The Spider, a mundialmente famosa obra do ícone da arte moderna, morta hoje aos 98 anos.
segunda-feira, maio 31, 2010
Da série a espécie humana não deu certo
"Todo mundo cale a boca!"
Do Velho Nick
Do Blog do Planalto
Brasil condena ataque israelense a ativistas pró-Gaza e defende convocação do Conselho de Segurança da ONU
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou nota nesta segunda-feira (31/5) condenando o ataque israelense a um dos barcos da flotilha que levava ajuda humanitária internacional à Gaza, que acabou resultando na morte de mais de uma dezena de pessoas – muitos outros ficaram feridos. Informa ainda que a representante brasileira na ONU foi instruída a apoiar a convocação de reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU para discutir a operação militar israelense. O Brasil, segundo a nota, defende que a ação seja “objeto de investigação independente, que esclareça plenamente os fatos à luz do Direito Humanitário e do Direito Internacional como um todo”.
O embaixador de Israel no Brasil foi chamado ao Itamaraty para “que seja manifestada a indignação do governo brasileiro com o incidente e a preocupação do País com a situação da cidadã brasileira Iara Lee, que está numa das embarcações da flotilha.
Os trágicos resultados da operação militar israelense denotam, uma vez mais, a necessidade de que seja levantado, imediatamente, o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, com vistas a garantir a liberdade de locomoção de seus habitantes e o livre acesso de alimentos, remédios e bens de consumo àquela região.
Do Velho Nick
Do Blog do Planalto
Brasil condena ataque israelense a ativistas pró-Gaza e defende convocação do Conselho de Segurança da ONU
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou nota nesta segunda-feira (31/5) condenando o ataque israelense a um dos barcos da flotilha que levava ajuda humanitária internacional à Gaza, que acabou resultando na morte de mais de uma dezena de pessoas – muitos outros ficaram feridos. Informa ainda que a representante brasileira na ONU foi instruída a apoiar a convocação de reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU para discutir a operação militar israelense. O Brasil, segundo a nota, defende que a ação seja “objeto de investigação independente, que esclareça plenamente os fatos à luz do Direito Humanitário e do Direito Internacional como um todo”.
O embaixador de Israel no Brasil foi chamado ao Itamaraty para “que seja manifestada a indignação do governo brasileiro com o incidente e a preocupação do País com a situação da cidadã brasileira Iara Lee, que está numa das embarcações da flotilha.
Os trágicos resultados da operação militar israelense denotam, uma vez mais, a necessidade de que seja levantado, imediatamente, o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, com vistas a garantir a liberdade de locomoção de seus habitantes e o livre acesso de alimentos, remédios e bens de consumo àquela região.
As revelações da Folha
Governo espionou críticos mesmo após fim da ditadura
Documentos liberados após 25 anos de sigilo revelam alvos na gestão Sarney
Entre os investigados estão o PT, os sem-terra, sindicatos, grupelhos de esquerda e membros de entidades como OAB
Sobre esta matéria publicada hoje na Folha de S. Paulo, recebi comentário de um amigo:
"Embora seja importante fazer circular a notícia (sobretudo entre os mais jovens), nada há de novo ou surpreendente, é assunto requentado e nada acrecenta do que deveria acrescentar.
Qualquer um que haja pedido seu habeas data e outros documentos desse tipo em Brasília, encontra informações como essas".
Também notei a frase "grupelhos de esquerda", no olho do texto do jornal: exatamente igual à redação usada em relatórios policiais desse tipo.
Documentos liberados após 25 anos de sigilo revelam alvos na gestão Sarney
Entre os investigados estão o PT, os sem-terra, sindicatos, grupelhos de esquerda e membros de entidades como OAB
Sobre esta matéria publicada hoje na Folha de S. Paulo, recebi comentário de um amigo:
"Embora seja importante fazer circular a notícia (sobretudo entre os mais jovens), nada há de novo ou surpreendente, é assunto requentado e nada acrecenta do que deveria acrescentar.
Qualquer um que haja pedido seu habeas data e outros documentos desse tipo em Brasília, encontra informações como essas".
Também notei a frase "grupelhos de esquerda", no olho do texto do jornal: exatamente igual à redação usada em relatórios policiais desse tipo.
domingo, maio 30, 2010
Sobre Mephistos
Mephisto, do diretor István Szabó, com Klaus Maria Brandauer (1981).
Na Alemanha de 1930, o ator Hendrik Höfgen importa-se mais com sua ascensão do que com política,e então vende sua alma ao diabo. Começa a interpretar peças de propaganda nazista para o Reich, e logo acaba se transformando no mais popular ator da Alemanha.
Sempre que, no cotidiano, sei de casos de gente que tem preço, eu me lembro de Mephisto. Muitos e cada vez mais, têm preço: preço altissimo, médio, mixuruca. Em $$$ e em poder. Mas a verdade é que todos pagamos o preço: por ter e por não ter preço.
Lembrei desse grande filme mais uma vez a propósito de comentários na blogosfera sobre a atriz Fernanda Torres. 1- fazendo propaganda da "nova" Folha de S. Paulo.
2- escrevendo crônica para o mesmo jornal, dizendo que o político tem o dom de iludir.Uma análise rasteira, bem ao nível da despolitização mediana que nos cerca.
Um amigo, de excelente memória, me lembra que a mãe de Torres, Fernanda Montenegro, foi a responsável por um abaixo-assinado, na época da eleição de Collor, de pretenso desagravo a outra atriz, Marilia Pera, que fora vaiada por petistas em uma passeata. Pera declarara seu apoio a Collor.
E que o pretenso desagravo na verdade encobria um velado apoio àquele senhor , depois defenestrado.
Não está em questão o valor artístico dessas senhoras, mas a ética, tão pisoteada e cada vez mais por tantos setores, nowadays.
A mãe pode ser vista em inúmeras propagandas, desde a indústria de remédios até qualquer coisa. A filha, seguindo o exemplo, faz comercial de banco, que me lembre, e agora estréia a publicidade televisiva da "nova" Folha de S. Paulo. Além de inciar sua colaboração com o mesmo órgão.
A industria de remédios é apontada por aquele norte-americano que criou os Doutores da Alegria, como a praga mais devastadora de todas as indústrias (temo que ele tenha se esquecido da indústria de armamentos). Os bancos, todos sabemos, são os campeões de reclamação de qualquer Procon do país.E têm os lucros mais exorbitantes de todo o mundo, os brasileiros. E estão na Justiça há anos com o argumento que não vendem produtos e portanto, não podem ser enquadrados nas leis de defesa do consumidor...
Lembrei-me também de Paulo Autran, que não fazia publicidade alguma, e disse que colocava o preço altíssimo, para desistirem logo.
O que significa um ator conhecido ceder sua imagem para vender produtos do mercado?
Sobrevivência? Não, esse é o problema da maiorias dos atores e artistas em geral deste país, não de quem tem emprego fixo e bem remunerado na TV Globo.
Não me lembro de ter visto Glauber Rocha jamais fazendo anúncios, ou Plínio Marcos, ou Ester Goes, Renato Borghi, Gianfrancesco Guarnieri, Zé Celso Martinez Correia, Chico Buarque, Elis Regina. Alguns que me ocorrem.
Esses dias, li uma carta que Leo Lama, um dos filhos, escreveu na época da morte de Plinio Marcos. Um trecho:
Mas A novela era na Tupi. A Tupi faliu. Meu pai foi fazer novela na Rede Globo: "Bandeira 2". Mas a Globo é no Rio, o Rio tem praia, ele cabulava as gravações e ia pra praia: "Novela é chato pra caralho, porra! O direito da gente coçar o saco é sagrado.", ele dizia. Ele ia pra praia e lá ficava indignado porque naquela época a Globo não punha negros nas novelas e quando punha era nos papéis de escravo ou mordomo. Meu pai escreveu no jornal "A Última Hora" do Samuel Wainer, onde ele trabalhava, que a Globo botou a Sônia Braga dois meses tomando sol pra ficar escura, em vez de chamar uma mulata pra fazer "Gabriela". A Globo não gostou. Os "poderosos" da Rede Globo não gostaram. Fizeram ameaças, juraram de morte. Em fim, a Globo não dava mais. Quando ele tava por lá, ele bem que quis escrever novela. Afinal, eu queria dinheiro pra comprar tênis, disco, guitarra. Mas novela de puta, cafetão e cigano sem dente? Não, novela de puta, cafetão e cigano sem dente não dá. Se fosse cigano com dente, musculoso e mau ator, aí dava. Agora, cigano sem dente, pobre e fudido, não dá. Então não dá. "Na televisão brasileira, artista estrangeiro morto trabalha mais do que artista brasileiro vivo."
