Edgar Allan Poe traduzido por Jorge Pontual
Sonho dentro de um sonho (1827)
Na testa toma o meu beijo!
E, agora que eu te deixo,
Confessar é meu desejo -
Não, não erras ao julgar
Que vivo só a sonhar;
Mas se a esperança voou
Na noite, no dia ou
Numa visão, ou nenhuma,
Não ficaria alguma?
Tudo o que vejo ou sonho
É sonho dentro de um sonho.
Estou de pé frente ao mar
Batendo no quebra-mar
E tenho nas minhas mãos
Areia que sinto em grãos -
Tão poucos! Mas como vão
Por meus dedos para o vão,
E choro em vão - choro em vão!
Ó Deus! como segurar
O que não posso agarrar?
Ó Deus! não posso salvar
Um grão desse cruel mar?
Será o que vejo ou sonho
Um sonho dentro de um sonho?
A Dream Within a Dream
Take this kiss upon the brow!
And, in parting from you now,
This much let me avow-
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.
I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand-
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep- while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?
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