Correm pelo rio as lanternas vermelhas, noite indecifrável.
Teu peito, ta poitrine, sombra, lembrança que escorrega pelos lençóis, noite de insuportável calor.
Não-cidade, burgo, ajuntamento.
Vastas solidões.
Ventiladores de teto, cortinas a voar, meu olhar vagueia e o quarto lembra: hotel em 2004, Rio de Janeiro, Rua do Catete.
Outros outubros viriam, outros estorvos, pregadores a te entregar folhetos de salvação em Copacabana.
E o belvedere de Santa, que nunca mais encontrei, mas a ladeira.
Amor? Eu me rio, como Iza, com gargalhadas gerais, porque aquele tempo já era.
Onde o manto a me proteger? A star fall?
E as gotas de chuva na noite, e a janela para a fábrica no bairro do Pari, e a janela para os edifícios de Pompéia.
Décadas.Nada mudou e tudo é já outra coisa.
Não há clemência para alguns de nós.
Não há dó nem piedade.
Apenas a literatura.
(27.12.2009)
YESSS!
ResponderExcluir