quarta-feira, junho 30, 2010

Aos que teimam

Na homenagem a Massao Ohno, estavam os que teimam em ser o que sempre foram.
Poetas. Performers. Loucos & doidivanas.
Uma geração que persiste.

Não tem mais lugar na desordem das coi$as.
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A eles, eu brindo.

terça-feira, junho 29, 2010

Homenagem a Massao Ohno

Evento no Centro Cultural São Paulo (CCSP) homenageia Massao Ohno, editor responsável por revelar uma geração inteira da poesia nacional.
O Centro Cultural São Paulo celebra “Um tributo a Massao Ohno” na próxima quarta-feira, 30/6, às 20 horas na Sala Adoniran Barbosa. Um dos mais importantes editores independentes do país, Massao Ohno, recém falecido, dedicou meio século a criar livros que primaram pela inovação gráfica e pela descoberta de novos talentos literários. O CCSP fica na Rua Vergueiro, 1000, próximo à estação de metrô.
O evento é um sarau-homenagem com leituras de poemas, exibição de trechos de um documentário que está sendo produzido sobre o editor, números musicais e falas que narram sua importância e trajetória. Os poetas Antonio Fernando de Franceschi, Claudio Willer, Leila Echaime, Eunice Arruda, Celso de Alencar, Carlos Felipe Moisés, Álvaro Alves de Faria, Eunice Arruda, Renata Pallottini, Eduardo Alves da Costa, Miguel de Almeida, os editores Jiro Takahashi e Toninho Mendes, a cineasta Paola Prestes, o butoh Toshi Tanaka, os músicos Tito Martino e Cacau Brasil, são algumas das personalidades que se reúnem para celebrar seu legado.
Sobre Massao Ohno
Massao Ohno (1936-2010) foi o principal editor de gigantes da poesia brasileira, como Hilda Hilst e Roberto Piva. Lançou uma geração inteira de poetas com a Coleção Novíssimos no início da década de 60, incluindo Claudio Willer, Álvaro Alves de Faria, Carlos Felipe Moisés, Eduardo Alves da Costa e Eunice Arruda.
Ohno atuou quase sempre como uma pequena editora independente, muito mais como um artista do livro do que como empresário. Foi considerado por especialistas, como o bibliófilo José Mindlin, como um dos principais artistas gráficos do livro no Brasil, tendo inovado em formatos, uso de papéis e cortes especiais, em trabalho meticuloso e artesanal. Ajudou a formar também vários editores, hoje profissionais de destaque no mercado.
Começou a Editora Massao Ohno em meados da década de 50, dando forma inicialmente a apostilas e títulos didáticos destinados a estudantes de cursinhos pré-vestibulares, especialmente o Anglo. Trabalhava para quem podia pagar e financiava os jovens talentos do próprio bolso a fundo perdido. Lançou em 1961 a “Antologia dos Novíssimos”, uma das mais importantes coletâneas de novos poetas da História da Literatura Brasileira.
Foi o primeiro a publicar Renata Pallottini, Carlos Vogt, Jorge da Cunha Lima, Celso Luís Paulini, Paulo Del Greco, dentre muitos outros. Quando todos os grandes editores se recusaram a lançar Hilda Hilst em sua dita “fase erótica” – ou “pornográfica”, para alguns – temerosos da polêmica, novamente foi Massao quem mandou imprimir sob seu selo “O Caderno Rosa de Lory Lambi”, que deu novo fôlego à trajetória da autora. Calcula-se que tenha editado cerca de mil livros ao todo, na maioria esgotados e hoje itens de colecionador.
Incorporou trabalhos de Manabu Mabe, Ciro Del Nero, Tide Hellmeister, Arcângelo Ianelli, Aldemir Martins, João Suzuki, Jaguar e Millôr, dentre outros artistas, a seus livros, em capas ou ilustrações, promovendo intenso diálogo entre a literatura e as artes visuais.
Filho de japoneses, formado em odontologia, dedicou toda sua carreira às letras, mas militou também no cinema, tendo co-produzido filmes como “Viagem ao fim do mundo” (1967), de Fernando Coni Campos, e “O bandido da luz vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla.

segunda-feira, junho 28, 2010

terça-feira, junho 22, 2010

Rir é sempre o melhor remédio

Velha piada com nova roupagem

O FRANGO ATRAVESSOU A ESTRADA. POR QUÊ ?



DIZ A CRIANÇA

Porque sim.

O MACONHEIRO

Foi uma viagem.

NELSON RODRIGUES

Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado da estrada..

DORIVAL CAYMMI

Eu acho, humm! Amália vá lá ver pra onde vai esse frango, minha filha, porque esse moço aqui tá querendo saber...

LULA

O frango cruzou porque queria se juntar aos outros frangos do PSDB.

