domingo, maio 09, 2010

Balzac e o jornalismo


De Ilusões Perdidas, século 19, Balzac diagnosticando o presente e antevendo o futuro. Sempre na minha cabeceira.
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Se a imprensa não existisse, seria preciso não a inventar.
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(Os homens de cérebro) são raros e esparsos (...). Raros como os verdadeiros amantes no mundo amoroso, raros como as fortunas honestas no mundo das finanças, raros como um homem puro no jornalismo.
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O jornalismo é um inferno, um abismo de iniquidades , de mentiras, de traições, que não se pode atravessar e de onde não se pode sair puro, senão protegido, como Dante, pelos louros divinos de Virgilio.
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Os proprietários de jornais são empreiteiros, e nós pedreiros. Assim é que, quanto mais medíocre for o homem, mais rapidamente subirá. Pode engolir sapos, resignar-se a tudo, lisonjear as pequenas e baixas paixões dos sultões literários, como um recém-chegado de Limoges, Heitor Merlin que se encarrega já da política num jornal de direita e que trabalha em nosso jornaleco: vi-o apanhar o chapéu que um redator-chefe deixara cair no chão. Sem fazer sombra a ninguém, o tal rapaz passará entre as ambições rivais, enquanto elas estiverem se batendo.
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(Atravessa os séculos a prática. No início deste século 21, um jornalista fazia compras para a namorada do chefe. Há décadas ele permanece na redação, sem ser atingido por qualquer corte.)
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(...) A luta há de ser sem tréguas, se tiver talento, porque sua melhor sorte será a de não o possuir”.

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