Vivemos em um tempo em que só podemos sentir saudades desses grandes e íntegros de se foram. E não só atores, gente de todo canto. Não se faz mais.
Porque hoje, afinal, precisam sobreviver né? Precisam ganhar $$$ para fazer suas peças idiotas, precisam trabalhar na Globo para que o público que pode pagar os altos preços das entradas vá aplaudi-los pessoalmente.
Não sei até quando tentarão enganar a todos o tempo todo. Enganam apenas os que querem ser enganados.
Não montariam Mephisto. Muito menos Pequenos Assassinatos, grande texto do cartunista Jules Feiffer, outro que me ocorre.
Mephisto
Na Alemanha de 1930, o ator Hendrik Höfgen importa-se mais com sua ascensão do que com política,e então vende sua alma ao diabo. Começa a interpretar peças de propaganda nazista para o Reich, e logo acaba se transformando no mais popular ator da Alemanha.
Sempre que, no cotidiano, sei de casos de gente que tem preço, eu me lembro de Mephisto. Muitos e cada vez mais, têm preço: preço altissimo, médio, mixuruca. Em $$$ e em poder. Mas a verdade é que todos pagamos o preço: por ter e por não ter preço.
Lembrei desse grande filme mais uma vez a propósito de comentários na blogosfera sobre a atriz Fernanda Torres. 1- fazendo propaganda da "nova" Folha de S. Paulo.
2- escrevendo crônica para o mesmo jornal, dizendo que o político tem o dom de iludir.Uma análise rasteira, bem ao nível da despolitização mediana que nos cerca.
Um amigo, de excelente memória, me lembra que a mãe de Torres, Fernanda Montenegro, foi a responsável por um abaixo-assinado, na época da eleição de Collor, de pretenso desagravo a outra atriz, Marilia Pera, que fora vaiada por petistas em uma passeata. Pera declarara seu apoio a Collor.
E que o pretenso desagravo na verdade encobria um velado apoio àquele senhor , depois defenestrado.
Não está em questão o valor artístico dessas senhoras, mas a ética, tão pisoteada e cada vez mais por tantos setores, nowadays.
A mãe pode ser vista em inúmeras propagandas, desde a indústria de remédios até qualquer coisa. A filha, seguindo o exemplo, faz comercial de banco, que me lembre, e agora estréia a publicidade televisiva da "nova" Folha de S. Paulo. Além de inciar sua colaboração com o mesmo órgão.
A industria de remédios é apontada por aquele norte-americano que criou os Doutores da Alegria, como a praga mais devastadora de todas as indústrias (temo que ele tenha se esquecido da indústria de armamentos). Os bancos, todos sabemos, são os campeões de reclamação de qualquer Procon do país.E têm os lucros mais exorbitantes de todo o mundo, os brasileiros. E estão na Justiça há anos com o argumento que não vendem produtos e portanto, não podem ser enquadrados nas leis de defesa do consumidor...
Lembrei-me também de Paulo Autran, que não fazia publicidade alguma, e disse que colocava o preço altíssimo, para desistirem logo.
O que significa um ator conhecido ceder sua imagem para vender produtos do mercado?
Sobrevivência? Não, esse é o problema da maiorias dos atores e artistas em geral deste país, não de quem tem emprego fixo e bem remunerado na TV Globo.
Não me lembro de ter visto Glauber Rocha jamais fazendo anúncios, ou Plínio Marcos, ou Ester Goes, Renato Borghi, Gianfrancesco Guarnieri, Zé Celso Martinez Correia, Chico Buarque, Elis Regina. Alguns que me ocorrem.
Esses dias, li uma carta que Leo Lama, um dos filhos, escreveu na época da morte de Plinio Marcos. Um trecho:
Mas A novela era na Tupi. A Tupi faliu. Meu pai foi fazer novela na Rede Globo: "Bandeira 2". Mas a Globo é no Rio, o Rio tem praia, ele cabulava as gravações e ia pra praia: "Novela é chato pra caralho, porra! O direito da gente coçar o saco é sagrado.", ele dizia. Ele ia pra praia e lá ficava indignado porque naquela época a Globo não punha negros nas novelas e quando punha era nos papéis de escravo ou mordomo. Meu pai escreveu no jornal "A Última Hora" do Samuel Wainer, onde ele trabalhava, que a Globo botou a Sônia Braga dois meses tomando sol pra ficar escura, em vez de chamar uma mulata pra fazer "Gabriela". A Globo não gostou. Os "poderosos" da Rede Globo não gostaram. Fizeram ameaças, juraram de morte. Em fim, a Globo não dava mais. Quando ele tava por lá, ele bem que quis escrever novela. Afinal, eu queria dinheiro pra comprar tênis, disco, guitarra. Mas novela de puta, cafetão e cigano sem dente? Não, novela de puta, cafetão e cigano sem dente não dá. Se fosse cigano com dente, musculoso e mau ator, aí dava. Agora, cigano sem dente, pobre e fudido, não dá. Então não dá. "Na televisão brasileira, artista estrangeiro morto trabalha mais do que artista brasileiro vivo."
Vivemos em um tempo em que só podemos sentir saudades desses grandes e íntegros de se foram. E não só atores, gente de todo canto. Não se faz mais.
Porque hoje, afinal, precisam sobreviver né? Precisam ganhar $$$ para fazer suas peças idiotas, precisam trabalhar na Globo para que o público que pode pagar os altos preços das entradas vá aplaudi-los pessoalmente.
Não sei até quando tentarão enganar a todos o tempo todo. Enganam apenas os que querem ser enganados.
Não montariam Mephisto. Muito menos Pequenos Assassinatos, grande texto do cartunista Jules Feiffer, outro que me ocorre.
Mephisto
sábado, maio 29, 2010
Lá como cá: o desmentido do Chico
"O cantor brasileiro Chico Buarque quis conhecer o primeiro-ministro português José Sócrates, tendo recorrido ao próprio presidente brasileiro, Lula da Silva, para arranjar um encontro entre os dois, segundo fonte do gabinete de Sócrates". Esta foi a notícia publicada em Portugal.
Mas o colega da Outra Margem, que sigo sempre, deu a verdadeira versão
Purquá Mecê
pour quoi monsieur vous mangé les oiseaux?
mangé voulá voler
mangez aussi les petites oiseaux
tu mange tu voler
aujourd'hui j'ai mangé trois tucanos
pour quoi, monsieur, pourquoi?
mangé les tucanos?
le fleur, les animaux
travaux de nos bon dieu!
purquá mecê foi comê o passarinho?
eu quis voá, já voei, agora vô
coma também um pequeno passarinho
come que vai voá
só hoje cedo eu já comi uns três tucano
purquá, mecê, purquá?
comê o tucano?
a flor, o animá
trabalhos do senhor!
sexta-feira, maio 28, 2010
quinta-feira, maio 27, 2010
Mercearia Paraopeba, Itabirito (MG),Brasil
Que saudade, que saudade, que saudade das Minas Gerais. Ainda existem mercearias lá. E que vendem sementes de jatobá, diz o moço, muita gente não sabe o que é.Eu sei, desde criança, e tenho uma aqui na minha mesa. Semente enormee. Era bom comer o pozinho que tem dentro.
E lá ainda existe gente assim, com esse doce sotaque.
E lá ainda existe gente assim, com esse doce sotaque.
Plínio Marcos
"A poesia, a magia, a arte, as grandes sabedorias não podem habitar corações medrosos."
Galerinha à direita
“Pior que esse programa , só a TV do Lula”...
“ Lula anunciou a TV Brasil internacional, que vai passar em vários países da...África” (cara de nojo)
Estes são alguns dos comentários do Furo MTV, um programa que se diz humorístico, da emissora de mesmo nome, do Grupo Abril. Trata-se de um “jornalístico”, de meia hora, apresentado por Dani Calabresa e Bento Ribeiro, tipo assim um "humor ácido e nonsense”, seguindo a linha de "fake news shows" como o Saturday Night Live. Claro, porque tem de copiar sempre da matriz.
Dani Calabresa é uma moça de sotaque paulista e Bento Ribeiro, de sotaque carioca, é português, criado na Bahia, na Alemanha e no Rio, e filho do escritor João Ubaldo Ribeiro ( que aliás escreve no Estadão crônicas políticas do mesmo teor do programa do Bento).
Que grande interesse o público da MTV teria por política partidária, e de de tal forma manipulada? As notícias políticas são sempre sobre o presidente, “que tem quatro dedos”, e toda aquela falação preconceituosa que aparece copiada, com linguagem muderninha, da revista do mesmo grupo, a veja.