CAETANO VELOSO

O frango é amaro, é lindo, uma coisa, assim, amara. Ele atravessou, atravessa e atravessará a estrada porque Narciso, filho de D. Canô, quisera comê-lo. Ou não?

FERNANDO HENRIQUE

Por que ele atravessou a estrada? Não vem ao caso. É mais um aposentado vagabundo

HELOISA HELENA

A culpa é das elites dominantes caucasianas e aristocráticas. Ao usurparem a sua capacidade de luta em defesa de seus direitos, obrigam os frangos a atravessar os mais difíceis obstáculos.

SERRA

Porque do outro lado pode encontrar um vice para mim.

RONALDO CUNHA LIMA

Porque lá o frango escapa dos julgamentos...


ROBERTO JEFFERSON

Atravessou! E todo mundo sabia que ele atravessaria, todo mundo viu e não fez nada. Eu o vi atravessar!

EFRAIM DE MORAIS

Porque é um frango fantasma e como tal não pode aparecer.

CÁSSIO CUNHA LIMA

Porque foi comprar uma ficha limpa...

RICARDO COUTINHO

Mais um que fugiu do meu para o outro lado.

JOSÉ MARANHÃO

Porque foi trabalhar nas obras inacabadas do governo anterior.

MOISÉS

Um voz vinda do céu bradou ao frango: “Cruza a estrada!” E o frango cruzou a estrada e todos se regozijaram.

segunda-feira, junho 21, 2010

Caras e Pessoas

Marcelo Buainain

Encontrei no Blog da Josefina, do Claudio Versiani, esta foto de Marcelo Buainain e seu texto contando a história. Eu conheci Marcelo anos atrás, quando trabalhava na revista Nova Escola e fui a Mato Grosso, Tangará, fazer uma matéria. Ele foi o fotógrafo que nunca esqueci porque comentei com ele sobre o poeta Manuel de Barros, lá da sua terra, e disse que nao encontrava seus livros. Marcelo me conseguiu um.
Encontro agora este interessante texto dele sobre a foto mais famosa de Saramago.
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Para muitos, ao longo dos últimos 10 anos essa imagem do escritor José Saramago se tornou bastante conhecida, porém poucos sabem da sua história e da sua autoria. O autor não é desconhecido…O ponto de partida é Lisboa, cidade onde vivi praticamente toda a década de 90. Foi nessa ocasião que tive oportunidade de formar uma parceria com a jornalista Cristina Duran que pautava os entrevistados e eu os fotografava. Momentos especiais foram vividos e compartilhados nas tascas e em nossas residências situadas no bairro de Alfama, quase a beira do rio Tejo. Deste elo profissional e desta amizade tivemos o privilégio de fotografar várias celebridades, entre elas Wim Wender, Pedro Almodóvar, Bernardo Bertolucci, Irène Jacob entre tantos outros.Tomado por uma certa insatisfação com os clichês fotográficos, concebi o projeto “CARAS E PESSOAS”, cuja proposta era apresentar uma personalidade portuguesa sob duas óticas: uma face que espelhasse o normal e a outra, a exemplo da famosa fotografia de Albert Einstein, o insólito, o inusitado.Já em campo, empunhando uma Hasselblad e um estúdio ambulante, retratei o então presidente Mário Soares, a atriz Eunice Munhoz, o ator Joaquim de Almeida, o amigo e escritor Pedro Paixão, o pianista Bernardo Sassetti, o cineasta João Botelho, a cantora de fado Amália Rodrigues e entre tantos outros, João Fiadeiro, Sérgio Godinho, Rui Chafes, Pedro Cabrita, Ana Salazar, Jorge Molder e Júlio Pomar.Sensibilizado com o drama humana narrado no livro Ensaio sobre a Cegueira, idealizei para o projeto Caras e Pessoas um retrato do escritor Saramago, enfatizando os olhos, a cegueira, a visão.Em 25 de fevereiro de 1996, no bairro de Alfama em Lisboa, na residência da jornalista Cristina Duran, tive a oportunidade de focar os olhos e a alma de José Saramago, expressos nesse retrato.Saramago, a nossa gratidão por acreditar na possibilidade e realização desta imagem.

