

1 de Maio, Pedro Martinelli, 1971
Tenho esta foto do Pedrão guardada há anos. E também tenho a certeza de que, naquela época, Pedrão não conhecia o quadro da Tarsila. A chaminé é da antiga Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, no Parque da Água Branca.
Abaixo, texto dele próprio no seu blog, linkado aí embaixo à direita.
"Esta fotografia foi feita no dia primeiro de maio de 1971 no jogo Palmeiras X Guarani no Parque Antártica, segundos depois que o juiz colocou a bola na marca branca do meio do campo. Eu estava com o visor grudado na cara esperando o quadro ficar limpo. As bandeiras da torcida serem baixadas e os sorveteiros sairem do enquadramento.
O momento mágico foi entre o juiz olhar no relógio e fazer com a mão o sinal de positivo para os dois lados do campo, e o apito, dando o início do jogo. O estádio parou silencioso.
Esta foto foi a vencedora do Concurso de Fotografia da Revista Realidade e o prêmio foi uma viagem para a Fotokina em Colônia, na Alemanha, onde conheci meus queridos amigos e mestres Thomaz Farkas e Sergio Jorge."
Meu amigo, o escritor e tradutor Liu Sai Yam, me deu a alegria de escrever um texto sobre o Dia do Trabalhador, para a Babel. Obrigada Liu.
Primeiro de Maio
Chicago - 1885
Aos finais de 1885, a AFL (Federação Americana de Trabalho), em consonância com a AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores), programa para 1º de Maio de 1886 uma paralisação geral dos trabalhadores de Chicago, como manifestação a favor da jornada diária de 8 horas, em lugar das costumeiras 13, e até 17 horas, impostas pelas indústrias e o comércio.
Chicago – Zona Quente
Chicago, capital do Estado de Illinois, era polo central da crescente industrialização norte-americana, zona quente que concentrava fábricas, lojas, bancos, jornais, os maiores sindicatos patronais e operários, centro nervoso do crime organizado, território livre da Máfia, organizações socialistas, comunistas e agitadores anarquistas.
Chicago – 1º de Maio de 1886
O movimento tem adesão maciça em conseqüência da intensa convocação pelas lideranças sindicais. A polícia está também com os nervos à flor da pele. A imprensa conservadora de um lado e a agitação anarquista de outro insuflam as tensões. As primeiras passeatas ocorrem de modo pacífico, com participação de mulheres e crianças.
Chicago – 3 de Maio de 1886
No terceiro dia de paralisações, ânimos se acirrados. Guerras ideológicas se travam entre órgãos de imprensa, oradores de rua, lideranças sindicais e políticas. A polícia investe contra uma concentração em frente à MacCormick. Atira para matar. Saldo de 6 mortos, mais de 50 feridos e centenas de prisões.
Chicago – 4 de Maio de 1886
Nervos em ponto de bala. Líderes sindicais, ativistas socialistas e anarquistas lutam pela continuação da greve. A polícia ataca os comícios, começa a haver reação. Disparos e explosões a bomba por toda a cidade. O pau come solto (com participação ativa do crime organizado, no ataque aos operários) dando oportunidade ao governo decretar Estado de Sítio e encarcerar ativistas e sindicalistas, inclusive os que tentavam acalmar a população.
7 prisões para quebrar a espinha do movimento
O Estado manda prender 7, tidos “cabeças” do movimento: August Spies e Michel Shwab, editores de jornais operários; Sam Fieldem, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Louis Lingg e Georg Engel, sindicalistas e ativistas de esquerda. Em 9 de outubro de 1886, Parsons, Fischer, Spies, Lingg e Engel são condenados à forca; Schwab e Fieldem à prisão perpétua; Neeb recebe 15 anos.
4 enforcamentos e 1 suicídio
Aos 11 de Novembro de 1886, Parsons, Fischer, Spies e Engel são executados. Lingg se antecipara, matando-se na prisão.