Falar palavrão, coçar o saco, fazer brincadeiras abobalhadas explícitas não faz um programa “humorístico” muderninho. Quando falta inteligência, e quando se tem uma pauta manipulatória a cumprir diariamente, o resultado só pode ser essa bobagem idiota, esse humor mal intencionado, que contribui para ampliar a vala comum dos programas humorísticos da tevê brasileira.
Esse aqui cobre a filmagem de "Lula, o filho do Brasil". Prestem atenção nas perguntinhas do jovem "repórter".
“ Lula anunciou a TV Brasil internacional, que vai passar em vários países da...África” (cara de nojo)
Estes são alguns dos comentários do Furo MTV, um programa que se diz humorístico, da emissora de mesmo nome, do Grupo Abril. Trata-se de um “jornalístico”, de meia hora, apresentado por Dani Calabresa e Bento Ribeiro, tipo assim um "humor ácido e nonsense”, seguindo a linha de "fake news shows" como o Saturday Night Live. Claro, porque tem de copiar sempre da matriz.
Dani Calabresa é uma moça de sotaque paulista e Bento Ribeiro, de sotaque carioca, é português, criado na Bahia, na Alemanha e no Rio, e filho do escritor João Ubaldo Ribeiro ( que aliás escreve no Estadão crônicas políticas do mesmo teor do programa do Bento).
Que grande interesse o público da MTV teria por política partidária, e de de tal forma manipulada? As notícias políticas são sempre sobre o presidente, “que tem quatro dedos”, e toda aquela falação preconceituosa que aparece copiada, com linguagem muderninha, da revista do mesmo grupo, a veja.
Falar palavrão, coçar o saco, fazer brincadeiras abobalhadas explícitas não faz um programa “humorístico” muderninho. Quando falta inteligência, e quando se tem uma pauta manipulatória a cumprir diariamente, o resultado só pode ser essa bobagem idiota, esse humor mal intencionado, que contribui para ampliar a vala comum dos programas humorísticos da tevê brasileira.
Esse aqui cobre a filmagem de "Lula, o filho do Brasil". Prestem atenção nas perguntinhas do jovem "repórter".
quarta-feira, maio 26, 2010
segunda-feira, maio 24, 2010
Tinhorão na estante
A biografia do Tinhorão é principalmente sobre o jornalista das décadas de 1950 e 1960 , época áurea e de grandes reformas na imprensa. A coleção chama-se Imprensa em Pauta, e Tinhorão fazia crítica de música popular. Ficou conhecidissimo e criou grandes polêmicas, até hoje no imaginário das pessoas.
Mas desde 1980 é essencialmente um historiador da cultura urbana.
Passei no fim de semana n a livraria Cultura do Shopping Bourbon, com um amigo que procurava o livro. Achamos na estante de Música.
Claro que tem relação, mas trata-se na verdade de um livro sobre jornalismo.
Ainda bem que não puseram na estante de Botânica, na seção Pragas.
O livro pode ser comprado via internet, na Cultura e Saraiva, e está nas livrarias Cultura, da Vila, (SP) da Travessa e Folha Seca, no Rio.
domingo, maio 23, 2010
Uma reflexão sobre a beleza eterna, interrompida pela visão do efêmero
A harmonia que, para os clássicos, exprimia a relação
das partes com o todo, atravessou os milênios sem alterar
o equilíbrio do homem no centro da sua esfera.Esse
homem, com a sua representação simétrica,define-se
a partir de um universo que tem limite
na compreensão divina da matéria
e do espírito.E poderia continuar assim, se
não ouvisse um copo a partir-se no fundo
da casa – alguém que se distraiu, e que rompeu,
de súbito, o meu raciocínio. Ao mesmo tempo,
porém, descobri que nada do que eu pensava
era original; e só ao apanhar do chão os vidros
partidos, um brilho breve no seu contacto com
a luz me fez pensar que, afinal, a harmonia
também nasce da destruição, e o centro da esfera
desloca-se para o fragmento que seguro com
os dedos, antes de o deitar para o lixo.
Nuno Júdice, poeta português contemporâneo
enviado por Leonel
sábado, maio 22, 2010
Esquadros
sexta-feira, maio 21, 2010
Pergunta feliz
A pergunta do repórter da TV Brasil, se o candidato pretende acabar com o Bolsa Família ou dar novo formato a ele é legítima. Não precisa citar fonte alguma. O povo quer saber. O candidato do partido que sempre atacou o Bolsa Familia tem o dever de responder.Quem está na chuva é para se queimar, diria Vicente Matheus.
Repórteres estão desacostumados, a maioria dos políticos estão desacostumados com jornalismo como deveria ser.
Leio que, segundo a Folha, Teresa Cruvinel, presidente da Empresa Brasileira de Comunicação, telefonou para a assessoria do candidato José Serra e pediu desculpas pelo repórter.Se a informação da Folha for confiável,diz que Cruvinel se comprometeu a produzir rapidamente um Manual de Redação.
Não estou entendendo. Pedir desculpas por se tentar produzir jornalismo de interesse público numa empresa pública?
quinta-feira, maio 20, 2010
Lady
Blue gardênia
Onde os diamantes nos teus olhos?
O homem que te amaria?
Summertime?
A voz de lâmina e ouro
Blue gardênia blues
Cabarés, fumaças nos olhos
Outros sons
Em alguma nova primavera
Você tentará o amor outra vez
Os diamantes voltarão a brilhar
O homem que você ama te amará
E dirá que you’re his only one
(Noites estelares
Doces rapsódias
Abat -jour lilás)
Blue gardenia:
Flor da noite
Dama só
Olho caído
no bar.
quarta-feira, maio 19, 2010
Intelectuais e intelectuais
Alguém na blogosfera lançou um repto : que nenhum acadêmico brasileiro, de nenhuma área, dê entrevista para a Veja, ou colabore com a revista enquanto não houver um pedido de desculpas a Eduardo Viveiros de Castro, o antropólogo citado na matéria "A farra da antropologia oportunista", reproduzindo pretensas afirmações suas sem entrevistá-lo.
(De minha parte, entendo que intelectuais de respeito não deveriam dar entrevistas ou colaborar com tal publicação de qualquer forma, e não apenas em virtude desse caso absurdo).
Lembrei imediatamente de outro episódio envolvendo intelectuais: a lista de professores improdutivos, documento vazado da reitoria da USP, publicado pela Folha de S. Paulo. Dizia:
"A Universidade de São Paulo começa a fazer o levantamento de sua produção docente. Nos anos de 85e 86, um quarto de seus professores não produziu. Este é o resultado do levantamento preliminar feito pela reitoria. Ele contém incorreções, mas sua publicação é a possibilidade deiniciar o debate sobre a avaliação dos docentes nas universidades.
Os dados foram obtidos através de questionários enviados aos docentes pela reitoria. Eles deveriam informar sobre todos os trabalhos publicados nos anos de 85 e 86."
(Iniciava-se, então, o processo vigente mais do que nunca hoje em nossas universidades, em que "produtividade" se mede pela quantidade em quilos de artigos publicados, não pela sua qualidade, muito menos pela atuação do professor em sala de aula).
Criou-se imensa polêmica da comunidade uspiana contra a Folha e contra o então reitor José Goldemberg, que depois foi secretário e ministro de Collor.
O Jornal da USP, do qual eu era editora, tentava garantir a palavra e o mesmo espaço a todos os segmentos envolvidos.
Entretanto o reitor, mentalidade autocrática e imperial, considerando-se dono da Universidade-- porque todos os brasileiros conhecemos a eterna confusão entre o público e o privado --, mandou recolher a edição do jornal em que os professores falavam, pois queria ele mesmo ter mais e mais espaço do que todos.Censura em plena Universidade.
A editora pediu demissão e a própria Folha cobriu o episódio. O representante do reitor argumentou que o jornal não havia sido apreendido, mas simplesmente retido para inclusão de um encarte, desculpa absolutamente esfarrapada pois qualquer encarte teria de ser do conhecimento da editora.
Resumo da ópera: os intelectuais uspianos, revoltadissimos, prometiam não mais colaborar com a FSP. Promessa que não durou mais de uma ou duas semanas: voltaram todos.
Por isso, e sem colocar todos no mesmo saco, é fácil entender as razões pelas quais um repto desses não teria qualquer eco na academia. Mesmo porque, quem vive sem mídia, não é mesmo?
Tudo o que digo aqui tem provas, guardadas nos baús , de tão guardadas são difíceis de achar no momento, e só me socorro da memória. Não é mesmo mais uma historinha exemplar?
(De minha parte, entendo que intelectuais de respeito não deveriam dar entrevistas ou colaborar com tal publicação de qualquer forma, e não apenas em virtude desse caso absurdo).