sábado, junho 19, 2010

Saramago: discurso ao receber o Nobel

O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. As quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo.Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animaizinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom caráter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável.Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que acionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado. E algumas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: "José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira". Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para toda as pessoas da casa, a figueira.Mais ou menos por antonomásia, palavra erudita que só muitos anos depois viria a conhecer e a saber o que significava... No meio da paz noturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea, o Caminho de Santiago, como ainda lhe chamávamos na aldeia. Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando: lendas, aparições, assombros, episódios singulares, mortes antigas, zaragatas de pau e pedra, palavras de antepassados, um incansável rumor de memórias que me mantinha desperto, ao mesmo tempo que suavemente me acalentava. Nunca pude saber se ele se calava quando se apercebia de que eu tinha adormecido, ou se continuava a falar para não deixar em meio a resposta à pergunta que invariavelmente lhe fazia nas pausas mais demoradas que ele calculadamente metia no relato: "E depois?". Talvez repetisse as histórias para si próprio, quer fosse para não as esquecer, quer fosse para as enriquecer com peripécias novas.Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo. Quando, à primeira luz da manhã, o canto dos pássaros me despertava, ele já não estava ali, tinha saído para o campo com os seus animais, deixando-me a dormir. Então levantava-me, dobrava a manta e, descalço (na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos), ainda com palhas agarradas ao cabelo, passava da parte cultivada do quintal para a outra onde se encontravam as pocilgas, ao lado da casa. Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tigela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranqüilizava: "Não faças caso, em sonhos não há firmeza".Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras. Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprios filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver.

sexta-feira, junho 18, 2010

José Saramago



"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma."
Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008


Do Diário de Notícias

José Saramago, Nobel da Literatura em 1998 e antigo Director Adjunto do Diário de Notícias, faleceu hoje aos 87 anos na sua casa na ilha espanhola de Lanzarote
Filho e neto de camponeses sem terra, JOSÉ SARAMAGO nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, se bem que o registo oficial mencione, como data do nascimento, o dia 18. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele não perfizera ainda dois anos de idade. A maior parte da sua vida decorreu portanto na capital, embora até ao princípio da idade madura tivessem sido numerosas, e às vezes prolongadas, as suas estâncias na aldeia natal. Fez estudos secundários (liceal e técnico) que, por dificuldades económicas, não pôde prosseguir. No seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico, tendo exercido depois diversas outras profissões: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, tradutor, editor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance (Terra do Pecado), em 1947, tendo estado depois largo tempo sem publicar, até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista Seara Nova. Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira direcção da Associação Portuguesa de Escritores e foi, desde 1985 a 1994, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do jornal Diário de Notícias. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Em Fevereiro de 1993 passou a dividir o seu tempo entre a sua residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago de Canárias (Espanha).

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Acabo de receber de minha amiga Helô, lá de Minas. Pra se ver como é a sincronicidade:

"Ontem à noite, lendo o Tinhorão, que só agora pude iniciar, pensei em você.Mais tarde, olhando meus links favoritos, entrei na página do Saramago. Aí copiei essa pequena mensagem para deixar nos seu blog.
Babel
Por Fundação José Saramago
Todos os dicionários juntos não contêm nem metade dos termos de que precisaríamos para nos entendermos uns aos outros
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In O Homem Duplicado, Editorial Caminho, 2.ª ed., p. 127

Fui vencida pelo sono e cansaço, mas ela ficou gravada aqui. Enfim... fico sabendo agora que Saramago morreu. Estou de luto, nos falamos depois.Beijos."

Cala a boca, Galvão



A coisa mais interessante dessa Copa até agora foi a campanha via twitter Cala a Boca Galvão. Na partida de hoje, arrancaram loguinho a faixa com a frase nas arquibancadas do estádio Ellis Park. Mas a Globo e o dito já se aproveitaram da publicidade, como tudo que acontece nesse mundo, principalmente porque deu até no New York Times. Diz que o tipo apoia a campanha, naturalmente porque o patrão deixou.
A chamada pósmodernidade é realmente fake.

segunda-feira, junho 14, 2010

Para quem torcer na Copa

Do Blog do Renatão Pompeu

Na revista marxista americana The Rustbelt Radical, em inglês em http://rustbeltradical.wordpress.com/2010/06/11/the-world-cup-who-to-support-a-marxist-position/, há conselhos sobre para qual seleção torcer na Copa do Mundo:

."1) Para qualquer país (menos a Inglaterra) contra os Estados Unidos. 2) Para qualquer país que alguma vez foi uma colônia. 2) (sic) Contra qualquer país que alguma vez teve uma colônia. 3) Em caso de jogos entre potências imperialistas, torcer para a que tiver a classe trabalhadora mais militante e mais consciente. 4) No caso de um confronto entre duas ex-colônias, o mesmo se aplica. 5) Um Estado socialista supera todos (não incluímos nessa categoria o time posto em campo pela RDPC" (a Coréia do Norte).
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Já o jornal australiano The Sydney Morning Herald divulgou em inglês em http://www.smh.com.au/world/soccer-ball-makers-in-poverty-20100610-y0ls.html uma reportagem de James Rupert que descreve a miséria em que vivem os operários asiáticos que fabricam as bolas de futebol das marcas mais vendidas em todo o mundo. Há treze anos a Adidas, a Nike e outras empresas se comprometeram a não empregar mais crianças em suas fábricas de bolas de futebol, diz a reportagem.
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Mas o Fórum Internacional sobre Direitos Trabalhistas constatou que "o trabalho infantil continua", para costurar as bolas de futebol, nos três principais países produtores, Paquistão, China e Índia. Como na Tailândia, quarto país produtor, as crianças nesses países de fato deixaram as fábricas de bolas de futebol, mas para costurarem bolas em casa, ou para trabalharem em oficinas mecânicas, olarias, etc. Mesmo os trabalhadores adultos das fábricas de bolas de futebol recebem salários abaixo do nível de subsistência. Mais da metade dos operários das fábricas de bola da cidade paquistanesa de Stalkol, o maior centro mundial de fábricas de bolas de futebol da Adidas e da Nike, recebe salário abaixo do salário mínimo vigente no Paquistão, de 70 dólares americanos mensais. Para costurar os 32 gomos de uma bola que é vendida nos EUA por 50 dólares, cada trabalhador recebe 5 centavos de dólar.

