sexta-feira, abril 22, 2011

O bom e velho rock and roll


Do blog do Mario Bortolotto

Semana passada, o ator Léo Medeiros foi assistir o nosso show. Ele foi com um amigo. No final o Léo veio falar comigo: “O meu amigo falou a respeito de vocês reclamando: Mas essa é uma música de velho”. O amigo do Léo tava certo. Nossa música é mesmo de velho. O rock and roll já chegou na terceira idade. Pra mim não há nenhum demérito quando chamam a nossa música de “música de velho”. É o que ela é. Eu já tenho 48 anos e a gente toca uma música que os caras de 70 estão tocando. Mick Jagger tem 68. Chuck Berry tem 85. O que nós tocamos é rock and roll. E blues. B.B King tem 86 anos. E esse é o ano do centenário do nascimento de Robert Johnson. Eu não me sentiria à vontade do alto dos meus 48 anos se estivesse fazendo música eletrônica ou emo qualquer merda. Me sentiria meio ridículo, tenho que confessar. O que a gente faz é rock and roll e blues. Definitivamente “música de velho”. Por isso nosso primeiro Cd se chama exatamente “Velhos bêbados barrigudos tocadores de blues” (a gente batizou assim porque uma “leitora” do meu blog me escreveu numas de nos achincalhar e disse: “Vocês não passam de uns velhos bêbados barrigudos tocadores de blues” como se isso fosse nos ofender. Nós gostamos tanto que batizamos o nosso CD assim. E por isso nosso segundo Cd vai se chamar “Ainda mais velhos, mais bêbados e mais barrigudos tocadores de blues”). E é por isso que eu fico à vontade fazendo rock and roll. E blues. Pensando bem, sou até jovem demais pra tocar o tipo de música que a gente tá tocando. Mas sei lá, é só um jeito de prestar uma homenagem aos caras que realmente mudaram as nossas vidas. E se não fosse assim, que graça teria?
Hoje às 23h59 (na verdade a gente vai começar lá pela 1 da manhã) o velho Rock and roll da nossa banda "Saco de Ratos" (Café Aurora - Rua 13 de Maio, 112) - Couvert à R$ 5 (só fala na bilheteria que veio assistir o nosso show pra eles não cobrarem o couvert das outras bandas que tocam antes da gente).
Saco de Ratos hoje é : Mário Bortolotto - Vocal / Fábio Brum e Diego Basanelli - Guitarras / Fábio Pagotto - Baixo / Hommer - Bateria

quarta-feira, abril 13, 2011

Piva sempre

‎"Tudo o que vocês chamam de história não é senão o nosso plano de fuga da civilização de vocês".
Roberto Piva

sexta-feira, abril 08, 2011

E para que ser poeta em tempos de penúria?

Bilhete para Bivar

Roberto Piva


hoje é o dia que os

anjos descem nas

catacumbas de cimento

sem o aviso das

máquinas de empacotar

sem saltar sobre

caramanchões de poluição

disseminando comportamento

de Lacaio

é o momento do

último homem

e que dura mais

tempo

é o tempo do crime

& sua prova

a caveira que ri

na noite vermelha

a explosão demográfica

& a fome a galope

é o Sol mudo a

Lua paralítica

Drácula janta na

Esquina

E para que ser poeta

em tempos de penúria? Exclama

Hölderlin adoidado

assassinos travestidos em folhagens

hordas de psicopatas

atirados nas praças

enquanto os últimos

poetas

perambulam na noite

acolchoada


Em Estranhos sinais de Saturno

quinta-feira, abril 07, 2011

Mário Bortolotto

Eu posso ver as bruxas saindo da torre mais alta da igreja

Então faço o sinal da cruz de maneira desleixada
e corro para o refúgio mais próximo
fico longe do confessionário

e me sinto o mais infeliz dos homens

mas me sinto vivo
mesmo com as bruxas no céu da cidade

minha alma é uma bandeira estendida sobre o altar

sexta-feira, abril 01, 2011

De Drummond para Hilda Hilst


Recebi do jornalista Gutemberg Medeiros, que foi amigo de Hilda, a bela.



"Prezada,boa tarde. Segue poema de Drummond para Hilda e foto dela da época, para ter ideia de para quem ele escrevia. Ela foi muito fotografada nos anos 50 e começo dos 60, por ser uma das figuras mais destacadas da alta sociedade paulistana. Como era comum, fez muitas fotos posadas em estúdio para colunas sociais dos jornais paulistanos, como Folha da Manhã. Com seus vestidos de griffe (das grandes maisons francesas) e jóias.

Em outro extremo, fotos super cleans explorando a sua beleza, como esta. Depois, menos como escritora. Mas, ainda sim, com boa fortuna iconográfica. Como você sabe, beleza põe mesa em revistas e jornais. Este poema foi enviado pelo poeta para a poeta em carta datada de 31/12/1952. Ele com 50 anos e ela com 22. Em 1991, ela achou em seus baús este material e o disponibilizou ao Alcino Leite, que o publicou no então caderno "Letras" da Folha. Quando ela ia ao Rio de janeiro, ambos papeavam pelo calçadão da praia em Ipanema. Grande abraço,Gutemberg

Foto Fernando Lemos



Abro a "Folha da Manhã"

Por entre espécies grãfinas,

emerge de musselinas

Hilda, estrela Aldebarã.


Tanto vestido assinado


cobre e recobre de vez


sua preclara nudez.


Me sinto mui pertubado


Hilda girando em boates


Hilda fazendo chacrinha,

Hilda dos outros, não minha...

(Coração que tanto bates!)


Mas chega o Natal e chama

à ordem Hilda: não vês?

que nesses teus giroflês?

esqueces quem tanto te ama?



Então Hilda, que é sabi(I)da

usa sua arma secreta:

um beijo em Morse ao poeta



Mas não me tapeias, Hilda


Esclareçamos o assunto:

Nada de beijo postal.

No Distrito Federal,

o beijo é na boca - e junto.



Carlos Drummond de Andrade - 1952

Chque & Besta, um ótimo artigo

Da escritora Marcia Denser, no Congresso em Foco Chique & Besta “Vive-se uma vida feita unicamente de ‘efeitos especiais’, uma vida literalmente ‘sem causa’, ‘sem essência’,’“sem sentido’”