Lembrei imediatamente de outro episódio envolvendo intelectuais: a lista de professores improdutivos, documento vazado da reitoria da USP, publicado pela Folha de S. Paulo. Dizia:
"A Universidade de São Paulo começa a fazer o levantamento de sua produção docente. Nos anos de 85e 86, um quarto de seus professores não produziu. Este é o resultado do levantamento preliminar feito pela reitoria. Ele contém incorreções, mas sua publicação é a possibilidade deiniciar o debate sobre a avaliação dos docentes nas universidades.
Os dados foram obtidos através de questionários enviados aos docentes pela reitoria. Eles deveriam informar sobre todos os trabalhos publicados nos anos de 85 e 86."
(Iniciava-se, então, o processo vigente mais do que nunca hoje em nossas universidades, em que "produtividade" se mede pela quantidade em quilos de artigos publicados, não pela sua qualidade, muito menos pela atuação do professor em sala de aula).
Criou-se imensa polêmica da comunidade uspiana contra a Folha e contra o então reitor José Goldemberg, que depois foi secretário e ministro de Collor.
O Jornal da USP, do qual eu era editora, tentava garantir a palavra e o mesmo espaço a todos os segmentos envolvidos.
Entretanto o reitor, mentalidade autocrática e imperial, considerando-se dono da Universidade-- porque todos os brasileiros conhecemos a eterna confusão entre o público e o privado --, mandou recolher a edição do jornal em que os professores falavam, pois queria ele mesmo ter mais e mais espaço do que todos.Censura em plena Universidade.
A editora pediu demissão e a própria Folha cobriu o episódio. O representante do reitor argumentou que o jornal não havia sido apreendido, mas simplesmente retido para inclusão de um encarte, desculpa absolutamente esfarrapada pois qualquer encarte teria de ser do conhecimento da editora.
Resumo da ópera: os intelectuais uspianos, revoltadissimos, prometiam não mais colaborar com a FSP. Promessa que não durou mais de uma ou duas semanas: voltaram todos.
Por isso, e sem colocar todos no mesmo saco, é fácil entender as razões pelas quais um repto desses não teria qualquer eco na academia. Mesmo porque, quem vive sem mídia, não é mesmo?
Tudo o que digo aqui tem provas, guardadas nos baús , de tão guardadas são difíceis de achar no momento, e só me socorro da memória. Não é mesmo mais uma historinha exemplar?
terça-feira, maio 18, 2010
Menos
Se o presidente ajuda Clovis Rossi a se recuperar de um tombo, não quer dizer que é um ato de magnanimidade frente a um jornalista que o critica. Por que não poderia o presidente ser solidário com um jornalista brasileiro que levou um tombazo, seja ele de que lado for?Questão de educação. Menos, minha gente...
Sobre o futebol
Não gosto de comerciais em geral. Este argentino, entretanto, é uma exceção em meio a tanta coisa ruim dos publicitários deste mundo.E poderia , também, ser sobre o futebol brasileiro. Vi no Blog da Josefina , de um certo fotógrafo que mora na mais bela cidade do mundo ocidental.
segunda-feira, maio 17, 2010
Cartas à redação
From: Celso Lungaretti
To: leitor@uol.com.br
Sent: Monday, May 17, 2010 5:42 PM
Subject: "Governo Lula quer implantar ditadura totalitária no País" General Maynard
"É chocante que a Folha tenha permitido ao general reformado Maynard Marques de Santa Rosa afirmar, sem nenhuma prova, que Dilma Rousseff assaltou, torturou e matou pessoas. Foi uma acusação grave demais para o jornal colocar, como única ressalva, a débil refutação da repórter ("Até onde se sabe, ela não matou ninguém"), ao que o entrevistado respondeu taxativamente: "É o que ela alega. Sabe-se que tem vítima". E fiquei pasmo ao não encontrar, em seguida, a pergunta que até um 'foca' faria: "Quem são essas vítimas?". Assim como estranho muito a omissão de uma informação fundamental: a de que, como tenente de Infantaria, Maynard Marques atuou na Inteligência do Exército e integrou a equipe de Buscas do DOI-Codi/RJ no período de 1971/72, o que coloca sob suspeição todas as suas críticas à Comissão da Verdade, já que ele pode estar temeroso do que possa ser apurado a seu respeito."
Celso Lungaretti, ex-preso político, torturado pelo DOI-Codi/RJ em 1970 (Sâo Paulo, SP)
To: leitor@uol.com.br
Sent: Monday, May 17, 2010 5:42 PM
Subject: "Governo Lula quer implantar ditadura totalitária no País" General Maynard
"É chocante que a Folha tenha permitido ao general reformado Maynard Marques de Santa Rosa afirmar, sem nenhuma prova, que Dilma Rousseff assaltou, torturou e matou pessoas. Foi uma acusação grave demais para o jornal colocar, como única ressalva, a débil refutação da repórter ("Até onde se sabe, ela não matou ninguém"), ao que o entrevistado respondeu taxativamente: "É o que ela alega. Sabe-se que tem vítima". E fiquei pasmo ao não encontrar, em seguida, a pergunta que até um 'foca' faria: "Quem são essas vítimas?". Assim como estranho muito a omissão de uma informação fundamental: a de que, como tenente de Infantaria, Maynard Marques atuou na Inteligência do Exército e integrou a equipe de Buscas do DOI-Codi/RJ no período de 1971/72, o que coloca sob suspeição todas as suas críticas à Comissão da Verdade, já que ele pode estar temeroso do que possa ser apurado a seu respeito."
Celso Lungaretti, ex-preso político, torturado pelo DOI-Codi/RJ em 1970 (Sâo Paulo, SP)
domingo, maio 16, 2010
sábado, maio 15, 2010
sexta-feira, maio 14, 2010
O Joelma, o QG tucano em SP e a demissão na Abril
1- Celso Lungaretti escreveu interessante texto lembrando o edifício Joelma em chamas, em 1974, do qual pessoas se atiravam feito passarinhos. O laudo dos bombeitros constatou que havia somente uma escada comum (não de segurança,), não havia sistema de alarme nem qualquer sinalização para abandono e controle de pânico. Diz Celso:"Sobreviventes revelaram que sequer sabiam como chegar à tal escada comum, era praticamente escondida para que todos fossem obrigados a utilizar o elevador. A obsessão por mantê-los sempre controlados."
179 mortos e 300 feridos.
E continua: " Enfim, saltando para o presente, em tudo e por tudo o Joelma é mesmo o local escrito nas estrelas para abrigar o comitê de campanha 2010 de Geraldo Alckmin e José Serra.De nada adianta terem mudado seu nome para Edifício Praça da Bandeira.Nem a ridícula mobilização de influências políticas para que fosse trocado o número do prédio, de 184 para 182, a fim de evitar que os algarismos somassem 13.O mau agouro é outro: estarem ocupando um espaço amaldiçoado pelas almas penadas de quem foi imolado no altar do L-U-C-R-O ".
2- Esta semana a Editora Abril demitiu o editor-assistente da revista National Geographic Brasil Felipe Milanez, pelas críticas em seu Twitter contra a revista veja, da mesma editora, a respeito da reportagem “A farra da antropologia oportunista", sobre delimitação de reservas indígenas e quilombos no país. A mesma que reproduz delcarações do antropólogo Viveiros de Castro, que não foi entrevistado, conforme denunciado por ele.
" A decisão me foi comunicada pelo redator-chefe Matthew Shirts. Ela veio lá de cima , disse Felipe". Segundo o Portal Imprensa, Matthew Shirts, disse: "Foi demitido por comentário do Twitter com críticas pesadas à revista. A Editora Abril paga o salário dele e tomou a decisão".
Ao ser questionado se concordava com a demissão do jornalista, Shirts declarou que "fez o que tinha que fazer exercendo a função".
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Lembrei imediatamente de Decio de Almeida Prado, que entre 1956 e 1967 exerceu a mesma função no Suplemento Literário do Estadão. Em depoimento para o meu livro "Que falta ele faz!", o professor Antonio Candido contou uma história exemplar.
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" Houve um momento -- (...) que o doutor Julio conversou com o Décio sobre um colaborador comunista que talvez valesse a pena não colaborar. O Décio disse, “não sei se é comunista, mas o fato é que não transparece nos artigos, é um grande crítico. Mas se o senhor achar necessário que ele não colabore mais, eu aceito e nesse caso apresento minha demissão”.
O dr. Julio disse: “Não Décio, está encerrado o assunto”.