Um tributo a Massao Ohno

Amigos de Massao Ohno estão planejando um tributo ao editor de poesia falecido no fim de semana. A importância de Massao Ohno na promoção de poetas novissimos nos anos 60- Roberto Piva ( também muito doente ) Claudio Willer, Hilda Hilst, Renata Palotini e tantos outros que jamais seriam publicados nao fosse ele-- não é reconhecida pela imprensa. Segundo soube, houve uma pequena menção na FSP e amanhã sairá um texto no Caderno 2, de Claudio Willer.
Um texto pequeno, para preencher o espaço oferecido pelo Estadão a um de nossos maiores editores.
Que, como podem ler abaixo, não fazia parte da "indú$tria cultural" moderna, et pour cause...

sábado, junho 12, 2010

Massao Ohno: Reiniciaremos tudo novamente?

Devaneio ao Crepúsculo:textos que Massao escreveu para Tide Hellmeister em 1994:

***Pois é, meu caro. Como diria Drummond, 'o primeiro amor passou, o segundo amor passou..et la vie continue'.
Trinta anos se passaram e tudo ficou muito mais caótico. Tivemos que criar técnicas mais sofisticadas de sobrevivência,perder a ternura sem endurecer,aprender a dissimular sem mentir, a responder com perguntas, a proferir sem nenhum eco em resposta. Somos os mistificadores do caos. Que os deuses nos poupem. Somos uma hipótese sem tese.Indemonstráveis , portanto".

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***Brecht aconselhava: 'Quando tudo estiver perdido,monte um bar.' Os bares proliferaram e disso nada resultou. Os bêbados é que mudaram.Não se faz mais ébrios como antigamente,sociais, brilhantes, abertos. A bebida, de dionisíaca passou a apolínea. E nada pior do que um etilista frio, individualista, calculista".
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***Músicos, poetas, pintores,artistas, no geral e no particular,insurgi-vos! O mundo não é apenas um vasto circo de variedades, de consumo frenético. Vive ré um ato prodigioso, uma dádiva a ser desfrutada, segundo a segundo, até a finitude. Á la Lispector; 'Haverá um dia, em que haverá um mês, em que haverá uma semana, em que haverá um dia, em que haverá uma hora, em que haverá um minuto, em que haverá um segundo, e dentro do segundo haverá o não-tempo sagrado da morte transfigurada. Vida.'

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***Noves fora, zero.
Reiniciaremos tudo novamente?

(De Massao Ohno para Tide, outono de 1994)

Massao Ohno: resgatar os olhos de descoberta

Tide Hellmeister

Excertos da obra Tide Hellmeister, Design Gráfico, que apresentava a expo Obras Públicas, no Sesc Pompeia, em 1994, que tive o prazer de editar e foi quando conheci o Tide e fiquei sua amiga para sempre.
Uma entrevista com Massao Ohno, sob o título 1964/1994: Resgatar os olhos de descoberta.
E um texto escrito por Massao para o Tide, Devaneio ao Crepúsculo.
A matéria longa abria assim:
"Quem ouve Massao Ohno falar sobre o panorama do país nos últimos 30 anos escuta uma inconfundível voz da década de 60, que precisa ser urgentemente resgatada no que ofereceu de melhor à História:a generosidade, a ética, a integridade.
Esta voz pode ser reconhecida em qualquer parte do mundo, e sempre dirá que o que acontece no Casaquistão lhe interessa tanto quanto o que se passa no Negromonte ou nas barrancas do Rio São Francisco.
Desta voz se ouvirão sempre histórias de amor pela arte em geral, pelo livre debate de ideias, pelas experiências de vanguarda em todas as áreas. Pois trata-se de uma voz apaixonada.
Ela te dirá que nada foi em vão. Todos os desvarios, todo o desbunde, toas as derrotas, todas as conquistas, toda a coragem, todo o medo.
Porque experiemtnou de coração abeerto o dizer de um de seus poetas mais caros: tudo vale a pena se a alma não é pequena.
E se a voz for de um fazedor de livros brasileiro; um visionário desobridor de talentos literários, plásticos, gráficos (com quem, diga-se, o Tide trabalhou no começo da carreira e a quem muito quer bem); que atravessou estas três décadas contribuindo para aumentar a beleza de sua aldeia, essa voz te dirá tudo isso e ainda mais: que este país amado pode se reconstruir, se cada um de nós tiver consciência do seu valor, do seu trabalho, de sua função social.
Principalmente os artistas, eles devem manter essa consciência acesa; que estamos à beira do maior caos, mas também da maior maravilha: que o novo milênio será florescente para a sensiblidade do homem e, portanto, para as artes.
Evoé!"
Massa Ohno disse, sobre essa travessia 1964/1994:
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"Tudo era descoberta.Havia olhos de descoberta. As pessoas se interssavam muito, coisa que foi substituída hoje por olhos de descaso, mde indiferença, d eindividualismo. As pessoas estão mais preocupadas em compra rum carro zero do que eme ler Neruda, lorca, seja lá o que for. Eu acho que a pessoa pode ter os seus devaneiso de consumo, ams não pode esquecer a outra parte, porque senão embrutece. E uma pessoa embrutecida e uma pessoa anulada, para mim são a mesma coisa.
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E concluiu, incrivelmente:

