sábado, maio 09, 2009




Foto Jesus Carlos
Jornalistas distribuindo material de divulgação da greve perto do Estadão.


Os jornalistas e sua greve: consciência de classe e debate político” -III

(...) Paralelamente a isso, os jornalistas tinham construído uma forma superior de organização sindical e de luta, que era o CCRR (Conselho Consultivo de Representantes de Redação). Essa relação, em termos políticos, segundo Ruy Falcão, redundou numa vanguarda sindical, reunida em torno da diretoria do SJPSP e uma massa premida pela necessidade de ganhos econômicos. Por outro lado, essa massa não acreditava na ocorrência de greves, pois o movimento seria diluído pelo conjunto dos profissionais bem-sucedidos e influentes na categoria, fosse em função do cargo, do status de alguns de reformadores do jornalismo, ou de ambos.

(...) Lia Ribeiro Dias, dirigente sindical, defendeu a condução do movimento pelo SJPSP. Afirmou que as duas reivindicações da categoria estavam bem definidas. Porém, a jornalista criticou as falas que procuram explicar o fracasso do movimento pela falta de discussões sobre as novas condições de trabalho apresentadas e o papel do profissional de imprensa. Segundo Lia,

Falou-se aqui num erro da direção, em não discutir as condições da imprensa, o papel do jornalista, que não é decisivo sem o apoio de outros setores. Foi tentado um contato com grupos desses setores e não deu resultado porque o nosso processo de organização é diferente e está mais à frente dos outros dois sindicatos. A importância de uma luta é que ela consiga ser apoiada por todas as correntes políticas que compõem a categoria. Não se conseguiu o apoio de todos os setores, não quanto aos objetivos, mas quanto ao processo. Tentou-se corrigir isso com a formação do Comando, que ao invés de conduzir com agilidade, passava horas discutindo as formas de organização com posições diferentes. As assembléias, por sua vez, discutiam apenas, se a greve continuava ou não e não como levar o movimento.

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