Mudou o mundo e mudaram os jornalistas. Não só não se fazem mais liberais como antigamente. Não há a mais remota hipótese de algum redator-chefe se comportar como Décio, frente a uma decisão de quem "paga o salário".
Shirts disse que fez o que devia fazer exercendo a função. Décio de Almeida Prado fez o oposto, coerente com seus princípios.O que pensaria Shirts sobre Décio? Não sei. Sei o que pensa Antonio Candido: "Ele era um ser de exceção".
quinta-feira, maio 13, 2010
Vivendo e aprendendo a não jogar - A Era Dunga e a chacina do sonho
i Yam
Este texto foi publicado no Portal do Nassif por Zezita via de Regra, alter ego de Liu Sai Yam.
Continuo não entendendo de futebol, mas nem precisa, pra entender do que Zezita fala.
A seleção de Dunga é reedição da corrente pra frente, da “coerência” careta e do “comprometimento” fascista. Só se compromete quem não pensa, e Dunga, à semelhança do novo admirável mundo novo, é refratário aos que pensam criativamente.Nem se trata de criticar escalação, inclusão ou exclusão de nomes, mas o discurso nitidamente patriótico nacionalista beirando ao fascismo, descarregando todo o jargão auto-ajuda mesclado à fidelidade pitbull, à obediência cega e ao conformismo tático de linha militarista. Pátria, família e comprometimento. Cegueira bitolada de milícias direitistas e chacinadores de outsiders.
.
Será por mera coincidência que no mesmo dia em que Dunga (representando a autoridade constituída de situações constituídas mediante a medíocre qualificação “winner”) proferia o seu discurso de retorno aos anos 1970, seis sem-tetos tenham sido mortos a tiros debaixo de um viaduto em São Paulo? Não estavam comprometidos com uma sociedade ordeiramente desenvolvimentista e vencedora, que aufere láureas de gringos mundo afora, mas não sabe lidar com seu próprio povo.
.
E ai das vozes discordantes, imediatamente tachados de voluntaristas, irrealistas, indigestos, individualistas, putanheiros, firulentos desobedientes de táticas do ferrolho, preferindo a derrota debaixo de trágica alegria e dolorido sonho à vitória cinzenta dos conservadores, os eternos winners. Brasil tem condições de montar 10 seleções, todos com chances reais de abocanhar a malfadada copa. Tinha uma chance de selecionar arte/alegria estruturada sobre descompromisso, irresponsabilidade e prazer. A partir da escalação inicial de Dunga, optou pela Solange da lentidão gradual, do reacionarismo fanático e da chapa-branquice.
Si zouzou fuera Maradona, jugaría/viviría como Maradona...
Este texto foi publicado no Portal do Nassif por Zezita via de Regra, alter ego de Liu Sai Yam.
Continuo não entendendo de futebol, mas nem precisa, pra entender do que Zezita fala.
A seleção de Dunga é reedição da corrente pra frente, da “coerência” careta e do “comprometimento” fascista. Só se compromete quem não pensa, e Dunga, à semelhança do novo admirável mundo novo, é refratário aos que pensam criativamente.Nem se trata de criticar escalação, inclusão ou exclusão de nomes, mas o discurso nitidamente patriótico nacionalista beirando ao fascismo, descarregando todo o jargão auto-ajuda mesclado à fidelidade pitbull, à obediência cega e ao conformismo tático de linha militarista. Pátria, família e comprometimento. Cegueira bitolada de milícias direitistas e chacinadores de outsiders.
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Será por mera coincidência que no mesmo dia em que Dunga (representando a autoridade constituída de situações constituídas mediante a medíocre qualificação “winner”) proferia o seu discurso de retorno aos anos 1970, seis sem-tetos tenham sido mortos a tiros debaixo de um viaduto em São Paulo? Não estavam comprometidos com uma sociedade ordeiramente desenvolvimentista e vencedora, que aufere láureas de gringos mundo afora, mas não sabe lidar com seu próprio povo.
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E ai das vozes discordantes, imediatamente tachados de voluntaristas, irrealistas, indigestos, individualistas, putanheiros, firulentos desobedientes de táticas do ferrolho, preferindo a derrota debaixo de trágica alegria e dolorido sonho à vitória cinzenta dos conservadores, os eternos winners. Brasil tem condições de montar 10 seleções, todos com chances reais de abocanhar a malfadada copa. Tinha uma chance de selecionar arte/alegria estruturada sobre descompromisso, irresponsabilidade e prazer. A partir da escalação inicial de Dunga, optou pela Solange da lentidão gradual, do reacionarismo fanático e da chapa-branquice.
Si zouzou fuera Maradona, jugaría/viviría como Maradona...
quarta-feira, maio 12, 2010
O goleiro Barbosa: Muito mais de onze fraturas
A desgraça do goleiro Barbosa, que tomou o gol que tirou do Brasil a conquista do título, no mundial de 1950, contra o Uruguai, realizado no Maracanã, me inspirou, faz tempo, este conto. Não entendo nada de futebol, mas me fascinam alguns personagens. Especialmente os heróis do fracasso, como diz um amigo escritor, que também tem esse fraco.
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Pra ele doía muito mais que fratura. Meu amigão, colega do grupo escolar. Saudade das peladas, eu era lateral direito, ele goleiro.Parecia um gato, o camarada! Mudou pra São Paulo, trabalhava numa firma lavando vidro e lá mesmo, jogando na fábrica, foi contratado pelo Ypiranga, por volta de 1940. Ele era do 1921, o senhor faz as contas, tinha 19 anos.
No 1943, o Barbosa já era dos melhores goleiros paulistas, daí o Domingos da Guia indicou ele pro Vasco em 44, em 45 já estava no escrete brasileiro. Mas naquele 16 de julho de 50, contra o Uruguai...
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Os olhos do velho amigo, de 84 anos, se apertam.
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“Conta seu Mané”. (Eu tinha viajado a Campinas para entrevistar o amigo do goleiro para um jornal do interior do Rio.)
Tá aqui, vou ler no livro o que ele mesmo contou:“O Ghiggia avançou, eu vislumbrei o centro da área com três carrascos babando, à espera da bola. O Bigode vem atrás do Ghiggia, Juvenal tenta fazer a cobertura, mas na entrada da área só tem eles, ninguém da defesa, se ele centra não tem como pegar, é gol na certa, fico esperando Ghiggia centrar, dou um passo à frente, porque ele com certeza vai fazer a mesma jogada do primeiro gol, ele sente que eu estou fora, embora viesse de cabeça baixa como touro miúra, mete o peito do pé na bola e ainda toco nela, crente e que foi para escanteio, afinal foi um chute mascado, bateu no gramado, subiu e desceu, eu dou um passo lateral e salto para a esquerda com todo o impulso que... quando senti o estádio em silêncio total tomei coragem, olhei para trás e vi a bola de couro marrom lá dentro..."
.
Ele me dizia, moço, que o silêncio acompanhava ele a vida inteira. Aqueles 200 mil torcedores calados. Que parecia a eternidade, e quando morresse não ia sentir diferença... Barbosa era um lorde. Parece que chorava pra dentro. Jamais esqueceu de uma senhora que parou ele na rua e disse pra filha:” É esse aí que traiu o Brasil” .
Mas o negrão não podia se emocionar. Dizia que queria ficar vivo, e que o sentimento mal conduzido acaba com uma pessoa. Pois então ele não carregou por 50 anos aquele silêncio? E não foi chamado no Maracanã, quando trocaram as balizas e deram pra ele, pra fazer churrasco daquelas traves onde ele se desgraçou?
Jogou até 62, quando sofreu uma lesão na virilha pelo Bonsucesso, estádio do Campo Grande. Não eram os 200 mil do Maracanã, mas uns 600, em silêncio. Aquele silêncio profundo, mas dessa vez diferente, ele contou.
“Mané, mesmo com aquela baita dor eu fiquei feliz, porque era uma coisa de respeito, de sentimento mesmo, coisa da alma”.
“Não chora, seu Mané, a vida é assim”, digo. ”E depois?”
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Bom, muita falta de dinheiro. Morreu esquecido, na Cidade Ocian, no dia 7 de julho de 2000. Fui me despedir. Sabe moço, naquele tempo ninguém usava luva. E goleiro machuca muito as mãos. Ele já tinha me contado uma vez: onze fraturas. As mãos dele, quebradinhas, cruzadas sobre o peito. Eu chorei muito, não sou como ele que chorava pra dentro, sou um manteiga derretida.
terça-feira, maio 11, 2010
Carl Bernstein fala o que a mídia não queria ouvir
“Devemos encorajar uma nova cultura de responsabilidade, do contrário não seremos levados a sério quando trouxermos questões relativas à liberdade de expressão” (Carl Bernstein)
Do HSLiberal
Desde 1976, quando foi lançado por Hollywood, o bom filme do diretor Alan J. Pakula é recomendado aos estudantes de Jornalismo em todas as universidades do mundo. Dustin Hoffman e Robert Redford nos papéis de Carl Bernstein e Bob Woodward, jovens repórteres do Washington Post que deflagraram a investigação jornalística que culminou com a renúncia do poderoso presidente Richard Nixon. Hoje, o mundo todo conhece os verdadeiros atores, heróis do emblemático caso de corrupção política dos EUA. Eles já percorreram por mais de uma vez milhares de auditórios a falar sobre o famoso “Caso Watergate”.
