terça-feira, março 10, 2009


Dois poemas: Orides Fontela


Sempre volto a ela. Filha de operário e dona de casa, nascida em São João da Boa Vista (SP), formou-se em Filosofia pela USP. Trabalhou toda a vida como bibliotecária de um colégio estadual na Vila Aricanduva. Uma das nossas maiores poetas, li um dia a notícia de que havia sido despejada. A última entrevista que vi dela pela TV foi em seu apartamento, num dos prédios que ladeiam o Minhocão.


Errância

Só porque
erro
encontro
o que não se
procura

só porque
erro
invento
o labirinto

a busca
a coisa
a causa da
procura

só porque
erro
acerto: me
construo.

Margem de
erro: margem
de liberdade.


Kant (relido)

Duas coisas admiro: a dura lei
cobrindo-me
e o estrelado céu
dentro de mim.

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