"Creio que tudo aponta, inclusive no Brasil, para um ressurgimento natural das artes, da sensibilidade brasileria. Creio que teremos um início de milênio bastante florescente. Difícil foi conservar a própria integridade física e de cabeça até agora. Essa travessia foi terrível".

O adeus de um samurai da sombra- Massao Ohno

" Músicos, poetas, pintores, artistas, no geral e no particular, insurgi-vos! O mundo não é apenas um vasto circo de variedades, de consumo frenético. Viver é um ato prodigioso, uma dádiva a ser desfrutada, segundo a segundo, até a finitude." (Massao Ohno (1936-2010)


O editor Massao Ohno morreu ontem e está sendo velado no Crematório de Vila Alpina neste sábado até as 16 horas.

Trechos de “Um Samurai da Sombra” lindo texto de Geraldo Mayrink( que também já partiu), publicado no catálogo editado por ocasião da homenagem prestada ao editor pelo Instituto Moreira Sales em 2005.



Perguntem a toda uma geração de poetas que já foram jovens quem é Massao Ohno e eles dirão: “Era Deus, no tempo em que éramos pe­quenos”. É uma licença poética exaltada e as coisas não são bem as­sim. O paulistano que editou mais de 800 livros tem mais de guru-zen do que de di­vindade. E não é popular. “É um samurai da sombra”, diz o poeta Antonio Fernando De Franceschi. “Trabalhador do invisível, luminoso nissei, esbelto que, nas horas vagas, seduzia as poetas da nossa juven­tude, bebedor de uísque e filósofo oriental”, escreve Renata Pallottini. Para Carlos Vogt, “É talvez o maior editor desorganizado que melhor contribuiu para orga­nizar a poesia brasileira jovem durante pelo menos três décadas”. José Mindlin assina e dá fé, com sua experiência de empresário:

“Ele terá sido um dos poucos que, ao decidir uma edição, não levava em conta se ela seria vendável ou não. (…) Sua obra editorial, no entanto, permanecerá”.

Filho de pais japoneses, dentista formado numa família de nove irmãos, todos en­genheiros, gostava de filosofia e letras, mas foi impe­dido de cursá-Ias pelos pais que não queriam vê-Io em uma carreira tão imaterial. “Me submeti à família”, conformou-se. Mas por pouco tempo, então tornou-se editor, com um comentário fatalista: “Minha primeira gráfica foi também a última”. Editava autores desconhecidos, na grande maioria poetas, e seu nome, para muitos deles, transformou-se numa tábua de salvação. “Minha última esperança é o Massao”, cos­tumavam dizer. E o poeta Cláudio Willer diz mesmo, até hoje: “Não sei como teria saído o meu livro Anotações para o apocalipse, em 1964, se não fosse a iniciativa dele.”

São Paulo, no começo dos anos 60, era uma cidade muito menor, onde todo mundo se conhecia. E entre os conhecidos de Massao es­tavam artistas como Manabu Mabe, Ciro Del Nero e Tide Hellmeister, logo incorporados aos projetos gráficos dos livros.

O poeta e roman­cista Álvaro Alves de Faria analisa: “Falar de Massao só será possível na linguagem da poesia. É um poeta dos livros, um monge que dedi­cou sua vida a isto. Publicou a Antologia dos novíssimos, em 1960, na velha prensa da rua Vergueiro. Ele está aí nesse meio como um Dom Quixote a combater a miséria de um tempo feito quase só de angús­tias”. Havia, naturalmente, a questão política. Massao militou, “mais no plano das idéias do que no prático”, na AP (Ação Popular), foi mui­to vigiado mas não chegou a ser preso.