Na semana passada, fomos encontrar o veterano repórter Carl Bernstein frente a outro veterano jornalista brasileiro, Renato Machado, do “Bom dia, Brasil”, da TV Globo. Uma grande decepção para Renato: ele não ouviu uma só frase daquelas que nossa mídia esperava ouvir de Carl. Renato apostava que a manipulação temática dos organizadores de um seminário realizado no Rio, sobre Liberdade de Expressão, tivesse sensibilizado o repórter estadunidense a falar apenas de conflitos entre mídia e governos autoritários. Carl enfatizava muito mais a questão da responsabilidade profissional com a verdade. Um grande puxão de orelha no nosso jornalismo.
Carl Bernstein entende que a função fundamental do jornalista é dar aos seus leitores, ouvintes e espectadores a versão mais verdadeira possível de se obter. Ele percebe, no entanto, que atualmente estamos perdendo esse ideal de vista, substituído por uma cultura jornalística cada vez mais distante do real, da verdade. “A mídia dilapida seu único patrimônio”, costuma dizer. São preocupações que não as têm os donos da mídia e, por omissão, oportunismo ou submissão, grande parte dos jornalistas brasileiros. Daí a pouca repercussão da presença de Carl Bernstein entre nós. De grande nome de um seminário a ator coadjuvante.
Sobre a liberdade de expressão, tema do seminário para o qual foi convidado especial, o repórter do Washington Post diz temer a banalização do seu conceito. Ele diz que se não soubermos usar essa liberdade, poderemos servir aos interesses da ignorância e da tirania. Como pudemos verificar em matéria do “Bom Dia, Brasil” , o seminário representa mais uma manifestação dos donos de jornais que não querem ver a mínima menção a regulamentação do exercício da atividade jornalística. Quer-se esconder que a regulamentação, em qualquer ramo de serviços, é um processo adotado nos mais importantes países democráticos do mundo, em respeito aos interesses da sociedade.
Os donos da nossa imprensa preferem ouvir lugares comuns repetitivos, de conteúdo vazio, como a fala do ministro Ayres Britto, do STM, para quem “a liberdade de imprensa tem precedência sobre os demais direitos”. Tentam argumentar com virulentas distorções da imprensa golpista venezuelana, convenientemente convidada. Ou seja, preferem surfar nas ondas globais da nova cultura jornalística que, como diz nosso herói do “Caso Watergate”, prioriza o culto à celebridade (do veículo ou do repórter) pela fofoca, pelo sensacionalismo, pela negação da verdade, pela injúria. Em lugar do rigor da apuração, a base fundamental da atividade jornalística.
Do HSLiberal
Desde 1976, quando foi lançado por Hollywood, o bom filme do diretor Alan J. Pakula é recomendado aos estudantes de Jornalismo em todas as universidades do mundo. Dustin Hoffman e Robert Redford nos papéis de Carl Bernstein e Bob Woodward, jovens repórteres do Washington Post que deflagraram a investigação jornalística que culminou com a renúncia do poderoso presidente Richard Nixon. Hoje, o mundo todo conhece os verdadeiros atores, heróis do emblemático caso de corrupção política dos EUA. Eles já percorreram por mais de uma vez milhares de auditórios a falar sobre o famoso “Caso Watergate”.
Na semana passada, fomos encontrar o veterano repórter Carl Bernstein frente a outro veterano jornalista brasileiro, Renato Machado, do “Bom dia, Brasil”, da TV Globo. Uma grande decepção para Renato: ele não ouviu uma só frase daquelas que nossa mídia esperava ouvir de Carl. Renato apostava que a manipulação temática dos organizadores de um seminário realizado no Rio, sobre Liberdade de Expressão, tivesse sensibilizado o repórter estadunidense a falar apenas de conflitos entre mídia e governos autoritários. Carl enfatizava muito mais a questão da responsabilidade profissional com a verdade. Um grande puxão de orelha no nosso jornalismo.
Carl Bernstein entende que a função fundamental do jornalista é dar aos seus leitores, ouvintes e espectadores a versão mais verdadeira possível de se obter. Ele percebe, no entanto, que atualmente estamos perdendo esse ideal de vista, substituído por uma cultura jornalística cada vez mais distante do real, da verdade. “A mídia dilapida seu único patrimônio”, costuma dizer. São preocupações que não as têm os donos da mídia e, por omissão, oportunismo ou submissão, grande parte dos jornalistas brasileiros. Daí a pouca repercussão da presença de Carl Bernstein entre nós. De grande nome de um seminário a ator coadjuvante.
Sobre a liberdade de expressão, tema do seminário para o qual foi convidado especial, o repórter do Washington Post diz temer a banalização do seu conceito. Ele diz que se não soubermos usar essa liberdade, poderemos servir aos interesses da ignorância e da tirania. Como pudemos verificar em matéria do “Bom Dia, Brasil” , o seminário representa mais uma manifestação dos donos de jornais que não querem ver a mínima menção a regulamentação do exercício da atividade jornalística. Quer-se esconder que a regulamentação, em qualquer ramo de serviços, é um processo adotado nos mais importantes países democráticos do mundo, em respeito aos interesses da sociedade.
Os donos da nossa imprensa preferem ouvir lugares comuns repetitivos, de conteúdo vazio, como a fala do ministro Ayres Britto, do STM, para quem “a liberdade de imprensa tem precedência sobre os demais direitos”. Tentam argumentar com virulentas distorções da imprensa golpista venezuelana, convenientemente convidada. Ou seja, preferem surfar nas ondas globais da nova cultura jornalística que, como diz nosso herói do “Caso Watergate”, prioriza o culto à celebridade (do veículo ou do repórter) pela fofoca, pelo sensacionalismo, pela negação da verdade, pela injúria. Em lugar do rigor da apuração, a base fundamental da atividade jornalística.
domingo, maio 09, 2010
Lula, El País e os jovens lobos
Juan Luis Cebrián fundou o El País, em 1976, logo após a morte de Franco. De 1976 a 1988 , o jornal tornou-se o mais vendido da Espanha. Hoje Cebrián é conselheiro delegado do Grupo Prisa, dono da publicação.
O jornal é ligado à social democracia (PSOE- Partido Socialista Obrero Español) e foi a chamada lufada de ar para os espanhóis, desacostumados do jornalismo havia décadas, sob a ditadura franquista. Com as voltas que o mundo deu, El Pais virou um grande negócio, e hoje o Grupo Prisa é poderoso. Portanto, o jornal mudou.
O PSOE, criado no século 19 para representar os interesses das novas classes trabalhadoras, também mudou demais. Abandonou as teses marxistas em 1979, sob direção do então secretário-geral Felipe González, que depois seria presidente do Governo durante 13 anos. O partido então, apesar do nome, tornou-se social-democrata.
Mas socialdemocracia na Europa é como se fosse um certo tipo de esquerda aqui, eu acho. De qualquer forma, eles querem lá também eliminar as conquistas sociais, como de resto acontece em todo o mundo capitalista. Onde ainda há mais resistência é na França.
Mas voltando ao jornal, sempre tive gosto de lê-lo, muitas vezes rondava as bancas de jornais à procura, quando não havia internet.Especialmente por causa do suplemento cultural Babelia, onde ainda hoje, de vez em quando, a gente pode se deparar com um artigo de Gabriel García Marquez, entre outros grandes nomes da literatura mundial.
Hoje ainda continuo gostando do Babelia.
Estou falando do jornal a propósito da entrevista que Cebrián fez com Lula, publicada neste domingo. Não entendi exatamente por que o associa em alguns momentos a Sancho Pança, e apesar de elogiar FHC, claro, é uma entrevista de respeito, e não poderia deixar de ser, em virtude do destaque internacional de Lula.
E me lembrei também de um amigo, grande jornalista e escritor que trabalhava no El País, e se aposentou ano passado, Miguel Bayon.Eu o conheci pelo romance Santa Maria, que escreveu sobre o sequestro do navio de mesmo nome, em 1961, por um grupo de rebeldes galegos e portugueses e espanhóis, contra as ditaduras fraquista e salazarista, e que acabaram se exilando no Brasil. E cujo mentor é o patrono deste blog, Pepe Velo.
