sábado, abril 01, 2006

Macca


Foto roubada do Bebeto, legenda dele: RARIDADE - O canhoto Paul tocando na bateria (para destros) mais cobiçada nos anos 60 e 70, e um destro no inconfundível baixo Hofner (para canhotos) do mais famoso "bass guitarrist" de todos os tempos.

Encontro de repente com ele, num canal desses a cabo, unplugged como dizem, ano de 2005, intimate show, apresentando seu último “Chaos and Creation at Backyard”. Gravado no estúdio 2 de Abbey Road.
De colete e usando pulseirinhas dessas de borracha, que aludem a alguma campanha (deve ser contra a matança das focas, of course).
Lá está ele, um lindíssimo piano, transformando Lady Madonna num spiritual.
Depois conta como compôs English Tea, lindíssima:
“Eu observo muito as pessoas, essas senhoras inglesas a tomar chá. Quando vou ao exterior, sempre peço chá. E eles sempre perguntam: que tipo de chá? Eu digo - english breakfast tea. Então, essas senhoras inglesas que têm um modo peculiar de oferecer chá: would you care a cup of tea?”
Ele fica observando, e compõe, que mais ele poderia fazer? Continua: “Sempre gostei de Dickens e ele usa essa palavra –parventure. Fui ao dicionário ver, e significa por acaso. Então usei essa palavra na canção”.
E a canção diz: “miles and miles of englih gardens”.
Jardins ingleses, chá, parventure, would you care?
Depois ele mostra – O QUÊ?- nada menos que contrabaixo de Elvis Presley. E toca e canta igualzinho ao imortal rei do rock.
Tem mais: um Mellotron. Explica: “Esta é uma versão de um sintetizador dos anos 60. I love it. Vocês se lembrarão” Toca a introdução inesquecível de Strawberry Fields Forever...
O rapaz traz seu violão -- esse rapaz, hoje um senhor, entrega os violões a ele há 30 anos...
Daí conta como compôs outra belíssima - "Jenny Wrend", a partir de uma frase melódica de Bach.
Esse é seu trabalho mais experimental, e dizem que tem toques místicos. Ele acha bom. Eu também. Diz que toca bateria, baixo, guitarra, até flugelhron. Revisita o país de Blackbird. É o Backyard.
Às vezes, quando compõe, ele pode se sentir um outro. Em "Friends to go" sentiu-se George Harrison. Baixou nele.
No finzinho, baixa um certo Hermeto. Distribui chocalhos e pandeiros ao pequeno público, composto de músicos, de amigos encantados.
Toca bateria. Depois toca piano. Depois o Nige junta tudo no loop. E ele diz que inventa uma letra:
“Thats all for now
We’v got to go home
Get out of here
You’v got to go home”
Isso , então, vira o maior rock. Que se transforma em, nada menos que Blue Sued Shoes.
E fiquei feliz ao saber que Abbey Road ainda existe e está lá.
É muito bom saber que Paul Mac Cartney existe neste mundo, e que Ringo Star também.
E George e John sei lá se estariam felizes por aqui. Mas nós, sim, estaríamos, muitíssimo.
Que vivam!





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