sexta-feira, agosto 17, 2007

Rio, 40





A escada que vai dar no Cantagalo
O consolo aos deprimidos. Calçadões.
A praia especial para os cachorros.
A esmola fácil ao falso mendigo.
A orientação das pedras, as pulseiras.
Os estrangeiros. Tapetes vermelhos.
As alças dos vagões sujos da Central.
As quinze facadas. As ciclovias
ao pôr do sol. Peixe à belle méunière.
Os bares da barra. Pizza em pedaços.
Os sons ainda distantes do carnaval.
Os solenes rituais do cotidiano.
A carta e a carteira. o farol e o sinal.
Os velhos casarios. A graça de Deus.
O templo nos altos de Santa Tereza.
O estorvo e o trevo do arcado poeta.
A elegância delgada do sambista.
A algaravia. O sol na tua cabeça.
As manchetes nos quiosques de revistas.
Os invólucros dos corpos. As barcaças.
Os olhares esgarçados das meninas.
O negro gato enroscado sob a mesa.
A estrela na porta. A tua presença.
Os tiros na madrugada. As risadas.
A tornozeleira indiana, as cartas.
As padarias que não vendem cigarros.
Os matadores. A visão do templário.
Os bolos sempre embatumados dos bares.
O chute na pedra. O homem da espada.
O tratado de métrica abandonado.
Os primitivos à venda numa praça.
As marcas dos trilhos de bondes extintos.
O sol nas barracas de Copacabana.
As finas paredes dos apartamentos.
A folia incessante sob os trópicos.
A roda da fortuna, as linhas das mãos.
As impávidas causas. Multidumbres.
A sinistra cegueira. A alma antiga
dessas mulheres. Os desencontros.
A thing of beauty is a joy forever

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