Pois eu comentava com ele a péssima situação atual do jornalismo e dos jornalistas por aqui, e segundo Bayon, lá não é diferente. Especialmente com relação à competitividade extrema. Ele me dizia que estava saindo porque agora era a hora dos “jovens lobos”.
O jornal é ligado à social democracia (PSOE- Partido Socialista Obrero Español) e foi a chamada lufada de ar para os espanhóis, desacostumados do jornalismo havia décadas, sob a ditadura franquista. Com as voltas que o mundo deu, El Pais virou um grande negócio, e hoje o Grupo Prisa é poderoso. Portanto, o jornal mudou.
O PSOE, criado no século 19 para representar os interesses das novas classes trabalhadoras, também mudou demais. Abandonou as teses marxistas em 1979, sob direção do então secretário-geral Felipe González, que depois seria presidente do Governo durante 13 anos. O partido então, apesar do nome, tornou-se social-democrata.
Mas socialdemocracia na Europa é como se fosse um certo tipo de esquerda aqui, eu acho. De qualquer forma, eles querem lá também eliminar as conquistas sociais, como de resto acontece em todo o mundo capitalista. Onde ainda há mais resistência é na França.
Mas voltando ao jornal, sempre tive gosto de lê-lo, muitas vezes rondava as bancas de jornais à procura, quando não havia internet.Especialmente por causa do suplemento cultural Babelia, onde ainda hoje, de vez em quando, a gente pode se deparar com um artigo de Gabriel García Marquez, entre outros grandes nomes da literatura mundial.
Hoje ainda continuo gostando do Babelia.
Estou falando do jornal a propósito da entrevista que Cebrián fez com Lula, publicada neste domingo. Não entendi exatamente por que o associa em alguns momentos a Sancho Pança, e apesar de elogiar FHC, claro, é uma entrevista de respeito, e não poderia deixar de ser, em virtude do destaque internacional de Lula.
E me lembrei também de um amigo, grande jornalista e escritor que trabalhava no El País, e se aposentou ano passado, Miguel Bayon.Eu o conheci pelo romance Santa Maria, que escreveu sobre o sequestro do navio de mesmo nome, em 1961, por um grupo de rebeldes galegos e portugueses e espanhóis, contra as ditaduras fraquista e salazarista, e que acabaram se exilando no Brasil. E cujo mentor é o patrono deste blog, Pepe Velo.
Pois eu comentava com ele a péssima situação atual do jornalismo e dos jornalistas por aqui, e segundo Bayon, lá não é diferente. Especialmente com relação à competitividade extrema. Ele me dizia que estava saindo porque agora era a hora dos “jovens lobos”.
Balzac e o jornalismo
De Ilusões Perdidas, século 19, Balzac diagnosticando o presente e antevendo o futuro. Sempre na minha cabeceira.
*
Se a imprensa não existisse, seria preciso não a inventar.
*
(Os homens de cérebro) são raros e esparsos (...). Raros como os verdadeiros amantes no mundo amoroso, raros como as fortunas honestas no mundo das finanças, raros como um homem puro no jornalismo.
*
O jornalismo é um inferno, um abismo de iniquidades , de mentiras, de traições, que não se pode atravessar e de onde não se pode sair puro, senão protegido, como Dante, pelos louros divinos de Virgilio.
*
Os proprietários de jornais são empreiteiros, e nós pedreiros. Assim é que, quanto mais medíocre for o homem, mais rapidamente subirá. Pode engolir sapos, resignar-se a tudo, lisonjear as pequenas e baixas paixões dos sultões literários, como um recém-chegado de Limoges, Heitor Merlin que se encarrega já da política num jornal de direita e que trabalha em nosso jornaleco: vi-o apanhar o chapéu que um redator-chefe deixara cair no chão. Sem fazer sombra a ninguém, o tal rapaz passará entre as ambições rivais, enquanto elas estiverem se batendo.
*
*
(Atravessa os séculos a prática. No início deste século 21, um jornalista fazia compras para a namorada do chefe. Há décadas ele permanece na redação, sem ser atingido por qualquer corte.)
*
(...) A luta há de ser sem tréguas, se tiver talento, porque sua melhor sorte será a de não o possuir”.
(...) A luta há de ser sem tréguas, se tiver talento, porque sua melhor sorte será a de não o possuir”.
sábado, maio 08, 2010
Beatles, 40
8 de maio é o dia de Let it Be completar 40 anos.O último.The End
"And in the end/ the love you take/ is equal to the love you make"
Beatles Forever
"And in the end/ the love you take/ is equal to the love you make"
Beatles Forever
quinta-feira, maio 06, 2010
A Internet e o assassinato de reputações
Com o título “BrasilWiki! Você é o repórter”, um site dirigido por dois jornalistas de São Paulo anuncia-se como um jornal online participativo: “quem escreve é você”.
Segundo o boletim Jornalistas & Cia, “José Aparecido Miguel (Mais Comunicação) e Eduardo Mattos (ex-Agência Estado) juntaram forças para lançar o BrasilWiki (www. brasilwiki.com. br), site onde qualquer pessoa pode ser repórter e contar suas histórias, dar suas opiniões, criticar, denunciar e publicar suas fotos, vídeos e áudios, na linha da notícia de todos para todos.“ Como dizem eles, "a essência do modelo está em seu próprio nome: wiki é a abreviatura, em inglês, de ‘what I know is... ’ (‘o que eu sei é... ’). O projeto chega no rastro de uma experiência bem-sucedida do chamado jornalismo cidadão – ou jornalismo participativo. Ela surgiu com o sul-coreano OmyNews, que se transformou em um fenômeno editorial. Criado por OhYeon Ho, em fevereiro de 2000, o Ohmy-News arregimentou, inicialmente, 727 cidadãos-repórteres. Hoje, este grupo cresceu: tem 35 mil colaboradores, que enviam para o site centenas de notícias, comentários e imagens diariamente".
Fiquei conhecendo este site por meio de uma postagem equivocada no Portal Luis Nassif. A postagem reproduziu um artigo do tal site, com o título “Dorothy, a freira da Cia", de autoria de um auto-intitulado repórter Cesar.Que abre o texto assim: “Segundo os serviços de informações do Brasil, Dorothy Stang foi uma ex-oficial de informações militares dos EUA”. E despeja uma série de acusações sem provas, e muito menos sem citar quais são essas fontes dos “serviços de informações”
Pessoas desavisadas acreditaram na denúncia,--uma clara tentativa de assassinato de reputação, e de uma pessoa assassinada por questões de conflitos de terras. Internet é bom, mas é um perigo. Papel não recusa texto, internet também não. Mas é só procurar os textos anteriores do mesmo auto-intitulado repórter para se saber de quem se trata. Títulos como “Dilma e sua ditadura vermelha”, “Como pode um gay ser militante comunista?”, ou “Veja ACM enquadrando Lula, onde afirma: “Ele convocou as Forças Armadas brasileiras a assumirem novamente o Brasil”.
Esse puro lixo é publicado no site onde qualquer um é repórter e que aceita qualquer barbaridade. É de se pensar que os jornalistas que o mantém estão, eles próprios, assassinando suas reputações.
Segundo o boletim Jornalistas & Cia, “José Aparecido Miguel (Mais Comunicação) e Eduardo Mattos (ex-Agência Estado) juntaram forças para lançar o BrasilWiki (www. brasilwiki.com. br), site onde qualquer pessoa pode ser repórter e contar suas histórias, dar suas opiniões, criticar, denunciar e publicar suas fotos, vídeos e áudios, na linha da notícia de todos para todos.“ Como dizem eles, "a essência do modelo está em seu próprio nome: wiki é a abreviatura, em inglês, de ‘what I know is... ’ (‘o que eu sei é... ’). O projeto chega no rastro de uma experiência bem-sucedida do chamado jornalismo cidadão – ou jornalismo participativo. Ela surgiu com o sul-coreano OmyNews, que se transformou em um fenômeno editorial. Criado por OhYeon Ho, em fevereiro de 2000, o Ohmy-News arregimentou, inicialmente, 727 cidadãos-repórteres. Hoje, este grupo cresceu: tem 35 mil colaboradores, que enviam para o site centenas de notícias, comentários e imagens diariamente".