Casou cin­co vezes, teve quatro filhos e sete netos. Sua vida daria um ou dois romances, que ele não escreverá.

Só ganhou “uma certa universalidade”, como diz, além das fronteiras paulistanas, quando se mudou para o Rio. Ficou quatro anos e tra­balhou com o editor Ênio Silveira, da então poderosa Civilização Bra­sileira, com quem teve o que aprender. “Foi interessante”, ele diz, no seu jeito de falar pausado e sempre econômico. ‘Ele tinha a máquina da distribuição’ , que era o meu ponto fraco, e meus livros começa­ram a chegar às livrarias”.

Na volta a São Paulo constatou que precisava se modernizar tec­nologicamente – ou se tornaria obsoleto. A modernização exigia um investimento muito grande. Trabalhou então em produtos mais em conta, como o cinema de baixo custo, e ajudou na finalização de fil­mes como Viagem ao fim do mundo (1967), de Fernando Coni Cam­pos, e o celebrado cult de Rogério Sganzerla O bandido da luz ver­melha (1968). Mas não deixou a edição de livros. E sua editada mais famosa, no restrito círculo da poesia, tornou-se Hilda Hilst, autora de peças e livros como O verdugo (1969) e Can­tares de perda e predileção (1984).

Se estava à procura de um edi­tor “das sombras”, escolheu o Ohno certo. Foram feitos um para o ou­tro.

“Além de grande amiga fraterna, era um talento desperdiçado, digamos as­sim. Acredito que seja feita justiça a seu trabalho maravilhoso. O tem­po dirá”, acredita Massao.

Apreciador de João Cabral, Jorge de Lima e Cecília Meirelles cultiva também os espanhóis do chamado século de ouro (passagem do XVI para o XVII), dominado por nomes como Cervantes, Lope de Vega e GÓngora. É ouvinte devoto de Mo­zart, Bach e Beethoven, além de jazz, “que é o supra-sumo da criação”. Por isso sabe do que está falando quando exige rigor dos seus edita­dos, orientando-os no sentido de melhorar os textos. “Alguns deixei quase perfeitos”, orgulha-se.

“Gostaria de deixar bem claro que minha atividade é maravilhosa e faria tudo de novo”, acredi­ta. “Alguma coisa deve restar de tudo isso”.

quarta-feira, junho 09, 2010

La donna è mobile

Do Blog da Cidadania
e também pra rolar de rir mais, o professor Hariovaldo

sexta-feira, junho 04, 2010

Mulheres

O jornal eletrônico gaúcho Sul21- é uma nova iniciativa com foco na "discussão sobre questões relevantes para o desenvolvimento da sociedade no Século 21, especialmente política e cultura, através de um olhar crítico e da resignificação das mídias tradicionais".

Tem colunistas e matérias interessantes e sempre dou um pulo lá. Hoje a manchete é sobre o trabalho da mulher na construção civil, e os preconceitos:

O presidente Luis Inácio Lula da Silva declarou esta semana: “a mulher pode fazer qualquer coisa que o homem faça". A afirmação ocorreu durante formatura de mais 1,5 beneficiados com o programa federal Próximo Passo, do qual 77% eram mulheres. O presidente referia-se no discurso às profissões de pedreiro, azulejista e outras tarefas que exigem força braçal.
Conheça a história da pedreira Cláudia Mendes, exemplo da capacidade das mulheres na área da Construção Civil, e as possibilidades que se abrem no setor.
Cinquenta quilos de argamassa roldana abaixo e 25 quilos nas costas, escada acima. E mais 44 pás de massa até a betoneira, dois blocos de concreto nos ombros e o forte sol do verão de 2008. As árduas tarefas fizeram parte da rotina da pedreira Cláudia Mendes durante três meses, quando foi contratada pela Prefeitura de Gravataí para construir uma das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), daquela região."


Eu, que sempre fui uma militante feminista, fiquei pensando se realmente as mulheres podem fazer tudo o que os homens fazem, como disse o presidente.

"25 quilos nas costas, escada acima. E mais 44 pás de massa até a betoneira, dois blocos de concreto nos ombros e o forte sol do verão??"

Muitas mulheres têm bastante força, mas nunca teremos os mesmos músculos dos homens e a mesma estrutura física. Fiquei pensando no estrago que esse peso todo provocará nas colunas, nos delicados úteros e ovários.
Sim, eu sei, muitas mulheres pelo mundo estão sujeitas a trabalhos estafantes. Mas, no caso específico,realmente não sei se é realmente uma conquista o espaço na construção civil.