Sentenças anuladas
Em 1891, a Corte de Illinois, pressionada pelas fartas evidências de irregularidades, falsos testemunhos e intimidações havidos no julgamento de 1886, anula as penas dadas aos sete, reabilitando-os e libertando os sobreviventes.
Paris – 14 de Julho de 1889
No centenário da Revolução Francesa, ocorre em Paris gigantesca assembléia geral operária representando mais de 3 milhões de trabalhadores, o que daria início à 2ª Internacional Socialista, de 1890; e entre diversas resoluções cruciais ao futuro do movimento operário –
Marx, por exemplo, neutraliza de vez a figura polêmica de Bakunin, expurgando os anarquistas da cena política": errado, que os camaradas socialistas-libertários podem ter perdido a parada na 2ª Internacional, mas jamais na cena política.Fizeram e aconteceram em todos os momentos cruciais da história do Trabalho urbano e rural no século 20, proporcionando contrapontos ora autofágicos ora salutares nas lutas e polêmicas teóricas.
Marx, por exemplo, neutraliza de vez a figura polêmica de Bakunin, expurgando os anarquistas da cena política": errado, que os camaradas socialistas-libertários podem ter perdido a parada na 2ª Internacional, mas jamais na cena política.Fizeram e aconteceram em todos os momentos cruciais da história do Trabalho urbano e rural no século 20, proporcionando contrapontos ora autofágicos ora salutares nas lutas e polêmicas teóricas.
Resultados
1º de Maio de 1886 e Chicago foram adotados como símbolos, marcos de um longo processo de lutas dos trabalhadores contra condições desumanas, tratamentos crueis e ausência total de direitos. As conquistas foram lentas, extraídas a fórceps: a jornada de 8 horas, descanso remunerado, férias, assistência médica, previdência, tudo o que o trabalhador hoje considera normal e natural, foram duramente extraídos de encarniçados confrontos, debates políticos, polêmicas teóricas, prisões e sangue derramado.
Hoje em dia, as celebrações de 1º de Maio tomam forma de festivos convescotes, com sorteio de brindes ao som de axé, sambão e pagode; o que de resto se sucede com todas as celebrações clássicas, como Natal, Páscoa, Confraternização Universal...
Mas não custa lembrar o porquê de estarmos pulando ao som de Ivete Sangalo.
Poxa,
ResponderExcluirMuito honrado por poder dar uma "grafitada" na parede da Torre, sabia que um dia conseguiria estar ao lado de Borges e Cortázar.
Aí, na pressa e descuido, a frase malfeita no destaque do item Paris - 14 de Julho de 1889:
"Marx, por exemplo, neutraliza de vez a figura polêmica de Bakunin, expurgando os anarquistas da cena política": errado, que os camaradas socialistas-libertários podem ter perdido a parada na 2ª Internacional, mas jamais na cena política.
Fizeram e aconteceram em todos os momentos cruciais da história do Trabalho urbano e rural no século 20, proporcionando contrapontos ora autofágicos ora salutares nas lutas e polêmicas teóricas.
Bela postagem, Beth! Por lembrar muito bem o porquê da comemoração e, indiretamente, o nome de Sergio Jorge, grande profissional e grande pessoa, com quem tive a satisfação de trabalhar em muitas ocasiões.
ResponderExcluirAlgumas dssas condições de "trabalho" persistem ainda hoje. Mas tem coleguinha que por assinar o nome dele no alto de página no jornal acha que já está bem pago e descanso é coisa de velho.
ResponderExcluirParabéns pela lembrança
ResponderExcluirValeu Beth! É sempre bom relembrar a história desta data tão importante para os trabalhadores consciente do árdua luta para chegar no lugar que estamos. Ainda há muito a conquistar. Quem sabe um dia chegaremos lá...
ResponderExcluirEsqueci de elogiar o belo casamento do quadro "Os Operários", da Tarsila do Amaral, com a tocante foto do Pedro Martinelli e o texto enxuto do Liu. Simplesmente tocante a simbiose...
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