Fiquei conhecendo este site por meio de uma postagem equivocada no Portal Luis Nassif. A postagem reproduziu um artigo do tal site, com o título “Dorothy, a freira da Cia", de autoria de um auto-intitulado repórter Cesar.Que abre o texto assim: “Segundo os serviços de informações do Brasil, Dorothy Stang foi uma ex-oficial de informações militares dos EUA”. E despeja uma série de acusações sem provas, e muito menos sem citar quais são essas fontes dos “serviços de informações”
Pessoas desavisadas acreditaram na denúncia,--uma clara tentativa de assassinato de reputação, e de uma pessoa assassinada por questões de conflitos de terras. Internet é bom, mas é um perigo. Papel não recusa texto, internet também não. Mas é só procurar os textos anteriores do mesmo auto-intitulado repórter para se saber de quem se trata. Títulos como “Dilma e sua ditadura vermelha”, “Como pode um gay ser militante comunista?”, ou “Veja ACM enquadrando Lula, onde afirma: “Ele convocou as Forças Armadas brasileiras a assumirem novamente o Brasil”.
Esse puro lixo é publicado no site onde qualquer um é repórter e que aceita qualquer barbaridade. É de se pensar que os jornalistas que o mantém estão, eles próprios, assassinando suas reputações.
segunda-feira, maio 03, 2010
O que acontece com Roberto Piva
Ele quase não pode mais andar. Locomove-se com extrema dificuldade.
Além do Mal de Parkinson, grave problema de próstata, e desde alguns meses - na época do evento em sua homenagem em março - tenta uma cirurgia no Hospital das Clínicas.
Está muito magro, alimenta-se pouco, me conta um amigo dele.
Precisa de um exame que foi marcado hoje para 18 de junho, lá mesmo, nas Clinicas. O retorno para levar os exames, só no dia 2 de agosto.
Não tem plano de saúde, não tem grana, é um dos nossos maiores poetas vivos. O diretor-clinico do HC chama-se Marcos Boulos. Se alguém o conhecer, ou conhecer alguém que possa ajudar, por favor entre em contacto por este blog.
Eu sei que não acontece só com o Piva, mas com o povo brasileiro pobre. Aconteceu com minha mãe, que morreu num puxadinho do Incor/SP, porque eu não tinha nenhum padrinho lá para arrumar uma vaga na UTI.
A saúde pública no país sendo privatizada aos poucos, as pessoas morrendo por falta de acesso. No século 21.
Isso me mortifica.
Do Piva, o que não vendeu a alma:
"Tudo o que vocês chamam de história não é senão o nosso plano de fuga da civilização de vocês."
"Com a poesia domada, a ditadura é da informação. O monopólio informativo favorece à subordinação administrativa em seu papel de controle social. A imagem do Estado policial se trata menos de uma repressão franca e policial que de uma opressão insidiosa caracterizada pelo domínio do conjunto dos comportamentos."
Além do Mal de Parkinson, grave problema de próstata, e desde alguns meses - na época do evento em sua homenagem em março - tenta uma cirurgia no Hospital das Clínicas.
Está muito magro, alimenta-se pouco, me conta um amigo dele.
Precisa de um exame que foi marcado hoje para 18 de junho, lá mesmo, nas Clinicas. O retorno para levar os exames, só no dia 2 de agosto.
Não tem plano de saúde, não tem grana, é um dos nossos maiores poetas vivos. O diretor-clinico do HC chama-se Marcos Boulos. Se alguém o conhecer, ou conhecer alguém que possa ajudar, por favor entre em contacto por este blog.
Eu sei que não acontece só com o Piva, mas com o povo brasileiro pobre. Aconteceu com minha mãe, que morreu num puxadinho do Incor/SP, porque eu não tinha nenhum padrinho lá para arrumar uma vaga na UTI.
A saúde pública no país sendo privatizada aos poucos, as pessoas morrendo por falta de acesso. No século 21.
Isso me mortifica.
Do Piva, o que não vendeu a alma:
"Tudo o que vocês chamam de história não é senão o nosso plano de fuga da civilização de vocês."
"Com a poesia domada, a ditadura é da informação. O monopólio informativo favorece à subordinação administrativa em seu papel de controle social. A imagem do Estado policial se trata menos de uma repressão franca e policial que de uma opressão insidiosa caracterizada pelo domínio do conjunto dos comportamentos."
Poesia de Eric Ponty
O poeta Eric Ponty, lá de São João del Rei, um cultor da métrica em tempos sem prumo, me dedicou esta poesia, com rimas internas e externas, trabalho de olho, ouvido, insistência e cordis.
Obrigada Eric.
Coração de menina, límpido a destina
Apenas o carpido, o tom róseo movia,
ficamos a observar da ilesa campina,
coração de menina, límpido a destina.
Da senhora abatida, à mão se contamina,
de entretons luzidios dos sons desta rotina,
do campo não furtava à fúcsia luz da sina.
Trazer-nos esta luz da flor que nos ensina,
oração imo acaso, ela, desta vida assina,
de quando ofereceu-nos dor aflita à mina.
(*) falo das dores da vida e o que ela provoca em nós, por isso senhora abatida
Obrigada Eric.
Coração de menina, límpido a destina
Apenas o carpido, o tom róseo movia,
ficamos a observar da ilesa campina,
coração de menina, límpido a destina.
Da senhora abatida, à mão se contamina,
de entretons luzidios dos sons desta rotina,
do campo não furtava à fúcsia luz da sina.
Trazer-nos esta luz da flor que nos ensina,
oração imo acaso, ela, desta vida assina,
de quando ofereceu-nos dor aflita à mina.
(*) falo das dores da vida e o que ela provoca em nós, por isso senhora abatida
domingo, maio 02, 2010
Cine mudo
Mary Pickford y Greta Garbo
Dardo Sebastián Dorronzoro
Primero
tuve um lío con Gloria Swanson
cuando ella me miraba desde la pantalla y yo
desde la última silla de la platea,
luego fue con Mary Pickford, luego con Greta Garbo,
pero siempre me persiguió la mala suerte con esas mujeres,
tal vez porque no era buen mozo,
tal vez porque no era hijo de algún doctor o de algún escribano,
tal vez porque en ese tiempo todavía llevaba pantalones cortos,
eran miradas van y miradas vienen, nada más,
pero siempre las muchachas se las llevaba otro,
hasta que un día me fui a ver la bruja del pueblo
y ella me hizo tres cruzes con la pata de un sapo,
me dio a beber una bebida amarga con gusto de cucarachas y ratones,
y esa noche las tuve las tres,
llamando desesperadas a la puerta de mi casa,
pero mi mamá las echó y me dijo que yo era muy mocoso para andar con mujeres
Dardo Sebastián Dorronzoro nasceu em San Andrés de Giles (Argentina), em 1913. Ferreiro, vivia na cidade de Luján quando foi seqüestrado em sua casa, no dia 25 de junho de 1976, engrossando a lista dos 30 mil “desaparecidos” políticos da ditadura argentina.
Sete anos depois de seqüestrado, Dorronzoro ganhou o prêmio de poesia “Rafael Morales” (de Talavera de la Reina – Toledo – Espanha) com o livro “Llanto americano”.
O livro “Viernes 25” é uma publicação póstuma, organizada por seus amigos e editada por EL-Editorial Letras S.A. – México, 1989.
Dardo Sebastián Dorronzoro
Primero
tuve um lío con Gloria Swanson
cuando ella me miraba desde la pantalla y yo
desde la última silla de la platea,
luego fue con Mary Pickford, luego con Greta Garbo,
pero siempre me persiguió la mala suerte con esas mujeres,
tal vez porque no era buen mozo,
tal vez porque no era hijo de algún doctor o de algún escribano,
tal vez porque en ese tiempo todavía llevaba pantalones cortos,
eran miradas van y miradas vienen, nada más,
pero siempre las muchachas se las llevaba otro,
hasta que un día me fui a ver la bruja del pueblo
y ella me hizo tres cruzes con la pata de un sapo,
me dio a beber una bebida amarga con gusto de cucarachas y ratones,
y esa noche las tuve las tres,
llamando desesperadas a la puerta de mi casa,
pero mi mamá las echó y me dijo que yo era muy mocoso para andar con mujeres
Dardo Sebastián Dorronzoro nasceu em San Andrés de Giles (Argentina), em 1913. Ferreiro, vivia na cidade de Luján quando foi seqüestrado em sua casa, no dia 25 de junho de 1976, engrossando a lista dos 30 mil “desaparecidos” políticos da ditadura argentina.
Sete anos depois de seqüestrado, Dorronzoro ganhou o prêmio de poesia “Rafael Morales” (de Talavera de la Reina – Toledo – Espanha) com o livro “Llanto americano”.
O livro “Viernes 25” é uma publicação póstuma, organizada por seus amigos e editada por EL-Editorial Letras S.A. – México, 1989.