Vejam o que diz o diretor da empresa de engenharia Goldsztein Cyrela, Ricardo Sessegolo. Para ele, a contratação de mulheres é algo cada vez mais comum e faz parte de uma segunda mudança de paradigma na história do país. “Há 20 anos os canteiros de obras eram vistos como locais insalubres e sujos. Hoje eles são considerados como chão de fábrica."

Não sei de onde o engenheiro tirou essa conclusão. É só acompanhar o trabalho dos operários do prédio em construção ao lado da sua casa. Entre lá dentro, espie. E leia o clássico livro do arquiteto e hoje artista plástico reconhecido internacionalmente, o ex-preso político Sérgio Ferro, "O canteiro e o desenho".

Na definição dele, em uma entrevista:

A tese central de O Canteiro e O Desenho vem de Marx – e da visão da
miséria dos canteiros. É bastante simples: como tudo sob o Capital, Arquitetura é
mercadoria que o serve – e isto fornece o essencial do seu contorno entre nós. Se é
mercadoria, procura sobretudo a mais-valia que alimenta o lucro. Para que haja mais valia,há forçosamente exploração do trabalho, sua mutilação e submissão às
autoridades representantes do capital.

Na maioria esmagadora dos casos, a arquitetura faz parte destes representantes. Pouco importa a ideologia do arquiteto: nas condições « normais » de produção, ele serve ao capital (ou aos estados ditos socialistas – que o [Robert] Kurz já demonstrou serem variantes do capital). Segue uma série de conseqüências: irracionalidade do projeto (a simplicidade da construção exige injeções de boas doses de mistificação para justificar a « necessidade » da dominação) ; desaparecimento de qualquer vestígio de arte (que fruto exclusivo de trabalho livre) – e, no pólo operário, miséria, salários baixíssimos, doenças, acidentes, desqualificação, etc. E a conseqüência positiva a tirar ainda: só uma arquitetura do trabalho livre (incluindo o trabalho do arquiteto) merecerá respeito. "

No início da década de 1980 ajudei os operários da Oposição da Construção Civil de São Paulo a fazerem suas publicações. Naquela época existiam oposições sindicais combativas. Estive em vários canteiros e eles me contaram suas histórias e estatísticas de acidente de trabalho e de exploração. Não ganharam as eleições nunca, os pelegos bem relacionados com os empresários continuaram, e assim deve ser até hoje.Nada mudou, apenas as fachadas.

Isto posto, que condições de trabalho as mulheres - o novo contigente de mão-de-obra para servir as necessidades do capitalismo -- enfrentarão na construção civil?Em breve as barreiras cairão, e elas serão plenamente integradas, como em tantos setores da vida econômica. Não porque os empresários do setor sejam adeptos da igualdade de gêneros, mas porque elas serão interessantes para o capital, com seus salários menores que os dos homens, por exemplo.

Não há informações na matéria sobre as condições de trabalho dos operários desta empresa, se são registrados em carteira, qual sua jornada, se recebem pagamento de horas extras, qual o índice de acidentes do trabalho, que assistência os trabalhadores mutilados recebem, etc.

O que aguardará as moças na construção civil?

A liberação feminina tem sido uma faca de dois gumes para nós todas. Com suas duplas e triplas jornadas, com a responsabilidade da maioria das brasileiras assumirem a chefia da família, com as precárias condições de trabalho, e com a economia informal, que oprime a todos, de todos os gêneros. Com os preconceitos que até hoje enfrentamos no cotidiano.

A estrada é sem volta, e deveria ser esta uma história de conquistas, mas nem sempre: ainda é uma história que nos pesa nos ombros e nos dobra a coluna, como os 25 quilos nas costas, escada acima, e mais 44 pás de massa até a betoneira, dois blocos de concreto nos ombros sob o forte sol do verão que a pedreira Cláudia Mendes enfrentou.


Oparários da oposição sindical da construção civil nos anos 80.

quinta-feira, junho 03, 2010

Florestan Fernandes



Tania Mendes disse...
Este sim, foi/é uma das figuras intelectuais e políticas da maior envergadura. Tive a felicidade e o privilégio de estar algumas vezes em seu gabinete quando era deputado federal ou em debates políticos para os quais era sempre convidado e sempre ovacionado. Aliás, debate político de alto nível não se vê mais, não é? Na campanha do Lula Presidente (a primeira, 1989) estive com ele várias vezes (tenho uma foto com ele aqui junto aos meus livros e de certa forma isso me redime dessa minha falta de motivação hoje em dia para qualquer ativismo político). Faz uma grande falta este grande professor, pensador, idealista e combativo. Sinto saudade dele e de mim própria naquela época em que o combate era travado 24 horas por dia. E a gente nunca se cansava.

