Robert Fisk, no The Independent (10 de janeiro)
Voz de jornalista que redime essa nossa categoria, voz que me dá esperança, ainda que seja uma das poucas no deserto da mídia mundial
http://www.amalgama.blog.br/01/2009/por-onde-ando-sempre-as-mesmas-velhas-ideias-sobre-o-oriente-medio
"Terminei a semana num daqueles debates do Serviço Internacional da BBC, com um sujeito do The Jerusalem Post, outro da rede al-Jazeera, um intelectual inglês e um Fisk. Dançamos a valsa de sempre em torno da catástrofe de Gaza. Foi eu dizer que é grotesco comparar os 600 palestinos mortos aos 20 mortos israelenses perto de Gaza em dez anos, e os presentes pró-Israel puseram-se a me linchar por sugerir (o que eu não fiz) que só haviam morrido 20 israelenses em todo o território de Israel em dez anos. Claro que morreram centenas de israelenses fora de Gaza em dez anos – mas no mesmo período morreram milhares de palestinos.
Meu momento preferido aconteceu quando eu disse que jornalistas têm de ter lado, e que o lado dos jornalistas têm de ser o lado dos que mais sofrem. Se me mandassem cobrir o tráfico de escravos no século 18, eu jamais daria destaque, no que escrevesse, à opinião do capitão do navio mercador de escravos. Se me mandassem cobrir a libertação num campo de concentração nazista, eu não entrevistaria o porta-voz da SS. Nesse ponto, um jornalista do Jewish Telegraph em Praga “argumentou” que “o exército israelense não é Hitler”. Claro que não. Eu não disse que é. Aqueles jornalistas, sim, é que temem que seja."
* tradução: Caia Fittipald