domingo, julho 31, 2011

A Thing Of Beauty -John Keats



A Thing Of Beauty
From Endymion - Book I
John Keats (1795-1821)

A thing of beauty is a joy for ever:
Its loveliness increases; it will never
Pass into nothingness; but still will keep
A bower quiet for us, and a sleep
Full of sweet dreams, and health, and quiet breathing.
Therefore, on every morrow, are we wreathing
A flowery band to bind us to the earth,
Spite of despondence, of the inhuman dearth
Of noble natures, of the gloomy days,
Of all the unhealthy and o'er-darkened ways
Made for our searching: yes, in spite of all,
Some shape of beauty moves away the pall
From our dark spirits. Such the sun, the moon,
Trees old, and young, sprouting a shady boon
For simple sheep; and such are daffodils
With the green world they live in; and clear rills
That for themselves a cooling covert make
'Gainst the hot season; the mid-forest brake,
Rich with a sprinkling of fair musk-rose blooms:
And such too is the grandeur of the dooms
We have imagined for the mighty dead;
All lovely tales that we have heard or read:
An endless fountain of immortal drink,
Pouring unto us from the heaven's brink.

Nor do we merely feel these essences
For one short hour; no, even as the trees
That whisper round a temple become soon
Dear as the temple's self, so does the moon,
The passion poesy, glories infinite,
Haunt us till they become a cheering light
Unto our souls, and bound to us so fast
That, whether there be shine or gloom o'ercast,
They always must be with us, or we die.

terça-feira, julho 19, 2011

118 anos de Maiakóvsk i (19.7.1893 –1930)




Aos 66 anos da morte do poeta, escrevi em 1996

Por Vladímir Maiakóvski


Vladímir voz de veludo
Carcaça gigangte, eu te reverencio
Porque se passaram 66 anos
e passarão cem, e o século vai virar
e mais mil anos
e sempre resuscitarás a cada poema
E contibuarão a ler tua obra/vida
Com ou sem balalaikas

Ó delicado!
A iluminar, a brilhar
A libertar povo e poesia
Muita coisa jutna para um só poeta

E as misérias do cotidiano
E os amores servis
E os deserdados do mundo
Ó delicado!
Tudo mudou
nada mudou

É preciso que tudo mude, eles dizem
Para que tudo permaneça como sempre foi

Este o slogan do século 20
(Não o teu, não o nosso)

New York, Moscou, Praga
São Paulo ( Brasil, lá onde poderia existir um homem feliz)

As capitais engasgadas
Desenrolam suas misérias
Sérvios e coratas, afegãos
e nordestinos, cucarachos e africanos
judeus, palestinos, e curdos e tantos
sangram como talvez nunca
tenha sangrado o homem

Vladímir, foi bom
foi bom que teu tempo tenha se esgotado tão cedo

Quanto o poeta poderia suportar?


Resta-nos beber da tua fonte
Ó delicado!
E brilhar
Nossa vingança é brilhar
Brilhar sempre
Brilhar como o sol

domingo, julho 17, 2011

Do meu livro de poesias As dez mil coisas, no prelo

Está ficando bonita a diagramação, vai ser lançado na primavera

Criado-mudo


O rosário de jade sobre a Teogonia
O livro de Leonardo
Meu caderno de sonhos
Cristais de gengibre
A caixinha de Alhambra
A pedra cor-de-rosa
O hexágono da China
Potinhos de pedra-sabão de Minas
A obra em negro
Os escritos de Blake:
Tudo persiste porque tem um nome

quarta-feira, julho 13, 2011

Dia do rock



A cara do século 20, 21, etc

domingo, julho 10, 2011

"Não estou à venda, menina"- Saudades de Itamar Assumpção





Daquele instante em diante, documentário da série Icnonoclássicos, direção Rogério Velloso, produção Itaú Cultural, de graça no Espaço Unibanco da rua Augusta, SP.