Tânia, eu também tive o grande privilégio de conhecer o professor, uma tarde fomos à sua casa pedir apoio para não me lembro mais que causa , e claro que ele sempre era solidário. Conversamos um tempão, ouvindo suas grandes análises. De intelectuais desta estirpe, só resta o mestre Antonio Candido, que espero fique conosco por muitos anos mais.
Depois deles, o dilúvio, o deserto.De idéias, de ética, de solidariedade, de clareza, de discernimento.
Também sinto saudades deles e de nós, quando tínhamos condições de lutar e companheiros de luta. O poder corrompe é uma frase que eu negava, mas tive de comprovar com a História que vivemos.Gente como eles nunca aceitaria o poder.
É pena, porque os melhores nunca estão lá.

quarta-feira, junho 02, 2010

Carta de Silvio Tendler ao governo israelense

Achei que já tinha sido bastante postada esta carta na blogosfera, mas como lembra a Tânia, é importante divulgá-la mais e mais.


"Senhores que me envergonham:



Judeu identificado com as melhores tradições humanistas de nossa cultura, sinto-me profundamente envergonhado com o que sucessivos governos israelenses vêm fazendo com a paz no Oriente.Médio.

As iniciativas contra a paz tomadas pelo governo de Israel vem tornando cotidianamente a sobrevivência em Israel e na Palestina cada vez mais insuportável.

Já faz tempo que sinto vergonha das ocupações indecentes praticadas por colonos judeus em território palestino. Que dizer agora do bombardeio do navio com bandeira Turca que leva alimentos para nossos irmãos palestinos? Vergonha, três vezes vergonha!

Proponho que Simon Peres devolva seu prêmio Nobel da Paz e peça desculpas por tê-lo aceito mesmo depois de ter armado a África do Sul do Apartheid.
Considero o atual governo, todos seus membros, sem exceção, merecedores por consenso universal do Prêmio Jim Jones por estarem conduzindo todo um pais para o suicídio coletivo.
A continuar com a política genocida do atual governo nem os bons sobreviverão e Israel perecerá baixo o desprezo de todo o mundo..

O Sr. Lieberman, que trouxe da sua Moldávia natal vasta experiência com pogroms, está firmemente empenhado em aplicá-la contra nossos irmãos palestinos. Este merece só para ele um tribunal de Nuremberg.

Digo tudo isso porque um judeu humanista não pode assistir calado e indiferente o que está acontecendo no Oriente Médio. Precisamos de força e coragem para, unidos aos bons, lutar pela convivência fraterna entre dois povos irmãos.


Abaixo o fascismo!

Paz Já!


Silvio Tendler
Cineasta

Jornalista tem de ter lado

Robert Fisk, no The Independent (10 de janeiro)

Reprisando, e sempre é bom ler essa voz de jornalista que redime essa nossa categoria, voz que dá esperança, ainda que seja uma das poucas no deserto da mídia mundial


"Terminei a semana num daqueles debates do Serviço Internacional da BBC, com um sujeito do The Jerusalem Post, outro da rede al-Jazeera, um intelectual inglês e um Fisk. Dançamos a valsa de sempre em torno da catástrofe de Gaza. Foi eu dizer que é grotesco comparar os 600 palestinos mortos aos 20 mortos israelenses perto de Gaza em dez anos, e os presentes pró-Israel puseram-se a me linchar por sugerir (o que eu não fiz) que só haviam morrido 20 israelenses em todo o território de Israel em dez anos. Claro que morreram centenas de israelenses fora de Gaza em dez anos – mas no mesmo período morreram milhares de palestinos.

Meu momento preferido aconteceu quando eu disse que jornalistas têm de ter lado, e que o lado dos jornalistas têm de ser o lado dos que mais sofrem. Se me mandassem cobrir o tráfico de escravos no século 18, eu jamais daria destaque, no que escrevesse, à opinião do capitão do navio mercador de escravos. Se me mandassem cobrir a libertação num campo de concentração nazista, eu não entrevistaria o porta-voz da SS. Nesse ponto, um jornalista do Jewish Telegraph em Praga “argumentou” que “o exército israelense não é Hitler”. Claro que não. Eu não disse que é. Aqueles jornalistas, sim, é que temem que seja."

Logomarca do Brazil com Z, na Copa


Epa! Brasil com 'Z'?!! Essa logomarca foi feita no exterior! Será lançada em 8 de julho, em plena Copa da África do Sul.
FIFA/CBF, pelo visto, pisaram no tomate ao ignorar os designers locais. Lembram do cartaz feito por Miró na Copa da Espanha? FIFA/CBF não prestigiaram o talento brasileiro por desconhecimento, visto que convocaram 5 artistas do Brasil (entre os quais o curitibano Rogério Dias) para compor o 2010FINEART, uma coleção de arte criada especialmente para exibição na 2010 FIFA WORLD CUP, a qual contará com artistas de outros 31 países.
A sacanagem foi deliberada.
Gol contra da CBF. (Sem falar que, desenhando uma lágrima, resulta um torcedor chorando, com a mão no rosto. Putz!)