagens para si próprios como faz há anos outro bobalhão inofensivo como Diogo Mainardi que gravita em outra órbita.
Hermano Viana, aqui citado, diz em artigo que toda essa discussão prova que precisamos mais do que nunca de poesia. Isso eu não discuto porque discuti nesse blog várias vezes como as pessoas não gostam, não entendem e nâo lêem poesia. Mas querer aliar discussão sobre superfaturamento cultural a poesia não é de bom tom Hermano. Poeticamente todos vocês envolvidos no processo desse blog superfaturado poderiam ter concebido versos mais doces...

4 comentários:

Blogs WM disse...

Bom texto! Gostei, viu? Fui também criticado por não concordar com o mercantlismo da Maria Bethânia e seus amigos. Aliás, acho que quanto mais longe do Estado, quanto mais marginal ela tivesse concebido o projeto, melhor teria sido. Dói-nos ver que nossos ídolos, já velhos, apegam-se a coisas obscuras. Muito bom ver tantas críticas às políticas culturais do MinC na www. Abraços!

Elizabeth disse...

O texto muito bom é do Ricardo Soares. e voe tá certo,Webston,abs

Tania Mendes disse...

Também acho que não tem nada a ver, a Betania está rolando na grana, não precisava cofre público prá um blog de poesia. Tudo bem que é legal oferecer poesia neste país, mas blog tem até de graça. Eu não aguento a patota que está sempre a postos prá (se) defender a outra. Enfim,neste país os cofres da república têm maiores demandas a serem aceitas.

Elizabeth disse...

continua o país do compadrio, do comadrio , famosos deviam ter consciencia e ao menso nao usufruir de mecanismo criado para incentivar os novos. e empresarios,esses querem só isenção fiscal