"Olha, eu tenho que dizer uma coisa, lá do fundo do meu coração pra vocês : você parece que não sei, diz tanta coisa que eu vou te contar, pensando bem, cala-te boca, parece que bebe"

Você sai emocionado do cinema. (Já passou, antes, a propaganda débil mental da cocacola, falando do bem contra o mal, citando o Brasil e com fundo musical de criancinhas americanas cantando).
Ali está a vida de um artista, com maiúscula, que virou maldito porque nas prateleiras classificatórias do mercado, não tinha classificação. E podia ter tocado no rádio, sim. Do Paraná vem muita gente boa para São Paulo, ele veio de Tietê e conheceu Arrigo Barnabé, também de lá.
Mas por que você não faz sucesso? Perguntavam.
Gravadoras queriam que ele cantasse samba, ou ponto de macumba. Festival com a música Sabor de Veneno: sabor de que? gritava para o público. De merda, o publico respondia, centenas, adorando.
Eu o imagino hoje, sempre íntegro e radical, sem concessões. Continuaria não pisando no programa da xuxa, do faustão, do marido da angélica, etc. Diz Alice Ruiz: "Sabe as concessões que todo o mundo faz? A gente faz? Ele não fazia".

Era difícil ser Itamar Assumpção, o Nego Dito do Beleléu. Sorte nossa e da nossa música. "Daqui a 50 anos vou estar na história da música brasileira, ou vou ser apenas mais um?"

E morava na Penha, zona leste de SP, bairro de classe média baixa, então. Nenhum artista mora lá, muito menos alguém de vanguarda. Na sua casa, a viúva mostra as plantas, o ninho de passarinho, e diz que ele cultivava orquideas para dar pros outros. Mas quando estava ficando mal, largou, e ela imagina a dor que isso foi para ele. E também lembra que o nome da banda Isca de Polícia não foi gratuito. Itamar era sempre assediado pela polícia, uma vez foi preso porque estava com um gravador, e era negão.

O fino jornalista Gilberto Nascimento foi seu vizinho. Também poucos jornalistas moram por lá, onde eu sempre ia visitar a prima Odete, torcedora fanática do Curintia e que fazia uma bela paella, receita do marido espanhol. Odete jamais soube de Itamar.

Que admirava o elegante Ataufo Alves, gravou um CD com músicas dele. E Cartola. E Macalé, e Roberto Carlos, Adoniram e Jorge Ben e Tim Maia, etc.Miles Davis e Bob Marley.

Com 54 anos, e um câncer, e tanta mágoa, o Nego Dito dançou. Seu último show, no CCBB, com as Orquídeas do Brasil( ele acabou sendo acompanhando só por mulheres. Por que? "Porque achei que os homens não iam mais dar conta", responde).

Um belo show, lembra a viúva. Ele sentado, magrinho, braços fininhos. Não deu mole para a doença, que o fazia chorar de dor.

Não era um flor, era um gênio difícil de lidar, acho que só no palco, não em casa, rapaz de família, que gostava de asssitir de tarde Mulheres em desfile, na TV Gazeta, e novelas.
A filhas Anelis e Serena, o musicólogo Luis Tatit, a cantora Suzana Sales, o músico e jornalista Luiz Chagas, Arrigo Barnabé e outros que não conheço reconstroem a figura do artista, com amor. Enquanto fazem café em suas cozinhas que não são planejadas.

Eu sinto tê-lo descoberto tarde. E penso por que os maravilhosos iconoclastas se vão tão cedo: será para ficar para sempre?

A rua Augusta é um corredor de gente que sobre e desce, de piratas vendendo CDs, banquinhas de bijoux. O cinema, mesmo de graça, não está cheio. Mas as pessoas saem silenciosas.
Saio tambem silenciosa, mas com o coração aquecido e um travo na boca. Uma amiga de Itamar, comadre, madrinha de sua filha Serena, lembra quando ele foi recebido tão bem na Alemanha, surpreso com o reconheciam seu trabalho ali, e não no Brasil. "Lá não existe esse Holocausto por que o artista passa no Brasil", ela diz.

Será sempre assim? Os que não se dobram ao sistema sempre serão devorados e só reconhecidos na posteridade?
O relógio da Avenida Paulista marca 20 graus. Semana passada marcava 6. Passo pelo cine Belas Artes destruído, pelo bar Riviera, à venda. Ruínas na cidade.

Mas eu sei que eles não venceram. Apesar de tudo.Não é o dono do imóvel do Belas Artes que ficará em qualquer história, a não ser aquela da infâmia.
E nessa, não estaremos nós, nem Itamar.
Mas acontece, como dizia Hemingway, que o mundo quebra os mais sensíveis.

PS. O Itaú Cultural patrocina esses docs ( haverá mais alguns: Leminski, Sganzerla, Zé Celso Martinez Correia) mas não teço louvores. Não fazem mais do que um quinquilesimo bilionesimo da obrigação que têm com o povo brasileiro, que agiotam há décadas, com lucros estratosféricos.

sábado, julho 02, 2011